Loving Can Hurt escrita por Rafaela, SweetAngel


Capítulo 64
Riscos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos, espero que gostem!



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P.O.V Annabeth

O filho de Calipso e Leo é uma gracinha, a cara do pai, na minha opinião. Bem pequenininho e magricela, com cabelos castanhos escuros.

Caly teve uma crise de riso quando contamos que Leo desmaiou na sala de espera.

—Nem foi assim! —ele protestou, corando.

—Não, imagina —Luke riu. —Ah! O bebê nasceu! —ele colocou a mão na testa e encenou uma queda, com Jason o segurando.

Voltamos a rir.

—Já escolheram um nome? —perguntei indo para perto do bebê, para Thalia vê-lo, já que ela estava presente através de uma vídeo chamada comigo.

—Eu estava confiante que seria menina —Leo brincou com a mãozinha do bebê. —Seria Pietra, no caso.

—Só mudar para Pietro —Calipso disse. —Eu gosto.

Leo franziu a sobrancelha, olhando o filho.

—Pietro? —ele repetiu. O bebê se mexeu um pouco, e um sorriso fraco apareceu em seu rosto.

—Acho que ele gostou —falei.

—Então é Pietro —Leo sorriu, se sentando ao lado de Calipso e beijando sua testa.

(...)

Uma semana se passou desde que Calipso ganhou o bebê. Hoje é domingo e Sally iria fazer um jantar para comemorar a adoção de Andrew, pois o juiz havia assinado os documentos dois dias atrás. Agora ele era oficialmente um filho de Sally e Paul, com certidão e tudo mais.

Tinha acabado de sair do banho e eu estava bem desconfortável, para falar a verdade. Tirando a questão do meu corpo estar mudando drasticamente, eu tinha dúvidas se essa sensação seria normal para o quinto mês de gravidez.

Agora já era bem visível que eu estava grávida. Na consulta passada com a doutora Mellark, ela disse que estava tudo bem e passou uma nova dieta e alguns outros cuidados que eu deveria começar a ter, tipo com a minha pele, que teria a tendência de se ressecar e ter manchas. Por enquanto estava tudo tranquilo em questão a isso, minha aparência não mudou nada (a não ser pela barriga, é claro).

Meu bebê não se mexeu ainda, mas eu sentia pulsações, o que minha obstetra disse que era normal. Ah e com o último ultrassom, Percy percebeu que nosso filho NÃO era um cavalo marinho, para meu alívio.

Mas o que eu estou sentindo... É diferente, não sabia explicar. É apenas um desconforto enorme... Quando perguntei para minhas amigas sobre sentir isso, todas elas falaram que não ficaram assim no quinto mês, o que me preocupou ainda mais.

Mas enfim, no início de abril eu havia feito uma consulta e estava tudo bem... Não tem porque me preocupar.

Afastei esses pensamentos e fui me arrumar, passei uma maquiagem bem clara e simples, coloquei uma blusa amarela e uma saia branca básica, para combinar com a minha sandália.

—Está pronta? —Percy entrou no quarto abotoando sua social azul. Ah, ele estava lindo (como sempre). Quando levantou os olhos, ele assoviou. —Ê lá em casa!

—Já estou aqui —eu ri.

Percy sorriu e segurou meu queixo, levantando meu rosto e me beijando.

—Perfume novo? —o olhei.

—Não... Por quê?

Cheirei o pescoço de Percy, fazendo-o rir

—Você está cheirando maresia.

—Isso é ruim? —ele parecia confuso.

—Não —sorri, passando meus braços atrás do seu pescoço, para ficarmos mais perto. Sentia que meu bebê gostava de ter Percy próximo a ele e bem, eu também. —É muito bom, para falar a verdade.

—E como está nosso pequeno? —ele acariciou minha barriga. —Ou pequena.

—Tá bem —forcei um sorriso.

—Annie... —Percy arqueou as sobrancelhas.

