TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 15
Onze


Notas iniciais do capítulo

"É o único jeito"



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No começo da manhã seguinte, logo depois do café da manhã, Rick chamou Hershel, Daryl e eu para conversarmos, do lado de fora da prisão. Atrás de nós, os caminhantes que estavam no campo grunhiam e gemiam, andando de um lado para o outro.

O sol quente da Geórgia não conseguiu ser pior do que o assunto principal da conversa que estávamos tendo.

— É o único jeito. – Rick comentou, nos olhando – Ninguém mais sabe.

— Vai contar pra eles? – Daryl perguntou logo em seguida

— Só depois. – Rick respondeu – Temos de agir hoje, em silêncio.

— Tem um plano? – Daryl lhe fez outra pergunta

— Falaremos para ela que precisamos conversar longe dos outros. – Rick contou, olhando para nossos rostos

— Que naturalidade é essa? Pelo amor de Deus, irmão. – Perguntei a ele, incomodada – Não somos assim, nós não trabalhamos assim.

— Não. – Hershel concordou comigo – Não, não somos.

O velho de muletas se afastou de nós e caminhou em direção ao nosso bloco de celas. Rick respirou fundo e se aproximou de nós.

— Assim, evitamos uma luta. – Nosso líder contou, alternando entre nossos rostos – Ninguém mais morre.

— Está bem. – Daryl concordou, depois de alguns segundos em silencio

— Está bem? – Perguntei logo em seguida, me virando para olhá-lo – Isso é loucura, é sujo. Eu... – Mordi os lábios e me virei para Rick – Olha, você sabe que eu estou com você em tudo, cara. Mas você acha que o Governador vai honrar a palavra dele? Se acha, esquece, ele não vai. – Balancei a cabeça negativamente, suspirando – Desculpe, Rick, mas não vou fazer parte dessa sujeira.

Dei as costas para eles e me afastei, seguindo o mesmo caminho que Hershel fez a alguns segundos atrás. Eu não faria aquilo, ainda tinha consciência de que se fizéssemos isso, não seriamos melhores do que o namorado de Andrea.

Desta vez, Rick não tinha o meu apoio.

Algumas horas depois, quando Michonne veio conversar comigo sobre sua ideia, não deixei de me sentir culpada. Por mais que eu soubesse o que possivelmente aconteceria com ela, não podia contar, porque se contasse, trairia a confiança que Rick tinha em mim. E eu não podia correr este risco.

Enquanto Maggie e Carl atraiam a atenção dos caminhantes em direção as cercas, montamos uma boa parte de armadilhas no campo, em todo o perímetro. Assim, tendo uma boa probabilidade de que se fossemos atacados de novo, os carros deles acabariam com os pneus furados, se ousassem invadir nossos campos. Ao terminar de colocar a última armadilha e subir na caçamba da caminhonete com a ajuda de Glenn e Daryl, apressamos Michonne, a qual correu até o nosso carro e entrou, se sentando no banco do passageiro, ao lado de Hershel.

Quando Rick abriu o portão para entrarmos, esperei o carro parar e desci, olhando ao redor em busca de um pouco de água.

Cultivava uma relação de amor e ódio com o sol quente da Geórgia.

— Legal, né? – Escutei Glenn perguntar e me virei para olhá-lo, ele estava conversando com Rick – Se tentarem derrubar o portão, pneus estourados talvez o detenham.

— Boa ideia. – Rick elogiou, balançando a cabeça positivamente

— Foi da Michonne. – Anunciei, olhando para ele

Rick alternou seu olhar entre Daryl e eu. Era difícil saber o que se passava em sua cabeça, neste exato momento.

— Não precisamos derrotá-los. – Michonne comentou, caminhando em nossa direção – Só precisamos deixar complicado demais para nos pegarem, vai deixar de valer a pena.

— Bem-dito. – Comentei, sorrindo para ela e estendi minha mão, para um high five e fiquei contente ao sentir sua mão bater na minha - É isso aí.

— Ei. – Maggie nos cumprimentou, estava chegando com Carl

— Vamos andando. – Rick comentou, depois de trocar um olhar demorado com Daryl

Respirei fundo e segui Rick, junto com os outros.

