Cor do Pensamento escrita por Monique Góes


Capítulo 12
Capítulo 11 - Brincadeira


Notas iniciais do capítulo

Atenção pessoas, tem cenas meio pesadas nesse capítulo. Não de tortura e etc como em Coração de Porcelana, mas o outro tipo de pesada ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Aliás, como está dentro dos avisos, tenham em mente do que pode acontecer, hein?



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Capítulo 11

Claro que houve protestos do conselho interno quando anunciou que Zarya Tinea seria sua espiã-mestre. Mas a maioria era mais sobre ela ser uma meio demônio e que iriam denuncia-la à Assembleia por manter uma rede de espionagem. Tudo o que Near teve que dizer fora que ela prendera o assassino dos magistrados E para quê iriam denuncia-la se ela estava trabalhando com eles. Mesmo nem todo mundo parecendo feliz, eles aceitaram a partir dali.

E ela fora bem eficiente em conseguir encontrar envolvidos. Algumas prisões aqui e ali de contrabandistas e assassinos de aluguel, todos com aquela marca de basilisco. Eles só levavam de um ao outro, e nenhum tinha realmente alguma resposta de quem estava mandando aquilo até então.

Como tudo que dava errado normalmente era culpa de Amabosar... Não ficaria surpreso se ele estivesse envolvido. Mas não tinham respostas conclusivas até então, mas fora mais longe do que a guarda conseguira chegar.

Então, os dias continuaram seguindo do mesmo jeito. Três vezes por semana eram as reuniões do conselho para decisões de governo. Duas vezes por semana, chegavam pedidos, notas e decisões da Assembleia as quais poderia vetar ou não. A única vez que vetara até então fora quando após reler o documento umas quatro vezes, percebeu que eles haviam disfarçado muito bem que era uma rede de planos para diminuir os direitos dos cidadãos comuns – especialmente os amaldiçoados -, retirando diversos “gastos” em saúde e educação. Eles não estavam em nenhuma crise econômica, muito pelo contrário, e de quebra com aquele documento conseguiram descobrir uma rede de corrupção na bancada conservadora que se estendia em alguns membros das outras.

Após algumas eleições depois do resultado de algumas prisões e escândalos de escravidão, sacrifícios, condições de trabalho desumanas, desvio de dinheiro público, ainda relia pelo menos umas cinco vezes qualquer coisa que chegasse da Assembleia só para ter certeza se a ideia era realmente a escrita no papel.

Naquele dia em especial, o cheiro de velho de Gripus parecia se espalhar mais rápido do que magia na sala. Near não sabia se era o seu pequeno lado vampiro ou o pequeno lado lobisomem que fazia aquilo ficar ainda pior, mas Hadrian estava lá naquele dia – por questões de visita do seu pai -, e pela sua expressão, ele sentia o cheio também enquanto o ancião tagarelava sobre um livro que parecia prestes a se desfazer, mostrando como diferentes partes de um corpo, mostrando que Near poderia usar maldições de sangue por causa de seus antepassados vampiros e que cada membro normalmente tinha uma potência diferente. Nem conseguia se concentrar direito.

 - Ah, a maravilha das linhagens! – o idoso exclamou no final com tanta animação que Near, que se encontrava esfregando o nariz discretamente, se assustou. Hadrian não conseguiu ser tão sutil, se transformando num morcego e caindo da cadeira. –... O que houve rapaz?

Near pensou que seu cérebro escaparia pelo ouvido na tentativa de não rir. Sabia que ele ficara com vergonha pelo modo em que se escondera sob as próprias asas. No fim, Gripus resmungou alguma coisa sobre canja de galinha e saiu da sala.

— Ok, ele foi embora. – avisou e viu o morceguinho se arrastando sob a mesa.

— O cheiro dele é horrível. – o vampiro reclamou. Ele ainda bateu a cabeça ao voltar ao normal. – Ele está quase virando pó e não morre.

Incrivelmente, aquela era uma reclamação bem comum quanto a Gripus.

Depois de ter ficado um tempo em algum local aberto para que tirasse o cheiro do nariz, voltou para o seu quarto, já que estava dando seis da manhã, e os primeiros raios de sol começavam a aparecer no horizonte.

Às vezes ficava um tanto desconfortável por ficar na câmara do Príncipe. Não porque era imenso e poderia viver tranquilamente apenas nele, mas por que... Bom, era onde o seu pai havia morrido tempos antes. Haviam mudado os móveis, decoração, tudo, basicamente, mas ainda não mudava aquele fato.