—Não é nada —me afastei dele e fui até a cama, onde tinha deixado o colar que Percy me deu no natal, o colocando.

—O que foi? —ele me seguiu.

—É só uma coisa de grávida —respondi, sem dar muita atenção.

—O que é uma coisa de grávida? —Percy cruzou os braços.

—Estou me sentindo estranha, só isso.

—Alguma dor? —ele me olhou preocupado. —Tem algo que eu possa fazer? Eu posso comprar uma...

—Amor —segurei seu rosto, fazendo-o me olhar. Odeio quando esses olhos verdes ficam desesperados. —Tá tudo bem, é sério. Não é nenhuma dor, é mais para uma sensação...

—Promete me falar se você sentir qualquer coisa? Tipo, qualquer coisa mesmo, até se for igual a uma picada de formiga...

—Prometo —o beijei. —Agora vamos, se não iremos nos atrasar.

(...)

A casa de Sally estava linda e aconchegante, como sempre foi. A sala continuava a mesma, com sofás, poltronas, uma mesa de centro e uma lareira. Atrás do maior sofá tinha a grande escada para o segundo andar, mais à frente da porta principal, estava a cozinha americana, a qual exalava um cheiro delicioso.

Tinha poucas pessoas, mais reconheci algumas tias e primos de Percy, que estavam presentes no meu casamento.

—Ei Percy! —uma garota de uns quinze anos correu até nós e abraçou meu marido. Ela tinha cabelos pretos, iguais ao de Percy e olhos castanhos. —Senti saudades!

—Eu também, Lira —Percy sorriu e a olhou impressionado. —Você cresceu muito desde a última vez que eu te vi.

—Deve ser porque eu tinha sete anos —ela riu e se virou para mim. —Annabeth, não é? —Lira apertou minha mão. —Desculpa não ter ido no casamento! E parabéns pelo bebê!

—Tá tudo bem e obrigada —sorri.

Cumprimentamos Tyson, Ella, Lizzie e Jessie, que estavam sentados perto da lareira, brincando com o pequeno Andrew. Abraçamos Paul e Sally, que estavam perto do balcão da cozinha, conversando com algumas tias do meu marido, completamente felizes.

—Ah olha só para vocês! —eu me lembro dessa senhora, foi a que implicou comigo e Percy sobre termos dormido juntos na festa de Tyson, há sete anos. Longa história. —Sempre soube que acabariam juntos! —falsa, pensei.

Fomos ajudar Sally na cozinha, mas ninguém me deixou fazer nada. Sempre falavam: Annabeth, fique quieta por causa do bebê! Annabeth, você deveria ficar sentada por causa do bebê! Annabeth isso, Annabeth aquilo. Me senti uma inútil, mas fiz o que falaram, já que meu desconforto interior só aumentava. Não quis falar nada a Percy, pois ele parecia distraído enquanto cortava um pedaço de carne conversando com a mãe. Não queria o atormentar.

O jantar ficou pronto às sete e estava ótimo, mas eu comi muito pouco, o que deixou meu marido mais preocupado comigo.

—Annie, o que foi?

—Estou cheia, só isso —sorri e ele me olhou desconfiado. Por que Percy tem que me conhecer tão bem?

Depois da janta, todos se reuniram na sala. Eu estava conversando com algumas tias de Percy perto da escada e ele estava sentando no sofá com Sally e Paul. Sempre o notava me lançando olhares, como se conferisse se estava tudo bem.

Escutamos um bip na cozinha, sinalizando que os cookies estavam prontos.

—Eu pego! —comecei a andar até lá. Queria fazer alguma coisa para me distrair, já que aquela conversa com as senhoras estava terrível.

—Querida, não precisa —Sally foi comigo.

—Ah por favor! —supliquei. —Vocês fizeram tudo hoje, me deixe pelo menos servir os cookies!

—Sei que deve ser ruim todo mundo te interceptando, então, fique à vontade. —minha sogra sorriu e voltou para a sala.

