TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 14
Dez


Notas iniciais do capítulo

"Ele quer a prisão"



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Quando me contaram a uns dias atrás que hoje faríamos um encontro com o Governador para debater sobre uma possível trégua, sem dúvidas eu iria negar e rir com escárnio na cara da pessoa.

Mesmo achando que seria algum tipo de armadilha, nós chegamos no ponto de encontro, o qual foi mediado por Andrea, uns momentos mais cedo, para dar uma olhada ao redor e ver se não tinha uma armadilha.

Apenas, Rick, Daryl, Hershel e eu.

Estacionei o carro no lado traseiro de um dos galpões, onde Rick havia pedido. Ele e Daryl iriam dar uma olhada no terreno antes da reunião, para evitar qualquer surpresa. Assim que Rick desceu do carro e fechou a porta, eu acelerei, dirigindo para o local combinado. Era um galpão um pouco mais à frente, onde o caçador já estava nos esperando.

— Ele já entrou. – Daryl contou, assim que parei o carro perto dele – Ele está sentado com o Rick.

— Não estou vendo carro nenhum. – Comentei, descendo do carro

— Pois é. – Daryl murmurou – Tem algo errado.

— Hershel, pode assumir a direção. – Eu lhe disse, tirando minha pistola do coldre e a destravando – Não desligue o motor.

Assim que Hershel pulou para o banco do motorista, nós escutamos o som de um carro. Apertei a pistola nas mãos e me virei em direção ao barulho, enquanto Daryl dava alguns passos para frente, erguendo a besta. Mais à frente, um carro estava chegando, atravessando uma fazenda, e este carro, não era um dos nossos. O carro parou a poucos metros de Daryl e assim que eu reconheci o motorista, esbocei uma careta.

Era o latino braço direito do Governador.

— Olha só. – Ele disse meio alto, me olhando – A cunhada do Merle.

— Não sou cunhada de ninguém. – Retruquei e assim que vi Andrea descer do carro, me virei para ela – Por que o seu namorado já está lá dentro?

— Ele está aqui? – Ela perguntou, confusa

— Sim. – Respondi logo em seguida

Andrea balançou a cabeça negativamente e caminhou em direção ao portão de ferro, o abriu e entrou.

Respirei fundo e abaixei minha pistola, mas não a guardei. O cara latino e um outro homem, de óculos, estavam com as armas guardadas. Não pareciam que iam atirar em nós a qualquer segundo. Me sentei no capo do nosso carro e me ajeitei o melhor possível. Hershel desceu do carro e ficou próximo a nós, enquanto Daryl andava de um lado para o outro, inquieto.

— Talvez seja melhor eu entrar. – Hershel comentou, olhando de mim para Daryl

— O Governador acha melhor falar a sós com o Rick. – O homem de óculos disse a ele, meio que negando

— Quem diabos é você? – Daryl perguntou para ele, já que o cara não tinha porte para um combatente e ao invés de segurar uma arma, segurava um bloco de notas e uma caneta

— Milton Mamet. – O homem respondeu, logo em seguida

— Ótimo. – Daryl comentou, olhando para mim – Ele trouxe o mordomo.

— Deveríamos ter trago o nosso, então.

Daryl sorriu com o meu comentário e balançou a cabeça negativamente, mas aprovou a brincadeira. Não estávamos juntos, como antes, mas sem dúvidas estávamos aproveitando o resto de intimidade para fazer brincadeiras pertinentes a situação.    

— Sou o conselheiro dele. – Milton nos corrigiu, ignorando nossas piadas

— Que tipo de conselheiro? – Perguntei logo em seguida, fingindo interesse

— Planejamento, mordedores... – Milton disse, mas logo depois parou, nos olhando – Sabe, desculpem. Não preciso me explicar para os capangas.

— Olha o que fala, Sunshine. – Daryl o alertou

— Se nós formos ficar aqui apontando armas um para o outro o dia inteiro, faça o favor de calar a boca. – O homem latino disse, olhando para Daryl

O caçador caminhou até ele e o encarou, de perto. Aposto que estava esperando uma esculpa para bater nele.

Desci do capo do carro e caminhei em passos largos até eles. Segurei o braço de Daryl e o puxei para trás, com força, tentando evitar que arruinasse o dia.

— Guardem isso para depois. – Falei, alternando o olhar entre eles – Se as coisas não derem certo lá dentro, nos atacaremos muito em breve.

— Ela tem razão. – O homem latino comentou

Eu o olhei, como se dissesse que sempre tinha razão. Daryl se afastou dele e eu dei alguns passos para trás, para me encostar no nosso carro. Todos olhamos para o lado, quando o portão se abriu e Andrea saiu, ela fechou novamente o portão e se sentou em um banquinho improvisado, perto do portão.

— Não tem porque não usarmos o tempo juntos para explorarmos as questões. – Milton comentou, olhando para nós três

— O chefe mandou ficarmos quietinhos. – O homem latino disse, lhe interrompendo

— Você não quis dizer O Governador? – Daryl perguntou num tom de voz debochado

— É bom que tenham se reunido, ainda mais depois do que aconteceu. – O Milton comentou, logo sem seguida – Eles vão se acertar. Ninguém quer outra batalha.

