POV Percy

—Percy —escutamos a porta do apartamento se abrir e Annabeth entrar.

Ela estava vestida para o trabalho... Calma, se Ellie disse que ontem eu me deitei com ela, Annabeth deveria estar aqui no apartamento... Olhei para minha prima que estava com a mão na boca.

—Eu pensei muito sobre a nossa conversa ontem —ela ficou de frente para mim. —E eu percebi que estou sendo injusta com você... Não podemos acabar assim, não é?

—Annie... Você... Você não dormiu aqui? —eu não sei como reagir.

—Não... Fui pra casa do meu pai... Por quê?

—Bom dia!! —escutamos uma voz na escada e todos se viraram.

Não pode ser... Hayden descia as escadas com uma blusa minha.

—Bom dia, meu amor —ela veio até mim e me beijou. A empurrei e me levantei depressa.

—Ficou louca!? —passei minha mão em minha boca.

—O que foi, Percy? —ela se aproximou. —Esqueceu da nossa experiência ontem?

—O QUÊ!? —basicamente gritei. Annabeth olhava perplexa para mim e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

—Vai me dizer que não se lembra? Ah! Você fez cada coisa comigo! Me dá arrepios só de lembrar da sua boca percorrendo todo meu corpo e...

—Você ficou louca? Eu nunca me deitei com você!

—Percy, o que foi que você fez? —Ellie me olhava com a mão na boca.

—Eu não me lembro! —eu nunca estive tão desesperado em toda minha vida. —Annabeth eu juro que...

Me aproximei dela, mas Annie se afastou.

—Não… Não encosta em mim…

—Amor, eu nunca faria isso com você!

—Mas fez… —escutei Hayden dizer —E desculpa dizer mas, você gostou bastante.

—Saí daqui —me virei para ela. —Agora.

—Vai fazer cena só por causa que Annabeth está aqui? —Hayden cruzou os braços.

Vi Annabeth se virar e ir até a porta do apartamento.

—Annie! —corri até ela —Por favor, eu posso explicar…

Annabeth estava vermelha e tentava segurar o choro, mas não estava conseguindo.

—Por favor… Annie, eu sinto muito…

—Você sempre sente —ela me olhou. —Isso foi a gota d'água.

—Annabeth, eu te amo —eu estava a ponto de chorar, por mais que eu não quisesse. Eu não posso a perder… Não posso.

—Eu já falei —ela abriu a porta —I-Isso não significa nada.

Não consegui me mexer e Annabeth saiu do apartamento. Não… Isso não é o fim…

—Querido, você está bem? —Hayden caminhava até mim.

—O que você ainda está fazendo aqui?

—Te esperando para irmos juntos trabalhar —ela sorriu.

—Eu não vou pedir pra você sair de novo…

—Ah! Graças a Deus! —ela me cortou— Já estava ficando chato esse drama com a Chase…

—Ou você sai agora, ou eu mesmo te coloco lá fora.

—Qual é! Você fala como se não tivesse gostado!!

—Hayden, vê se entende —me aproximei dela, me contendo para não fazer nenhuma burrice —eu tenho nojo de você. O que aconteceu ontem, não significou nada! Você não é nada pra mim.

Ela me olhava nos olhos, eu não sei o que essa garota tem na cabeça, mas ela não me parecia nada abalada.

—Okay, você está nervoso —ela sorriu.—Vou te dar um tempinho.

Hayden subiu as escadas e eu me sentei no sofá, com as mãos no rosto.

—Você… Como você pôde fazer isso com a Annabeth!? —Ellie veio até mim.

—Ah e você acha que eu queria? —a olhei.

—Que ideia é essa de beber quando tá com raiva!? —ela sentou-se ao meu lado.

—Eu sei que errei feio, ok? Não precisa ficar jogando na minha cara.

—Lógico que precisa! Você perdeu a mulher que ama.

—Não! Eu… Eu vou ter ela de volta…

—Como?

—Eu não sei, Ellie! —quase gritei —Eu não sei —falei me acalmando.

—Vou sair com Angus —ela suspirou e se levantou pegando o celular —O café está pronto.

—Ellie, você não pode sair com ele.

—Vai começar com esse papo de novo? —ela cruzou os braços.

—Ele tá te usando —suspirei.

