Cor do Pensamento escrita por Monique Góes


Capítulo 8
Capítulo 7 - Convite


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu juro que revisei esse capítulo, mas eu ando com uns surtos de mulice tão grande, que tipo... Não sei D:



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Capítulo 7 - Convite

Logo nos primeiros dias de aula, havia gente a encarando.

Quer dizer, não exatamente tinha gente encarando Claire como se estivesse num filme de terror ou coisa parecida, mas as vezes, quando estava pegando seus livros no armário ou coisa do tipo, e virava, tinha alguém a olhando, alunos que nunca falara na vida, que logo depois fingiam que não estavam o fazendo.

Bom, sabia que eram bruxos pela névoa brilhante que aparecia infimamente neles, mas fora isso, não conseguia formular uma ideia de porque eles a encaravam daquele jeito. Virar um bruxo não parecia algo tão... Chamativo, ainda mais porque ela não fazia nada.

Na hora do almoço, estava sentada com as suas amigas. Haviam acabado de ter uma aula maçante com a professora de biologia e Sandy estava imitando o modo de falar da Sra. Donalds com sua voz anasalada.

— Para, eu preciso comer, não engasgar até morrer! – Zoey exclamou como a boa rainha do drama que era. – Mas sério, pensei que aquela velha ia se aposentar nessas férias!

— Shh, ela é a monitora do refeitório hoje, vai que ela te escuta. – Claire chiou. Aquela professora tinha uma audição de cachorro. – Eu não quero ir para a detenção!

— Ela não nos poria numa detenção só porque eu a chamei de...

Ela pulou quando Sandy a chutou por debaixo da mesa. Na hora, a Sra. Donalds passou perto da mesa delas, com as mãos cruzadas atrás do corpo.

—... Vamos falar de alguma coisa mais segura, ok?

— Tipo o quê? Eu vi ontem no Facebook que o Drake do Magick quebrou a perna na escola. – Zoey sugeriu.

Claire sabia disso. Ele só mandara uma mensagem com um “quebrei a perna e estou no hospital” que a deixou louca por alguns minutos. Depois que estava apropriadamente engessado, Drake explicara que, de algum jeito que ele também não sabia, conseguira causar uma fratura parcial em sua perna na primeira aula de educação física na nova escola... E que agora teria que ficar preso no gesso durante dois meses porque mesmo tendo magia, as pessoas estranhariam se no outro dia ele aparecesse com a perna normal.

E como ele tinha que fazer piada da situação, o seu status no Whatsapp era “I broke my leg and I can’t get up… So I‘m lying on the cold hard ground”. Hilário, realmente.

— É... Não. Que tal... Garotos bonitos?

 - Sim! Claire, então o Joshua deixou de ser um cuzão e está cumprindo o papel de irmão mais velho dele?

Claro que elas iam encaixar o seu irmão em “garotos bonitos”. Elas adoravam babar em Joshua... Como metade das meninas na escola, aliás.

— É, foi.

— Por que isso? Você arrumou um namorado e ele resolveu ter ciúmes?

Agora, o que Claire iria responder? Não iria contar nada envolvido com magia, envolvendo Near, seu pai, anões e até mesmo sobre seu pai e Drake – ainda mais considerando que eles eram gêmeos e o fato que eles foram separados estar profundamente ligado com organização bruxa.

E tinha o fato de Joshua realmente atrapalhando a ela e Vincent... E ela ainda não havia falado sobre eles dois...

—... É...

As duas se curvaram para frente, fazendo-a pular para trás.

— Você arranjou um namorado e não nos avisou? – Sandy questionou num tom inquisitivo.

— Sério isso? – Claire perguntou.

— Você é o nosso bebê, claro que sim. – Zoey respondeu.

— Qual o nome dele, como ele é, descrição física, como vocês se conheceram, onde ele mora, quem são os pais dele, quem...

— Ei, vocês não precisam assumir o papel de mãe tão bem!

— Talvez, mas vá falando agora.