— Não acho eu chamaria de batalha. – Comentei com ele, o olhando – Você sabe o que é uma batalha? – Perguntei, me inclinando em sua direção – Se sabe o que é, também sabe que aquilo lá passou longe de ser uma batalha.

— Mas para mim, foi isso mesmo. – Milton retrucou e ergueu seu bloquinho de notas – Registrei tudo.

— Para quê? – Daryl lhe perguntou, rude

— Alguém precisa anotar o que estamos vivendo. – Milton respondeu – Será parte da nossa história.

— Faz sentido. – Hershel comentou, balançando a cabeça positivamente

— Fiz dezenas de entrevistas. – Milton disse rápido, meio nervoso e se aproximou de Hershel

Todos nós paramos o que estávamos fazendo quando um grunhido conhecido chegou aos nossos ouvidos.

Caminhantes.

Me afastei do nosso carro enquanto guardava a pistola e sacava a faca de combate. Daryl passou por mim, erguendo sua besta, enquanto íamos em direção ao barulho. Perto de grandes caixas d’águas, entre elas, haviam caminhantes perdidos logo à frente.

— Você primeiro. – Daryl disse, abaixando a besta e olhando para o homem latino, o qual estava bem ao nosso lado

— Sem chance. – Ele negou – Sua vez.

— Ah, pelo amor de Deus. – Resmunguei, irritada – Saiam da minha frente.

Passei entre eles e caminhei em direção ao caminhante mais próximo, como ele era bem mais alto do que eu, o empurrei em direção ao chão, com cuidado para que suas mãos não tocassem em mim durante o processo e assim que ele atingiu o chão, afundei meu pé em sua cabeça, a esmagando. A próxima caminhante, uma mulher, estava a uns seis passos de distância. Segurei minha faca pelo cabo e a lancei em sua direção, ela caiu assim que a faca perfurou sua testa. Saquei minha pistola e a segurei pelo cano, enquanto caminhava até o próximo caminhante e assim que cheguei perto o suficiente, lhe dei uma coronhada bem forte, o que o fez cair no chão e assim eu pude finaliza-lo com o pé.

O homem latino passou por mim, enquanto eu estava recolhendo a minha faca da cabeça da caminhante e esmagou a cabeça de outro caminhante, o qual estava se aproximando de nós. Atrás dele, outro caminhante se aproximava e Daryl lhe atirou uma flecha, salvando o homem latino.

Enquanto os dois estavam se olhando desafiadoramente, caminhei até o caminhante que Daryl tinha matado e puxei a flecha de sua cabeça, antes de entrega-la para o dono.

Daryl pegou sua flecha de volta e foi vasculhar os corpos dos caminhantes mortos, enquanto eu estava encostando minhas costas em um poste próximo. Mas acabou que a única coisa que ele aparentemente achou, foi um maço de cigarros, no primeiro caminhante que eu tinha matado.

— É sorte ou não é? – Daryl perguntou, erguendo a caixa de cigarros

O caçador tirou um dos cigarros da caixa e o colocou na boca, antes de estender a caixa de cigarros para o único entre nós que também poderia fumar.

O homem latino.

— Não, eu prefiro os mentolados. – O homem negou, balançando a cabeça negativamente

— Otário. – Daryl resmungou, guardando o maço de cigarros no bolso

Enquanto o caçador acendia o cigarro e tragava, eu abanava o ar a minha frente, claramente mostrando que aquilo estava me irritando.

Odiava que pessoas fumavam perto de mim.

E ele sabia disso, pois sempre que achava cigarro e eu reclamava, fumava bem longe de mim e só conversava comigo quando o cheiro em sua roupa ou em seu hálito eram quase nulos.

Daryl estava querendo me irritar.

— Era do exército? – Perguntei, olhando para o homem latino

— Não, só odeio esses troços. – Ele me respondeu, negando com a cabeça por alguns segundos – Depois do que fizeram com minha esposa e filhos...

— Que saco. – Daryl comentou, tragando o cigarro mais uma vez

— Valeu. – O homem agradeceu, lentamente

— Me chamo Gabriela. – Me apresentei, mesmo sabendo que ele já sabia o meu nome – E aquele ali é outro Dixon, então não espere muito dele.

— Vai se ferrar. – Daryl resmungou, assoprando a fumaça para o meu lado

— Ceaser Martinez. – O cara latino se apresentou e depois nos olhou - Vocês sabem que isso é piada, né? Eles não vão resolver nada. Claro que vão fazer uma cena, mas amanhã ou depois vão dar a ordem.

— Sabemos. – Respondi, afirmando com a cabeça

— Ei. – Ceaser disse, apontando para o bolso de Daryl

O caçador entendeu o recado e tirou o maço de cigarros do bolso, lhe estendeu e depois que Ceaser pegou um cigarro, acendeu com seu isqueiro.