Tínhamos muito trabalho para fazer.

Glenn e eu ficamos responsáveis por arrumar os portões e aproveitamos o tempo que tínhamos juntos para conversar, já que tinha um bom tempo que não tínhamos uma conversa de verdade.

— É ótimo saber que você e Maggie estão bem. – Comentei com ele, enquanto separava algumas garrafas – Vocês são um casal bonito.

— Bom, aparentemente você e o Daryl também estão bem. – Glenn me disse, rindo baixo – Você voltou a falar com ele, ele não dormiu no poleiro e desceram juntos pra tomar café.

— Credo, coreano, está nos vigiando? – Perguntei rindo, olhando para ele

Glenn riu alto e balançou a cabeça negativamente, antes de caminhar em direção ao próximo portão que arrumaríamos.

Eu resolvi não discutir com ele sobre ter comentado com Daryl o que aconteceu durante meu interrogatório em Woodbury, porque querendo ou não, ele apenas queria o meu bem.

Assim como eu queria o dele.

— Ei. – Escutamos a voz de Daryl nos chamar e automaticamente nós nos viramos para olhá-lo – Vocês viram o Merle por aí?

— Não. – Respondi, ao notar que Glenn não responderia – Já procurou no bloco de celas?

Ele balançou a cabeça positivamente e se aproximou de nós, deixou a besta em cima de um barril e ajudou Glenn a colocar um dos portões no lugar.

— Ele já falou que sente muito? – Daryl perguntou, olhando para o coreano e esperou alguns segundos, antes de acrescentar, ao ver que ele não falaria nada – Pois ele sente.

— Vamos para o próximo trabalho? – Glenn ignorou Daryl e me perguntou, se virando para me olhar

Balancei a cabeça negativamente e assim que viu, Glenn crispou os lábios e pegou a caixa de garrafas da minha mão, de um jeito meio brusco.

Só bastou Daryl dizer o nome do irmão para que Glenn mudasse completamente sua atitude.

— Ele vai acertar as coisas. – Daryl disse a Glenn, olhando para ele – Vou obrigá-lo. Tem de haver um jeito. Só é preciso ter um pouco de perdão.

— Ele amarrou a Maggie e eu, me espancou e jogou um caminhante na nossa sala. – Glenn lhe disse, se virando para olhá-lo – Eu podia dizer que estamos quites, mas ele.... Olha, eu já te contei e parece que não está ligando tanto quanto eu, mas ele levou minha melhor amiga, minha irmã, para um homem a humilhou.

— Glenn. – Resmunguei alto, e coloquei minha mão em seu ombro – Não seja assim. Se eu já conversei com Merle e relevei essas coisas, você deveria também.

O coreano soltou um riso nervoso e se afastou. Daryl respirou fundo e me olhou, balançando a cabeça negativamente, ele pegou sua besta e se afastou, para continuar à procura de seu irmão.

— Não começa. – Glenn me disse, assim que me aproximei dele – Nem tente, não vou mudar de ideia.

Fiquei quieta e balancei a cabeça negativamente.

Em silencio, o ajudei a colocar gasolina dentro das garrafas e rasguei uns panos, para fazermos nossos coquetéis molotovs.

Antes de nos separamos, fiz questão de abraçá-lo e contar que ele não precisava brigar com Daryl por algo que não tinha mais importância para mim e que também poderia começar a trocar algumas palavras com Merle que isso não o mataria.

Em meio a minha ronda, Rick me encontrou e me perguntou por Michonne e pelo meu cunhado. E assim que perguntei porque que estava procurando por eles, meu dia melhorou 70%.

— Vamos arriscar. – Ele me respondeu – Não faremos mais aquilo.

Não pude esconder o sorriso ao escutar aquelas palavras.

Era bom saber que ele tinha voltado a razão.

— Não vejo o Merle desde o café. – Eu lhe contei – E a Michonne não a vejo faz algumas horas. Quer ajuda para procurá-lo?

— Não, tudo bem. – Rick negou, balançando a cabeça negativamente – Continue com a ronda e me avise se vir algo fora do normal.

