Striker - A Bruxa, Os Deuses, Anjos & Mortais. escrita por Lucas Chroballs


Capítulo 10
Uma casa de bonecas perturbadas




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Próximo à Igreja Central

Os corpos dos indigentes, deixados pelos militares no beco próximo à casa de Donatella, já não se encontram mais lá. Porém, o forte odor de carniça e sangue impregna o local pelo qual uma jovem moça encapuzada e com vestimentas de inverno caminha a passos firmes.

— Toque, toque, toque... – ela fala sozinha em tom baixo e com certa dificuldade, como se tivesse algo a atrapalhando na garganta.

Não parecendo se importar em pisar no sangue seco, a jovem esbarra em um homem ao sair da viela. Ele estranha a ação da mulher e encosta levemente em seu braço.

— Tá tudo bem? — pergunta o rapaz.

Ela não aparenta ter ouvido muito bem, mas olha minuciosamente para o rosto dele e pergunta:

— Você me acha bonita?

— O quê? — Ele não entende o sentido de sua pergunta.

A jovem não diz mais nada, apenas saca uma adaga do bolso da blusa e crava no coração dele com força. Seu corpo se ajoelha perante o dela até cair aos seus pés. Ela  o olha por um tempo, e então continua a andar em direção ao Norte.

No apartamento da Striker

Lauro continua sentado à mesa de refeições da cozinha da Striker. As escamas douradas da cadeira começam a se mexer rapidamente de forma repetitiva, por saber que se trata de alguém que a dona desgosta.

— Isso parece um museu das artes ocultas... Até suas cadeiras se parecem com você. — Ironiza Lauro.

— Essas escamas não foram fáceis de se achar, e você está as sujando com essa bunda fedida? — pergunta Striker — Como entrou aqui?

— Seus aliados me deixaram entrar. Eu sei que parece estranho, até pra mim isso não é normal, mas eu vim aqui porque preciso de sua ajuda. — diz Lauro em tom de voz calmo, mas firme.

— Hm… — Striker começa a pensar nas coisas que Lauro já proferiu contra sua pessoa. — Esse é um pedido tão tentador, que estou pensando seriamente em como recusá-lo sem parecer rude.

— Espere, Alice... — diz Ganesha, erguendo a palma de uma de suas mãos para ela. — Eu sei que a relação entre vocês não é uma das mais amigáveis, mas pelo menos escute o que este homem veio dizer.

Striker anda até a mesa, que, ao notar sua presença, desliza para a parede e se transforma em um quadro com uma pintura caótica.

— Incrível… Ah?

— Vai achar isso mais incrível. — Striker comprime suas pistolas com as mãos e as abre rapidamente, fazendo surgir várias adagas douradas apontadas na direção do padre. — Eu não sou muito de matar pessoas como você, mas tudo isso pode mudar, depende do que vai falar.

O padre não se intimida com sua magia, e abre um sorriso debochado na intenção de provocá-la.

— Era para eu estar gritando de medo? Já vi todos os vasos da igreja explodirem com um estalar de dedos… Sua magia não me preocupa mais. — Ele aproxima mais ainda sua testa de uma das adagas. — Mas talvez preocupe eles...

Pensativa, a bruxa desconfia do assunto do padre, então pergunta a ele:

— Se refere ao exército de Margo’on, docinho? Eu já vi eles e já sei de quem é a culpa de todo o acontecido.

— Eu também sou uma vítima nessa história. Eles dizem que aprovei o protocolo 32.84-7 sobre a intervenção dos militares de Margo’on nesta ilha. Mas tenho toda a certeza de nunca ter assinado nada do tipo. — diz Lauro, nervoso.

— Então, quem foi? Porque até onde todos sabem, só você tinha esse poder. — diz Donatella.

— Também estou a descobrir isso. Quero que me ajudem a descobrir os responsáveis disso tudo para ver se temos chance de reverter este problema.

— E porque devemos gastar o nosso lindo tempo com você? — pergunta a Striker em tom desdenhoso.

Um silêncio se instaura no ambiente, deixando todas as imagens dos azulejos aflitas.

— Porque os militares querem propor a intervenção militar nas demais ilhas do arquipélago! — Afirma Lauro.

