Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 36
Trinta e Seis


Notas iniciais do capítulo

Gostaram da reviravolta? Críticas? Comentem, pessoas u.u para eu saber que vocês estão vivas :p

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— Eu é que não acredito nisso. — Resmunguei.

— O que pensa que está fazendo? Criou asas e veio parar aqui do nada? — Harry fechou suas mãos em punhais e andou na minha direção.

— Estou aqui com você. — Sussurrou Jimmy.

— Espero que continue aqui. — Rebati, revirando meus olhos.

— O quê? — Harry gritou, a uns 3 metros de distância.

— Harry! — Gritei de volta, ofegante. — Por favor, você não acha que já me torturou o bastante?

Ele riu, colocando seu gorro preto na cabeça.

— Entre no carro. Agora.

— Não. — Resmunguei, lutando para ficar de pé.

— Agora! Não me force a fazer coisa pior. A polícia está vindo. Entre nessa droga de carro. — Ele apertou um botão na direção do carro e um barulho soou entre nós.

— Fique parada. — Disse Jim.

— A polícia está vindo. — Tentei sorrir.

— É, isso aí. Feliz agora? Entre nesse droga de carro. Ande!

Uma sensação de liberdade tomou conta de oitenta por cento da minha cabeça e então pude reunir toda a força que ainda me restava e correr. Corri o mais rápido que pude. Coisas se passavam pela minha cabeça enquanto eu corria sobre aquela grama. Imagine só, a polícia estava vindo! Estava atrás de mim.

Eu estava tão extasiada para ter a minha antiga liberdade que não olhei para trás para ver se Harry estava vindo e nem mesmo pensei em Jimmy. Eu apenas queria me libertar daquele pesadelo.

Só que um farol surgiu bem atrás de mim, fazendo-me sentir derrotada outra vez.

Fui jogada sobre o carro devido ao impacto que Harry passou com o sedã prateado por cima de mim e caí no chão, imaginando como seria se eu morresse ali mesmo.

Mas ao invés de morrer, Harry me puxou e me jogou no banco do carona.

— Por favor, não... — Gemi.

— Calada! Não fale mais nada! Você que me colocou nessa situação.

— Ei, eu não pedi para você me torturar.

Ele riu e revirou seus olhos.

— Bem, eu não pedi para você se apaixonar por mim. — A voz dele saiu cavernosa, como se ele estivesse completamente ciente da baboseira que tinha acabado de dizer.

Encolhi-me no banco.

O sono me dominava e eu me obrigava a ficar de olhos abertos.

— Ah, claro. — Sussurrei para ele, suspirando. — Você deve estar drogado.

Harry aumentou a velocidade do carro e saímos da estrada estreita do bosque e fomos para o asfalto mal movimentado. Os olhos psicóticos dele se mantinham atentos na escuridão na nossa frente cada vez mais que apertava seu pé no acelerador.

Após alguns minutos, nós passamos por um local bastante perigoso. Ao lado da estrada, tinha precipícios, o que me deixava bastante apreensiva, pois do jeito louco que ele estava, poderia fazer besteira.

— Aonde vamos? — Perguntei.

— Eu não sei. Cale a boca. Está me deixando nervoso! — Gritou, aumentando a velocidade do carro para 140 km/h.

— Harry...

— Cale a boca. — Gritou outra vez.

Foi nesse tempo que entendi porque ele estava tão nervoso.

Meu sono acabou num minuto quando vi as seis viaturas da polícia atrás de nós, com o barulho da sirene ligada.

Sorri. Sorri mesmo, como não sorria há dias. As mãos de Harry sobre o volante tremiam perturbadoramente e com o desespero dele, me senti cada vez mais triunfante.

— É melhor você parar o carro. — Eu disse, olhando nos olhos dele.

Ele trincou os dentes e tirou uma de suas mãos do volante.

— Não! Eu não vou! — Gritou, apertando sua mão no meu pescoço.

Tentei me soltar, mas mesmo assim eu me sentia inteiramente feliz.

— Faça o que você quiser comigo. Mate-me, enforque-me ou qualquer outra coisa, mas olhe para trás, Harry! E me diga: você não acha que o som das sirenes é um doce? — Sorri para ele, engolindo em seco.

O pé dele afundou no acelerador e a velocidade aumentou muito, muito mais.

— Calada! — Rosnou pra mim.

— Não. Eu sei que pode acontecer tudo comigo, mas com você? — Pausei, olhando com um certo nojo para ele. — Você poderá me manter como seu brinquedinho por enquanto, mas é o fim da linha para você. A estrada está bloqueada, a gasolina pode acabar a qualquer momento.

Ele riu histericamente e apertou mais meu pescoço. A tensão e desespero tomavam conta de cada pedaço do corpo de Harry, porque eu podia ver nos olhos dele e no modo de como o corpo dele tremia.

— Fique quieta! Cale-se!

— Eu já disse que não vou. Só isso o que pode fazer? Apertar meu pescoço? Vamos! Aperte mais. Eu posso até morrer, mas antes eu quero ter o prazer de dizer a você o quanto eu te odeio e que se você não parar essa droga de carro, vai viver o resto da sua vida no xilindró vendo o sol nascer quadrado. A escolha é sua. — Sorri.

O brilho das sirenes atrás de nós estava começando a se aproximar e me dei conta que o fim estava bem perto.

E talvez o meu fim...

Na nossa frente havia uma pilha de viaturas bloqueando a estrada,

— Estou dizendo, é melhor parar... — Provoquei-o.

— Eu. Não. Vou. Parar. — Gritou.

— Certo. Você que sabe.