As duas estavam bem sérias para o seu gosto. E se fosse falar de Vincent, não queria ficar babando nele por uma meia hora. Como não havia exatamente falado sobre ele e sobre o seu relacionamento com ninguém, porque Joshua sabia e como a mãe dela provavelmente não se interessaria. E também... A grande maioria dos fatos sobre Vincent tinham a ver com o mundo bruxo por causa dos Rockstones. O que poderia dizer...? Sobre a família adotiva, que ele morava na cidade – ele dissera que ganhara outro apartamento na cidade e tinha que lhe explicar como ele ganhava apartamentos assim -, sabia agora que Jim estudara em sua escola e nem sabia, na verdade, sabia, mas não sabia que era ele...

— O nome dele é Vincent Novak, ele fez dezoito anos dia quinze de agosto agora... – começou.

— Novak? Onde eu já ouvi esse nome? – Zoey perguntou.

— Ele é o irmão mais velho daquele menino que bateu em parte do time de futebol ano passado.

As duas a olharam surpresa.

— Aquele gótico bonitinho que não falava com ninguém? – a loira perguntou. Bom, Jim era bonito, já que os dois eram quase idênticos.

— Bonitinho é um feio arrumadinho, vamos combinar que aquele cara era gato.

— É. Os dois são bem parecidos, na verdade. Só que Vincent é um pouco mais alto, mais musculoso, o cabelo dele é mais curto e bagunçado, e... Os olhos dele são de um verde meio azulado muuuito bonitos.

— A imagem que está se formando na minha mente é agradável. – Sandy falou.

— Beeeem agradável. – Zoey concordou.

— Então, o que mais...? O pai deles morreu quando eles eram pequenos, a mãe deles é alemã e os irmãos dele voltaram para ir estudar na Inglaterra. O Vincent continua por aqui, os primos dele vivem aqui.

— Como vocês se conheceram?

—... Conhecidos em comum. Eu encontrei um amigo do meu pai essas férias, o Marc, e o namorado da prima do Vincent é filho dele.

Ai. Que mentira. Mas era melhor do que dizer que Vincent era o seu gato e que ele a salvara de um cara a arrastando para um beco escuro por causa de um boneco.

— Que enrolação. – Zoey constatou, séria. – Aí rolou aquela ligação, aquele olhar, aquela risadinha...

— Zo, sério, para.

Ela começou a rir.

— Ok, então você conheceu ele porque você conversou com o pai do namorado da prima dele. É, acontece. – Sandy constatou. – Como ele é?

— Ele é inteligente, tipo, ele sabe sobre muitas coisas, e... Ele cuida dos irmãos dele. De um jeito meio estranho, mas ele cuida. Ele é fofo, às vezes, também.

Elas claramente iam perguntar mais coisas, mas o sinal tocou e elas tiveram ir para as suas salas. Claire tinha aquele horário livre, mas as duas não, pois os horários eram decididos na questão das matérias elegíveis. Na questão, poderia ir para qualquer lugar da escola ou até mesmo ir para algumas lojas próximas, desde que estivesse de volta no horário correto. Normalmente ia comprar um doce numa cafeteria quase na frente da escola ou ficava por lá mesmo. Se precisasse, também havia uma loja de materiais escolares nas proximidades.

Acabou indo para o jardim da escola, onde tinha bancos e umas muretas que os alunos normalmente usavam para sentar. Ela não era a única no lugar, mas estava calmo, então simplesmente sentou e começou a ler.

Depois de algum tempo, alguém chamou:

— Oi? Você é a Claire, não é?

Acabou olhando para cima, e viu duas pessoas que... Sinceramente, conhecia de vista. Isis Blakesley, que era uma das líderes de torcida da escola. Ela era bem alta, com a pele negra, e parte do seu cabelo crespo estava preso no alto de sua cabeça. O outro era Alex Cornell, que era parte do jornal da escola. Ele tinha o cabelo verde claro, usava óculos quadrados de aro grosso.

Ok, os dois eram bruxos, era visível.

