TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 17
Treze


Notas iniciais do capítulo

"Tem mais dois desses, e todos dizem a mesma coisa"



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Três semanas depois

Assim que avistei a placa que dava boas-vindas a cidade, apertei o volante, estava meio ansiosa, um pouco nervosa, um pouco de tudo para falar a verdade. Ao meu lado, Sam me olhou com cautela e não disse nada.

Estávamos quase em Mableton.

Dias atrás, quando constatamos que o Governador não voltaria, decidi ajudar Sam na busca por Harris e não tinha lugar melhor para começar do que na cidade que eu lhe disse que estaria.

A verdade é que eu estava com medo, medo em descobrir coisas que me magoariam e principalmente, medo de talvez encontrar Jason e ter que lidar com as consequências de ter me relacionado com um outro homem.

Ah, céus.

Talvez eu não queira encontrar Jason Harris tanto assim.

— Se não encontrarmos nada aqui, seguiremos para Morrow. – Comuniquei a ele, desacelerando o carro, conforme alcançávamos a placa de entrada da cidade – Lá, iremos para a casa dos meus pais. Jason sabia onde ficava.

Meu amigo concordou e eu respirei fundo.

Optamos por vir sozinhos, mesmo sabendo que seria perigoso. Aquele era o nosso assunto, o homem que procurávamos era o nosso amigo.

Estacionei o carro em frente a placa da cidade, esta que se encontrava mais desgastada do que a última vez que eu a vi. Assim que Sam desceu, matou um caminhante solitário que estava se arrastando perto do nosso carro. Abri a porta do carro e desci, sacando a minha faca enquanto me aproximava da placa. Sam também se aproximou da placa e a examinou, um tanto quanto impaciente.

Não tinha nada incomum ali.

Nada escrito.

— Entramos na cidade? – Sam perguntou num resmungo, claramente irritado por não encontrar nada – Pra dar uma olhada?

— Não. – Neguei, dando uma última olhada para a placa – Vamos para Morrow, é mais provável que encontremos algo lá.

— O que acha de Atlanta? – Sam perguntou, se inclinando para olhar o verso da placa – Você morava lá, né?

— Atlanta tá acabada. – Resmunguei, voltando até o carro – Cheia de caminhantes. Não voltarei lá.

Sam murmurou algo incompreensível e eu não lhe dei muita atenção. Me sentei no banco do motorista e fechei a porta do carro, esperando com que meu amigo voltasse para dentro e assim que o fez, manobrei o carro e segui a estrada, desta vez, em direção a Morrow.

Não é que eu não quisesse procurá-lo, mas sabia que estávamos tendo muito trabalho reconstruindo a prisão, principalmente agora que o nosso grupo tinha aumentado. Enquanto estávamos gastando gasolina procurando por alguém que nem sabíamos se ainda estava vivo, as pessoas na prisão estavam construindo um lugar que valia a pena morar.

Eu realmente queria que Jason estivesse vivo, mas não queria que meu relacionamento com Daryl acabasse. Aquele caipira me tinha por completo.

Aparentava passar do meio dia quando eu estacionei o carro na frente da casa dos meus pais. A casa onde eu cresci estava diferente da última vez que eu a vi, desta vez, a pintura estava gasta e a bandeira dos Estados Unidos que estava pendurada na viga da casa estava rasgada ao meio, e o mais importante, as janelas e as portas estavam fechadas.

Alguém veio aqui.

Respirei fundo e abri a porta do carro. Assim que coloquei meus pés no chão e fechei a porta, saquei a minha pistola e peguei minha mochila, enquanto via Sam repetir meus gestos. Caminhei e agradeci mentalmente por estar usando calça e bota, enquanto pisava na grama alta. Ao chegar na porta de entrada, dei duas batidas e esperei. Meu amigo deu uma olhada pela janela e se juntou a mim, em silêncio. Depois de alguns minutos, tive a resposta que queria.

Não tinha mais nada ali dentro.