O silêncio continua na cozinha até Kim abrir sua boca para debochar da situação:

— Que os poderosos me liberem dessa vida se eu tiver que estudar em escola militar em 2018.

— Pena que não são todos que pensam assim… — Striker afasta as adagas do padre e puxa uma cadeira para se sentar. — Pode rezar!

Lauro dá uma suspirada e engole sua saliva para rapidamente começar a explicar:

— A cada cinco anos, a Ordem Mundial leva para Margo’on um porta-voz de cada uma das ilhas para poderem debater os assuntos mais importantes do momento. Este ano será sobre a segurança mundial… Eles acreditam que o melhor caminho para disciplinar de uma sociedade é unificando seu sistema.

— Em uma ditadura? — pergunta Aine.

— Basicamente. Usarão o arquipélago como “exemplo” para depois levarem esta pauta em uma assembleia da ONU. Caso seja aprovado, a Ordem Mundial terá influência indireta sobre os países que concordarem com o protocolo.

— Mas pera lá, pra isso acontecer, todas as ilhas precisam aceitar essa coisa, não é? — pergunta a Kim.

— Não exatamente. Em uma conversa que tive com o General Ares, deu-se como entendido que a militarização das ilhas será forçada, caso não aceitem. E o maior foco deles é Verbelding.

— Aquela ilha esquisita e isolada? Querem controlar o que ali? Ventos e pedras?

— Já ouvi falar deste lugar, mas o que tem de tão especial para todos temerem essa ilha? — pergunta Striker.

— Segundo as histórias, na época em que a ilha foi colonizada pelos ingleses, uma revolta popular matou toda a família imperial que residia ali. Meses depois, todas as pessoas da ilha morreram e os laços exteriores com as demais ilhas foram cortados. Dizem que a matriarca imperial continua viva graças a uma maldição, e que até hoje ela permanece na ilha por causa de seus familiares.

— Ninguém nos dias atuais conseguiu comprovar se as histórias são verídicas. Os que entram naquele lugar nunca saem vivos. — diz Donatella.

— Mesmo assim, há anos que a ordem notifica Verbelding sobre os encontros da cúpula. Infelizmente, ninguém nunca apareceu.

Striker se manifesta após pensar bastante sobre o assunto.

— Foi bom você ter nos avisado, padre, mas teremos que deixar isso para segundo plano. Descobrir o que aconteceu naquele aeroporto e onde está Alexia é nossa atual prioridade.

— Referem-se a menina desaparecida da nobre família? — pergunta Lauro.

— Essa mesmo. Quando a gente pensou que tudo seria solucionado, mais problemas aparecem. Não foi isso que eu imaginei quando decidi sair da escola. —  Kim fala e suspirando com seu rosto no ombro da Loop, que a consola com um carinho na cabeça.

— Seus pais foram ao meu gabinete conversar sobre o assunto... São uma família problemática.

— Problemática quanto? — pergunta Striker.

— Sendo uma das famílias mais influentes de Vanilla, eles possuem veto no corpo de membros de assuntos na ilha. Em troca, a igreja garante o sigilo total de todas as atividades que possam manchar a reputação deles.

— E se caso um escândalo sobre essas famílias for levado a público? — pergunta Kim.

— O corpo de membros seria manchado pelo escândalo e nos encontraríamos na mira da Ordem Mundial, uma CPI seria criada para investigar cada um de nós. Os integrantes de veto devem ter ficha limpa sobre qualquer ato. Se encontrarem irregularidade, saberão que a igreja acobertou e que somos parciais. — Revela Lauro.

A atenção de todos é voltada a Lauro naquele mesmo instante.

— Precisamos saber tudo o que pudermos para que possamos resolver este caso. — diz Donatella.

Lauro olha para todos dando uma suspirada.

— Bom, comecemos do princípio...

Ele explica os problemas que rondam a família, e como a igreja agiu para manter os assuntos privados em segredo durante muitos anos.

Atrás de um posto de gasolina

Um frentista se encontra apoiado à parede do lava-rápido. Enquanto descansa, a mesma jovem do beco passa na sua frente e olha atentamente para ele. Com o som do salto dela, o rapaz a encara sonolento.

— Você não me acha linda? — pergunta ela.