—... Oi?

— Hã... – Alex olhou envolta, vendo os outros alunos por perto, mas claramente estava desconfortável. – Nós queremos falar com você, mas... Pode ser a sós?

Claire franziu o cenho e olhou para os dois. Não tinha muita ideia do que estava acontecendo.

— Ok, eu estou em horário livre mesmo...

Eles não entraram em uma sala ou algo parecido. Só foram para um lugar com menos gente, que era um dos corredores externos. Isis se encostou num dos armários, e Alex começou a falar:

— Então, Claire, não passou despercebido que você aprendeu magia nas férias.

— Eu não estou brilhando que nem um farol, por favor, me diga que não.

— Você não está. – Isis riu. – Mas... Tem alguma coisa em você... Enfim. Nós somos parte de um Coven. Já ouviu falar sobre eles?

— Já, são grupos de bruxos, não? Joshua mencionou sobre eles.

Os dois a olharam bem surpresos.

— O Joshua é um bruxo? – Alex perguntou.

— Aham. Desde criança, na verdade. Ele que me ensinou a controlar melhor.

— Eu... Nunca vi nada nele. Pensei que ele só era um gostosão genérico de colegial.

— É, eu também. – Isis concordou.

“Gostosão genérico de colegial”. É, aquele era um jeito de descrevê-lo... Que seu irmão provavelmente não ia gostar, mas era verdade.

— Pois sim. – Alex tomou partida de novo. – Nós somos de um coven, mas não é exatamente algo sério. Na verdade, é mais ou menos o seguinte: Nós temos uma espécie de supervisora, e ela nos ensina a direcionar energia, poções, rituais, a nos controlar melhor, esse tipo de coisa. E... Antes de as aulas começarem, na verdade, ela disse para que nós a convidássemos a entrar.

Antes de começar as aulas?

— É, nós ficamos nos empurrando, tipo, “você vai primeiro, não, você vai” enfim, viemos os dois.

— Eu aprendi magia durante as férias, e ela soube?

— Celeste é assim. Às vezes parece que ela vê o futuro.

Bom, havia conhecido Kisaiya nas férias. A sacerdotisa ainda oferecera para ver o seu futuro, e acertara coisas sobre o seu passado. Parecia ser uma habilidade rara, ver o futuro em si, mas com certeza deveriam ter pessoas sensitivas.

 - Mas... Por que eu?

— Não sei. – Isis respondeu. – Na verdade, ela só menciona que poderemos ter uma adição no grupo, e chama os que estão mais próximos aos candidatos. Tudo funciona no fim. E... Ela disse que era para convidar também o seu irmão, mas ela disse que não era Joshua. Eu tinha pensado que não era ele por ele não ser um bruxo, o que não é o caso.

— Falando nisso... Você tem outro irmão? – Alex questionou.

— É uma longa história, mas eu tenho um irmão gêmeo. Fomos separados quando éramos bebês e nos encontramos durante as férias. – respondeu. De algum modo, parecia mais fácil falar aquilo com praticamente desconhecidos. – Eu... Não sei. Quer dizer, sobre isso tudo... Joshua me ensinou a parte prática da magia, mas o papai também não o ensinou muito além disso também. Eu acho que eu vou ligar pro Drake, ele disse que ia faltar na escola dele hoje.

— Seu irmão se chama Drake? – Isis questionou.

— É. – pegou o celular e ligou. Escutou Alex dizendo numa voz emocionada “adoro finais felizes” e a garota o batendo. Não demorou praticamente nada para ele atender.

— Oi? Claire? Você não está na escola?

— Horário vago. – respondeu. – O que você está fazendo agora?

— Lendo revistas e mofando no meu quarto para não ter que encarar as escadas. Esse gesso coça. Por quê?

