Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 5
Cinco


Notas iniciais do capítulo

~Louise na capa~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713389/chapter/5

 

Eu não estava louca. Sério, juro por tudo que é mais sagrado.

Aquele bonitão apareceu do nada no meu quarto. Ele nunca existiu. Deve ter sido fruto da minha imaginação. Claro que sim. Meu pai não o viu, e nem mesmo Ana — embora tenha me deixado com uma pulga atrás da orelha em relação ao seu comportamento conturbado.

— Senhorita Keaton? Quer que eu a peça para se retirar da sala? — O Sr. Walter perguntou, me cutucando.

Acordei totalmente, balançando-me na cadeira.

— Não. Desculpe-me. Irei prestar atenção na aula. Isso não vai mais acontecer. — Respondi nervosa.

— Pode dizer para nossa turma, por favor, Belatriz, qual a porcentagem na mistura entre seres homozigotos recessivos e dominantes? Pensei bem o que eu havia estudado antes daquele cara aparecer e ficar sorrindo pra mim...

Concentração, Belatriz!

— Cem por cento de heterozigotos. — Respondi, com uma voz triunfante.

Ele me olhou seriamente e depois sorriu.

— Muito bem, Senhorita Keaton. Muito bem, turma, abram suas apostilas na página sessenta.

A garota do meu lado me cutucou e me entregou um bilhete.

— O que é? — Perguntei, tentando fazer minha voz parecer simpática, mesmo num sussurro.

— Leia. — Ela deu um sorrisinho.

 

Novata,

“Da próxima vez em que você quiser sonhar na aula do Sr. Walter, é melhor olhar para ele (mesmo ele sendo feio) ou para os livros que ficam na mesa dele. Ele nunca percebe”.

P.S: Não olhe agora, mas o garoto que se senta ao seu lado não tira os olhos de você. Vai fundo, garota!

Louise.

 

Observei o garoto no qual Louise estava falando. Bem gato com o cabelo cor de cobre e um sorrisinho no canto dos lábios. E nossa, ele estava olhando pra mim. O que é um milagre, um garoto bonito olhar pra mim.

— Obrigada — agradeci, balançando a cabeça para o garoto que estava na fileira ao lado da minha.

No final da aula, enquanto eles não liberavam os alunos, Louise se sentou ao meu lado mecanicamente e começou a falar dos garotos da escola como se nos conhecêssemos há anos.

— Ah, e sabe do garoto que olhava pra você? — Tagarelava ela, sem parar — Então, ele se chama Harry Blunt, é novato também e muito calado. E garota, você foi a primeira no qual ele fez um contato visual mais avançado. Se é que você me entende.

— Bem, talvez ele estivesse olhando minha lição. — Murmurei, enrolando uma mecha do meu cabelo.

Ela riu.

— Claro que não. Ei, de onde você veio?

— De uma fazenda no interior.

Ela suspirou.

— Ah sei. A garota da fazenda. — Brincou, dando um leve soco nas minhas costas.

— Não exatamente.

— A garota da fazenda tem muito estilo, pode crer.

Nós rimos.

E, eu estava gostando daquilo.

Minha primeira amiga. E apesar de tagarelar demais e ficar mastigando chiclete o tempo todo, Louise é uma pessoa muito simpática, e companheira. E popular, devo dizer.

Nos trinta minutos que fiquei com ela, diversos garotos olharam a mini-saia dela, e, de vez enquanto Louise se agasalhava em seu casaco do time da escola e eles sorriam se oferecendo para aconchegá-la. Além de a cumprimentarem com dois beijinhos na bochecha, é claro.

E por mais estranho, também me cumprimentaram.

Lógico. Deve ser por causa da minha saia de cintura alta não muito longa e toda agarradinha no corpo. E o mais estranho ainda: um garoto disse “olá, linda”.

Nunca fui linda maravilhosa e nem nada. Até porque meu cabelo preto é bastante ondulado e cheio de volume e meu sorriso é apatetado. Nunca, em toda minha existência, um garoto me cumprimentou com dois beijinhos na bochecha. Nunca.

— Ah, olá, novata. — Ouvi uma voz vir por trás de nós.

— Olá, Elena. — Louise abriu espaço no banco em que estávamos sentadas.