Pensei que o sedã prata fosse voar ou se colidir com todas aquelas viaturas na nossa frente, mas ao invés disso, o carro foi desviado.

— Mas o quê? — Gritou Harry.  

Giramos pela estrada devido a forte freada e caímos no lado esquerdo da pista, com um precipício bem abaixo de nós, um pequeno espaço de areia depois mar. O carro girou pelas pedras inúmeras vezes, como se nunca fosse parar. Senti várias coisas batendo na minha cabeça e no meu corpo em geral, mas não pude saber o que era porque meus olhos estavam fechados. Foi tudo tão rápido. As piruetas do carro, o veículo se desfazendo aos poucos e ficando em destroços, os golpes que eu recebia no corpo.

Minha cabeça foi ficando pesada, as dores no meu corpo ficavam cada vez mais evidentes e a fraqueza invadiu meu corpo com um modo imperativo, sugando todas minhas energias existentes. Não vi o que tinha acontecido com Harry e pude ouvir, bem longe, o grito de algumas pessoas que foi ficando cada vez mais distante na medida em que meu corpo girava.

Minhas pernas e meus braços estavam presos nas ferragens do carro. Totalmente entorpecida pelos golpes e pancadas que recebi na cabeça, senti um cheiro de queimado, como se alguma coisa estivesse prestes a explodir.

E aí, me dei conta da situação que eu estava.

Sacudi meus braços e pernas tentando me soltar, mas nada funcionava perfeitamente bem. E aquele poderia ser, de fato, o momento em que minha vida iria acabar.

Minha vida nunca foi nenhum pesadelo, mas também nunca tive uma vida de princesa com empregados em minha volta. Mas eu vi minha mãe se matando, vi às vezes em que meu pai vagava pela madrugada na antiga casa buscando explicações pela morte da minha mãe e como cuidaria de mim e de Ana. Mas se essa for minha hora de partir, sei que não tive uma vida ruim. Não, nem um pouco. E se eu pudesse, nesse momento, eu abraçaria meu pai e iria dizer o quanto o amo e o quanto agradeço por tê-lo em minha vida. Tive Louise, a melhor amiga e companheira do mundo, Jack, meu irmão mais velho e melhor amigo.

Diante desse pensamento de “dormir para sempre” eu fechei meus olhos e tentei ficar calma, apenas esperando a hora certa. Só que meu coração ainda esperava Jimmy. Digo, eu também esperava ouvir a voz dele, mesmo que fosse furiosa, ver o sorriso dele e brigar com ele porque ele sempre aparece na hora errada.

Minutos se passaram e nada aconteceu. Bom, mais ou menos.

Meu corpo não estava acoplado nos restos do carro e nem a sensação de morte e partida estava mais na minha cabeça. Eu sabia que estava nos braços de Jimmy e não reconheci de forma nenhuma como ele tinha me tirado daquele buraco de onde eu estava. E não, ele não tinha aparecido na hora errada.

O que ele poderia ter feito antes, enquanto Harry queria bancar o piloto de corrida superdotado em uma estrada perigosíssima? A forma como ele agiu foi a melhor. Esperou o momento certo para não fazer nenhuma besteira, eu sei que ele não usou a sua levitação antes para parar o carro, pois sabia que tinha grandes chances de cair no precipício, mas quando viu que só existia duas saídas: bater o carro nas viaturas ou tentar parar a todo custo o carro com a sua levitação, ele escolheu o certo. Caímos no abismo, é fato e sei que ele queria evitar isso também, mas ele não é Deus e tem suas limitações, mas o mais importante ele fez: salvou minha vida.

E ali, bem na hora que eu sabia que mais alguma coisa ia acontecer com o carro, eu vi a face pálida e fantasmagoria dele, com aquele toque de perfeição em seus olhos verdes.

Eu e Harry caímos com o carro em um lugar muito baixo da estrada. Olhei para cima e eu pude ver, bem longe, as luzes das sirenes e o barulho das pessoas gritando. Como se estivéssemos há vinte km de distância.

Calada, senti meu corpo sendo colocado na areia úmida. Fiquei parada por alguns segundos e então voltei a realidade.

— Foi você que evitou a colisão com as viaturas, não foi? — Perguntei a Jimmy, cm a voz rouca.

Jimmy estava ao meu lado. Minha cabeça estava encostada em seu ombro e uma de suas mãos apertava levemente o meu ombro, fazendo-me ficar firme.

— Obrigada. — Agradeci a ele, antes dele responder.

Observei o canto de seus lábios se repuxar um pouquinho e sua outra mão encostar em minhas costas, apertando-me junto a ele.

— Ei? Eu fiz meu trabalho. — Sussurrou para mim, deixando visível um sorriso compreensivo em sua face. — Como se sente?

— Eu sei — Fechei os olhos, vacilando. — Você sempre apareceu nas horas erradas, mas hoje e agora, você completou minha felicidade.

— Você está feliz? — Ele perguntou com uma voz assustada.

Dei um risinho baixo e olhei para o carro.

— Sim. Meu pesadelo está prestes a acabar... — Dei um sorriso satisfatório para ele.

Segundos depois fixei bem meus olhos no carro e vi a explosão, fazendo vários pedacinhos do carro se chocarem contra mim. O forte alaranjado quase me cegou e tive certeza que aquele era o fim.

Mas não o meu fim, e sim o de Harry, que estava dentro do carro do exato momento que explodiu.

Satisfeita e cansada com o fim de todo esse pesadelo, fechei meus olhos e senti minhas energias serem sugadas e deixei que tudo se retornasse como antes.

Até mesmo eu.


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