Olhei para Geraldo alarmada, meu plano precisava de tempo para ser colocado em pratica e eu precisava ganha-lo antes deles me pegarem. Sorri debochada para aquele que um dia considerei da minha família e avancei alguns passos.

—Você se acha muito esperto não é Geraldo? – parei de caminhar e o olhei levantando uma sobrancelha – Pena que a esperteza da família ficou toda com a sua irmãzinha!

—Exatamente Isabela – uma terceira voz se pronunciou e eu fiquei extremamente chocada ao ver a melhor amiga da minha mãe sair de trás das arvores– Eu sou a mais esperta da família e eu armei todo esse cenário de sequestro pra te ter exatamente onde eu queria sua pirralha!

—Paola? O que você faz aqui? – eu ainda estava em choque quando a mulher retirou a peruca e revelou os cabelos ruivos que povoavam os meus pesadelos – Não é possível!

—O que foi filhinha? – ela perguntou debochada me olhando com aquele ar de superioridade que me enojava – Não esperava ver a sua mãe viva?

—Você não é e nunca foi a minha mãe – gritei com toda a raiva que eu possuía – Como você sobreviveu? Eu vi o carro explodir!

—Eu fui jogada para fora do carro antes da explosão – ela explicou se aproximando de Manuela – E enquanto esperava os meus ferimentos melhorarem eu armei toda a minha vingança – pude ver o medo tomar conta de minha irmã no momento em que a mulher a pegou pelo braço – E agora você e a sua irmãzinha vão me pagar por tudo que fizeram, por estragarem todos os meus planos!

—Você é maluca – eu só podia observar petrificada enquanto ela carregava Manuela até onde eu estava, eu precisava dar o sinal, mas o medo e a  surpresa me paralisaram – Você estragou tudo sozinha quando deixou a ganancia falar mais alto que qualquer outra coisa na sua vida e nos envolveu nessa.

—Cala a boca – ela gritou agarrando em meus braços e soltando minha irmã que chorava – Eu vou conseguir tudo o que eu quero e você vai me dar!

—Eu não vou colaborar com nada!

—Vai sim – ela disse calma me soltando – Ou você faz tudo que eu mando ou... – ela sacou uma arma de dentro da bolsa apontando pra Manuela  – Eu mato a sonsa da sua irmã!

Meu coração bateu mais rápido e minha garganta secou, Manuela me olhou aterrorizada enquanto eu tentava formular algo coerente para dizer, porém minha voz não saia, por mais que eu fizesse esforço eu estava completamente paralisada. Ouvi barulhos nas arvores e os policiais tomaram o lugar mantendo a formação de segurança, naquele momento eu me desesperei.

—Não – gritei quando um policial se aproximou de Regina e ele me olhou surpreso – Ela vai matar a minha irmã se fizermos alguma coisa.

—Esperta como sempre filhota – ela disse me encarando como sempre fazia quando descobria meus planos para fugir da mansão e uma sensação de Dejavu me invadiu – Agora você vai ser uma boa menina e entrar naquele carro com seu pai e o seu tio, querida.

—Não faz isso Isabela – minha irmã gritou e Regina a encarou com ódio – Não entra no carro, por favor.

—Fica quieta senão eu atiro – a ruiva gritou para minha irmã aproximando ainda mais a arma de sua cabeça – Você não serve pra mais nada mesmo.

—Não faz isso Regina – eu disse observando ela engatilhar a arma – Eu faço o que você quiser, mas não atira!

—Se você a matar eu deixo que os policiais atirem – o delegado se intrometeu – Essa menina é a sua garantia de vida!

Eu o olhei e sorri agradecida, mesmo em meio ao medo. Andei vagarosamente até o carro e entrei no banco traseiro não tirando os olhos de Regina e Manuela, logo em seguida minha irmã foi jogada no bando traseiro do carro ao meu lado e eu a abracei protetoramente enquanto ela soluçava, Regina se junto a nós e Geraldo partiu com o carro dando inicio a uma perseguição.

—Despista eles Geraldo – a mulher ao meu lado ordenou – E depois nós vamos para o esconderijo.

—Eu sei o que tenho que fazer irmãzinha!

Depois disso tudo não passou de um borrão em minha cabeça, tudo que eu conseguia lembrar era do barulho das sirenes e dos tiros, nada mais, não percebi quando Geraldo conseguiu despistar a policia e muito menos o caminho que fizemos até chegar a fábrica abandonada. As portas do carro se abriram, Geraldo e Mauricio desceram apressados e correram para dentro daquele lugar imundo.

—O que acontece agora? – perguntei enquanto minha irmã encarava Regina – Pra onde vamos?

—Não se preocupem minhas queridas – Regina disse assustadoramente calma – Eu vou levar vocês para um passei divertido.

—Que passeio é esse Regina?

—Espere e verão – ela sorriu – Prometo que será inesquecível.

Estremeci com as palavras da ruiva, senti Manuela apertar fortemente a minha mão enquanto demonstrava no olhar o quão amedrontada com tudo ela também estava. Os homens voltaram com algumas malas para o carro e depois de coloca-las no porta-malas do carro, entraram e voltamos para a estrada. Meu coração acelerava a medida que saiamos da cidade e íamos para o interior, alguma coisa me dizia que esse era o começo de algo que não terminaria nada bem. Apertei mais o abraço que dava em minha irmã, estávamos abraçadas desde que saímos e percebi que ela tremia, eu queria dizer para ela que ficaria tudo bem, que iriamos resolver tudo aquilo como sempre, porém quando abri a boca para falar meus olhos captaram uma imagem que me travou. Tínhamos chegado em uma casa na beira de um lago, olhei para tras percebendo que o caminho para chegar até ali era longe da estrada principal, pois não se vida nada além de morros cobertos por matas, estávamos num local digno de um filme de terror.

—Bem vindas ao lar minhas queridas.

A gargalhada que se seguiu a essa frase foi amedrontadora completando aquele cenário macabro e o tornando ainda mais assustador, Manuela me encarou e eu percebi o que ela queria dizer com aquele olhar: estávamos literalmente perdidas.