TWD - Terceira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 11
Sete e Meio


Notas iniciais do capítulo

"Reforços viriam a calhar"



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Ao ver a prisão de longe, senti meu corpo relaxar, estávamos quase em casa. Carl nos abriu o portão e paramos os carros entre um portão e outro, pois tínhamos que esperar. O filho de Rick e Carol se aproximaram de nós e assim que vi que não sairíamos tão cedo dali, desliguei o carro e saí. Joguei a chave do carro para a dona e depois de lhe abraçar apertado, lhe pedi para estacionar aonde bem quisesse. Com um gesto de mão, chamei Sam para caminhar comigo e juntos, chegamos até o pátio, onde ficava o nosso bloco de celas. Para minha satisfação, vi que Hershel nos esperava bem no meio do pátio, ele sorria.

— Eu já volto. – Falei ao meu amigo – Tenho que ver o Doutor. – Assim que Sam ficou para trás, olhando maravilhado para a prisão, me aproximei a passos largos de Hershel – Ei, velhote.

— Bom tê-la de volta. – Hershel disse sorrindo, aliviado – Como está?

— Então, quero conversar com você sobre uma coisa. – Murmurei, colocando as mãos no bolso – Mas quero sigilo.

— Pode dizer. – Hershel riu de mim – Anda, menina.

— Se eu menstruei o começo do mês e tive sexo sem camisinha nesta semana, quais as chances de engravidar? – Perguntei de um jeito direto

— Bom, se fizer as contas, sua ovulação já acabou, estamos no fim do mês, Gabriela. – Hershel me contou, franzindo as sobrancelhas – As chances são baixas. Acha que está grávida?

— Não, não acho. – Comentei suspirando – Apenas estava apreensiva, eu ia fazer o teste ontem, mas acabou acontecendo coisas.... Bem, você sabe.

— Fique tranquila, as chances são baixas. – Hershel disse, colocando a mão em meu ombro – E aquele rapaz? Quem é?

— Ah, é meu amigo. – Eu lhe avisei e me virei para Sam, acenando para ele se aproximar e assim que ele estava próximo o bastante, os apresentei – Esse é o Sam Anderson, um dos meus melhores homens no exército. Sam, este é Hershel Greene, ele nos acolheu em sua fazenda quando mais precisamos de ajuda e é o nosso médico.

Veterinário, acrescentei mentalmente.

— É um prazer, senhor. – Sam disse, apertando a mão de Hershel

— O prazer é meu.

Ao ver que Maggie se aproximava para conversar com o pai, me despedi de Hershel e chamei Sam para me acompanhar até o bloco de celas em que morávamos. Beth me abraçou por alguns segundos e disse um oi rápido para Sam, antes de correr em direção a irmã e abraçá-la. Ao chegar no hall do bloco de celas, meu corpo se enrijeceu ao ver desconhecidos ali, sentados em nossas mesas.

Quatro, três homens e uma mulher.

— Quem são vocês? – Perguntei rápido, atraindo seus olhares para mim e deslizei minha mão para a minha pistola – Como...

— Ei, não precisa disso. – Um dos homens me disse, levantando e ergueu a mão – Beth falou sobre você, você é a Gabriela, a militar que...

— É, sou eu. – Concordei desconfiada – Quem são vocês?

— Me chamo Tyreese. – Ele se apresentou, apontando para ele mesmo – E essa é a minha irmã, Sasha. – Indicou a mulher – Este é o Allen e seu filho, Ben. Somos pessoas boas.

— Devem ser. – Murmurei cansada, tirando a mão da minha pistola e respirei fundo, dando uma olhada para o meu amigo, o qual estava segurando sua pistola, em alerta – Guarde isso. – Pedi, indicando a arma e depois me virei para as pessoas novas – Esse é o Sam, ele também é do exército. Desculpem pela hostilidade, é que o dia não foi nada bom.

Atrás de nós o portão se abriu e Carl desceu as escadas, tranquilamente.

— Esses são...

— Já sei. – Comentei sorrindo para ele – E esse é o Sam, ele é meu amigo e colega de farda.