Peguei as luvas e tirei os cookies do forno. Quando os coloquei na mesa, comecei a sentir um calor estranho subindo pelo meu corpo, mas mesmo assim continuei o que fazia. Eu tinha um trabalho essa noite: servir cookies. E eu iria conseguir.

Passei os biscoitos para uma travessa de vidro, a medida que fazia isso, comecei a suar e meu desconforto foi aumentando.

—Tá tudo bem, tá tudo bem —repeti para mim mesma. É normal uma grávida sentir um calor descomunal, não é?

Peguei a travessa e fui até a sala. Sorri em ver Percy rindo com Sally e Paul, mas isso não durou muito tempo. O calor aumentou e eu senti uma fincada no ventre, como se uma faca estivesse me perfurando por dentro.

Meu corpo se enfraqueceu e eu deixei a travessa cair.

P.O.V Percy

Paul tinha contado uma piada muito ruim e eu não consegui aguentar, acabei gargalhando. Até que escutei um barulho de vidro se quebrando atrás de mim. Me virei, como todo mundo fez nada sala.

Annabeth estava parada na saída da cozinha e a travessa com cookies estava espatifada aos seus pés. Me levantei, atônico. Minha esposa tinha o olhar fixo no chão, sem nenhuma reação.

—Annie? —a chamei.

Foi então que senti meu coração parar. O branco da saia de Annabeth começou a se transformar em um vermelho. Sangue escorria por suas pernas e seus joelhos tremiam.

—P-Percy... —ela ergueu os olhos para mim e vi sua boca perder a cor.

Corri para ela e não sei como consegui chegar tão rápido, mas a segurei na hora que seu corpo vacilou.

—Não, por favor, não, não, não... —eu repetia vendo os olhos dela se fecharem quando a coloquei no chão, segurando sua cabeça.

—Temos que ir pro hospital... —minha mãe tocou meu ombro, tão perplexa quanto eu.

Mas sua voz para mim estava longe. Minha agonia em ver Annabeth nesse estado estava de consumindo. Eu não podia a perder! Eu não posso lidar com isso...

—PERCY! —minha mãe gritou, segurando meu rosto e me fazendo a olhar. —Annabeth precisa ir pro hospital!

Engoli em seco e assenti com a cabeça. A peguei em meu colo e não sei como a sustentei, pois sentia meu corpo trêmulo e fraco.

Meu carro estava estacionado na frente da casa e eu a coloquei no banco de trás com ajuda da minha mãe, que entrou pelo outro lado. A cada minuto o rosto de Annabeth ficava mais pálido e mais sangue saia de seu corpo.

—Percy, rápido! —Sally me apressou, colocando a cabeça de Annie em seu colo.

Entrei no carro e comecei a dirigir, tentando controlar o desespero e não deixar que as lágrimas atrapalhassem minha visão.

—C-Como e-ela... E-está? —tentei perguntar, o que foi difícil pois meu corpo inteiro tremia.

—Só dirige, querido —minha mãe respondeu, mas pude sentir sua voz vacilar. Escutei ela ligando para alguém —Alô? Precisamos de uma maca na entrada do hospital, estamos levando uma garota, de vinte e cinco anos, g-grávida. Ela está sangrando... S-Sim, cinco meses... Certo...

Demorou dez minutos para chegarmos e eu nunca me senti tão mal na minha vida. Dirigi o mais rápido que pude, passando sinais vermelhos, cortando outros carros e desrespeitando fiscalizadores. Mas nada disso importava, eu tinha que salvar Annabeth.

A tirei do banco de trás e a peguei no colo. Ela estava pior do que eu imaginava. Seu corpo não respondeu ao meu toque e eu parecia estar carregando uma boneca, completamente inerte. A minha adrenalina era tanta que não fiquei parado a olhando em meus braços e corri para a frente do hospital, onde já nos esperava com uma maca, igual minha mãe havia pedido.