— Não sei... talvez... — respondeu ele.

Ela se agacha e fixa seu olhar penetrante no dele.

— Você quer ter o meu rosto?

— Ah... — Ele passa a enxergar melhor e ver o rosto de retalhos de pano na sua frente. — Que merda é es...

Antes que ele pudesse ter qualquer outra reação, a jovem o golpeia no pescoço com a sua adaga e se levanta, continuando seu destino, deixando o homem sangrar até a morte.

No apartamento da Striker

Após todos entenderem a situação da família de Alexia, eles pensam em uma abordagem para que consigam encontrar a garota e as pessoas por trás de seu sequestro.

— Podem ter sequestrado ela, a família pagou um resgate e então ela voltou... não é? — pergunta Kim.

— Nada é tão simples nesse lugar, querida. Nunca é... — diz Donatella.

Striker olha para Aine no mesmo instante que uma dúvida paira sobre sua cabeça. Mas ao invés de expor seu pensamento, ela se levanta, ajeita seus longos cabelos brancos e decide agir rapidamente.

— Estamos a quase uma hora nessa fofoca e não chegamos a ponto algum. Padre, Aine vai dar suporte a sua causa já que ela é a única daqui que entende de diplomacia; Jaison, Kim e Loop vêm comigo; os outros ficam aí... Gente demais atrapalha, especialmente você, gata... — Ela aponta para Donatella. — Quero as respostas que me prometeu pra ontem!

A bruxa caminha até a porta, deixando todos sem entender muito bem o que acaba de acontecer.

— Vamos, Kim. — Jaison se levanta e vai junto da Striker.

— Se isso é ela sóbria, quero só ver quando a gente descer o litro na semana que vem.

Kim o acompanha, seguida por Loop que continua a estranhar a atitude repentina de Striker, deixando os demais na cozinha.

— Bom, melhor eu trabalhar nos meus estudos. Atualizem-me com notícias sobre o caso. — Donatella fazendo menção de caminhar até seu quarto.

— Quando ela voltar, me avise. — avisa Lauro, dando a Aine um pedaço de papel com seu número de celular.

Depois que ela pega, o padre dirige-se até a saída.

— Eu o acompanharei até a saída, senhor Michels. — diz Ganesha.

— Eu vou com vocês. Soube que abriu um lugar por aqui que vende frango frito... — diz Buddha os acompanhando.

A cozinha, antes pequena para tanta gente, agora vira um enorme berço para os pensamentos de Aine, que começam a ser refletidos nos azulejos, mostrando sua preocupação com alguns acontecimentos passados.

— Miranda... Por quê?

No gabinete da igreja

Enquanto preparam-se para ir a Cúpula da Guerra, Ares conversa com a tenente-general Leona sobre algumas pendências .— Lauro deixou uma enorme lacuna a ser preenchida na Cúpula. Precisamos de alguém com pulso firme para se opor à metade das propostas pacifistas deles e propor uma contramedida firme e déspota se necessário. Estarei ocupado com alguns afazeres neste dia, pode cuidar disso por mim?

— Sim, senhor. — diz a tenente.

Ares vira sua cadeira para a enorme janela da sala, enquanto Leona se levanta e vai até uma gaveta para retirar uma folha com informações sobre a reunião.

— Como anda a lista de convidados? — pergunta Ares.

— A única mudança é a saída de Lauro, todos os demais permanecem confirmados... menos Ghosttown e Verbelding.

— Olhe como são as coisas, tenente. Os lordes pretendem manter as ilhas ativas até quando? São apenas lugares inóspitos e cheios de problemas para a sociedade.

— Onna Shindra não está preparada para uma intervenção dessas. Declararmos tais atitudes, com ou sem aprovação do conselho, pode nos custar aliados fortes nesta luta, como Taikdarys.  — diz Leona.

— Você acha?

— O poder militar de Taikdarys é arcaico, mas organizado e eficiente. — Ela faz pequenas bolas de fogo em seus dedos, que iluminam seu cabelo platinado. — O mundo não faz mais inimigos como antes, general, de cães de guerra com carabinas a seres que vão além da nossa compreensão. Temos sorte de termos alguns deles do nosso lado.

Ele fica pensando por um tempo com as pernas cruzadas, enquanto passa a mão na barba, olhando para o reflexo na janela.