— Oi, Sam. – Carl caminhou até ele e estendeu a mão, para um aperto – Sou o Carl, o filho do Rick. Bem-vindo ao grupo.

— Obrigado, garoto. – Sam apertou sua mão – Bom conhecê-lo.

— Vamos. – Apoiei minha mão nas costas de Sam e o puxei pela camiseta, para andarmos em direção as celas e assim que abri o portão, logo soltei um riso baixo – Olhe, não deve ser tão bom quanto as casas e as camas daquela cidade, mas aqui você vai ter pessoas realmente leais a você. – Comentei com ele, e indiquei as celas – As camas são boas, até. Pode escolher uma cela, te daremos o que precisar.

— Preciso de muitas coisas. – Sam comentou rindo baixo – Mas obrigado, Chefe. É bom estar de volta ao time, mesmo ele não estando completo...

— Não estamos mais no Fort Benning, Sam. – Comentei olhando para ele, enquanto balançava a cabeça negativamente – Não tem que me chamar de Chefe ou de Senhora, somos amigos, me chame pelo meu primeiro nome ou pelo meu apelido, os quais você sabe muito bem.

Sam concordou com a cabeça e eu lhe dei tapinhas amigáveis no ombro. Enquanto meu amigo escolhia uma cela e se acomodava, eu me sentei na escada, não estava com coragem para entrar na cela que eu dividia com Daryl e encontrar nossas coisas.

Na verdade, estava cogitando seriamente em não entrar mais lá.

Rick entrou como um foguete no corredor de celas e foi seguido pelos outros do grupo, a primeira coisa que ele fez foi segurar sua filha recém-nascida. Maggie me olhou por alguns segundos e caminhou em minha direção, ela segurou minha mão e me fez levantar da onde estava, minha amiga me arrastou até minha cela e entrou, me puxando para dentro.

— Você precisará encarar isso. – Ela disse baixo, de um jeito carinhoso – Eu sei que está com medo, mas eu estou aqui para te ajudar.

— Ele me deixou... – Murmurei baixo, olhando para ela

— Tenho certeza que ele irá se arrepender disso. – Ela me disse, sorrindo gentilmente – O que quer fazer agora?

— Eu não sei. – Lhe contei, respirando fundo – Vou continuar, assim como continuei quando estava sozinha...

— Estamos aqui, Gabi. – Maggie comentou – Você não está mais sozinha.

Eu a abracei apertado, afundando meu rosto na dobra de seu pescoço. Sabia que ela tinha razão, eu sabia que não estava sozinha. Mas estaria mentindo para mim mesma se não admitisse que ele era um dos principais motivos para me fazer encarar o dia a dia.

Glenn apareceu em minha cela momentos depois de Maggie sair e isso me pareceu bem combinado. Eu o encarei por alguns segundos, antes de balançar a cabeça negativamente, sabia que ele estava aqui para se desculpar pelo modo que tinha agido mais cedo, mas também sabia que em partes, ele estava certo. Sem deixar que ele dissesse alguma coisa, eu o abracei, murmurando que estava tudo bem.

Ele era o meu irmão, irmãos discutiam, mas nunca deixavam de se amar.

Depois que Sam se instalou, resolvi apresentar todo mundo para ele, desde o bebê, até Axel, o qual parecia estar de vez no grupo e também aproveitei para lhe dizer que sentia muito, sobre Oscar.

— Eu sei. – Axel comentou, apertando um paninho nas mãos – Sabe, sempre que o Tomas saía, Oscar me defendia, sabia? Ele era meu amigo.

— Eu sei. – Repeti suas palavras – E eu tenho certeza quando lhe digo que seu amigo morreu lutando, ele ajudou a salvar nossas vidas. Foi um herói.

— E agora? – Beth perguntou, estava segurando a bebê no colo – Será que o Governador vai retaliar?

Rick e o resto do grupo estavam espalhados pelo bloco de celas, mas estavam escutando tudo e prestando atenção.