Estava começando a desabotoar as suas roupas quando percebeu que tinha outra pessoa no quarto com ele também, e tinha certeza de que não estava lá antes.

— Pode continuar, estou adorando o show. – Eamon falou da sua mesa.

— Como você entrou aqui?! – exclamou imediatamente. Ainda bem que não tinha tirado a roupa. Eamon estava sentado na sua mesa com um sorriso malicioso enquanto apoiava o rosto com a mão.

— Eu escalei. – ele respondeu com uma simplicidade absurda. Near piscou. O meio demônio estava diferente da última vez que o vira. Sua pele não estava cinza, mas sim de um marrom meio claro, como chocolate quente. Seus cabelos ainda eram brancos, mas as marcas pretas de seus lábios e face tinham sumido, restando apenas as de seus olhos bicolores. Ele usava coturnos, uma calça meio colada, quadriculada azul escura e cinza, um suéter largo preto e luvas cinzentas sem dedos. Ele estava muito mais bem tratado do que quando o encontrara na prisão.

— Você... Escalou? – questionou com descrença. – Estamos numa das torres mais altas do Império e você... Escalou?

— É.

— Você é louco. – constatou. - O que está fazendo aqui?

— Não sei... Talvez eu quisesse ver o príncipe tirando a roupa. – ele respondeu, e Near sentiu seu rosto esquentando. – Ok, falando sério, a minha irmã encontrou uma coisa que ela achou que você ficaria interessado.

Ele lhe estendeu um cristal que normalmente era usado para a reter imagens e comunicação, de um azul claro iridescente. Era do tamanho da palma da mão do híbrido, e tinha o formato de uma moeda.

— Depois de alguma “persuasão”, ela conseguiu pegar isso com um dos contrabandistas.

O polegar do híbrido escorregou na superfície. As imagens em tamanho real, da mesma cor que o cristal, se formaram em frente aos dois. Dava para ver alguém usando um capuz e outro homem, todo tatuado.

—... Estão ficando impacientes. – a pessoa com o capuz falou. Parecia muito com as roupas que os vampiros usavam quando precisavam sair ao sol. – Quanto tempo mais?

— Revka disse que ela segue o trabalho em Nova Orleans. – o tatuado respondeu. – O tipo que vocês querem requer muitas almas, entende? E crianças sumindo pode atrair tanto a atenção daquelas organizações dos Rockstones quanto os caçadores. Então ela tem que ir trabalhando pelo lugar. Mas segundo ela, está quase tudo pronto.

— Ótimo. Quantas pessoas sabem sobre ela no lugar?

— Quase ninguém. Ela meio que conseguiu armar um disfarce depois de conhecer “aquela” Petit. Agora só temos que esperar.

A imagem se apagou logo depois daquilo.

— Almas de crianças. – Near constatou.

— Adorável, não é? Provavelmente estão tentando invocar um tipo específico de demônio.

— Em Nova Orleans?

— Aham. – Eamon cruzou as pernas e Near tentou com todas as suas forças não constatar que ele tinha coxas grossas. – Como Zarya não gosta de deixar as coisas pela metade, ela descobriu quem é essa Petit que eles mencionam. É uma Drag Queen que normalmente faz performances numa casa de shows por lá. – Ele olhou para o loiro quando este não respondeu. – Você sabe o que é uma drag queen, não é?

— O termo não me é estranho... – Eamon lhe lançou um olhar cético, inclinando-se para frente. Seu suéter largo expunha bastante de suas clavículas e Near quase se sentiu perdendo o fio da meada. – ...Vou explicar o básico. Digamos que... Por alguns motivos envolvendo o fato de eu ser um Almishak e alguns membros leais dos Rockstones descobrirem isso, eu fui mantido... À parte do mundo. Desde 1952. Literalmente, só estou por aqui faz alguns meses.

Eamon ergueu as sobrancelhas enquanto Near sentava em sua cama.

— Sério isso?

— É, e... Para eu chegar aqui foi mais ou menos “Seu pai está morrendo, ele é o príncipe de um império, é um necromante, e você é o próximo.”.

— Hã... Bom, você está se saindo bem até agora, considerando-se isso. Mas então... Você diz que não entende bem o mundo atual? Você foi bem compreensivo com Zarya naquele dia.

O tom de voz de Eamon o deixou nervoso. Foi uma reação automática, uma nostalgia ao dia em que o levou de volta ao dia em que enquanto ajudava seu tio em sua clínica, a frase veio: “você é muito próximo do ajudante de Robson”, o tom inquisitivo abriu uma avalanche de desespero. Ele suspeita? Ele sabe? A reação da família de Holland lhe veio a cabeça e foi difícil manter a calma.

