Os Mutantes: Duplo Destino escrita por ShadowAlexandre
Já era quase madrugada. Guiga dormia em sua cama, quando alguém bateu na porta, acordando-o.
— ...Quem é?
A porta se abriu. Era sua filha, Ângela.
— Pai... Tem alguém aqui.
Guiga se levantou assustado.
— Alguém aqui?!
— Nós espiamos pela janela, e... Parece aquele homem que veio atrás da Renata.
Guiga correu em direção à porta de entrada da casa. Clara e Eugênio estavam em pé, parecendo apreensivos. Ele pôde ouvir batidas vindo do lado de fora.
— Essa não... - Disse Guiga.
— O que você vai fazer, pai? - Perguntou Clara.
Guiga respirou fundo.
— Fiquem calmos, eu vou tentar resolver tudo...
Guiga destrancou a porta e a abriu. Para sua surpresa...
— Renata?!
— Oi, Guiga... - Disse Renata.
Ninguém acreditou ao ver Renata ao lado de Claude.
— O... O que você está fazendo com ele? - Perguntou Eugênio.
— Bem... É uma longa história, mas... Tudo bem, vocês estão seguros.
Claude colocou as mãos em suas costas.
— Não precisam ficar com medo, eu não vim machucar ninguém.
— Mas então... O que você faz aqui...? - Perguntou Guiga.
Claude voltou até o carro que estava apenas alguns metros da casa. Do banco de trás ele tirou um notebook e voltou para a porta.
— Eu preciso falar com o... Menino gênio.
Eugênio arrumou seus óculos.
— ...O que você quer?
— Podemos entrar? - Perguntou Claude.
Mesmo sem entender, Guiga fez um gesto para que eles entrassem.
— Esse notebook é do meu chefe. Eu o peguei sem ele saber.
Eugênio pensou.
— Seu chefe...?
— Sim... E eu descobri que durante esse tempo todo ele estava fazendo testes comigo.
Ângela se assustou.
— Testes?
— Sim... Eu não sei porque, mas parece que ele estava bem empolgado em me transformar num assassino de mutantes.
Todos se espantaram.
— Que coisa horrível... - Disse Clara.
— E... O que você quer que eu faça? - Perguntou Eugênio.
— Quero que você passe pela senha desse notebook. Eu preciso saber o que ele está escondendo... Se precisar de um incentivo, o que tem aqui pode representar perigo para todos os mutantes.
Claude entregou o computador para Eugênio.
— Eu... Posso fazer isso. Mas vai levar algum tempo.
— Sem problemas... - Disse Claude.
Renata se aproximou de Ângela e Clara.
— Olá de novo, garotas...
— Oi, Renata... Nós não esperávamos te ver tão cedo. - Disse Ângela.
— O meu nome já está praticamente limpo... Eu não estou mais sendo caçada.
Clara sorriu.
— Isso é ótimo.
Clara conversava com as garotas enquanto Eugênio só tinha olhos para o notebook. Parece que aquele tipo de missão o deixava bem empolgado. Enquanto isso, Claude estava perto do penhasco, observando o céu. Guiga se aproximou dele.
— Ei...
Claude se virou para Guiga.
— Ah, é você...
Guiga parou ao lado de Claude.
— Você me deu um susto, sabia... - Disse Guiga.
— Imagino.
Guiga se virou para Claude.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Pode tentar... - Respondeu Claude.
— Por que você tem tanto ódio por mutantes?
Claude baixou a cabeça.
— O meu irmão foi assassinado por um mutante. Ele se tornou um vampiro após ser atacado... Quando procurou pela cura, um tal de "caçador de vampiros" o matou... Se os mutantes nunca tivessem existido, ele estaria vivo até hoje...
Guiga respirou fundo.
— Eu sinto muito...
— Obrigado...
Claude se virou para Guiga e estendeu sua mão.
— Desculpe por antes... Sem ressentimentos?
Guiga apertou a mão de Claude.
— Com certeza... Eu sei que você não é o que pareceu naquele dia.
