Protegida por um Anjo escrita por Moolinha


Capítulo 26
Vinte e Seis




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O carro parou, então. E não havia nada naquele lugar. Nada!

Ali não havia nem uma iluminação decente, nem uma cabana abandonada e nem sinal de habitação por perto. Era apenas uma campina coberta de cascalho, com uma mata abrangendo todo o lugar.

Quando Harry desligou o motor e apagou os faróis, disse:

— Saia.

Pensei no frio lá fora por causa da chuva e me mantive na poltrona.

— Saia! — Sua voz era alta.

Abri a porta.

Lá fora ventava. Veio um ar gélido até o carro, fazendo-me bater o queixo, dentro da minha jaqueta encharcada.

— Harry...

— Saia! Agora! — Gritou.

Rapidamente, senti a força de sua perna bater em minha barriga e me arremessar fortemente para fora do carro, fazendo-me cair na terra úmida.

Remexi no chão e vi minha bolsa de couro bem ao meu lado. Pensei se meu celular ainda estaria funcionando devido a queda e pensei se aquele lugar teria sinal. Bem, definitivamente não.

— Harry... Para! — Gemi de dor.

— Cale a boca. — Ele me deu um forte chute.

Um chute não. Na verdade, até ele calar minha boca, foram vários chutes por todo o corpo.

Hesitei por um segundo, sentindo uma dor angustiante nas costas. Dedos grandes agarraram minha panturrilha, meu tornozelo. Fiz força contra o puxão, projetando meu corpo para frente. No seu puxão, ele conseguiu arrancar minha bota do meu pé, dando-me tempo suficiente para me engatinhar para frente, arranhando minhas mãos no cascalho úmido.

Com muito esforço, me levantei e corri com esperança e adrenalina jorrando em minhas veias. Ele me agarrou como se estivesse me abraçando e não em uma luta mortal, jogando-me para o chão.

Gritei.

O ar saiu de mim com grande êxito, saiu como o som de uma sirene que surpreendeu a todos nós. Ele lançou um chute perto do meu rosto e me levantou. Eu já estava tonta e com o corpo flácido. Meus olhos quase se fechavam de tanta tonteira, e por conta disso, o braço de Harry girou subitamente que as costas de sua mão golpearam meu rosto. O tapa foi tão forte que meus pés saíram do chão antes que minha cabeça batesse com força no chão duro. Meus olhos se reviraram e minha visão se tornou nítida, que fez eu ser capaz de ver apenas o sorriso de Harry.

Engoli um soluço após receber vários chutes e golpes no meu rosto. Engoli ainda outro soluço quando senti um golpe de agonia atingir a lateral do meu rosto. Eu mal pude lidar com essa dor toda.

Toda vez que seu punho batia em meu rosto, eu sentia como se estivesse levando pedradas na minha face. Eu sabia que pelas gotas de sangue que escorriam pelo meu nariz e até mesmo pela minha boca iam me deixar em um estado muito lamentável, bem pior da primeira vez em que ele me surrou. Por isso mesmo, não lutei mais.

Deixei que ele fizesse seu trabalho, porque não restavam mais forças para lutar. Pelo que pude perceber, ele nunca estava satisfeito. Queria me machucar cada vez mais, como se quisesse me partir no meio. Sem dó e sem piedade.

Eu perdi meu fôlego. Minha cabeça pesou, minhas costas pareciam ter sido atingidas por um machado e meu rosto possuía uma queimação horrorosa e torturante.

— Para! — Gemi.

Ouvi meus gritos ecoarem pelo bosque. Não havia sinal de ninguém por ali.

Seus dedos apertaram meu pescoço, enforcando-me. Lágrimas queimavam no meu rosto e desciam como a água de uma cachoeira — em grande quantidade.

E a última coisa que me lembro foi do seu punho acertando meu olho esquerdo, fazendo – me fechar os olhos, inconsciente.

A escuridão ainda me abrangia quando, horas depois, acordei.

