Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 35
Trinta e Cinco


Notas iniciais do capítulo

~QUE EMOÇÃO!!!!! A FIC ESTÁ PERTO DE ACABAR~
~MEDO DA REAÇÃO DE VCS~
(esse n é o último capítulo, nem o próximo, mas está mt mt perto shushu)

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Não é novidade dizer que eu estava extremamente quebrada, com cortes por toda parte e mal conseguindo me mexer. Como se um piano estivesse caído na minha cabeça. Foi tudo tão rápido, como num piscar de olhos, que quando eu estava atrás do carro, vi nitidamente o corpo de Louise no chão, sem sinal de ela estar consciente. Quando abri a boca para gritar, mãos grandes e firmes tomaram conta do meu corpo e sem forças para reagir, fui jogada para dentro do carro prateado, esparramei-me no banco de trás e percebi que o cara que dirigia o carro não era Harry. Era um velho com um cabelo branco e encaracolado, aparentando ter uns cinquenta e cinco anos de idade.

— Louise.— Minha voz falhou. — Onde você está me levando?

— Cale a boca. — Respondeu ele, num tom mal-humorado.

Perdi totalmente minhas esperanças.

Sério. Porque Jimmy insistia tanto em me dar falsas esperanças com seu “confie em mim?” Nas piores horas da minha vida, ele não apareceu. E talvez com todo aquele papo de “nós não temos futuro juntos” e “eu não posso fazer isso” ele quis se referir ao fato de me largar nas mãos de um psicopata e deixar que eu morresse do jeito mais difícil e doloroso. Já estava virando rotina eu sempre ser o saco de pancadas. Sei que isso poderia ter acontecido com qualquer um, mas porque eu? Porque tenho que viver com falsas ilusões, um coração partido e uma vida totalmente fora do normal repleta de ameaças e espancamentos?

Fico me perguntando se no futuro vou receber algo em troca, tipo um benefício depois que esse pesadelo passar ou simplesmente morrer. E eu juro, com toda minha certeza, que se eu continuar vivendo assim, vou acabar preferindo a morte.

Fui levada para uma cidadezinha fora de NY. Não me pergunte onde porque eu nunca tinha estado lá antes.

Ela tinha uma bela aparência acolhedora, mas por trás daquilo eu sabia que tinha algo. Eu sabia que em uma daquelas casas que eu passava pelas ruas, Harry estaria me esperando. No caminho todo o velho não deu nem um pio. O carro estava todo trancado e não havia forma nenhuma de sair dali. Um pouco mais distante da cidade, o velho parou o carro e me conduziu por uma trilha de terra mata adentro. Era uma mata mesmo, com a escuridão se emergindo entre as árvores e barulho de animais ecoando por toda a parte. Fomos parar num prédio abandonado, com um único e fraco feixe de luz no quarto e último andar.

Entramos e tudo estava escuro. Subi as escadarias daquele lugar imundo e horrendo com tanta dificuldade que era até difícil sentir meus próprios dedos dos pés. No último andar, uma porta se abriu e lá de dentro avistei Harry segurando uma vela na mão.

Ele lançou um sorriso satisfatório para o cara que me segurava e disse:

— Obrigado, James. Eu ligo para você amanhã.

Harry tomou conta do meu braço e me jogou para o chão, fechando a porta.

— Você nunca vai parar, não é? — Perguntei, com minha voz esganiçada.

— Quer que eu responda?

— Quero.

— Bem... Você prestou queixa contra mim e descobriu tudo do meu passado. Claro que não vou deixar você em paz.

— Como me achou?

— Não disse que estou em todo lugar? — Ele sorriu, tirando uma corda de seu bolso.

— O que vai fazer?

— Ah, cale a boca. — Ele me puxou para cima e me amarrou numa pilastra de madeira podre, perto da janela.

— Boa noite, Belatriz. — Ele disse, apagando a vela num só sopro.

Passei três dias presa naquele lugar.

Vivi apenas de água durante esses dias. Eu estava fraca, meu corpo frágil e muito, muito tonta.

Eu gritava, mas não havia nenhuma habitação ali por perto.

Apenas eu, Harry e o tal do James.

Minha sorte começou a aparecer na terceira noite, enquanto Harry dormia no quarto ao lado e James roncava perturbadoramente na poltrona há uns 5 metros de distância de mim.

O brilho fantasmagórico de Jimmy me assustou naquela escuridão. E quando ele viu meu olhar assustado, tratou-se logo de aproximar de mim.

— Bells? Você está bem? — Perguntou.

Eu o ignorei.

— Bells? Bells?

— Estou sem comer a três dias e fui atropelada. Você realmente acha que estou bem? — Respondi, mal–humorada.

Suas mãos se encostaram no meu pescoço, firmando meu rosto.

— Eu não...

— Você estava passeando por aí e esqueceu de sua verdadeira função? Estou aqui há três dias, Jimmy, estou quase morrendo de fome. Acha que estou feliz? — Rosnei para ele.

— Bells...

— Não. Deixe-me falar.