Tentou afastar aquilo de sua mente, mas foi difícil. A risada nervosa saiu antes que conseguisse segurar. Foi como se sua pulsação dobrasse de intensidade de uma hora para a outra, ainda mais com o outro o encarando, ainda esperando sua resposta.

— Oh? Deixe-me ver se entendi...

Quando percebeu, Eamon estava bem na sua frente. Tão próximo que conseguia sentir o seu cheiro, o aroma de baunilha que pelo pouco que verificara quando entrara nas memórias do meio demônio, era algo característico deles. Suas pernas estavam uma de cada lado de seu corpo, e suas mãos foram direto para os ombros de Near, o empurrando bruscamente contra o colchão. Havia ajeitado a parte de cima de suas roupas quando percebera o outro em seu quarto, mas não tinha a fechado, então sentiu perfeitamente quando os dedos esguios entraram para dentro do tecido, o toque gelado fazendo sua pele queimar.

Ao mesmo tempo em que um “O que diabos está acontecendo?” passou pela sua cabeça, sentiu os calafrios enquanto as reações inevitáveis começavam a passar pelo seu corpo. As suas mãos foram automáticas para o quadril e a coxa do que estava encima de si enquanto ele se inclinava para frente, e Eamon riu antes de dizer:

— Precisa de ajuda para tirar o resto? Você está com uns probleminhas aqui e eu estou gostando do que estou vendo.

Logo depois disso sentiu os lábios sendo esmagados contra os seus.

O híbrido não era de perder tempo, seria idiotice se percebesse isso depois. Ele já estava o aprofundando, e Near estava muito mais envolvido do que deveria estar. Parte de seu subconsciente lhe dizia que eram dois fatores unidos que faziam com que estivesse daquele jeito: Um era porque tivera uma vida sexualmente ativa antes e depois de sessenta e quatro anos numa caixa o fizeram ficar daquele jeito, e a outra era que Eamon era bom no que fazia. Muito bom, na realidade.  

Aquele cheiro... Ele praticamente estava o deixando bêbado.

Suas mãos escorregaram para cima, entrando naquele suéter largo e sentindo a pele quente se eriçando. Com o toque percebia protuberâncias finas de cicatrizes por suas costas. Eamon não o impediu até que tocou uma que parecia bem maior que as outras, puxando então seu pulso rapidamente.

— Não. – ele disse firmemente, mesmo com o tom de voz lascivo.

Eles deveriam parar com aquilo. Ele deveria parar com aquilo. Near mal conhecia Eamon, não deveria estar aos beijos se encaminhando para outras coisas com ele. Não deveria estar se sentindo tão tentado a toca-lo. Havia aquela coisinha martelando “é errado, é errado, é errado” e mesmo que ninguém o fizesse sem permissão, tinha o medo de alguém entrar na hora errada.

Mas todos aqueles pensamentos pareciam tão distantes com o cheiro de baunilha e os toques quentes. Decidiu mandar os pensamentos racionais para o inferno e ver como lidaria com aquilo depois.

Passou o braço pela cintura do híbrido antes de girar e joga-lo sobre a cama. Viu as pupilas felinas se dilatarem por um momento, surpresas, mas no final ele sorriu maliciosamente antes de enlaçar as pernas em sua cintura, trazendo-o mais para perto. Quando seus rostos estavam a praticamente milímetros de distância novamente, ele sussurrou:

— Um pouco mais de ação?

Depois disso, tudo se tornou uma confusão. Roupas fora do caminho, braços, pernas, cheiro de baunilha, línguas, pressão, bocas, risos, arranhões, calor. Um calor profundo e avassalador que nem havia se dado conta de que sentira falta dele, e muito menos que seria daquele jeito. Mas há muito tempo sua vida havia deixado de seguir rotas previsíveis, então que se danasse.

No fim o sol já estava relativamente alto, entrando pela varanda aberta e o silêncio se instalara fazendo com que sua mente voltasse a funcionar novamente.

Olhou para a figura perto de si. Eamon estava deitado de lado, encolhido como uma bola com o seu lençol e pela sua respiração ele havia caído no sono. Não esperava que ele fosse daquele jeito, mas... Era até fofo. Ele não tirara aquele suéter, e tinha quase certeza que tinha algo a ver com aquela cicatriz que tocara antes, mas se ele não queria e não se sentia confortável, tudo bem.

Agora tinha que absorver o que tinha acontecido.