— Beleza. – Concordei e assim que o vi se afastar, disse alto – Qualquer coisa você sabe onde me encontrar.  

Recebi um aceno de mão como resposta e continuei com a minha ronda, olhando ao redor, além das cercas.

Tudo seguro, por ora.

No final da tarde, ao ser convocada para a segunda reunião do dia, me joguei em um banquinho e abri uma garrafa de água, enquanto esperava o resto do grupo chegar.

Era a nossa primeira reunião ao ar livre, em um dos pátios da prisão.

Dei grandes goles na água e saciei minha cede, cansada. Sam se encostou na parede ao meu lado e cruzou os braços, ele aparentava a também estar cansado. Quase lhe perguntei o que tinha feito durante o dia, já que quase não nos encontramos, mas desisti, ao ver que Rick tinha chegado, com Maggie e Glenn logo atrás dele.

Olhei ao redor, checando as pessoas e uma pontada de preocupação atingiu meu coração. Daryl não estava ali, nem Merle, nem Michonne.

— Quando encontrei com o Governador, ele ofereceu um trato. – Rick comentou, após esperar com que Maggie e Glenn se acomodassem – Ele nos deixaria em paz se lhe entregássemos a Michonne. Eu ia fazer isso para nos manter a salvo. Eu mudei de ideia. Mas agora o Merle levou a Michonne para cumprir o trato e o Daryl foi impedi-lo, e não sei se é tarde demais. Eu errei ao não contar a vocês. E peço desculpas. – Ele nos olhou e respirou fundo – O que eu falei ano passado, na primeira noite depois da fazenda, não pode mais ser assim. Não dá. Não sou eu que decidido o que fazemos, o que queremos fazer, quem somos. Não pode ser assim. Eu não poderia sacrificar um de nós pelo bem maior porque nós somos o bem maior. Nós somos o motivo de ainda estarmos aqui, não eu. É questão de vida ou morte. Como vocês vivem, como morrem, não sou eu quem decide. Não sou o Governador de vocês. A gente escolhe partir ou ficar. A gente fica junto. Nós votamos. Nós podemos ficar e lutar, ou podemos ir embora.

Um micro sorriso se instalou em meus lábios e eu afirmei com a cabeça.

Por mim, lutaríamos.

Quando Michonne chegou sozinha, ao anoitecer, eu lhe enchi de perguntas sobre os irmãos Dixon e ela apenas me contou que Merle a tinha deixado ir.

Eu apenas torcia para que Daryl tenha chegado nele antes dele ter feito alguma coisa idiota.

Sem dúvidas, a melhor notícia e a mais chocante, foi a que a Maggie me contou, estendendo a mão para quase esfregar o seu anel em meu rosto.

— Que? – Perguntei alto, chocada – Me deixa ver!

Agarrei sua mão e olhei diretamente para seu anel de noivado, era lindo. Desviei o olhar para o seu rosto e abri um grande sorriso, de animação. A futura senhora Rhee quase caiu quando eu pulei em cima dela, para abraçá-la o mais apertado que eu conseguia, emitindo gritinhos de animação.

Sem dúvidas, quem nos visse agora, pensaria que eu estava louca.

Mas eu não me importava.

Nem um pouco.

Os meus melhores amigos vão casar!

À noite, quando Daryl entrou na nossa cela, percebi que tinha alguma coisa errada com ele. O caçador estava calado e nem ao menos me olhou. Ele deixou a besta de lado, tirou os sapatos e se deitou de barriga para cima, cobrindo os olhos com o braço esquerdo.

— Ei. – Murmurei baixo, me sentando na cama – O que aconteceu?

— O Merle morreu. – Sua resposta veio lenta e dolorosa

Abri minha boca para falar, mas nenhum som saiu. Eu estava me acostumando com a presença de Merle e até o aceitava no grupo, e agora, ele estava morto. Sabendo que não poderia falar nada além de “Sinto muito” para Daryl, me aproximei dele e usei seu braço direito como um travesseiro, o abracei e escondi meu rosto na dobra de seu pescoço e ali, depositei um beijo.

Nós ficamos ali, abraçados, escutando nossas respirações e os grunhidos abafados dos caminhantes.


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