—Ele gosta de mim, é diferente.

—Ele é casado —a olhei ríspido. —E ele tem o dobro da sua idade.

—Percy —Ellie riu —você não consegue nem cuidar da própria vida e quer cuidar da minha?

—Eu estou te protegendo —me levantei. —Você está grávida! Tem que pensar no seu filho!

 —Eu não queria isso! Tá? Eu nunca quis essa coisa dentro de mim!

—Você não tá falando sério…

—Eu só quero que ele nasça logo, e então eu vou para a França com Angus.—ela começou a subir as escadas.

—Se acha que vai abandonar seu filho…

—Você vai fazer o quê? Me obrigar a ser mãe?

—Você já é mãe, Ellie —suspirei.

—Eu sou uma garota de dezesseis anos, que vai se tornar uma modelo famosa. Eu só preciso que isso saía de mim o mais rápido possível.

Ela me deu as costas e foi para seu quarto.

Tudo está desmoronando… Meu relacionamento com Annie está basicamente acabado, eu não consigo fazer a Ellie abrir os olhos e não tenho cabeça pra administrar minha empresa… Eu preciso fazer alguma coisa pra consertar isso.

POV Annabeth

Estava na minha sala e deveria entregar um relatório para meu supervisor a uma hora atrás. Mas eu consegui escrever apenas uma linha.

Tentei me segurar o máximo para não derramar nenhuma lágrima pelo Percy, mas é inevitável. Eu fui no apartamento de manhã, querendo dar uma chance para nós de novo… E quando chego lá, Hayden estava com a blusa dele, e ela falando do quão maravilhosa foi a noite dos dois.

Coloquei minhas mãos em meu rosto. Eu havia chegado a acreditar que não o amava mais… Porém estava errada. A dor que estou sentindo prova o quanto eu amo aquele idiota.

Mas eu não posso aceitar isso… Me trair foi um golpe muito baixo.

—Annie —Taiane, minha secretária entrou na minha sala. —Já estamos fechando.

—O quê!? —olhei para o relógio. Já são seis e meia… O dia passou mais rápido que eu pensei. —Okay, vou arrumar minhas coisas.

Na verdade não tinha nada para arrumar, não fiz nada hoje.

Assim que saí do prédio, o pessoal do meu setor estava na calçada conversando e mexendo no celular, fui para outra direção.

—Hey, Anna —Dany me chamou —A gente vai em uma boate aqui perto..

—Não estou no clima hoje —sorri.

—Ah vamos —Taiane segurou meu braço. —Vai ser divertido.

—Tá… Vou ficar lá só um pouco, okay?

(…)

Nunca vim nesse lugar. Havia um palco, e uma mulher quase nua cantava.

As garçonetes então… Tinham apenas roupas transparentes.

—Fala sério —Jane disse sentando-se com a gente —onde estão os homens semi-nus?

Nós rimos e eu peguei um copo em cima da mesa. Não sei qual bebida que é, mas tudo bem.

Dei um gole… Deve ser vodka, e eu achei bem fraco mesmo.

—Annie, você está estranha hoje —Dany me olhou.

—Meu noivo me traiu —sorri sem graça.

—Ah meu Deus! —Jane segurou minha mão. —Eu sinto muito.

—Eu também —me encostei no sofá.

—Dá o troco —Taiane sorriu.

—Ela tá certa.

—Não é certo...— respondi

—E o que ele fez foi? —Dany cruzou os braços.

Fiquei calada… Dou o troco ou não?

 —Meninas, olha quem chegou —Jane se virou e nós olhamos na mesma direção.

Nathan entrava na boate sorrindo e cumprimentando algumas pessoas.

—É pecado sentir atração sexual pelo chefe? —Taiane disse mordendo o lábio e nós rimos.

—Com certeza não —Jane sorriu. —Eu gosto dos músculos dele.

—Nem me fale! —Dany disse se abanando e nos fazendo rir —Ano passado você deveria ter visto ele na piscina —ela se virou pra mim.

—Eu namorava nessa época —sorri de canto.

—O Percy é um gato também, né garotas —Taiane disse. —Anh… Desculpa Annie.

—Nada de Percy —Jane disse rápido. —Temos a oitava maravilha do mundo como o nosso chefe.

