Cor do Pensamento escrita por Monique Góes


Capítulo 14
Capítulo 13 - Alucinação


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo demorou um pouquinho, mas aqui está!
Quero agradecer à Sophia por ter comentado todos os capítulos postados E ter deixado uma recomendação mega fofa à Coração de Porcelana! Obrigada, sua linda! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713226/chapter/14

Capítulo 13 - Alucinação

Drake sonhou com tantas coisas que por alguns momentos, não tinha mais certeza se estava sonhando realmente ou não.

De repente estava de volta à casa dos seus pais, o seu pai o puxando violentamente pelo braço enquanto a sua mãe chorava como se ele houvesse matado alguém. “Onde eu errei?”, enquanto seu pai lhe acertava, xingando-o, dizendo que o filho dele não faria aquelas coisas, não seria um verme pecador.

As lágrimas queriam sair, mas pareciam ficar presas com todos os golpes. Queria fugir, mas toda vez que tentava levantar, era derrubado de novo sob os gritos que seria curado, que aquilo era anormal, que ele iria para o inferno se continuasse. Sentiu a queimação dentro de si, a magia correndo antes que pudesse impedi-la. Todos foram jogados para trás, junto com a mesa, cadeiras, imagens religiosas e qualquer coisa no caminho. “Você é filho do demônio, como foi entrar na nossa casa?!”, foi o que escutou enquanto pulava pela janela e corria adentro na noite de chuva congelante.

Depois, percebeu que não estava mais correndo com suas próprias pernas. Drake sentiu como se houvesse encolhido, seus braços e pernas movimentavam sem muita força. Escutava o barulho de chuva, mas havia um tecido o protegendo, enquanto alguém o segurava com força.  “Me desculpa, me desculpa, me desculpa”, era só o que escutava, mas ao mesmo tempo em que entendia, era como se não soubesse o que significava.

Aquele era o seu pai. Não o adotivo que o renegara na primeira oportunidade quando o vira não ser o filho cristão que ele esperava que Drake fosse, mas o outro. O que havia o deixado no Santuário quando era só um bebê. Ele lembrava daquilo, em algum canto obscuro e inacessível de sua mente, ou estava o projetando depois da revelação de seus irmãos?

Um clarão de luz que atravessou até mesmo o tecido grosso, com um “Por que você não nos deixa em paz?! Por quê?!”.

Acordou como se estivesse se afogando.

Sentiu sua cabeça doendo, pesando uma tonelada, quente como se houvesse a deixado de molho em água fervente, enquanto o resto de seu corpo encontrava-se gelado e dormente. Apenas o ato de abrir suas pálpebras era doloroso, e a primeira coisa que viu foram duas mulheres. Uma, com os cabelos pretos presos em um coque baixo desleixado, estava de costas para si, aparentemente trabalhando enquanto Drake sentia o cheiro de alguma coisa se espalhando pelo recinto. A outra tinha o cabelo castanho claro, e se vestia com roupas caras. Ela estava bem ao seu lado, segurando seu braço.

Puxou-o, tentando se mover. Não estava em seu quarto. Onde estava? Quem eram elas?

— Celeste, ele acordou. – a de cabelo claro chamou, e Drake queria se sentar. Não sabia exatamente o porquê daquela urgência, mas só queria sair dali. Ela o empurrou delicadamente pelos ombros contra a cama, e mesmo aquilo parecia força demais contra o corpo fraco do garoto. – Shh, fique calmo. Está tudo bem.

Queria dizer que não, não estava tudo bem, mas sua língua parecia pesar como pedra em sua boca, impedindo-o de falar. A outra veio para perto de si, segurando um pequeno caldeirão de ferro de onde saía um cheiro estranho. Com uma colher de pau, ela tirou um líquido dourado, e antes que pudesse protestar, ela o enfiou praticamente em sua goela, obrigando-o a engolir.

Aquilo tinha um gosto bom, e foi como se estivesse flutuando dentro de seu próprio corpo. Suas pálpebras pesaram e mais uma vez a escuridão tomou conta de tudo.

Ao invés de lembranças dolorosas virem à tona, se viu no meio de uma floresta. Por algum motivo não conseguia se concentrar nas características, como que tipo de árvore tinha ali, como se dispunham, nem nada do tipo. Mas bem à sua frente havia uma mulher sentada de pernas cruzadas ao chão.