— Arrombar? – Sam perguntou num sussurro, depois de tentar abrir a porta

Concordei com a cabeça e meu amigo se afastou, pegou impulso e jogou seu corpo contra a porta e na segunda vez conseguiu. Entrei logo em seguida, apontando a pistola ao redor do hall, mas não tinha nada.

— Vamos nos separar. – Falei olhando para o lado, para Sam – Feche a porta. Nos encontramos aqui em dez minutos. Pegue tudo que for útil para o grupo, armas, munição.... Aqui tem de sobra, se já não foi pilhado.

Mal esperei sua resposta e caminhei pelo hall, olhando para todo o lado, procurando por pistas, suprimentos úteis e possíveis caminhantes. O primeiro lugar que eu fui, foi a cozinha. Os armários estavam revirados e a geladeira estava aberta, não havia quase nada ali. Tirei a mochila das costas e me aproximei dos armários, para dar uma olhada nos produtos que estavam ali, todos vencidos, mas provavelmente não nos mataria se comêssemos. Depois que limpei a cozinha, deixei os cômodos de baixo para o Sam e subi as escadas, indo em direção ao segundo andar, onde os quartos ficavam. O quarto dos meus irmãos não tinham nada além de memórias e equipamentos de ginástica, da minha mãe. Já o meu quarto, o qual foi transformado em um escritório para o meu pai, estava com a maçaneta quebrada, a porta foi arrombada. As gavetas da mesa estavam abertas e os papeis estavam remexidos, contornei a mesa e olhei a estante de livro, meu pai sempre gostou de livros sobre conspirações e biografias.

Talvez tenha o Mein Kampf por aqui.

Peguei alguns livros da estante e coloquei dentro da mochila, já que uma leitura nova não mataria ninguém.

— Gabriela. – Sam me chamou, sua voz estava distante

Nem tinha passado dez minutos.

Fechei a mochila e atravessei o quarto, indo em direção ao corredor. Eu me apoiei no corrimão da escada e olhei para o primeiro andar, onde Sam estava parado, segurando um pedaço de papel.

— O que é? – Perguntei, indecisa entre descer ou ficar aqui em cima

— É do Jason. – Sam anunciou, erguendo o papel – Quer que eu leia ou...

Nem esperei ele terminar de falar e praticamente desci as escadas correndo, assim que cheguei perto dele, arranquei o papel de suas mãos e o coloquei na frente dos meus olhos.

A letra grande e caprichosa estava cobrindo parte do papel.

— Onde achou? – Perguntei a ele, levantando o olhar

— Estava colado na tela da televisão. – Ele me respondeu e deu uns passos para trás – Vou continuar procurando, tem umas coisas legais aqui.

Concordei com a cabeça e me sentei nos degraus da escada, voltei a olhar para o papel e respirei fundo, antes de começar a ler.

“Gabriela,

Primeiro, desculpe por não atender suas ligações.

Fui babaca, eu sei, mas estava trabalhando.

Querida, vasculhei Mableton a sua procura e achei que talvez você tivesse deixado uma pista aqui ou no seu apartamento em Atlanta, mas não havia nada. Estou com algo seu, amor. E a entregarei em suas mãos. Só preciso achá-la, me espere.

Te amo,

Jason Harris.”.

Desviei o olhar do bilhete e encarei o nada a minha frente. Em minhas mãos estava uma prova de que Jason ainda me procurava e não mostrava sinais de que iria desistir. Com cuidado, dobrei o papel e coloquei em um dos meus bolsos.

— Pronto para ir, Sam? – Perguntei ao me levantar – Ainda temos outro lugar pra passar.

— Um minuto. – Sam disse alto, em resposta

Ajeitei a mochila em minhas costas e me aproximei da saída. Fiquei ali, esperando meu amigo e assim que ele veio, cheio de coisas em sua mochila, nós saímos e caminhamos em direção ao nosso carro. Coloquei as mochilas no banco de trás e me sentei no banco do motorista, esperei com que Sam se sentasse ao meu lado e voltei a ligar o carro.

Tínhamos apenas um lugar para ir e este, com certeza, poderia mudar todo o rumo da minha vida.