Percebi que a tal da Elena era da mesma turma que eu e se sentava junto com os nerds e nas horas vagas fazia debates sobre “Guerra nas Estrelas” com eles.

Ela balançou sua cabeleira loira e se sentou entre mim e Louise.

— Oi. — Sorri, enfiando minhas apostilas na minha bolsa de couro.

— Então, eu andei pensando — começou Louise, prendendo seu cabelo liso castanho em um rabo de cavalo — você sabe bastante sobre genética, não é?

— É. Sim.

— Ótimo. — Elena disse. — Porque estou totalmente perdida. Que tal você nos ajudar daqui a três finais de semana?

— Porque não nesses mais próximos Elena? — Perguntou Louise

— Tenho planos — Elena sorriu.

— Em nenhum final de semana não tenho nada para fazer, por mim, tudo bem ser daqui a três finais de semana. Será ótimo.

As duas suspiraram de alivio ao meu lado.

Tudo bem, nunca fui a Miss Inteligência e nem nada do tipo, mas eu estava estudando, sabe, minhas antigas notas eram um fracasso e já cheguei a levar advertência para casa por causa de minhas notas. E agora, duas meninas me pedem ajuda com biologia? Simplesmente fascinante. Dei meu endereço a elas, e iríamos estudar e depois assistir alguns filmes.

Mas, deixe-me dizer uma coisa: naquela terça-feira, uma coisa mais impressionante do que fazer amigas legais me deixou surpresa. De noite, quando eu estava debaixo dos meus cobertores, toda quentinha, senti a mesma coisa da noite passada acontecer.

E percebi que ele estava de volta.

— O que é? — perguntei num sussurro mal-humorado.

Desta vez, ele estava sentado de forma bem folgada na minha poltrona, olhando para mim.

— Olá, outra vez. — Respondeu ele, com um sorriso malicioso nos lábios. Seus olhos cor de azeitona pareciam brilhar no escuro.

Ele estava com a mesma roupa da noite passada e não parecia estar sujo, com aparência de morador de rua e nem nada.

— Como entrou aqui? — Perguntei, jogando minhas cobertas para o chão, levantando-me.

Ele passou sua mão pela nuca e gargalhou.

— Seu cabelo parece palha molhada. — Murmurou, mordendo seu lábio superior.

E, estava mesmo.

Juntei meu cabelo num rabo de cavalo mal feito e andei até ele, parando em sua frente.

— Como entrou aqui, Jimmy Fields? — perguntei outra vez.

— Fácil. — Ele ergueu as sobrancelhas. — Eu me materializei aqui. Sempre faço isso.

Confusa, comecei a andar de um lado para outro no quarto.

— Há-há. Muito engraçado, Garparzinho. — Tentei fazer a careta que Kathy faz quando encontra Gasparzinho pela primeira vez.

Ele riu, passando a mão pelo cabelo.

Qual é o problema dele, afinal?

— Só apareci aqui para me certificar de que você está bem. — Ele se esparramou mais na poltrona, espreguiçando-se.

— O que é agora? Vai ficar vindo aqui para saber se estou bem, assim como Edward Cullen? — Perguntei furiosa.

Ele deu um suspiro e balançou os ombros;

— Essa é a ideia. — Sorriu.

— Ei. Tenho uma ideia melhor para você. — Grunhi.

— O que é? — Ele se inclinou na poltrona.

— Porque você não vai balançar umas correntes e abrir e fechar portas por aí?

— Não, sua imbecil. — Ele se levantou da poltrona, andando atrás de mim — Eu tenho de ficar aqui.

— Escuta aqui, seu babaca, esse é meu quarto, minha casa e posso muito bem chamar a polícia. — Exaltei a ultima palavra, apontando meu dedo indicador em sua direção.

Ele balançou a cabeça, mantendo seus olhos fixos no meu e soltou uma gargalhada, abrindo seus braços.

— Vá em frente! Sabe o que eles vão dizer? Jimmy Fields está morto. Morto.

Que brincadeira era essa que esse palhaço estava fazendo comigo?

— O quê?

Ele sorriu sombriamente na escuridão.

— Ninguém pode me ver.

Logo depois disso, ele sumiu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Protegida por um Anjo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.