Tinha dois médicos junto com a equipe de enfermeiros. Eles pegaram Annabeth e a colocaram na maca, correndo para dentro do hospital. Os segui, completamente no automático.

—O senhor não pode entrar —uma enfermeira segurou meu braço, me parando.

—Minha Annabeth... Eu... —a olhei. Meus pensamentos não me deixavam raciocinar, eu não sabia o que falar ou como agir...

—Vamos fazer o possível, mas o senhor tem que ficar aqui —ela saiu da recepção, seguindo a equipe.

—Querido... —minha mãe segurou minha mão, me puxando para trás. —Sente-se, vai ficar tudo bem. Já liguei para Thalia, eles estão vindo.

P.O.V Luke

Não tive tempo e nem quis discutir com Thalia para ela ficar em casa. Depois da ligação de Sally, minha noiva só sabia chorar e pedir para que eu fosse mais rápido. No caminho, ela informou o restante dos nossos amigos, que falaram que estavam vindo também.

—Cadê ela!? —Thalia entrou correndo pelo hospital, chamando a atenção de quem estava esperando ser atendido.

Sally estava em pé mais à frente ao lado de Percy, que estava sentando.

—Não tivemos notícias ainda —Sally roía as unhas. —Já preenchi os papéis da entrada dela, mas até agora nada...

Olhei para Percy e meu Deus... Ele estava péssimo. Sua camisa estava toda suja de sangue, seu rosto sem expressão e completamente pálido. Ele estava inclinando, com os cotovelos em suas pernas e as mãos na boca, como se tentasse raciocinar o que tinha acontecido. Seu olhar estava distante e lágrimas saiam sem dificuldade.

Me senti péssimo em não poder ajudar e meu coração doeu só de pensar em como ele se sentia em ter visto e passado por isso tudo... 

Suspirei e fui até Thalia, que estava à beira de uma crise e a abracei.

—Precisa se acalmar.

—Annabeth... Ela... —Thalia apertou seu rosto contra meu peito.

Os minutos se passaram e nada dos médicos. Leo foi o primeiro a chegar e pediu desculpas por Calipso não ter vindo, pois ela ficou cuidando de Pietro. Depois Jason e Piper chegaram, falaram que Hazel e Frank não iriam conseguir vir por causa que Chloe estava passando mal e Tyler ficou com eles.

Ninguém teve coragem de se aproximar de Percy, apenas Sally ficou ao seu lado, acariciando seus cabelos, mas ele parecia estar em outra dimensão. Leo tentou falar com ele depois de um tempo, mas Percy sequer respondeu.

Piper abraçou Thalia, e as duas choravam silenciosamente juntas. Eu e os meninos também não estávamos muito diferentes, apenas mais controlados.

Então uma voz ecoou, fazendo Percy finalmente se mover e levantar.

—Senhor Jackson, comparecer na recepção por favor.

Ele fez isso com pressa e todos nós o seguimos.

—Sou Anthony Murray —um médico disse, atrás do balcão. —Preciso de uma resposta rápida. Conseguimos fazer o sangramento parar, mas a vida de sua mulher e de seu filho estão em risco. 

Percy fechou os olhos e sua respiração falhou, como se fosse insuportável escutar aquilo, o que de fato era.

—Annabeth teve um deslocamento de placenta devido a um excesso de líquido amniótico, o que é algo bem grave. Podemos fazer uma drenagem, mas é um procedimento muito delicado, que pode induzir a um parto prematuro. Pode ser fatal para o bebê. Preciso da sua permissão para que seja isso feito —o médico disse e a recepcionista colocou no balcão vários papéis e uma caneta. —Você deseja assumir o risco? Não temos muito tempo.

Percy olhou para o papel e pegou a caneta, com a mão tremendo.

—Apenas salve Annabeth —ele assinou com dificuldade, com a voz completamente entorpecida.

O médico se virou e saiu na mesma hora. Percy passou a mão no rosto e se afastou de nós, saindo do hospital. Sally o seguiu imediatamente.