— Com certeza. – Sam lhe respondeu, cruzando os braços – Quando menos esperarmos, porque é assim que ele trabalha.

— Ele que tente. – Glenn resmungou alto

— Pelo que vocês disseram, parece que ele tem uma cidade. – Carol comentou – Temos menos armas e pessoas.

— Reforços viriam a calhar. – Hershel murmurou

Depois de Rick entender a referência, ele pendeu a cabeça para o meu lado, me olhando. Apenas lhe respondi encolhendo os ombros, pois ainda não conhecia as pessoas que estavam do outro lado do portão de ferro, no hall do bloco C. Rick respirou fundo e caminhou até o portão de ferro e o abriu, indicou para que eu fosse na frente e assim que passei, Hershel veio atrás, sendo seguido pelos outros do grupo.

Os quatro desconhecidos estavam sentados ao redor da mesma mesa de entes e assim que nos viram, se levantaram depressa. Rick passou por mim e ficou um pouco mais à frente, ficando cara a cara com o Tyreese, o qual parecia atuar como o líder.

— Eu sou Tyreese. – O homem alto e largo se apresentou, estendendo a mão para um aperto formal

Rick ignorou seu aperto de mão e me olhou, procurando por auxílio.

— Aquela é a Sasha, irmã do Tyreese. – Eu os apresentei – Aquele dali é o Allen e o filho dele, Ben.

— E como entraram aqui? – Rick perguntou, se virando para Tyreese, depois de poucos segundos em silencio

— O fogo danificou a parte administrativa da prisão. – Tyreese lhe respondeu – O muro caiu.

— Aquela parte está tomada por caminhantes. – Rick comentou, franzindo o cenho – Como chegaram até este lado?

— Não chegamos. – Tyreese respondeu logo em seguida – Perdemos nossa amiga, Donna.

— Eles se perderam na sala de ginástica. – Carl contou

— Você os trouxe aqui? – Rick perguntou, se virando para olha-lo, aquilo era mais uma bronca do que uma pergunta

— Ele não teve escolha. – Hershel comentou, na defesa do garoto  

— Sinto pela sua amiga. – Rick lhes disse, depois de concordar com a cabeça e aceitar o que Hershel havia dito – Sabemos como são essas coisas.

— Hershel falou que precisam de ajuda. – Tyreese comentou, olhando brevemente para os seus amigos – Estamos acostumados a trabalho duro. Vamos sair e pegar nossa comida, não queremos atrapalhá-los. Tem problemas com outro grupo, também vamos ajudar com isso. Faremos o que for possível. 

— Não. – Rick comentou, depois de alguns segundos em silencio

— Por favor. – Sasha pediu, olhando para ele – Lá fora morre um atrás do outro. Agora, somos apenas nós.

— Não. – Rick disse novamente, negando com a cabeça

— Vamos conversar melhor. – Hershel pediu – Não podemos continuar...

— Já passamos por isso. – Rick o interrompeu – Com Tomas, Andrew. Olha o que aconteceu.

— Axel e Oscar não eram como eles. – Carol argumentou

— E que fim levou o Oscar? – Rick perguntou para ela, erguendo a voz e assim que viu que não falaríamos nada, se virou novamente para o homem à sua frente – Não posso ser responsabilizado por mais uma perda.

— Se nos expulsar, é o responsável. – Tyreese lhe contou

— Rick. – Eu o chamei, respirando fundo e segurei em seu braço, o puxando para conversar mais afastado dos outros – Você fez muito por nós. Eu agradeço. Todos nós agradecemos. Você já nos salvou milhares de vezes. Estamos fazendo tudo que pediu, sem questionar sua palavra. Mas eu acho, que agora, está errado. Temos que dar uma chance às pessoas.

Rick escutou tudo em silencio e soltou o ar pela boca, assim que eu terminei de falar. Ele olhou ao redor, para o pessoal do nosso grupo e depois voltou a olhar para mim.

— Sim. – Ele sussurrou, apoiando sua mão em meu ombro

— É.