Senti uma dor imensa na cabeça, era como se eu tivesse levado uma martelada bem do crânio e como se ele estivesse sido amassado. A tonteira fazia como se eu estivesse girando, deixando-me confusa naquele lugar no qual eu nunca estive antes.

Harry havia sumido junto com seu carro.

Eu estava sozinha, machucada, incapaz de realizar qualquer movimento por causa da minha dor e perdida naquele breu.

Onde estava Jimmy nessa hora? Eu me pergunto, onde estava Jimmy na hora em que Harry me usou como seu saco de pancadas? Onde?

Nesse exato momento que vi o brilho fantasmagórico de Jimmy bem perto de mim. Ele olhava para mim, horrorizado, como se eu estivesse picotada no chão. Bem, na verdade eu devia estar, porque seus olhos transpareciam tanto pânico, que até mesmo eu fiquei com medo de me olhar no espelho ou de tentar mexer um braço ou uma perna.

— Bells? — Sua voz era séria, tensa e trêmula.

Tentei ver o seu rosto, mas apenas seus olhos eram visíveis. Tentei também buscar o calor de seu corpo, mas a dor no meu corpo era tão, tão grande que eu estava incapacitada de até mesmo mexer um dedo meu.

— Bells? — Ele tirou o cabelo do meu rosto. Suas mãos eram quentes.

Dei um gemido de dor para ele perceber que eu estava ali, acordada.

— Você está bem?

Que pergunta! Claro que não! Olhe minha situação, Jimmy. Não sou capaz nem de sentir minhas pernas.

— Você mentiu, não estava comigo. — Disse isso por causa das insuportáveis dores em meu corpo e, ao ouvir isso, ele se calou — a pior parte disso tudo, é que você é meu anjo da guarda, Jimmy. Sua função, como você disse, é me proteger. Você nunca está comigo na hora que eu mais preciso.

Ele puxou meu corpo para o seu com toda delicadeza possível e colocou uma cabeça apoiada no seu peitoral.

Meu pescoço doeu.

— Me desculpe. — Seus lábios encostaram na minha testa.

Perguntei-me se minha testa estava sangrando.

— Sua desculpa não vai curar meus machucados, Jimmy. Você falhou. Eu confiei em você quando você disse que nunca sairia do meu lado. E onde você estava quando fui feita como um saco de pancadas? Bebendo suas estúpida bebida, suponho.

Ele se calou outra vez.

Dei-me conta que eu estava sendo dura demais com ele. Até porque, ele já me salvou inúmeras vezes, e hoje, ele apareceu. Ele estava ali comigo, mesmo eu estando toda ferida, ele não me deixou ali sozinha na escuridão.

Deixei de ser a garota forte e desabei.

— Me ajuda. —Choraminguei, sentindo algumas lágrimas queimarem no meu rosto.

Suas mãos me apertaram possessivamente, fazendo-me entender com esse simples gesto que ele não me deixaria ali sozinha.

Tentei abraçá-lo. O frio era tenso.

— Certo. Eu falhei. Eu estava bebendo minhas estúpidas cervejas quando você estava aqui sendo espancada por esse animal. Só me dei conta do perigo que você estava passando quando vi o desespero do seu pai.

Ah, meu pai. Devia estar louco de preocupação.

— Me tira daqui, Jim... — Gemi outra vez, tremendo.

— Eu vou. Você consegue se mexer?

— Não.

—Me dê um minuto.

Ele se levantou e pousou minha cabeça na terra. Num rápido relance, senti meu corpo ser levantado vagarosamente. Por um breve minuto, pensei que eu iria partir no meio.

— Aonde vamos? — Perguntei, passando meus braços em volta do pescoço dele.

—Até a rodovia. Me sinto um fracasso total por ter feito isso, mas não posso voar. Só tenho essa droga de levitação. —Ele pausou. — Como você está com o celular, eu posso tentar ligar para você e você pode falar. Ou supostamente, com esse seu estado, alguém pode te levar direto pro hospital.

— Droga. — Gemi mais uma vez.

— Eu vou te tirar daqui, Bells. Vai ficar tudo bem. — Sua voz assumia um tom de culpa.

— Espero. — Suspirei.


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