Não conseguia lembrar muito bem de suas características, assim como não conseguia com a floresta. Sabia que ela tinha a pele escura como um grão de café, sua cabeça era raspada, e usava roupas da cor do por do sol. Não se lembrava de seu rosto, de sua expressão, de nada. Absolutamente nada, apenas que ela pegou seu pulso com mãos grossas, quentes e calejadas.

Os olhos amarelos se abriram mais uma vez, mas dessa vez, viu Jean e sua tia perto dele.

— Ah, graças a Deus! – ela exclamou, parecendo aliviada. – Como você se sente?

 Não respondeu. Sentia como se ainda estivesse deslocado dentro de seu próprio corpo. Havia um edredom puxado até o seu pescoço e seu corpo estava rijo como se fosse uma múmia sob a peça.

— Bom, você deu um belo susto em todo mundo. – seu primo disse, fazendo Drake piscar. Olhou envolta, e continuava não sendo o seu quarto. Na verdade, estava no que parecia ser um perfeito quarto de mansão, o que com certeza não o deixava muito tranquilo. – Especialmente na Claire. Ela estava quase tendo um ataque de nervos quando chegamos.

O teto e a parede atrás deles explodiam. Cores estranhas, rostos pareciam surgir como se cobertos por véus, sua cabeça voltara a doer. Eles não viam nada daquilo? Sentia e escutava o vento soprando como se estivesse num filme de terror.

— Quando chegamos em casa, estava tudo flutuando, e você parecia... Parecia que você estava morrendo sufocado ou alguma coisa. Claire não conseguia fazer nada descer para pegar os seus comprimidos e ela teve que chamar o namorado para ajudar, mas os remédios da Papillon não fizeram muito efeito, então ligamos para Wynne. Ele te trouxe para cá.

— É uma mansão no Druid Hills, o nome da dona é Celeste. – sua tia emendou.

Um rosto sem nada, apenas um sorriso pavoroso desceu, se pondo de cabeça para baixo bem entre os dois, que ignoravam totalmente sua existência. Sentiu sua pulsação acelerando enquanto a coisa ria para si, as pupilas dilatando e o suor começando a brotar da testa.

— Drake?

Estava ofegante como se estivesse correndo uma maratona. Sua perna doía como se os ossos estivessem se estilhaçando e esmagando dentro do gesso, sua mente parecendo inchar dentro da sua cabeça. Estava doendo. Precisava sair dali, precisava, precisava, precisava...

Tinha acordado?

Os rostos de sua tia e de Jean estavam se desfigurando? Eram realmente eles ali? Risonhos, presas afiadas, peles oleosas cheias de erupções de cores podres. Não eram eles, não eram. Eles estavam rindo, e a cabeça de Drake parecia inchar cada vez mais.

Forçou-se a levantar e parecia que os lençóis eram braços o prendendo, tentando mantê-lo na cama. Tinha que sair dali, o som do vento parecia tão alto que ficava com frio. Via a janela em meio a uma massa de rostos e cores, e parecia que tudo o que conseguia ver era a saída.

Praticamente se jogou dali, e tudo virou confusão. Não sabia mais o que estava acontecendo, o que estava doendo, as visões se estendendo até ali, parecendo querer agarra-lo, arrasta-lo, fazer alguma coisa consigo. Talvez finalmente a magia afetara sua cabeça e o deixara louco, mas aquele pensamento não conseguia se manter por muito tempo.

Nem percebeu que estava andando, mesmo que suas pernas parecessem grudadas ao chão, que sua perna doesse como se estivesse sendo arrancada. Só soube depois que viu um clarão atravessar aquelas imagens cansativas e tudo desapareceu, dando lugar a um profundo negror.

Não soube mais o que aconteceu. Talvez a escuridão fosse mais acolhedora do que todas aquelas visões, mas ao mesmo tempo, não sentia como se houvesse caído na inconsciência. Era como se mesmo que tudo tivesse escurecido, ainda sentisse a sua própria mente continuasse trabalhando. Onde estava? Por que estava vendo aquelas coisas? Por que aquilo estava acontecendo consigo?

Foram momentos angustiantes no escuro até que ela decidisse apagar. Mas dessa vez, nada de lembranças angustiantes, visões esquisitas ou monstros. Apenas... Apagou.

