Durante a tarde, Claude se aproximou de Renata que estava deitada em sua cama, lendo um caderno.

— Ei...

— Ah, oi Claude...

— Esse é o caderno da Liga Bandida?

— É, eu fiquei curiosa... Eles realmente anotaram muita coisa.

Claude se sentou na cama.

— Sim... Tem bastante informação sobre... Ele. Talvez seja mais fácil encontrá-lo agora.

Renata olhou para Claude.

— O que você vai fazer quando... Você sabe, estiver cara a cara com ele?

— Eu não sei... Acho que o Destino terá que agir.

— Eu não quero que você se machuque...

Aquelas palavras fizeram Claude baixar a cabeça.

— Ei... Quer dar uma volta? - Perguntou Claude.

— Uma volta?

— Você não é mais procurada pela polícia. Pode ir e voltar quando quiser.

— Mas pra onde nós vamos?

— Eu acho que você vai gostar.

Claude se levantou. Renata fez o mesmo em seguida.

Algum tempo depois, Claude e Renata se aproximaram de uma praça. Era uma grande área com árvores, gramados, bancos, estradas de pedra e o destaque era um pequeno lago que embelezava o local.

— Claude... Esse lugar é lindo. Eu não conhecia...

— Eu sei, essa cidade é bem grande... Eu brincava aqui quando era criança.

Renata olhou para o lago.

— Você vinha aqui com alguém?

— Sim, com meu irmão. Nós passávamos algumas tardes por aqui.

— Aposto que te traz boas recordações.

Claude observou ao redor do local. Haviam algumas pessoas caminhando, outras sentadas nos bancos, e alguns casais nos gramados.

— Sim, me faz voltar no tempo...

— Talvez nós possamos fazer esses bons momentos voltarem... Digo, nós dois juntos.

Claude parou pra pensar. Ele estava se aproximando tanto assim de Renata? A essa altura qualquer um diria que eles eram grandes amigos.

Claude: Sabe, Renata, eu...

No momento em que Claude ia dizer sua frase, alguma coisa o atingiu em cheio pelas costas, fazendo-o cair no chão.

— Claude!! - Gritou Renata, assustada.

As pessoas ao redor se levantaram assustadas. Algumas se afastaram, outras saíram correndo.

— Urgh...

Renata se abaixou e ajudou Claude a se levantar. Quando os dois olharam para trás, havia uma jovem mulher os observando com sua mão aberta em direção aos dois.

— Se afasta dela, seu monstro! - Gritou Tatiana.

— Hum... olha só quem fala, senhorita "acerto você pelas costas". - Disse Claude.

Renata observou a jovem.

— E quem é você pra falar assim? - Perguntou Renata.

— O meu nome é Tatiana! Eu vim aqui pra impedir que esse monstro te machuque!

Claude esfregou o rosto.

— Renata, parece que nossa diversão vai ter que esperar.

Renata criou duas bolas de fogo em suas mãos.

— Com certeza... - Disse Renata.

— Eu vou acabar com você! - Disse Tatiana.

Era óbvio que o alvo de Tatiana era apenas Claude.

— Claude, você ainda está sob efeito do... Você sabe? - Perguntou Renata.

— Devo ter uns 15 minutos sobrando.

Tatiana parecia pronta para atacar.

— Se prepare!

— Então venha... Mostre o que você sabe... - Disse Claude, sem demonstrar medo.

Naquele instante, o céu escureceu. As poucas pessoas que estavam ao redor fugiram de vez.

— O que está havendo...? - Perguntou Claude.

— É ela quem está fazendo isso...? - Perguntou Renata.

Uma forte ventania começou a tomar conta da praça. Alguns objetos que as pessoas deixaram enquanto fugiram começaram a voar ao redor de Claude e Renata.

— Isso é ruim... Não tem MX que possa competir contra fúria da natureza... - Comentou Claude.

— Não se preocupe, vamos com calma! Nós podemos passar por ela! - Disse Renata.

Tatiana fez um gesto com as mãos. Um galho se soltou de uma árvore e voou em direção à Claude, que se jogou no chão.

— Sua... Sua imbecil! Aquilo podia ter matado ele!! - Gritou Renata.

— É exatamente a minha intenção! Ele é um homem mal!

Tatiana fez outro gesto. Um dos bancos de madeira da praça se levantou e voou em direção à Claude, que ainda se levantava. O banco o atingiu no abdômem, fazendo-o cair novamente.

— Droga!! Eu não vou conseguir me aproximar dela! - Disse Claude.