Nem consigo imaginar a dor que deve ser aceitar algo que pode acabar com a vida de seu filho... E era visível que isso estava destruindo Percy.

Thalia e Piper se sentaram em uma cadeira, com o olhar vazio. Fui até elas e segurei a mão da minha noiva.

—Vai dar tudo c-certo —tentei soar corajoso, mas falhei.

—V-Vou... Preciso ligar para F-Frederick —Thalia pegou o celular, tremendo.

—Eu faço, estou em melhor condições para isso —Jason disse e ela lhe entregou o telefone.

—Oi Caly —Leo atendeu o celular. —Não, ainda não... Mas... Ela está em risco... —a voz de Leo ficou pesada e ele foi para o outro canto da recepção, como se quisesse esconder de nós que estava abalado.

—Luke —Piper me olhou com os olhos marejados. —Precisa ir falar com Percy. Não sei se ele vai aguentar se... Se... —ela voltou a chorar, não conseguindo terminar.

—Eu quero ajudar, de verdade —respondi, sentindo meu peito apertar. —Mas Percy e eu não nos falamos tem muito tempo...

—Você é o melhor amigo dele —Thalia levantou os olhos para mim. —Se eu não estou suportando isso imagina ele, Luke. Por favor, vai.

Tomei coragem e saí do hospital.

Percy estava debruçado na grade da frente, com Sally ao seu lado, que tinha apoiado a cabeça em seu ombro. Parece que ela sentiu eu me aproximando e se virou, me olhando.

—Vou buscar uma camisa limpa para você —Sally acariciou a cabeça de Percy e lhe deu um beijo na bochecha. Pegou a chave do carro no bolso do filho e se afastou.

Fui para onde ela estava ao lado dele e me apoiei na grade. Por onde eu começo? Bem, nem precisei.

—Não consigo viver sem ela —Percy olhava para a rua, onde vários carros passavam normalmente. —Não vou conseguir se...

Seus lábios tremeram e as lágrimas voltaram a sair.

—Percy, Annabeth é forte. Não duvide disso —segurei seu ombro.

Não queria que fosse a sob essa situação horrível, mas era bom falar com ele novamente.

—Você não a viu, Luke —ele fechou os olhos, tentando controlar a respiração. —Quando eu a peguei, seu corpo não se movia, ela estava pálida e... Se ela se for eu não sei o que eu faço...

—Percy, ei cara —me virei para ele. —Você não pode pensar assim, de verdade. Vai precisar estar forte quando Annabeth melhorar e ela vai.

Ele assentiu com a cabeça, segurando para não voltar a chorar e eu percebi que isso estava fazendo mal para ele.

—Mas agora, aqui comigo, não precisa ser, ok? Não precisa ter vergonha de sentir medo —então o abracei. Achei que ele fosse se afastar, mas fez o contrário. Percy me apertou e começou a chorar compulsivamente.

(...)

P.O.V Percy

Luke insistiu para que eu voltasse para dentro do hospital e me sentasse. O pai de Annabeth chegou minutos depois completamente arrasado, acompanhado de sua esposa, que pela primeira vez, não parecia estar fingindo se importar.

Como eu estava? Bem, parecia que tinha alguém amassando meu coração a cada segundo que se passava sem ter notícias de Annabeth e do meu filho. A cena dela em meus braços não saia da minha cabeça e aquilo me atormentava. Segurar o amor da minha vida praticamente morrendo e a entregar a estranhos, sem ter nenhuma informação por horas é a pior sensação que alguém poderia ter.

Não sei quanto tempo fiquei na sala de espera, com o coração disparado, mas para mim foram milênios. Nesse tempo minha mãe tinha me trago uma camisa limpa e ela parecia cansada, então pedi que fosse embora descansar.

Então o doutor Anthony Murray apareceu, caminhando até mim. Não esperei ele chegar e corri até ele.