Ficou naquele estado, sem sua consciência se incomodar com o passar do tempo ou que provavelmente poderia estar jogado no meio da rua esperando um carro passar por cima de si, até seu corpo voltar a ter uma ideia do seu entorno.

De novo na cama. O ambiente estava agradavelmente gelado.

Estava tudo ótimo até perceber que aquela cama não tinha seu cheiro. Poderia parecer idiota, mas aquilo lhe dava a certeza de que não estava em sua casa. Depois, percebeu um peso ao seu lado, que o teria feito pular da cama normalmente, mas sentia-se fraco demais para aquilo.

Com um pouco de esforço conseguiu abrir os olhos, e quase se jogou da cama ao perceber que o que estava ao seu lado não era uma pessoa, mas um lobo.

Sua cabeça pareceu girar, mas não conseguiu se mexer. A sua visão finalmente começou a melhorar, e percebeu que o animal era totalmente feito de aço, sendo moldado com perfeição como um lobo de verdade. Ele estava com os olhos fechados, mas à frente deles tinha uma espécie de visor que parecia ser holográfico, azulado, e por ele passavam diversas informações que Drake não fazia a mínima ideia do que eram.

Com mais uma dose de esforço conseguiu se virar para ter uma melhor visualização do recinto. Parecia que estava em um loft, as paredes de concreto e tijolos aparente, tubulação à vista, e viu também mais dois lobos, um com o visor de seus olhos esverdeados e o outro com um alaranjado. Estava escuro, a imensa janela ao seu lado indicava que ainda era noite, mas a área que era utilizada como quarto estava fracamente iluminada por luzes que pareciam vir sob e cama, e acima dele, a luz de um computador, já que escutava alguém digitando alguma coisa.

Havia também o cheiro de cigarro ao ar e aquela sensação quente de magia. Quem estava com ele era outro bruxo.

Se Drake estivesse bem, provavelmente teria pulado da cama e dado no pé de fininho, mas aquele não era o caso. Talvez fosse hora de se desesperar: estava num lugar estranho, com um desconhecido que tinha três lobos robôs no meio da noite. Ah, sua tia e Jean iriam mata-lo mais tarde, com toda a certeza.

Encolheu-se sob o edredom e observou as paredes de maneira temerosa, os olhos grandes fazendo-o parecer uma criança. Nenhum rosto, nenhuma cor estranha. Tudo normal.

Sua perna doía. Muito. Provavelmente fizera alguma coisa com a fratura, e quase tinha vontade de chorar por causa daquilo. Estava fraco demais para fazer a magia curar alguma coisa, mas depois de tudo o que acontecera talvez fosse capaz de piorar ainda mais a situação.

Escutou o som das rodas de uma cadeira se movendo e por instinto fechou os olhos. Que horas eram? Quanto tempo havia se passado? Sentiu um latejar ínfimo no canto de sua têmpora. Sua perna pulsava.

— Ou você está sentindo muita dor ou está fingindo muito mal que está dormindo. – uma voz grave com sotaque inglês falou.

Sentiu o lobo ao seu lado se movendo. Resolveu responder.

— É só dor mesmo.

Abriu os olhos para ver o dono da voz encostado numa mesa cheia de peças de metal e cabos. Era um cara que deveria ter pelo menos 1,90 de altura, com talvez no máximo uns vinte anos, de cabelo loiro pálido ondulado que caía por sua testa, e parecia estar preso em um rabo de cavalo. Ele usava um jeans cinzento e uma regata tank top branca, os braços musculosos cruzados sob o peito, e possuíam tatuagens prateadas que se assemelhavam às ligações de uma placa de computador. Ele tinha um rosto atraente, mas ao mesmo tempo parecia bem perigoso, com piercings em suas sobrancelhas, na ponte do seu nariz e na parte inferior de seus lábios, sem contar os olhos cinzentos que o encaravam.

Não estava babando, estava? Não poderia continuar no armário se fizesse algo tão descarado.

Seu maxilar doía do simples fato de falar, e aquilo era horroroso. Tentou se apoiar para conseguir sentar, mas não deu certo, seus braços não tinham força. O lobo ao seu lado ergueu a cabeça e as suas orelhas se levantaram. Depois de uma miserável tentativa, Drake desistiu.