Near não teria nenhum momento de negação do tipo “Urrr, fiz sexo com um homem, não é possível!”. Ele sabia que era homossexual, com certeza, desde os dezesseis anos. Mas descobrir isso sobre si mesmo em 1950 não era uma coisa muito divertida. Era considerada doença, perversão, crime. Envolvera-se com outro rapaz por dois anos até o caso da suspeita de seu tio, começara a namorar Lucy para tentar esconder o fato, e... Tudo fora por água abaixo desde então.

Entendia que aquilo não era tão polêmico no Império, e que de longe o século XXI aceitava aquilo bem mais do que a sua época, mas além de velhos costumes serem difíceis de serem largados, sentia aquele medo de alguém descobrir, e tinha ainda toda a pressão que ele sabia que estavam esperando que ele se casasse e tivesse filhos e desse continuidade aos Almishak que estavam praticamente em extinção.

E agora lá estava ele. Estava ainda mais surpreso de ter conseguido levar aquilo até o fim com Eamon do que ter começado. Mesmo com Wilhelm demorara um pouco – bastante, na verdade – para chegarem a algum ponto.

Mas ele tinha que ver que o envolvimento dos dois fora bem diferente.

Pressionou suas têmporas. Deveria estar mais preocupado com os crimes do que com aquilo, mas meio que não conseguia evitar. Provavelmente teria perguntas para Eamon depois, mas não duvidava da sua própria capacidade de deixar as coisas estranhas. Talvez fosse melhor ir dormir. E tinha que parar de deixar as coisas para depois, mas não conseguia evitar. Foi tomar banho, por alguma roupa, antes de se ajeitar melhor na cama e não foi preciso muito para que caísse no sono.

Não sonhou com nada em especial, portanto, a sensação que teve foi que fechou os olhos e os abriu depois de alguns momentos, mas ao olhar no relógio, era por volta de três da tarde. Não ficou surpreso ao olhar por cima do ombro e Eamon não estar mais na cama.

Suas costas estavam doendo pra caramba.

— Espero que a maioria das suas roupas te cubram todo como as outras. Vai ser meio difícil explicar isso caso alguém veja.

É, Near já tinha visto o resultado quando fora ao banheiro. Viu o meio demônio já quase totalmente vestido subindo em sua cama. Não que ele fora para cima de si como fizera mais cedo, mas definitivamente estava próximo. Em resposta, acabou se sentando também.

— A grande maioria é daquele jeito. – respondeu enquanto esfregava os olhos. – Agora... Qual o motivo de tudo aquilo?

— Curiosidade? Vontade? São bons motivos?

Soube pelo seu tom de voz que ele não lhe daria respostas conclusivas. Decidiu então ir para o que interessava, mesmo que tivesse acabado de acordar.

— Ok, antes de nós terminarmos indo para a cama, estávamos falando de almas de crianças sendo usadas para invocar demônios. – A expressão do híbrido deixou bem claro que ele não se incomodou com a mudança de assunto. – Em Nova Orleans.

— É. E ela está usando como cobertura uma Drag. – ele respondeu. – Pelo que parece, ela tem algum trato com essa Petit que a acoberta, então a melhor alternativa seria ir atrás dela.

— Hm... Eles mencionaram que ela estava quase acabando. Significa que temos pouco tempo. Deixe-me adivinhar... Zarya quer que eu veja isso pessoalmente também?

— Era um costume dos príncipes verem alguns assuntos com os próprios olhos. Pra que você acha que serve aquela coleção de armaduras lá embaixo.

Near o encarou. Sabia disso, novamente, por causa das lembranças de seus antecessores, mas... Eamon fora bem específico.

— Você entrou no arsenal?

— E na cozinha, nos canis, nos estábulos... E, aliás, aqueles pegasus são bem legais. Você acha mesmo que eu entrar aqui sem antes fuçar esse castelo inteiro?

Bom, sim. Não era como se fosse um segredo onde o quarto de Near era.

— Então você não escalou para chegar aqui.

— Na verdade, escalei porque eu tinha certeza que aqueles soldados que ficam guardando o elevador iam perceber se ele subisse sozinho sem ter ninguém aqui encima.

— Ok, voltando, de novo, então provavelmente terei que ir para Nova Orleans?

— É.

— O mais rápido o possível.

— A menos que você queira que eles fujam, sim.

Suspirou.

— Certo. Não posso ir nem hoje, nem amanhã. Provavelmente só segunda feira.

— Como assim você tem um trabalho que não te dá um domingo de folga?

— Esse é o trabalho do príncipe Almishak. – Bufou. – Provavelmente vou falar com Haydée também, ela que fazia esse tipo de trabalho quando o meu pai não podia mais, então ela vai ser de ajuda.