Parei o carro em frente a uma das maiores farmácias de Morrow e ao sair, carregando minha mochila, pedi para Sam deixar o motor do carro ligado, caso precisássemos sair dali às pressas. A farmácia estava com a fachada toda desgastada e aparentava estar reforçada, mostrando sinais de que alguém poderia ter morado ali. Antes de entrar na farmácia, dei algumas batidinhas no vidro e esperei por alguns segundos, antes de receber a resposta que procurava.

Um grunhido abafado e uma trombada no vidro.

Um caminhante.

Como os sinais só mostravam que haviam um deles ali, abri a porta de entrada da farmácia e o deixei sair. O caminhante magro e desgrenhado caminhou em minha direção e só parou quando minha faca atravessou um de seus olhos. Depois de pegar minha faca de volta, contornei o copo do morto e adentrei na farmácia.

O lugar estava todo bagunçado e cheirava a mofo e sangue.

Com muito cuidado aonde pisava, encontrei a sessão de preservativos e testes de gravidez. Peguei várias cartelas de camisinhas e as coloquei dentro da mochila, junto com alguns itens de limpeza de bebês para a Judith. Ajeitei a mochila nas costas e peguei logo uns três testes de gravidez, antes de ir procurar pelo banheiro daquele lugar. Quando o encontrei, quase mudei de ideia ao ver o quão podre aquele lugar estava, mas continuei o que eu estava fazendo e ao terminar, deixei os três testes um do lado do outro e esperei os dois minutos necessários, alternando meu olhar entre eles.

Em todos eles, dois palitinhos vermelhos apareceram.

Ao sair do banheiro depois de juntar os testes e colocá-los na mochila, atravessei a farmácia inteira e cheguei até a saída. Depois que entrei no carro e me sentei no banco do passageiro, ao lado de Sam, deixei a mochila em meu colo e fechei a porta. Meu amigo me olhou por alguns segundos e esperou, mas logo percebeu a resposta.

No final da tarde, quando chegamos à prisão, a primeira coisa que fiz, sabendo que Daryl estava caçando e que provavelmente voltaria de madrugada, foi entregar as coisas que tinha pego para Judith ao seu pai. Deixei com que Sam distribuísse o resto das coisas que encontramos na casa dos meus pais e fui jantar, o melhor que podia, dada as circunstancias.

No meio da noite, antes de dormir, com a ajuda da luz da Lua, eu reli o bilhete que havia colocado em meu bolso mais cedo. Aquele bilhete era o mais perto que eu tinha conseguido estar de Jason em mais de um ano todo.

— Que isso aí? – Escutei uma voz rouca e cansada perguntar

Com o susto, amassei o bilhete e olhei diretamente para a entrada da minha cela, para ver um Daryl todo sujo e suado me encarando. Eu o vi deixar a besta no chão, perto do nosso colchão e tirar a camiseta, enquanto dava poucos passos até a bacia de água limpa que tínhamos em cima de um barril, para lavar o rosto.

— É apenas algo que encontrei na casa dos meus pais hoje. – Eu lhe respondi, controlando o nervosismo no meu tom de voz – Sam e eu demos uma passada lá.

— Você está bem? – Ele me perguntou, enquanto secava o rosto

— Estou. – Respondi logo em seguida, voltando a guardar o bilhete amassado em meu bolso – Escute, tem algo que eu quero que você veja. Está na minha mochila. – Eu o observei pegar a mochila camuflada do chão e a abrir, vi que a primeira coisa que ele havia pego foram as camisinhas e por isso, acrescentei – Não é apenas isso. – Ao ver que a feição dele mudou, ao encontrar o primeiro teste de gravidez, eu respirei fundo, juntando coragem – Tem mais dois desses, e todos dizem a mesma coisa.

— Está grávida. – Daryl murmurou, encarando o teste em suas mãos


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Notas finais do capítulo

Gentem, chegamos ao final da nossa terceira temporada. Obrigada a todos que acompanharam, espero continuar agradando vocês na Quarta temporada.

Por falar em Quarta Temporada, ainda estou escrevendo, então os episódios podem demorar um pouco para serem postados, mas eles vão sair! ♥

Vejo vocês logo logo,
Gabs.



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