Vi a expressão facial de Rick mudar, seu rosto aderiu a outra coloração enquanto olhava para algo acima de nós e assim que voltou a me olhar, seus olhos estavam estranhos.

— Não, não. – Rick resmungou baixo, colocando as mãos sob os olhos, por alguns segundos – Não, não. – Ele passou por mim e eu o olhei atordoada, pensei que tínhamos feito progresso – Por que você está aqui? O que deseja de mim?

Rick encarou o corrimão do segundo andar, estava um pouco afastado de nós, encarando o nada.

— Pai? – Carl o chamou, juntando as sobrancelhas

— Por que você.... Não. – Rick disse, respirando fundo e deu uns passos para trás, vindo em nossa direção – Não posso ajudar. Fora daqui!

— Opa, opa. – Tyreese disse, levantando as mãos

— Pra fora! – Rick disse alto, estava quase gritando

— Ei, vamos lá. – Tyreese falou – Está tudo bem.

— O que você está fazendo? – Carol perguntou alto, olhando para Rick

— Calma, Rick. – Maggie disse a ele, se aproximando – Não precisa...

— Seu lugar não é aqui! – Rick gritou, nos assustando – Saia! Por favor!

O que aconteceu a seguir me assustou mais do que seu grito, Rick sacou seu revolver e apontou para o corrimão do segundo andar, para o nada.    

— Relaxe, irmão. – Tyreese lhe disse, erguendo as mãos e dando uns passos para trás

— Saia!

— Nós vamos embora. – Tyreese contou para ele – Certo? Ninguém precisa ser baleado. Estamos indo.

— O QUE FAZ AQUI? – Rick berrou, avançando em direção a Tyreese

Glenn, o qual estava mais próximo dos dois se meteu no meio, os afastando. O coreano mostrou a saída para o grupo de quatro pessoas e eles saíram às pressas, assustados.

A adrenalina no meu corpo foi embora assim que Rick respirou fundo, ele ainda não estava no seu melhor. Ainda estava em luto por sua mulher e estava no processo de aceitação.

Assim que Rick se afastou, nós nos reunimos para conversar sobre o nosso atual estado, já que o nosso líder não estava em condições de decidir nada. Conversamos rapidamente e designamos tarefas. Fiquei responsável por limpar e fechar o local em que o grupo do Tyreese foi achado pelo Carl.

Nesse ponto, todo o sono que havia em meu corpo sumiu.

Já tinha ficado sem dormir antes, em guerras, então não era um desafio muito grande, eu só tinha que me ocupar em fazer alguma coisa.

Desviar sobre perguntas em relação a como eu estava era uma delas, eles estavam preocupados sobre como eu me sairia sem Daryl.

Eles não estavam ajudando.

Na segunda reunião do dia, sem Rick, percebi que os sinais de cansaço estavam começando a se mostrar em meu corpo, pois assim que ajoelhei no chão, perto do mapa da prisão em que Glenn estava desenhando, meu corpo involuntariamente se sentou e um suspiro cansado escapou pelos meus lábios. 

— Certo. – Glenn murmurou, tirando os olhos do seu desenho para nos olhar, mesmo que de relance – Carl, você encontrou o grupo do Tyreese aqui? – Perguntou ao menino, apontando para um ponto específico no mapa da prisão

— Sim. – Carl respondeu, acenando positivamente com a cabeça

— Eu limpei o lugar. – Comentei com eles – Fechei os portões também.

— Ele pensou ter vindo por aqui. – Carl nos disse, apontando para um bloquinho no mapa

— Então temos outra brecha. – Falei crispando os lábios, enquanto passava a mão nervosamente pelo cabelo – A frente inteira da prisão é insegura. Se os caminhantes entraram, será moleza para homens armados.

— Por que a certeza de que ele atacará? – Beth perguntou, estava a uns passos de distância, de braços cruzados – Vai ver vocês o assustaram.

— Ele tinha aquários cheios de cabeças. – Michonne nos contou, atraindo nossos olhares – De caminhantes e humanos. Troféus. Ele virá.