Ela explicou rapidamente sobre a proposta que fora feita, que ele escutou aparentemente de maneira atenta. Quando terminou, Drake falou:

— É... Parece-me uma boa. Eu tive que me virar sozinho e algumas coisas eu aprendi com a Papillon, mas você viu como ela é... Hã... – Ouviu alguém entrar gritando em seu quarto. Era uma voz infantil. – Millie, por favor, eu estou no telefone! – ouviu a criança aparentemente chorando ao fundo antes de sua voz sumir. – Ops... Mas onde eu estava? Ah sim, mas fica difícil só assim.

— Como assim “só assim”?

— Acho que eu tenho umas perguntas. Tem como vocês passarem aqui depois da sua aula acabar? Se não puder se hoje, pode ser outro dia.

— Espera. – Cobriu o telefone para falar com os dois. – Ele está perguntando se vocês podem ir até a casa dele depois da aula.

— Você está inclusa! – ouviu-o exclamando mesmo com o fato de sua orelha não estar pousada no telefone.

Alex e Isis se entreolharam.

— Eu não tenho treino hoje, e você?

— Eu não tenho nada para fazer.

— É, então a gente vai. – Isis respondeu. – Alex pode nos levar de carro.

— Ok então. – tirou a mão de cima do celular. – Nós passamos aí depois de sermos liberados.

— Até depois então, ouvi a minha avó subindo a escada e é provavelmente porque a Millie estava chorando, e ela é assustadora para a idade... – Ouviu a porta sendo aberta e um “Drake, como você faz a sua prima chorar?!”. – Tchau!

Ele desligou o celular e Claire quase teve uma vontade quase incontrolável de rir. Ela olhou para os dois.

— É, depois da aula então. Obrigada pelo convite!

Teve que ir para a sala quando o sinal tocou, e os horários passaram bem rápidos. No intervalo entre as aulas, encontrou Joshua e o explicou rapidamente o que iria fazer – sua resposta fora “parece uma boa” -, antes de chama-la para perto do seu armário, onde tirou a sacola que ganhara em Dhor Faldor, e de dentro dela tirou a dourado pálido que era de Drake, lhe entregando. A garota a guardou dentro da sua própria, que também levava na mochila.

Depois pensou no que poderia dizer para Zoey e Sandy sobre não voltar para casa com elas, como fazia todos os dias... De novo, como se explicava que tinha um irmão gêmeo perdido? Não estava pronta para explicar aquilo para elas!

Ainda mais que Sandy era prima de Will, que era um membro do Magick... Havia uma probabilidade de ela conhecer Drake...

Talvez fosse melhor explicar para ela em parte para que ela inventasse uma desculpa para Zoey. E teve o momento perfeito durante a aula de história, em que a professora passou um trabalho em dupla, e as duas estavam sentadas lado a lado no fundo da sala. Só tinha que tomar cuidado para que ela não fizesse escândalo.

— Sandy? – Chamou, e ela levantou os olhos azuis do caderno. – Eu tenho uma coisa pra te falar, mas tem que ficar quieto, então... Não dê um grito na sala ou coisa parecida, ok?

— Hm? Por quê? – ela pareceu que ia fazer uma brincadeira, mas viu que Claire estava séria, então se reprimiu. – O que houve?

— É difícil explicar, mas... Eu e o Joshua não nos voltamos a nos falar realmente só porque eu arranjei um namorado. Foi por outra coisa também.

Acabou coçando a sua nuca.

— É, ele encontrou umas coisas que o papai escondia, então, nunca exatamente guardaram ou coisa do tipo. Eu... Tenho um irmão gêmeo.

Viu a surpresa, e depois a descrença nos olhos dela. Ela abriu um pouco a boca, depois se lembrando que Claire pedira para que ela não fizesse escândalo.

— Você está brincando, não está?

— Não. Nós o encontramos no fim das férias porque o papai tinha encontrado um jeito de localiza-lo, mas ele morreu antes de conseguir faze-lo.

— Mas como assim, e sua mãe? Ela...

— É uma história realmente comprida, eu juro que te explico depois. Mas esse é o seguinte, eu acho que você o conhece. – ela a olhou com estranheza. – Ele é o Drake.