— Deixa comigo! - Gritou Renata.

Renata disparou as duas bolas de fogo de suas mãos em direção à Tatiana, que foi atingida em cheio. Naquele instante, os objetos pararam de se mover sozinhos.

— Por que você está do lado dele?! - Gritou Tatiana.

— Eu não sei? Porque ele me entende? Porque ele é meu amigo?

"Amigo"... Quando Renata o chamou assim, Claude ganhou forças para se levantar. Rapidamente, retirou uma seringa de seu bolso.

— Renata, ela é perigosa demais... Eu vou ter que apagá-la.

— Entendi!

Renata correu em direção à Tatiana que ergueu sua mão em direção à ela. Do nada, Renata foi atingida por uma força invisível e voou por alguns instantes, caindo de costas pro chão.

— Renata!! - Gritou Claude.

Tatiana tentou o mesmo com Claude, mas não funcionou. Claude imediatamente correu em direção à ela.

— Não, não... Isso não vai adiantar comigo! - Disse Claude.

Claude se jogou pra cima de Tatiana e a fez cair no chão.

— Me solta!!

— Vamos ver se você tem tanta força humana quanto tem em relação aos seus genes mutantes...

Como era de se esperar, Tatiana usou sua força física para tentar escapar. Mas foi inútil. Claude injetou a seringa no peito da garota, que lentamente dormiu.

— Muito bem, Claude... - Disse Renata.

Renata se levantou. O céu escuro deu lugar à mesma tarde ensolarada de antes.

— Missão cumprida... Obrigado, Renata.

Claude ergueu sua mão direita para Renata que por alguns segundos não entendeu o que ele queria.

— ...Ah, sim!

Renata finalmente entendeu e bateu sua mão com a de Claude. Naquele instante, um homem chegou correndo.

— Tati!! - Gritou Beto.

Beto se aproximou de Tatiana ainda caída. Claude colocou suas mãos em suas costas, e Renata apenas observou.

— O que você fez com ela?! - Perguntou Beto.

— Não é melhor você perguntar o que ela tentou fazer comigo? A propósito, ela está só dormindo. - Respondeu Claude.

Beto carregou Tatiana nos braços.

— Ela saiu de casa dizendo que ia visitar o Guiga e seus filhos, mas estava demorando muito. Tava todo mundo preocupado... Meu Deus, ela estava te seguindo?!

— Receio que sim. - Disse Claude.

— Eu... Eu vou levá-la de volta pra casa.

— Tome cuidado, ela não tem controle sobre si mesma. - Disse Renata.

Beto parecia não saber como falar com Claude e Renata. Então apenas voltou para seu carro carregando Tatiana.

— É melhor irmos pra casa... Eu prometo que te trago aqui de novo quando os ânimos acalmarem.

Renata acenou positivamente.

— Tudo bem!

Os dois caminharam de volta para o carro.

A noite chegou. Claude parou seu carro em frente à casa que servia como local para o encontro do NEO-Depecom.

— Chegamos...

— Essa casa velha? - Perguntou Renata.

— A base tem que ser um local oculto... Que não chame a atenção.

Claude e Renata desceram do carro. O portão já estava aberto, então tudo que Claude teve que fazer foi abrir a porta.

— Vamos vasculhar tudo. Sem medo. - Disse Claude.

— Tá...

Os dois entraram na sala e rapidamente começaram a procurar por documentos, ou qualquer tipo de informação. Claude checava as gavetas, e Renata procurava nos outros cômodos da casa.

— Nada...

Renata voltou para a sala.

— Claude... Um dos quartos está trancado.

Claude rapidamente foi até Renata. Ela o guiou até uma porta trancada.

— Devo arrombar? - Perguntou Renata.

— Eu não sei, se descobrirem que entramos aqui... Ora, que se dane.

Claude chutou a porta com força. A mesma se abriu violentamente, deixando Renata sem palavras. Os dois entraram. O local era um velho quarto.

— Ei, olha... - Disse Claude.

Em cima da cama havia um notebook fechado. Claude o ligou.

— De quem é? - Perguntou Renata.

— Com certeza é do Mathias...

No entanto, o notebook pediu por uma senha.

— Droga! Eu não sei a senha... - Disse Claude.

— O que faremos? Você sabe... Hackear esse tipo de coisa? - Perguntou Renata.

Claude negou com a cabeça.

— Não, mas...

Claude pensou um pouco.

— Eu sei de alguém que pode nos ajudar...