— Sabia disso? – Perguntei à Sam, logo em seguida

— Sim. – Sam respondeu lentamente, desviando o olhar

— Vamos atacá-lo já. – Glenn anunciou

— Quê? – Beth perguntou rápido, surpresa

— É uma má ideia. – Falei para ele, o olhando – Se sairmos e ele chegar, não terá ninguém para defender a prisão. Perderíamos pessoas.    

— Mas ele não vai estar esperando. – Glenn retrucou, sustentando meu olhar durante todo o tempo – Ainda está se recuperando. Entraremos na moita e colocamos uma bala na cabeça dele.

— Não somos assassinos. – Carol lhe disse, de forma ríspida

— Sam, você sabe onde fica a casa dele? – Glenn perguntou ao meu amigo, se levantando – Podemos acabar com isso hoje. Eu mesmo o matarei.

— Sim, eu sei. – Sam respondeu, olhando para ele

— É uma má ideia. – Repeti novamente, me levantando e negando com a cabeça – Está escutando o que eu digo, Glenn? A ideia é ruim.

— Concordo com a Gabriela. – Hershel comentou, olhando para o namorado de sua filha – Ele não sabia que vocês iriam da outra vez e olha só o que aconteceu. Quase foram mortos. Daryl foi capturado. Você, Maggie e Gabriela, quase executados.

— Não pode me impedir. – Glenn retrucou

— Mas eu posso. – Falei para ele, dando poucos passos em sua direção

— Não, não pode. – Glenn negou, passando a me olhar

— Glenn, com o Rick do jeito que está, eu sou responsável por vocês. – Eu lhe disse, rispidamente – Estou dizendo que a ideia é ruim, ache outra e talvez conversaremos.

— Quer que esperemos ele nos atacar? – Glenn perguntou descrente, me olhando como se fosse eu a louca – Você não está pensando direito. Essa é a nossa melhor chance.  

— Pense bem nesse seu plano, Glenn. – Hershel lhe pediu – T-Dog perdeu a vida aqui. E, também, a Lori. Os homens que estavam aqui. Este lugar não vale mais mortes.

— O que está querendo dizer? – Perguntei a ele, juntando as sobrancelhas

— Estou dizendo que se ele vem mesmo pra cá, é melhor cairmos fora. – Ele me respondeu, olhando não só para mim, mas para todo o grupo

— E ir onde? – Glenn retrucou

— Passamos o inverno na estrada. – Hershel respondeu, encolhendo os ombros enquanto falava

— Não, nem vem. – Neguei, balançando a cabeça – Se a ideia do Glenn era ridícula, a sua é pior. Não tem como sairmos daqui, temos um bebê e com a choradeira que a Bravinha faz, é capaz de chamar todos os caminhantes em um raio de dois quilômetros.

— Judith. – Carl me corrigiu e assim que eu o olhei, explicou – A batizamos de Judith, esqueci de lhe contar.

— É um nome bonito. – Murmurei, tinha ficado perdida durante alguns segundos, mas logo balancei a cabeça e respirei fundo – Escutem. – Falei alto, chamando a atenção de todos e olhei ao redor, para ver se estavam prestando atenção – Não vamos atacar e nem vamos fugir. Ficaremos e defenderemos nossa casa. Iremos fortificar e resistir.

— Espero que esteja certa sobre isso. – Glenn me disse, olhando de relance para minha direção

— Eu também espero. – Contei, mordendo os lábios – Mas lutamos muito por isso, perdemos pessoas aqui e iremos honrar suas mortes.

Glenn se ajoelhou em frente ao seu mapa novamente e respirou fundo.

— Beleza. – O coreano disse e depois olhou para Carl – Você e eu vamos às tumbas. Temos de achar a outra brecha.

— Deixa comigo. – Carl concordou

— Vão precisar de ajuda. – Michonne comentou, se voluntariando

— Não. – Neguei, olhando para ela – Vou precisar de ajuda aqui, se algo acontecer nesse meio tempo.

— Quem está vigiando? – Glenn perguntou, olhando ao redor

Nós nos encaramos, já sabíamos a resposta.