Após o cumprimento, Claude voltou a olhar para o céu.
— Você deve ter muito orgulho de seus filhos, não é...? Formam uma família muito bonita.
— Não foi fácil, Claude... No começo eu tinha muito medo do que podia acontecer com eles.
— Faz sentido... Afinal você é o pai deles. - Disse Claude.
— O meu medo era que eles fossem atacados por pessoas que odeiam mutantes... Esse tipo de pessoa sempre existiu, e sempre vai existir.
Claude cruzou os braços.
— É por isso que eu não me considero um herói como a Liga do Bem, Guiga... Eu faço as coisas por mim mesmo...
— Eu entendo. Você tem seus motivos.
Guiga pensou.
— Claude...
— O que é?
— Por que você não matou Renata? - Perguntou Guiga.
Claude suspirou.
— Nem eu sei... Eu tinha a missão de matá-la, mas depois que ouvi sua história... Eu meio que me identifiquei nela.
Claude riu.
— Ela me chamou de "amigo" hoje à tarde...
Guiga riu.
— Sério?
— Eu não sei mais o que pensar...
— Talvez você deva fazer as coisas por ela também... - Sugeriu Guiga.
— Estou fazendo. Eu quero ajudá-la a encontrar o responsável pelo incêndio em seu apartamento.
— Isso é ótimo...
Naquele instante, os dois ouviram a voz de Ângela se aproximando.
— Claude! - Gritou Ângela.
Claude e Guiga se viraram.
— O Eugênio terminou de hackear o computador.
— Ótimo... É hora de descobrir a verdade por trás da NEO-Depecom... - Disse Claude.
Guiga se espantou ao ouvir aquele nome.
— NEO-Depecom?
— Sim, eu vou explicar tudo...
Os dois seguiram Ângela de volta pra casa.
Claude estava sentado no sofá com o Notebook em seu colo. Renata e Eugênio estavam do lado dele. Guiga, Ângela e Clara observavam detrás do sofá.
— Eu passei pela senha, mas não toquei em mais nada. - Disse Eugênio.
— Perfeito... Hora de ver os segredos do Mathias...
Claude pegou um pendrive de seu bolso e conectou no notebook. A tela exibiu várias pastas. Algumas pareciam inúteis, outras chamavam a atenção.
— "Fornecedor"...
Claude abriu a pasta. Um dos arquivos tinha um endereço e algumas informações sobre contato e o que pareciam ser recados para alguém.
— Deve ser o nome por trás do MX... Eu vou copiar isso.
— MX? - Perguntou Eugênio.
— Sim... Desculpe, eu não posso falar muito... Até pela segurança de vocês.
— Certo. - Disse Eugênio.
Claude copiou o arquivo no pendrive e voltou às pastas.
— "Missões"...
— Olha! Esse arquivo tem seu nome. - Disse Clara apontando para a tela.
Claude abriu o arquivo em questão. Lá estavam todos os dados de Claude... Nome completo, data de nascimento, estado civíl, endereço...
— São meus dados pessoais. E tem um texto aqui...
Claude leu o texto. Aquele arquivo era um resumo da história de vida de Claude. Sobre como ele perdeu seu irmão para um mutante, e o ódio que foi crescendo dentro dele, se tornando desejo de vingança.
— Ele tinha minha vida salva no computador!
— Mas com que intenção? - Perguntou Renata.
— Eu temo que a resposta não seja bonita...
Claude vasculhou outro arquivo, que tinha o título "Projeto".
— Que projeto é esse...? - Perguntou Claude.
O que Claude leu a seguir, fez seus olhos arregalarem.
— Não... Ele não fez isso...!! - Gritou Claude.
— O quê?! - Perguntou Guiga, assustado.
Claude lentamente virou o notebook para Renata, que leu o que estava escrito.
— Ah... Aahh!!
Renata cobriu a boca e arregalou os olhos. Claude virou o computador novamente para si mesmo.
— Mathias... Você vai pagar por isso... Eu juro que vai!!
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