— O conselho vai aprovar...

Ares abre a gaveta da escrivaninha de araucária e tira de lá um papel azul e o carimbo com a logo de Vanilla. Ares escreve uma pequena carta, que depois envelopa e entre dois dedos para a Leona.

— Peça para os soldados de Maryene que levem esta carta com extrema urgência. — Ordena o general.

Leona olha para o envelope e não encontra nenhum nome ou endereço escrito.

— Quem é o destinatário, senhor?

Ocorre uma pequena pausa até Ares responder com um sorriso no rosto.

— Charlotte Drummond.

Após proferir o nome, um clarão surge no céu e a chuva começa a cair na cidade.

Em uma mansão ao norte de Vanilla

Ao cair da chuva no jardim, molhando o mármore da sacada do quarto. Eleonor se prepara para ir dormir, mas enquanto isso, conversa com uma amiga ao telefone.

— Alguma notícia da Alexia?

— Nenhuma atualização no caso. Mas ainda continuamos confiantes de que ela vai voltar. — Eleonor responde.

— Aquela entrevista que você deu para a televisão tocou meu coração... Acho que eu estaria desesperada atrás dela.

— Nem precisa procurar muito, provavelmente sua babá teria a sequestrado. — Eleonor dá uma leve risada no final.

— Diz ela que criou mais de cinco crianças em Chötgor, todos são a cara dela, é claro... Isso mostra o quanto essa ilha apenas serve para aumentar a população mundial e nada mais. — a amiga opina em tom preconceituoso.

No instante que Eleonor falaria algo, ela é surpreendida por um barulho vindo do térreo da casa.

— Donald?! — grita ela de seu quarto, mas não há uma resposta; então se despede da amiga para ver o que é. — Eu vou ver o que aconteceu. Deve ser um guaxinim no jardim.

— Boa noite.

— Boa... — Ela desliga o telefone e veste um roupão para descer as escadas e encontrar um arrombo na porta de entrada. — Patrick?

Os passos lentos e amedrontados de Eleonor ficam menos intensos quando seus pés descalços entram em contato com uma substância líquida e densa. Como sua unica fonte de luz era a da lua atravessando pela porta de vidro, Eleonor decide utilizar a lanterna do seu celular para olahr no que pisava, vendo uma grande poça de sangue que mancha seus pés.

Outro som é ouvido da cozinha e, mesmo nervosa, Eleonor ilumina o corredor por onde passa, vendo que há respingos de sangue manchando as paredes brancas e deixando o piso de madeira difícil de andar. Sem fazer muito barulho, ela caminha até o interruptor, mas ao tocá-lo é surpreendida por outra mão que o liga, a assustando.

— Oi, mãe! — diz Alexia com um enorme sorriso em seu rosto retalhado.

— Ale... — Antes que Eleonor pudesse terminar, sua filha a chuta com força contra a parede, batendo a cabeça e quebrando uma costela.

— Dói não dói? Ser apunhalada pela própria família... ah, como isso machuca...

Alexia tenta golpear sua mãe com a adaga, Eleonor se esquiva rapidamente em um pequeno avanço para frente, caindo logo em seguida e se arrastando pelo piso, parando ao ver o reflexo da sua filha olhando para ela.

— Você não pode ser minha filha... não assim... — diz Eleonor com medo em suas palavras.

— Até quando vai continuar sendo falsa? Não precisa fingir que se importa comigo, mamãe, já que o que mais lhe interessa aqui está nas calças de outra pessoa... — diz Alexia para Eleonor com um olhar sádico e visivelmente desconfortante por causa das costuras no rosto, que não se mostram muito resistentes.

O rosto de Eleonor deixa a expressão de medo e se transforma em desprezo ao ouvir cada palavra proferida por sua filha.

— Então é esse o motivo disso tudo? — Ela vai se levantando, com apoio da mesa de vidro. — Eu tinha total certeza que iria descobrir, até porque seu pai nunca fez muita questão de esconder. Patrick e eu tivemos um caso, assim como outras desta cidade já aproveitaram... Hoje em dia é ainda mais fácil, já que não tenho que pagar pela hora.

— Você me empurrou para um garoto de programa?! — grita Alexia.