— Sam, você vigia. – Comentei, olhando para ele – Se ver a sombra daqueles seus amiguinhos, atire pra matar.

Sam passou por mim e bateu seus ombros no meu, resmungando que aquelas pessoas não eram realmente os amigos dele. Recolhi boa parte das armas e me sentei em uma mesa, começando com o trabalho de limpa-las o mais rápido possível, também aproveitei para ensinar Carol a fazer isso, já que eu não estaria ali sempre ajudando com a limpeza das armas.

Não sabíamos o amanhã, era bom prevenir.

Limpar as armas em silencio me deixou com tempo para poder pensar e raciocinar sobre o que estava acontecendo em nossa vida, naquele exato momento. Um integrante importante do grupo foi embora, estávamos com poucas pessoas, um dos meus melhores amigos do exército estava trabalhando para o inimigo mas veio para o meu lado, assim que me viu, Rick estava incomunicável, Hershel queria partir e Glenn queria atacar.

Nenhuma daquelas opções eram boas, não deveríamos partir e dar o gostinho ao inimigo, mas também não deveríamos atacar e nos arriscar.

O ideal era resistir em um lugar só, o grupo todo.

Ao terminar o trabalho e colocar as armas em cima de uma das mesas, eu me permiti descansar um pouco, apoiando minha cabeça na mesa vaga e respirando fundo. Não havia comido depois que voltei, mas também não estava mais com fome. Estava apenas cansada.

— O que está pensando? – Carol me perguntou, olhando para mim

— Em nada. – Respondi, balançando a cabeça negativamente

A observei se sentar perto de mim e depois senti sua mão mexendo em meu cabelo, fazendo carinho nele.

Carol era uma boa amiga, às vezes, parecia mais como nossa mãe. Sempre nos obrigando comer, lavando nossas roupas e dando conselhos. Ela teve uma grande evolução, comparado ao que era um ano atrás, depois que Sophia morreu, ela amadureceu, ficou um pouco mais séria.

— Ele vai voltar. – Ela disse num sussurro

Crispei os lábios e afastei sua mão do meu cabelo, levantei minha cabeça e a olhei nos olhos.

— Espero que não volte. – Contei, sem conseguir esconder a raiva no meu tom de voz – Se voltar, não respondo por mim. Não precisamos dele.

— Está falando da boca pra fora. – Carol disse, balançando a cabeça negativamente – Você está apenas irritada, não se sente assim.

— Eu disse que o amava. – Comentei com ela, entortando a boca – Foi a primeira vez que eu disse a ele, e ele não mudou de ideia. Ele se foi, Carol.

Ela fechou os olhos por alguns segundos e negou, mas não comentou nada, pois sabia que aquele não era o melhor momento para conversar sobre isso.

Um barulho me fez levantar a cabeça e ao escuta-lo novamente, eu me levantei, caminhando em direção ao portão de ferro, o qual Glenn e Carl passariam em poucos segundos. Tirei a chave do bolso e o abri, assim que Glenn apareceu no me campo de visão. O coreano e Carl chegaram suados e ofegantes.

Cansados, em outras palavras.

— Tomaram novamente as tumbas perto da caldeira. – Glenn nos contou, assim que passou pela porta

— Havíamos limpado aquilo tudo. – Beth disse alto, do outro lado do hall

Assim que Carl passou, fechei o portão e o tranquei, guardando novamente a chave no bolso. Passei a mão pelo rosto e respirei fundo.

Mais e mais problemas.

— Os caminhantes não param de chegar. – Carl comentou, balançando a cabeça negativamente

— Estamos perdendo tempo. – Hershel contou, estava a mais de dez minutos sentado em uma mesa, remexendo uma mochila – O Governador deve estar vindo e estamos presos com caminhantes.

— Presos entre o fogo e a frigideira. – Carol murmurou

— Vou dizer isso só mais uma vez e quero que prestem atenção. – Falei alto, estava zangada com aquele falatório – Não vamos fugir com o rabo entre as pernas e não vamos atacar.