Assim que voltamos para o galpão onde estava acontecendo a reunião, Daryl foi buscar sua moto e eu fui me sentar perto de Andrea, pois Hershel e Milton estavam conversando e eu aposto que o mordomo do Governador estava entrevistando o nosso veterinário. Ficamos em silencio durante os poucos minutos que levou até Daryl chegar com sua moto. E não se passou nem vinte segundos até a porta de ferro do galpão ser aberta bruscamente e de lá, sair Philip, mais conhecido como O Governador. Ele não olhou para o lado nenhum segundo durante a pequena caminhada até seu carro.

Assim que Rick também saiu, eu me levantei e os grupos se separaram, cada um seguindo seu líder. Deixei que desta vez Rick dirigisse e assim que me sentei no banco detrás do carro, relaxei meu corpo. Quando os nossos carros parearam os vidros, enquanto saíamos daquele terreno, pude ver o estrago que Michonne tinha feito no olho do homem, ele estava usando um tapa-olho preto e isso rendeu piadas infames durante todo o caminho até a prisão.

Assim que chegamos em casa, nos reunimos no bloco de celas, para saber o resultado da reunião. E como estávamos a pelo menos umas duas horas do anoitecer, pudemos ver nossos rostos com clareza.

— Então, conheci o tal Governador. – Rick comentou, olhando para o nosso grupo – Conversei com ele um tempinho.

— Só vocês dois? – Sam perguntou, estranhando

— Sim. – Rick respondeu, afirmando com a cabeça

— A gente deveria ter ido quando teve a chance, mano. – Merle contou, balançando a cabeça negativamente

— Ele quer a prisão. – Rick nos contou, coçando a barba por fazer – Quer se livrar de nós. Mortos. Ele quer nos matar pelo que fizemos em Woodbury. Vamos entrar em guerra.

Para a minha surpresa, o grupo aceitou consideravelmente bem a notícia e quando Rick saiu do bolo de celas, ninguém comentou que era uma loucura. Todos concordaram, dentro do esperado.

Quando anoiteceu, jantamos juntos novamente e tive o prazer de parabenizar o trabalho que Michonne tinha feito em relação ao Governador, sobre o tapa-olho, e ela me contou detalhe por detalhe de como aquilo aconteceu. Detalhes os quais eu pedi.

Ao entrar na minha cela, tive uma surpresa ao encontrar Daryl ali, encostado na parede, de braços cruzados. Assim que ele me viu entrar, também me viu lhe fazer um gesto para sair da minha cela.

— Sabe, essa semana que passamos separados, ela só serviu pra mostrar o que eu já sabia. – Ele me contou

— Olha, se te mostrou que você é um babaca, sinto informar que você já tinha que ter percebido a muito tempo. – Comentei, balançando a cabeça negativamente

— Escuta. – Daryl pediu, passando a mão pelo cabelo – Passou da hora de conversamos e ajeitarmos as coisas.

— Acho que conversamos o suficiente. – Murmurei, e neguei com a cabeça

— Esses dias atrás você me disse para descobrir se o que você tinha me falado lá na estrada era verdade. – Daryl me disse, ignorando o que eu havia dito – E você realmente estava falando a verdade, eu já sabia. Mas agora quando disse que dificilmente seriamos o que éramos antes, estava mentindo.

— Sabe o quanto é humilhante dizer para alguém que o ama e logo depois ser largada? – Perguntei a ele, crispando os lábios – É muito humilhante.

— Não posso pedir desculpas pelo que fiz. – Ele contou, chegando um pouco mais perto de mim – Se você estivesse no meu lugar, faria a mesma coisa. E não adianta negar, eu sei que faria.

Passei a mão pelo rosto e respirei fundo.

Estávamos sempre batendo na mesma tecla.

— Se queremos ajeitar as coisas, temos que parar de falar sobre as mesmas coisas. – Comentei com ele, encolhendo os ombros – Vamos colocar uma pedra sobre isso.

Estava na hora de engolir o orgulho e parar de ser criança. Estava claro que nós nos importávamos um com o outro e estávamos tentando ajeitar as coisas. Eu queria, por mais que as vezes, meu orgulho falasse muito mais alto. Sempre tive consciência de que Daryl não era de expressar muitos sentimentos e eu sabia que ele dificilmente diria que me amava.

Claramente eu não estava amando por nós dois.

Ele apenas mostrava de jeitos diferentes, com atitudes.

— Eu também me importo com você. – Daryl, me contou

— Não é bem isso que se esperar escutar depois que se diz “Eu te amo”. – O olhei nos olhos, enquanto falava – Mas eu sei que você não é de dizer essas coisas, então tudo bem.

Antes dele dizer alguma coisa, eu praticamente me joguei em cima dele e o beijei bruscamente. Daryl me apertou contra ele e aprofundou o beijo. A primeira peça de roupa que foi parar no chão, foi sua jaqueta de couro, seguida por camisetas, calças e roupas intimas.

E desta vez, me certifiquei que usaríamos camisinha.


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