— Onde eu estou? Quem é você?

— Você está na minha casa depois de eu quase te atropelar, – o estranho respondeu e o garoto sentiu o sangue correndo para o seu rosto. – e o meu nome é James.

—... Atropelar?

— É. Aliás, o que você estava fazendo correndo no meio da rua de noite, garoto? Quantos anos você tem, treze?

Correndo no meio da noite. Claro. O latejar de sua cabeça estava se espalhando.

— Eu tenho dezesseis. – se defendeu, mesmo que parecesse que sua língua estivesse dormente. Apertou os olhos. – Eu...

O que ele estava fazendo na rua no meio da noite?

Se dissesse que estava vendo coisas na parede e provavelmente fugira de casa, James provavelmente o mandaria para um hospício, ou chamaria o 911. Era o que pessoas normais fariam, não?

 Sua perna deu uma fisgada tão forte que acabou se curvando rapidamente para a frente, fazendo o lobo saltar ao seu lado. O que havia feito com ela?

... Pulara uma janela. Agora, de qual andar?

James veio a frente e puxou o edredom, fazendo-o desejar não ter visto o seu pé que ficava para fora do gesso.

Estava inchado e acinzentado, com diversos laivos vermelhos e a imensa área roxa enegrecida pulsava contra a pele, o que fez com que a onda de pânico viesse como um tsunami dentro de si. As sobrancelhas do loiro se ergueram e o “Merda” sob a sua respiração não ajudou muito, e um som esquisito pareceu tomar conta do quarto. Levou alguns segundos para perceber que era ele que estava fazendo aquele barulho.

Era normal um membro ficar daquele jeito? Não sabia, mas toda vez que vira algum machucado com aquela cor de roxo, o membro terminava amputado, e aqueles pensamentos alegres estavam invadindo a sua mente como mariposas atraídas pela luz.

— Ok, isso... É. – o tom de James era de quem realmente não sabia o que dizer, e que estava se impedindo de falar alguma coisa a mais para não soltar besteira.

—... A minha perna! – foi tudo o que conseguiu dizer, sua voz saiu trêmula, não expressando nem metade do pânico que sentia no momento.

Aquilo não fazia sentido. Se tivera um ataque que causara o descontrole da sua magia, normalmente ela afetava qualquer ferimento que pudesse ter, o curando. Fora o que acontecera quando quebrara seu braço, mesmo tendo que o escondes no gesso por três meses. Mas agora estava pior!

— Respira fundo, não tenha um ataque de pânico. Eu... Vou chamar o namorado da minha irmã, ele que sabe normalmente o que fazer nessas situações.

Ficar calmo. Como ia ficar calmo?! Só de olhar para aquele monstro que tomara conta de sua perna era o suficiente para toda calma que poderia ter ir por água abaixo, nem se importando com o fato que o loiro estava ligando para alguém no meio da madrugada.

Nem viu para onde James foi. Viu que ele descera as escadas do mezanino que lhe servia de quarto, com dois dos lobos o seguindo. O que estava na cama consigo permaneceu ali, cutucando seu rosto com o focinho e o lambendo com uma língua que era cheia de pequenas cerdas que faziam cócegas.

Tentou mover os dedos e aquelas bolas monstruosas se moveram fracamente. Já estava pensando como seria a sua vida sem seu pé direito quando James voltou com um homem albino até bem arrumado. A primeira coisa que ele fez foi direcionar os olhos lilases para o seu pé e fazer uma careta.

— O que aconteceu com você? – ele perguntou. Assim como James, ele tinha um sotaque, mas ao contrário do loiro, Drake não soube identificar de onde vinha.

— Eu o encontrei na rua e já estava assim. Quer dizer, já estava com o gesso.

O albino o olhou com uma sobrancelha erguida, retornando então para o adolescente. Com um suspiro, ele tirou o celular do bolso e praticamente enfiou na mão de James.

— A sua irmã quer isso. Se você não quiser uma grávida tendo um ataque de nervos daqui a pouco, vá adiantando isso pra mim.

— Lilith não andou tendo ataque de raiva esses últimos dias...