— Gabriela, você escutou o Glenn falar que as tumbas lotaram. – Carol me disse, balançando a cabeça negativamente – Pode ser questão de tempo antes dos caminhantes chegarem aqui.

— Ou até as cercas caírem. – Beth acrescentou, caminhando até nós

— E se tiver um bando entrando? – Axel, o qual estava calado até agora me perguntou – Ou se instalando?

— Somos poucos, não dá para encarar. – Carol comentou

— Olha, não vou mudar o plano até saber do estado dessa prisão. – Eu lhes contei, negando – Enquanto isso, quero vocês focados nas fortificações.

— Eu vou dirigir até o outro lado da prisão, vai ser rápido. – Glenn contou, me olhando – Levarei a Maggie comigo.

Afirmei com a cabeça e lhes contei que iria fazer uma ronda rápida, antes de pegar minha pistola de cima da mesa e caminhar em direção a saída do bloco de celas. Com a pistola em mãos, caminhei dentro do perímetro do campo da prisão. Eu não precisava de uma arma grande para fazer estrago.

Durante os primeiros minutos que caminhei, notei que Hershel estava atravessando o campo, indo em direção as cercas e não demorou muito para eu escuta-lo chamar por Rick. Era engraçado saber que o velho conseguia nos achar facilmente, ele sabia como pensávamos e sabia os lugares óbvios para nos encontrar. Quando achei que tinha andando o suficiente, caminhei em direção ao ônibus que tinha perto dos portões de entrada, onde Michonne estava sentada, olhando para o campo.

Bom, talvez fosse a hora de pedir desculpas por hoje mais cedo.

— Ei. – Falei assim que cheguei perto suficiente dela e parei, me encostando no ônibus, ao seu lado – Não queria chamar sua espada de faca de manteiga.

Ela me olhou por alguns segundos e escutei um riso escapar dos seus lábios.

— Tá brincando comigo? – Michonne me perguntou, me olhando desconfiada

— Não. – Contei e mesmo assim, neguei com a cabeça, rindo fraco – Foi calor do momento, não devia ter te ameaçado. Então, me desculpe.

— Você é uma mulher engraçada. – Ela murmurou

— Já me falaram isso. – Comentei e suspirei – Bem, sou a Gabriela.

— Michonne. – Ela se apresentou – Mas você já sabe.

— Obrigada por ficar e nos ajudar com as coisas. – Falei, lhe olhando realmente agradecida, precisávamos mesmo de mais pessoas

— Sem problemas. – Ela comentou – Temos os mesmos interesses.

Um único tiro ecoou pelo campo e isso foi o suficiente para nos deixar alertas, Michonne se levantou subitamente e se inclinou em direção a borda do ônibus e o que ela me disse em um sussurro, me deixou preocupada.

Ela disse: Ele está aqui.

Os tiros de metralhadoras ecoaram mais alto ainda e eram contínuos. Nós duas nos aproximamos, pegando cobertura na parte traseira do ônibus, onde estávamos conversando, segundos antes dos tiros começarem. Troquei de lugar com ela e inclinei meu corpo para o lugar de onde a maioria dos tiros estavam vindo e durante os poucos segundos de visão que eu tive, antes de começar a atirar em direção a eles, vi uma caminhonete cor creme e duas pessoas estavam ali, atirando em direção a prisão. Voltei a me cobrir quando vi o homem que estava ao lado do Governador erguer a metralhadora e aponta-la em minha direção. Os tiros ecoaram mais uma vez e eu podia escutar o estrago sendo feito na lataria no ônibus. Depois dos tiros pararem por alguns segundos, outra pequena sequência de tiros ecoou e depois, silêncio.

— Ele está brincando com a gente. – Comentei aos sussurros com a mulher ao meu lado – Cretino.

Mais tiros ecoaram e desta vez, me pareceu que eles viam do pátio da prisão e isso me fez ficar um pouco mais aliviada, pois deveria ser um dos nossos atirando. A ideia que ele tinha alguém atirando dentro dos nossos muros era intragável.