— Por acaso você tem ideia do que isso poderia nos custar? A honraria de ser uma das famílias pertencentes aos membros do veto em Vanilla necessitava de alguns “apagões” em nosso passado, mas você sabe como é essa gente... Para calar sua boca deixei ele fazer parte disso tudo... só que com você.

A cada palavra de Eleonor, mais trêmula fica a mão de Alexia, que empunha a adaga; fazendo-a correr bruscamente na direção de sua mãe para golpeá-la no peito, mas acaba batendo o rosto com toda a força em um campo de energia que aparece entre as duas.

— Meu Deus... Mas o que é isso? — pergunta Eleonor, bastante assustada com as ações repentinas.

— Já percebeu que falatório antes de brigas só acontecem em casa de rico? — debocha Kim ao aparecer apoiada em uma parede atrás de Alexia.

— É engraçado, eles não sabem brigar... — diz Striker.

Eleonor fica tão surpresa ao vê-las, que seu corpo permanece imóvel e seus olhos, arregalados.

— V-Você é a b-bruxa que todos falam? — pergunta Eleonor.

— Até que apareça outra, eu… — Striker vai parando sua fala ao olhar para o rosto de Alexia. — Kim, acho que é ela…

Kim olha para o rosto da jovem moça e repara nas costuras se desprendendo em alguns pontos.

— Então, você é a garota do momento?

— Eu me lembro de você… — Alexia aponta sua adaga para Striker. — Isso também é culpa sua!

— Me diga o que não é culpa dela. —  diz Kim.

 Striker a encara e leva uma das mãos à parte de trás da cintura, pegando em uma das suas pistolas.

— É mais um problema para a minha biografia… — diz ela.

Na Igreja Central

Após os militares terem se retirado da igreja em direção a Margo’on, Lauro adentra o local espantado ao observar que ela está sendo modificada.

— Meu Deus... O que eles estão fazendo com nossa igreja? — pergunta ele a si mesmo, após ver que os vitrais estão sendo pintados de preto. — Querem retirar o único templo de fé de todos os habitantes desta ilha...

— Padre... — Lauro se vira rapidamente para uma mulher de roupas e véu preto cobrindo seu rosto, que está sentada em um dos bancos da igreja. — Não fale como se este lugar fosse um Vaticano... O dízimo de vocês não paga tudo isso.

— Quem é você e como entrou sem eu perceber? — pergunta Lauro, assustado e recuando em direção ao altar.

— Quem eu sou... Adoro essa pergunta, porque não há adjetivos que possam me definir. — Ela se levanta, mostrando que na verdade sua roupa faz parte de sua pele e todo o véu se desmancha ao seu primeiro passo. — Eu atendo por muitos nomes, quase todos você conhece, mas hoje me chame de Luxury. — A mulher abre um grande sorriso malicioso, enquanto anda na direção de Lauro.

O padre a olha milimetricamente, estranhando sua pele preta dela do busto para baixo.

— Você é mais uma daquelas criaturas que a Ordem tenta esconder do mundo? — pergunta Lauro.

— Eu não preciso de organizações para me esconder... elas que precisam esconder seus atos de nós. — diz Luxury. — Você é tão manipulável que estou tentada em deixá-lo vivo, só para que no futuro você caia sobre as mãos certas.

Continuando a recuar chegando à frente do enorme crucifixo branco e dourado, Lauro leva sua mão esquerda a parte de trás da cintura.

— Então continuará esperando minha queda, mas bem longe desta igreja! — O padre saca uma semiautomática e dá três disparos contra a cabeça da mulher, que cambaleia um pouco para trás, mas continua de pé. — Não sei o que você quer, mas não conseguirá nada comi...

Ele para de falar no mesmo instante que Luxury começa a se regenerar, mas não esboça nenhuma impressão sobre o que vê.

— Tem razão. Não conseguirei nada com você... por enquanto. — Ela ajeita seus longos cabelos pretos e lambe o sangue que escorreu em sua boca, olhando friamente para ele. — Até breve, Lauro...

 O crucifixo cai, fazendo um grande estrondo de metal caindo no chão, tirando a atenção dele por alguns segundos, mas quando se recobra, Luxury já não está mais presente no local.


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