—Ele é bonito mesmo —falei o olhando, ele foi até o bar onde estavam os homens que trabalham com a gente. —Quer saber? Eu não vou ser a única a sair traída no meu noivado.

Me levantei e elas riram.

—Vai que é seu, Chase —Taiane sorriu.

Arrumei minha roupa e fui até o bar.

—Boa noite —me escorei no balcão ao lado de Nathan.

—Olha só quem está aqui —ele se virou para mim sorrindo. —Boa noite Annie.

—Como foi seu dia? —o olhei.

—Cansativo —ele disse pegando um copo com vodka e sentando-se. —Aconteceu alguma coisa? Você estava triste hoje mais cedo.

—Pois é… Sabe o Percy? —ele afirmou com a cabeça —Ele me traiu.

—Cara! Como que ele teve coragem de fazer isso? —Nathan disse nervoso.

—Como assim?

—Tem homem que não sabe valorizar o que têm —ele deu um gole na bebida. —Você é incrível, Annie. Quem perdeu foi ele.

—Obrigada, Nathan —sorri. —Você é muito gentil comigo.

—Eu já passei por isso. Minha esposa também me traiu.

—Espera… Você é casado?

—Era. Me divórciei ano passado —ele suspirou. —Foi difícil no começo, porque eu a amava muito… Mas com o tempo eu me acostumei.

—Você é tão novo, falando assim parece ter uns setenta anos de idade. —sorri.

—Bem, tenho trinta anos nas costas. —ele riu.

—Cinco anos mais velho do que eu. Não é tanta diferença.

—Bem, somos até parecidos. Somos arquitetos... Temos chifres.

Comecei a rir e ele me acompanhou.

—Eu não deveria rir disso —me sentei ao seu lado. —O que você fez quando descobriu que sua mulher te traía?

—Eu decidi que não ia ficar chorando por ela. Então eu saí, e a traí também.

—E como ela ficou?

—Nunca vi uma mulher tão nervosa —ele sorriu. —Ela veio brigar comigo, mas não tinha argumento.

—Então você deu o troco.

—E foi a melhor coisa que eu fiz —ele sorriu.

—Será que… —mordi meu lábio —Você poderia me ajudar a fazer isso também?

Ele me pareceu surpreso.

—Tem certeza?

—Absoluta.

Nathan sorriu e segurou minha mão. Ele se levantou e me levou para fora da boate.

Assim que saímos, andamos mais um pouco. Pensei em desistir, mas Percy merece.

Nathan parou na frente de um carro e pegou sua chave.

—Nossa… Você tem uma Henneseey Venom GT!

—Então você sabe de carros? —ele me olhou sorrindo.

—Um pouquinho —sorri.

Ele abriu a porta para mim e eu entrei. Nathan sentou se no banco do motorista.

—Pra onde você quer… —ele se virou para mim, mas eu não esperei ele acabar. Segurei seu rosto e o beijei.

Sua boca… Seu beijo é tão diferente de Percy… Se bem que nem me lembro direito de como Percy era.

—Nossa —ele se afastou para respirar.—Vai querer ficar só nos beijos ou…

—Eu quero —sussurrei.

Nathan sorri, segurou meu rosto e me beijou.

(…)

Quase perdi a hora para ir trabalhar e cheguei dez minutos atrasada. Depois que Nathan me deixou na casa do meu pai, eu apenas me joguei na cama e fiquei relembrando a maravilhosa experiência no carro.

Eu já fiquei um ano longe de Percy mas, a gente se falava todo dia e digamos que tinha momentos pela webcam. Fala sério, a gente tinha dezoito anos. Mas nesses quatro meses, eu mal falei com ele ou encostei nele. Admito que comecei a esquecer de como é a sensação com Percy. Mas Nathan… Céus! Foi tão bom! Eu estava precisando disso, de sentir alguma coisa, de esquecer Percy.

Tentei focar no meu trabalho e não pensar em Nathan, mas está sendo impossível.

Depois de alguns minutos, escutei minha porta abrir. Levantei meus olhos e na minha frente estava Percy, com um buquê de flores com rosas vermelhas e Taiane atrás dele.

—Desculpa, Annie —Taiane disse —ele apenas chegou entrando…

—Eu prefiro falar com você. —Percy a interrompeu e me olhou. Seu olhar estava vazio e triste, ele estava com olheiras. Eu devia ter ficado triste em ver ele assim, mas até que eu me senti bem. —Por favor.