Troquei de lugar novamente com Michonne e assim que ela inclinou seu corpo para a borda do ônibus, atirou com uma de nossas metralhadoras em direção ao Governador e seu amigo no carro creme, e tão rápido que fez isso, voltou a trocar de lado comigo.

Mais tiros ecoaram pela prisão e depois que acabaram, um silêncio chegou, mas durou poucos segundos, até escutarmos um som de motor, o qual estava cada vez mais próximo.

— Isso não é nada bom. – Michonne resmungou baixo

Meu coração falhou quando escutamos um estrondo vindo das nossas cercas e pasma, vi um furgão branco e vermelho atravessando o nosso gramado logo em seguida. O carro estacionou mais à frente, no meio do campo. Franzi o cenho, ao ver que a porta traseira parecia uma cerca.

— O que caralho é isso? – Perguntei baixo, olhando de Michonne para o furgão

E então, como se estivesse me respondendo, a porta de cerca caiu, formando uma rampa e de lá, saíram caminhantes.

Muitos caminhantes.

O motorista do furgão saiu pelo banco do passageiro, estava bem equipado de armas e proteções, ele puxou uma pistola e apontou para a nossa direção.

Estávamos bem na frente dele.

Puxei Michonne pelo braço antes mesmo do primeiro tiro chegar até nós e nos esquivamos, nos protegendo do outro lado do ônibus, o qual infelizmente também não era seguro. E desta vez, antes do Governador atirar em nossa direção, nós nos jogamos no chão. Os tiros ecoaram novamente, em todas as direções. Fiquei ali, imóvel para que os tiros não me pegassem e me mantive em silencio, torcendo para que nenhuma bala me atingisse. Escutamos o som de um carro acelerar e eu levantei um pouco a cabeça, mesmo sabendo que seria perigoso. Assim que vi o carro cor creme do Governador indo em direção à rua, eu me levantei com pressa, ajudando Michonne, a qual assim que ficou de pé, puxou a espada e correu em direção aos caminhantes.

Puxei a minha faca de combate com a mão esquerda e ergui a minha pistola, apertando o gatilho em poucos segundos de mira, os acertando na cabeça. O carro velho que Glenn tinha saído apareceu e passou direto por nós, indo em direção a Hershel, o qual estava desprotegido. Corri em direção ao velhote e enquanto Michonne e Glenn o ajudavam a andar o mais rápido possível e entrar no banco do passageiro, continuei atirando nos caminhantes que estavam cada vez mais próximos de nós. Assim que Hershel estava seguro dentro do carro, subi na caçamba da caminhonete e me apoiei nas caixas, enquanto mirava e atirava. Me segurei no carro assim que Glenn acelerou e abaixei a minha arma. O carro nos levou até o pátio e assim que ele estacionou e o portão foi fechado, meus olhos localizaram uma pessoa do grupo, morta, bem no meio do pátio.

Assim que desci do carro, caminhei até o corpo e me abaixei perto dele.

Axel estava com os olhos abertos, tinha levado um tiro bem no meio da testa e suas costas estavam cheias de buracos de tiros. O tiro na testa o matou na hora e depois, aparentemente, foi usado como escudo humano. Respirei fundo e fechei seus olhos, depois de guardar minhas armas.

Era o mínimo que eu podia fazer.

Me levantei e caminhei até o portão, parando bem em frente dele, para ver o estrago, junto dos meus amigos. Os portões haviam sido destruídos e mais caminhantes entravam no nosso campo, o qual custamos tanto para conquistar. Crispei meus lábios, prometendo a mim mesma que o Governador teria uma morte lenta e dolorosa.

Quando Rick voltou minutos mais tarde, trouxe consigo mais duas pessoas, as quais possuíam o mesmo sobrenome, eram irmãos. Ao ver Daryl, meu primeiro instinto foi lhe dar um tapa no rosto, o qual foi tão forte que fez seu rosto virar e ficar vermelho. Mas depois disso, não lhe disse nenhuma palavra e me afastei, com desgosto.

Ele não deveria ter voltado.


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