— Drake...? – Depois seus olhos se arregalaram. – O Drake fofinho que por um acaso está no Magick?!

— Ele mesmo. Tanto que ontem eu ficando nervosa na aula de francês não foi porque eu não estava entendendo nada, era porque ele me mandou uma mensagem quando deu entrada no hospital. E temos uns assuntos para resolver hoje, depois da aula, e eu não consigo pensar em nada para dizer pra Zoey. Ela vai provavelmente fazer escândalo se eu disser que não vou voltar com ela, e provavelmente vai fazer outro se eu explicar.

A mão de Sandy estava em seu queixo. Ela parecia estar absolvendo a novidade.

Nisso você tem razão, ela é a nossa rainha do drama, afinal. Era por isso que o Jean andava meio saltitante...? Não, espera, ele é meio saltitante mesmo. Caramba, mas... Espera.

Ela empurrou um pouco a cadeira de Claire e enquadrou seu rosto com os dedos.

— É... Merda, vocês são parecidos, analisando agora. Gente... Nunca nem passou na minha cabeça. Você vai me explicar tudo isso depois, ok?

Claire lhe ergueu o polegar. Provavelmente teria que explicar a questão da bruxaria para ela também, mas isso seria em outra hora. Mas Sandy então disse que daria a desculpa para que escapulisse de Zoey no fim da aula.

Quando o sinal tocou, conseguiu pegar as suas coisas, se misturar com a multidão de alunos e escapulir para o estacionamento da escola. Foi bem fácil encontrar Alex, até porque ele começou a acenar rapidamente quando a avistou, e seus cabelos verdes eram bem chamativos, na verdade.

— E então... Qual o endereço? – ele perguntou quando entraram no carro.

Passou-o e logo estavam em movimento. De verdade, haviam dito onde as suas casas eram, mas era a primeira vez que ia na casa de Drake, assim como ele nunca fora na sua.

...Perguntava-se qual seria a reação dos dois ao verem que seu irmão era famoso. Quando dissera que o seu nome era Drake, claro que eles poderiam pensar que era qualquer pessoa com aquele nome. Ela não pensaria de primeira que seria um cantor conhecido mundialmente.

A casa de Drake era bem moderna... E simples. Tinha dois andares, e parecia um pouco com uma série de cubos brancos sobrepostos. Trazia uma varanda na lateral e uma garagem com vaga para dois carros. Mandou uma mensagem para ele, avisando que já estavam ali.

E suas perguntas foram respondidas quando seu irmão gêmeo abriu a porta e Alex soltou um gritinho agudo antes de tapar a boca com as duas mãos. Ouviu alguém caindo na gargalhada dentro da casa, e Isis apenas o encarou com os olhos arregalados.

Considerava errado que quisesse rir. Mas acabou rindo

— Ok, isso... É, não, eu não vou me acostumar com isso, mas enfim. Podem entrar...

— USE AS SUAS MULETAS GAROTO! – alguém gritou de dentro da casa. Drake soltou um gemido antes das duas voarem para as suas mãos.

— Como está a sua perna? – Claire perguntou enquanto entrava. Alex murmurava coisas atrás de si.

— Horrível. Sabe qual é a sensação de “eu posso me curar, mas as pessoas vão perceber”? Eu não quero que ela passe dois meses nesse negócio!

Santa Ailith, você é um bruxo?! – Isis finalmente conseguiu exclamar. – Quer dizer, você...

— É, eu sei, é meio irônico que eu esteja numa banda chamada Magick e que o fandom se chame Witches, mas sim. – Ele se jogou no sofá de couro branco, em formato de L em frente à televisão. – Só eu também, apesar de às vezes parecer que o Will... Ah, o que eu tô dizendo?

Sentou do lado dele. Drake estava... Bem fofo, na verdade. O cabelo castanho estava bagunçado, e ele usava uma camisa um tanto larga demais e uma calça moletom. O gesso em sua perna direita já trazia algumas assinaturas, e tinha o desenho de um unicórnio infantil desenhado quase na altura de seu calcanhar.