Ele se calou e quando percebi o silêncio entre nós, continuei:

— Quer saber o que aconteceu comigo, Jimmy? — Pausei, deliberadamente. — Eu me apaixonei por você. Só que você não precisa envolver essa nossa vida pessoal com sua “função”. Sim, nós não estamos mais juntos, mas você não precisa me deixar de lado, esquecendo-se de me proteger. Qual é? Acha que sou feita de ferro?

Não esperei ele responder.

— Você não está me fazendo sofrer demais? Porque eu acreditei em você e ainda acredito, mas não precisa fazer isso toda hora. Já basta ter o Harry e agora você, Jim?

Seus olhos me fitavam.

O olhar dele não estava feliz, mas eu realmente pude ver claramente preocupação e arrependimento evidentes em seus olhos.

— Não diga mais nada. — Ele disse, com uma voz baixa, tranquila e acolhedora, jogando meu cabelo para trás do meu rosto. — Eu vou te tirar daqui. — Ele ergueu um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

— Tudo bem. — Respondi, mal olhando para ele.

Ele ficou olhando para mim indignado por alguns segundos e começou a desamarrar as cordas por todo o meu corpo. Os lugares apertados pelas cordas ficaram doloridos e com marcas roxas e quando finalmente me soltei dela, senti como se eu fosse desabar no chão e dormir por um século.

— Ei, silêncio. — Sussurrou Jim, jogando as cordas para o canto da sala.

Tentei andar. Juro que tentei, mas a fome e a fraqueza me impediam de fazer qualquer coisa. Minha visão ficou embaçada e minha cabeça girou como um carrossel, deixando todo meu corpo trêmulo.

Vacilei e num piscar de olhos os braços de Jimmy estavam em volta da minha cintura, me segurando.

— Calma, calma. — Ele encostou minha cabeça em seu peito. — Você está fraca. Desculpe-me, Bells.

Meus olhos se encheram de água. Odeio chorar, mas naquele momento eu não impedi os soluços de saírem da minha boca e nem das lágrimas saírem pelos meus olhos. Deixei minha respiração ficar calma e esperei minhas mãos pararem de tremer.

— Só não me deixe sozinha. — Murmurei.

— Eu vou te tirar daqui, certo? — Suas mãos afagaram meu cabelo oleoso.

Levantei minha cabeça e apontei para a porta.

— Por favor. — Minha voz falhou.

— Vamos lá. Você vai ficar bem.

— Ah, olha. —Tentei dizer, aí ele se afastou um pouco de mim, olhando meu rosto avermelhado. — Eu ainda confio em você.

Ele riu de leve e beijou minha testa gentilmente.

Acho que ficamos um bom tempo descendo as intermináveis escadas, com muito cuidado. Eu sempre vacilava e caía, mas no quesito de “cuidados que toda pessoa deve ter com alguém ferido” Jimmy estava de nota dez.

Abrimos a porta da frente uma vez e ventava forte lá fora. O vento quase me matou de frio, por isso decidimos ficar um pouco na cozinha, para que eu recuperasse meu fôlego e descansasse um pouco.

Sentei-me ao chão, e ao meu lado Jimmy disse:

— Temos que ir, Bells. Harry pode acordar e dar falta de você, e como você sabe.

Tirei meu celular da minha bolsa e liguei, vendo alguns poucos pontos de bateria.

— Ligue para meu pai. Eu sei que você pode fazer isso.

— Eu ligo. — Ele tirou o celular das minhas mãos, discou o número e o colocou no ouvido. Após breve segundos, ele disse: — Edward.

Ouvi alguns zumbidos e reconheci a voz cansada do meu pai. Jimmy então foi direto ao ponto:

— Sua filha, Belatriz Keaton está com Harry em Ray. Uma pequena cidade, ela está presa em um prédio abandonado que foi incendiado em 1930 que corre graves riscos de desmoronamento. Ela está bem e viva, mas precisa de sua ajuda. Ligue para a polícia.

Depois disso, ele desligou o celular e me puxou muito delicadamente, envolvendo suas mãos na minha cintura e puxando meu corpo ao seu, para que ele servisse de apoio para cada passo que eu desse.

Andamos na mata por cerca de meia hora e não estávamos tão longe do prédio. Eu caía e sempre pedia para pararmos um pouco. Eu estava fraca demais. Só que Jimmy me apressou muito. Evitava cada vez mais que Harry me pegasse e me protegeu como um verdadeiro anjo, diminuindo meu sofrimento.

Chegamos até uma campina cheia de mato e flores. Lá estava também  estava o sedã prata no qual eu fui atropelada e que James dirigia.

Olhei para os lados para ver se meu esforço todo estava perdido, mas não. Caminhei mais um pouco e tentei abrir a porta do carro para pelo menos me aquecer.

— Fechado. — Grunhiu Jimmy, passando a mão pelo meu rosto. — Você precisa descansar.

— É tudo o que eu quero.

Consegui a proximidade que eu tanto queria nos braços de Jimmy e quando pensei que tudo ficaria bem, uma voz me assombrou pela milésima vez.

— Não acredito que você fez isso. — Disse aquela voz.


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