—Pode ir, Taiane —falei fechando a tela do notebook. —O que você quer? —o olhei.

—Eu… Eu te liguei o dia todo e você não me respondeu —ele deu um sorriso bem sem graça.

—Meu celular está descarregado —suspirei —e em qualquer caso, eu não teria respondido.

Percy olhou para o chão. Parece que ele não sabe o que fazer.

—Eu trouxe pra você —ele me estendeu as flores.

—Me poupe o trabalho e as jogue no lixo pra mim —dei um sorrisinho.

—Annie, eu sei que foi errado e…

—Vai embora, Percy. Nada o que você falar vai justificar ou mudar alguma coisa.

—Você precisa saber —ele sentou-se na cadeira na minha frente e colocou a buquê na mesa. —A gente brigou, e eu tive a ideia idiota de ir beber. Eu juro que nem me lembro de ter falado com a Hayden.

—E você fez muita coisa além de ter falado com ela —o olhei.

—Eu não queria. Você sabe que eu nunca faria isso com você.

—Mas fez. E sério, eu não preciso disso, Percy —não sei o por que, mas me deu vontade de chorar. —Eu preciso de alguém que se importe comigo, que me faça sentir viva.

—Amor —Percy se levantou e veio até mim, ele agachou e segurou minha mão. —você sabe que eu posso te fazer feliz.

—Você já me fez feliz —me levantei e afastei-me dele —mas isso foi a muito tempo. Agora… Agora eu não quero mais —foi estranho falar isso. Senti um aperto em meu peito.

—Não… Annie não faz isso —está na cara do Percy que ele está desesperado. —Por que tá falando isso!? Por que quer terminar sem tentar de novo!?

—Nós já tentamos muito e sempre dá errado —meus olhos se encheram de lágrimas. Por que estou tão emotiva com isso? Afinal, eu quero terminar com ele… Ou não? —E como eu disse, eu preciso de alguém que me faça bem.

—E quem é esse alguém, Annabeth? —Percy suspirou. —Vai me falar que é o seu chefe?

—É Percy, é ele sim. —falei nervosa —Ele me faz rir, me trata bem e…

—É lógico que trata —Percy riu irônico.

—Qual o motivo da graça?

—Ele te trata bem só porque quer te comer, Annabeth —ele disse e eu o olhei ríspida —eu sei que você não gosta desse termo, mas é a verdade.

—Bem, então ele conseguiu —cruzei meus braços.

—Como ass… —Percy olhou para o chão. —Você foi pra cama com ele?

—Na verdade, foi no carro.

—Por que você fez isso!? —Percy me olhou com raiva.

—Por que só você tem o direito de transar com outra pessoa? —falei no mesmo tom.

—Eu estava bêbado!

—Eu estava com raiva!

Percy suspirou.

—Eu causei tudo isso, não posso te culpar.

—E eu digo que ontem eu tive a melhor noite da minha vida —falei e Percy me olhou, isso definitivamente o magoou. —Você não faz ideia do que eu senti quando a boca dele beijava cada centímetro do meu corpo.

—Para —Percy fechou os olhos.

—E quando ele foi até lá… —suspirei— Meu Deus, eu nunca senti tanto prazer.

—Para, Annabeth —ele me olhou.

Comecei a rir.

—Você não aguenta imaginar outro homem com as mãos em mim, não é? —me aproximei dele. —E eu te garanto que teve muito mais que as mãos dele em mim.

—Por que está fazendo isso comigo? —Percy tinha lágrimas nos olhos. Desviei o olhar, me senti mal em vê-lo desse jeito.

—Porque eu quero que você sinta o que eu senti. É péssimo, não é? —Percy não me respondeu. —Eu preciso trabalhar —me sentei na cadeira —e acho que você também.

Percy passou a mão no rosto e pegou o buquê de flores e os jogou no lixo. Ele não disse mais nada e saiu da minha sala.

Tentei me segurar, mas assim que ele saiu, eu disparei a chorar. Sinto que meu coração pede para eu correr atrás dele e fazermos as pazes, mas minha cabeça fala para eu o deixar e ficar com Nathan… Eu não sei o que fazer.