—Como... Ela... Annabeth... —não consegui formular uma frase, minha respiração ficou acelerada demais. Se não fosse a adrenalina, eu já teria desmaiado faz tempo.

—Como ela está? —Thalia ficou ao meu lado, mais controlada que eu.

—Bem, como eu disse, é um procedimento bem delicado —ele sorriu. Se ele está sorrindo é porque... —Mas deu tudo certo, tem uma mulher bem forte como esposa, senhor Jackson. Ela e seu bebê estão bem e a salvo.

Pensei que fosse desabar, mas a felicidade era tanta que meu corpo se encheu de energia de novo.

—Eu posso vê-la? —pedi, desesperado para ter Annabeth novamente comigo.

—Claro, vou acompanhar o senhor —quando Anthony começou a andar, viu eu, o pai de Annabeth e meus amigos indo juntos. —Anh... O que é isso?

—Somos família —Piper sorriu. —Algum problema?

—Família —o médico respondeu, do mesmo jeito que aquela recepcionista da clínica em que Calipso ganhou bebê disse. —Sem problema.

Passamos por um corredor e quando ele abriu a porta, pensei que meu coração fosse pular da minha boca. Annabeth estava deitada em uma cama e recebia soro na veia. Ela estava com o cabelo desarrumado, ainda pálida e com a boca seca, mas mesmo assim, continuava sendo a mulher mais linda que eu já vi.

—Oi gente —ela forçou um sorriso.

Corri até ela, tendo cuidado ao sentar ao seu lado, mas não queria ficar mais nenhum segundo separado dela.

—Eu pensei... —não consegui falar, segurando seu rosto. Minha garganta apertou e meu peito doeu em imaginar tê-la perdido.

—Eu sei —ela segurou minha mão, me olhando. —Desculpa ter feito você passar por isso...

Sorri, ela quase morre e me pede desculpa? Nem precisei protestar, Thalia já fez isso por mim.

—Desculpa? —ela ficou ao lado de Annabeth, acariciando seus cabelos e os arrumando. —Você tá internada e pede desculpa?

—Você não deveria estar aqui, Thals —Annabeth sorriu mais ainda, mas isso parecia lhe causar dor e logo parou.

—E te deixar aqui sozinha? Nunca.

—Ela tá muito sozinha mesmo —Piper disse irônica e se aproximou pelo outro lado da cama com Jason.

—Você nos deu um baita susto —Leo sorriu.

—Obrigada por estarem aqui, gente —ela suspirou, sua voz estava fraca. —Significa muito para mim.

—Como se sente? —Frederick ficou ao meu lado e segurou a mão da filha. Me levantei e deixei ele ficar no meu lugar.

—Melhor... Quer dizer, meu bebê está bem e tenho vocês —Annie me olhou e eu sorri com os lábios pressionados. —Estou bem.

Não sei descrever o que sinto ao ver minha esposa viva... Com certeza é comparado com a sensação de estar no paraíso.

Todos ficaram ao lado da cama, fazendo perguntas e explicando o motivo de Hazel, Frank e Calipso não terem vindo. Luke ficou perto de mim com os braços cruzados, observando a cena comigo.

—Ei —o olhei. —Obrigado, de verdade.

—Não precisa agradecer, eu estou aqui pra isso —ele deu um soquinho no meu braço

—Eu... —suspirei. —Sinto muito, Luke. Por tudo, de verdade.

—Eu sei, eu também sinto.

—Então, estamos bem? —perguntei, estendendo a mão.

—É, estamos —Luke sorriu e a apertou.

—Não acredito —escutei Annabeth falar e a olhei. Ela nos fitava, com um sorriso discreto. —Precisei quase morrer para vocês fazerem as pazes?

Todos rimos e eu voltei para perto dela, enquanto os outros se afastavam.

—Por favor, nunca mais faça isso comigo —Thalia foi para perto do noivo. —Tem ideia o quanto fiquei preocupada? Ai! —ela colocou a mão na barriga e todos a olhamos, alarmados. —E aí eu chego aqui e nada de notícias suas —ela continuou como se nada tivesse acontecido.