— Como quiser. – Eamon respondeu, analisando as próprias unhas, que também ainda eram pretas. – Vou ter que voltar, a essa altura Zarya já deve estar me xingando em russo.

Foi a vez de Near lhe lançar um olhar cético.

— Ela pode achar que você se meteu em confusão de novo?

— Talvez. Só para não perder o costume...

Near ia perguntar ao que ele estava se referindo quando o híbrido o empurrou de novo e o beijou. Fora rápido, mas ainda assim intenso, porém só escutou a risada de Eamon antes dele sumir.

Ele estava brincando consigo. Claro que estava. Mas não era como se não tivesse gostado. Levantou, trocando de roupa antes de descer. Era muito cedo, mas poderia arranjar alguma coisa para comer e... Fazer alguma coisa. Adiantar o trabalho ou coisa do tipo.

No corredor encontrou Haydée falando com um homem alto, ainda mais alto do que Near. Quase travou quando chegou mais perto e conseguiu vê-lo melhor.

Era... Jake?

Precisou piscar umas quatro ou cinco vezes para perceber que não era ele, o que tomou tempo o suficiente para Haydée perceber que ele estava ali.

— N... Gaheris? – ela se corrigiu antes que deixasse o seu nome sair, atraindo a atenção do outro. – Está de pé tão cedo? Bem... Esse é o meu filho, Stephan.

Ok, ele não era o seu melhor amigo da adolescência, mas não dava para não ter dúvidas de que era filho dele. Ele tinha herdado o mesmo tom de cabelo vermelho quase preto embora seu fosse meio ondulado. Stephan também não era tão pálido quanto o pai, tendo um tom de pele bem mais saudável, e era mais visível agora que ele também puxara traços de sua mãe. O que mais chamava a atenção, além de suas roupas que não eram dos tons escuros tradicionais de Nidus, tendo um tom quase oriental, eram os seus olhos. O olho esquerdo era preto, normal, como o de Haydée, enquanto o direito era azul gelo como o de Jake, mas sua esclera era preta e a pupila era praticamente uma fenda.

— Gaheris? Espera... Você é quase igual à Far, então você deve ser o Near, não é?

— Isso, claro, jogue fora o esforço do nome real dele ser mantido em segredo.

— Você conhece a Far? – foi tudo o que conseguiu perguntar. Claro, afinal era a sua irmã gêmea que tinha ido embora, aparentemente para se casar, com o seu melhor amigo que não era humano... Era muita coisa para digerir.

— Claro, ela é a minha madrasta. – ele respondeu.

Oh. Aquilo soava tão oficial que era estranho. Haydée percebeu a sua expressão.

— Falando nisso, acho que ela vai adorar saber que o irmão dela apareceu de novo. – disse em um tom tão bom de inocência que Near quase acreditou que não havia sido ela que tinha o transformado em um boneco. Stephan claramente não sabia da história.

— Bom, hã... Stephan, você veio visitar a sua mãe?

— É, eu faço isso de vez em quando.

—... De outro mundo?

— Sim. – respondeu com uma simplicidade que Near quase acreditou que era realmente fácil. Haydée parecia querer rir da sua cara.

— Bom, mas... Deixa pra lá. Eu não quero atrapalhar nada, mas eu tenho que trazer um assunto desagradável à tona. Haydée, eu fiquei sabendo de uma coisa mais cedo. Tenho um pedido a fazer.

— O que houve? – ela questionou.

— Você lembra dos assassinatos dos magistrados?

— Como não lembrar? Fizeram uma bagunça.

— Bom, Zarya encontrou uma pista que leva a uma mulher chamada Revka. Ela está em Nova Orleans, por enquanto... Fazendo alguma coisa com almas de crianças.

— Oh, vocês tem diversões saudáveis como as que temos em Aurtrai. – Stephan comentou. – Cultistas, sacrifícios e invocações?

— É aparentemente o caso. Ela pediu para que eu fosse ir ver pessoalmente e pretendo faze-lo, mas não quero ir sozinho como da última vez. Aparentemente, o que quer que eles estejam fazendo, estão quase terminando, então temos que ir o mais rápido quanto o possível.

— Que simpático. – a mulher suspirou. – Isso é com certeza o tipo de coisa que temos que ver com nossos próprios olhos.


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Notas finais do capítulo

Se alguém veio aqui depois de ler Motsatt e Senhor dos Dragões... As duas vão entrar em processo de revisão para se adequar à série CP. Até mais! o/



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