— Mas... Essa história de coven, vocês podem me explicar como funciona?

— Hã...? Ah, sim! – Alex pareceu levar um tapa. Parecia que tanto ele quanto Isis estavam loucos para tirarem uma foto ou algo do tipo. – Nós temos tipo uma líder, que seleciona quem ela acha que deve entrar. Ela disse para eu e Isis irmos atrás de Claire e convida-la, e disse sobre ela ter um irmão, eu pensei que fosse Joshua, mas ela disse que era outro. – ele deu uma risadinha sem graça no final.

— O que ele está tentando dizer é que Celeste é como uma professora. Ela não nos ensina só a controlar magia, mas também a questão de rituais, poções, energia, símbolos, invocações. Claro, os estudos são individuais e ela só nos supervisiona. Se tivermos alguma dúvida ou algo do tipo, ela ajuda também.

— É um coven com direcionamento religioso?

—... Sim e não. – ela respondeu. – Nós não somos obrigados a ter uma iniciação à adoração de alguma imagem, mas a maioria é devota à Ailith. Uma das meninas acredita que as energias mágicas vêm natureza, e um dos rapazes prefere acreditar no Deus e na Deusa. Tem mais, só que esses são os exemplos rápidos, depende de cada um.

Drake se ajeitou, fazendo uma careta quando mexeu a perna machucada.

— Hm...

— Ela mora numa mansão no Druid Hills, perto da Fernbank Forest, e fica aberta para nós durante o dia todo... Até a noite, se precisarmos. Celeste tem uma biblioteca imensa para que façamos pesquisas para nós mesmos e tudo mais... Ela também nos ajuda em assuntos relacionados à escola, aliás. Ela só pede para irmos lá pelo menos uma vez por semana.

— Uma vez por semana me parece aceitável. – Claire comentou. – Eu quase nunca tenho nada para fazer em casa, então provavelmente iria para lá... Mas eu preciso de transporte.

— Nah, eu costumo levar alguns de carro, já que vou todo dia – Alex disse. -, e tem o Frank também.

— Eu tenho algumas aulas e ensaios relacionados ao Magick, e tem semanas que eu vou me ausentar porque provavelmente vou viajar. Mas isso ainda vai demorar um pouco, porque pelo menos agora que as aulas começaram, demos uma pausa... Além da minha bendita perna.

— Bom, ela só fez um convite, cabe a vocês aceitarem. – Isis falou.

— Ela nos deixa abertos para estudar, e nos ajuda caso precisemos, é isso?

— Basicamente.

— Não acho que seja ruim. Eu quero aprender mais, e normalmente eu pergunto para o Josh ou para o Vincent, mas... Bom.

— Vincent, Vincent... Você já o mencionou antes. – Drake notou.

— Ah, é... É o meu namorado.

— Bom, vocês dois não precisam dar respostas para nós agora nem nada. É só aparecer lá na mansão e falar com a Celeste, ver se vocês gostam, se não... É isso.

— Quantas pessoas têm lá? – Claire perguntou.

— Sem contar a Celeste, somos dez. Contando com ela, onze. É melhor quando tem pouca gente.

Isso era verdade.

— Não me parece ruim. – seu irmão admitiu. – Eu vou ver, realmente.

— E... É só isso que eu consigo pensar em dizer. – Isis admitiu. – É um convite, então não vamos amarrar vocês dois e jogar na mansão.

Escutou Alex prendendo o riso com aquilo.

— Acho que é melhor nós já irmos indo, sabe, vocês tem que pensar e tudo mais... Claire, você quer uma carona?

— Caso queira ficar, a minha tia ou o Jean podem te levar depois.

— Acho que vou ficar.

— Ok, então... – Drake se levantou com um pouco de dificuldade. – Eu abro a porta pra vocês...

— Só uma coisa... – Alex falou antes de Drake começar a andar. – Eu... Tenho um CD do Magick no carro. Você me dá um autógrafo?


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