—Amor? —Luke segurou sua mão, com os olhos arregalados. —O que foi isso?

—Ah sei lá, mas continuando —Thalia olhou brava para Annabeth. —Então vem o tal doutor Anthony e... Ai! —ela colocou a mão na barriga novamente.

—Thalia! —Jason foi até a irmã, preocupado. —Isso é...

—Contrações —Piper se aproximou deles, sorrindo.

—Qual é, gente! Não é contração... Ai, ai, ai! —Thalia franziu o cenho e Luke segurou seu braço, enquanto ela sentava em uma cadeira. —Tá bem, talvez seja...

—Agora!? —Luke nos olhou, desesperado.

—A não ser que isso seja uma dor de estômago das brabas, sim, seu filho vai nascer agora —Leo riu com o pânico de Luke.

—Vai lá ser pai —sorri para ele.

—Mas a Annie... —Thalia se levantou com ajuda do noivo e de Jason.

—Eu estou bem —Annabeth riu, mas parou depois de fazer uma cara de dor. —Vocês precisam ir.

—Tá, eu... Ai meu Deus... —ela saiu da sala acompanhada de meus amigos.

Ficamos só Annabeth, seu pai e eu.

—Vou deixar os dois a sós. Que bom que você está bem, meu amor. —Frederick deu um beijo em sua testa e se afastou.

Ele fechou a porta e fiquei sozinho com Annabeth

Meus sentimentos voltaram tão rápidos que minha cabeça doeu. O medo, a aflição e a incerteza se ela estaria bem... Meus olhos se encheram de lágrimas e eu os fechei, colando nossas testas.

—Não sei viver sem você —sussurrei, acariciando seu rosto.

—Tá tudo bem, amor —ela respondeu, com a voz trêmula. —Eu e nosso filho estamos bem.

Nosso filho...

—Annabeth, eu... —a olhei, me sentindo a pior pessoa do mundo. —Eu tive que assinar um papel que... Que permitia fazerem a drenagem em você e... Uma consequência disso seria um nascimento prematuro e nosso bebê poderia morrer... Eu só queria que você sobrevivesse, só pensava em ter você de novo pra mim —engoli em seco.

—Percy, isso... —ela tentou se sentar, mas logo desistiu da ideia, estava sentindo muita dor quando se movia. —Escuta, você me salvou e salvou nosso bebê. Não se cobre tanto! Você fez o que foi preciso, eu teria feito o mesmo.

—Mas que tipo de pai eu sou se não coloco nosso filho em primeiro lugar?

—Ei —Annabeth pegou minha mão e a colocou em sua barriga. —Estamos aqui por causa de você. Teve forças mesmo quando...

Então ela parou de falar e arregalou os olhos.

—Annie? —a olhei, assustado. —Devo chamar um médico? Você está sentindo dor?

—Não, Percy... —Annabeth sorriu emocionada. —Você não sentiu!?

—Não... —franzi a sobrancelha e Annabeth pressionou minha mão em sua barriga.

Então eu senti o bebê se mexendo pela primeira vez. Fiquei com a mesma expressão de surpresa e espanto que Annie tinha. Todos os pensamentos e sentimentos ruins foram embora, dando lugar a uma alegria extrema dentro de mim. Sorri animado e coloquei a outra mão em sua barriga.

—Ei filha —aproximei meu rosto. —Você me deu um susto...

Ela mexeu de novo e Annabeth colocou a mão na boca. Eu queria sair pulando e comemorando que meu bebê estava bem e se movendo, mas qualquer centímetro longe da minha mulher seria o inferno para mim.

Beijei Annabeth, que tinha começado a chorar.

—Eu te amo, céus eu te amo demais! E também amo você, pequena —beijei sua barriga.

Estávamos bem, nós três. E eu farei de tudo para continuar assim.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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