— Não. Ela começa a chorar e diz que eu não amo ela. – James se calou diante da resposta, olhou para o celular e fez uma careta, mas desceu as escadas. O homem sentou na ponta da cama, e tocou o seu gesso, que imediatamente se abriu como se cortado ao meio. Drake desviou o olhar antes de ver o estado do resto da sua perna. – Certo, meu nome é Markus. E o seu?

Ele estava tentando distrai-lo?

— Drake. – respondeu, mantendo seu olhar fixo no teto. Quase gritou quando sentiu as pontas dos dedos de Markus tocarem sua perna, a pele parecia sensível demais e queimando com o toque. Pense em outra coisa, pense em outra coisa... – Sua namorada está grávida?

Sentiu sua perna esquentando. Markus estava usando magia, mas preferia ficar olhando para uma mancha esquisita no teto e fingir que aquilo não estava acontecendo.

— Está.

— Já dá para saber o sexo do bebê?

— É uma menina. – Quase gritou de novo quando o calor passou por toda a sua perna. Por um reflexo quase abaixou o olhar, mas se impediu. “Você provavelmente vai se arrepender” foi tudo o que conseguiu pensar. –... Você é famoso?

Mordeu a própria língua com a ardência em sua perna antes de responder.

—... Sim.

— Sabia que tinha lhe visto em algum lugar. Agora... O que você estava fazendo andando sozinho de moletom no meio da noite?

 Oh, maravilha, aquilo de novo. A sua visão já estava cheia de lágrimas e parecia ter laivos vermelhos a manchando. Já sentia o gosto de sangue em sua boca.

— Eu... – sua voz não saia. As imagens voltaram para a sua cabeça, com a pergunta? Finalmente ficara louco? Aquilo iria voltar? Não sabia se sua mente estava fazendo aquilo de novo ou teto estava se mexendo?

— A sua magia está estranha, e ela está te afetando de algum jeito.

— É tão visível? – gemeu.

— Não, só pra quem reconhece. Eu sou mais velho do que provavelmente a maioria dos bruxos que você vai encontrar, então eu sei de algumas coisas.

Acabou o olhando com uma sobrancelha erguida, ainda evitando a sua perna. Markus aparentava ter uns vinte anos e alguma coisa, mesmo que tivesse um ar meio aristocrático e elegante que normalmente não viria em alguém daquela idade – ele viria em alguém? -, talvez dissesse que ele poderia ter... Sei lá, uns duzentos anos? Nunca poderia se ter certeza quanto aos bruxos.

— Quantos anos você tem?

— Uns novecentos. Não sei exatamente quando eu nasci, então só sei que nasci em torno dos anos 1100.

Em torno dos anos 1100. Uns novecentos anos. Sua mente pareceu dar um giro. Ia perguntar “sério?” quando a queimação em sua perna aumentou. Aquilo estava virando uma tortura...

— Está afetando a sua perna, mas... Eu quase nunca vi magia machucar o próprio usuário.

— Quase nunca? Já viu antes?

— Um primo do James e da minha namorada, Lilith. Ele tem alguns problemas de excesso de magia como você e tinha uma tendência a quase morrer por isso de vez em quando.

Excesso de magia. Era isso que tinha? Só sabia que ela se descontrolava.

— Eu tenho magia demais?

Markus o olhou novamente. Suas pupilas eram vermelhas devido ao seu albinismo, porém, ele pegou o seu rosto, fazendo-o encarar os seus olhos.

— Fique calmo. – foi tudo o que falou.

Quase gritou e pulou para trás quando o albino mudou completamente bem diante de seus olhos, seus olhos assumindo o mais sinistro tom de azul que já vira, assumindo toda a extensão de seus globos oculares. A pele continuou branca como a neve, mas veios vermelhos começaram a surgir de seus lábios, deixando-os cor de sangue enquanto próprio cabelo platinado assumia a mesma cor. Quando tentou sair de perto, sentiu a mão gelada segurando-o com força.

Pensou que ele fosse invadir a sua mente com violência, mas mesmo que ele houvesse entrado, praticamente não sentiu nada. Viu uma névoa cor pérola passar diante dos seus olhos, risadas distantes, mas ao mesmo tempo em que poderia ter visto, poderia ter sido apenas uma rápida impressão.

O que soube foi que assim que Markus se retirou, seus olhos voltando ao normal e o resto de sua aparência também retornando, tudo o que ele disse foi:

— Você está em perigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cor do Pensamento" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.