A colecionadora de cicatrizes escrita por Triz Quintal Dos Anjos


Capítulo 14
Como morrer em dois passos! Aulas grátis com Emma Swan!


Notas iniciais do capítulo

TANAAAAAAAAAM! Olha só quem chegou antes de segunda?! Poi é, a minha intenção era ter postado ontem, mas a net foi dar uma voltinha e só voltou hoje. É tavez agora seja meio tarde e.e
Boa leitura!



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"Você pode ser incrível

[...]

Eu quero ver você ser corajoso."

—Brave, Sarah Bareilles

                               ❤ ❤ ❤

  Já parou para pensar no quanto sentimos falta das coisas que perdemos? Não são todas, claro, mas me arrisco a dizer que são a maioria.

  O mais triste é que nem sempre a culpa de você ter perdido a tal coisa, é sua.

  Uma das minhas primeiras amigas foi Tinker, uma loirinha geniosa, filha do jardineiro da nossa mansão no campo.

  Algo que nunca vou esquecer era a forma com ela era ligada á natureza.

  Não me entenda mal, todas as meninas que eu conhecia tinham nojo até do ar do campo.

  Mas Tinker não era assim. Ela andava descalço, não tinha nojo de insetos e não hesitava na hora de pular em uma poça de lama ou em um monte de folhas.

  Uma vez perguntei-a como ela era tão diferente das outras, como ela conseguia se sentir tão confortável daquela forma. “Não importa como os outros agem ou são, você tem que fazer o que acha certo. Eu não acho que devemos ser como nos dizem, todos deveriam ser apenas quem são.”, essa foi a resposta de uma garotinha de sete anos.

  A questão é: como ser quem você é, sem saber quem você é?

  Pois bem, isso Tinker não poderia me responder com sua mente fabulosa. Nossa amizade havia acabado muitos anos atrás e eu sequer tivera notícias dela nos últimos anos.

  Tudo o que sobrara de nossa amizade eram dúvidas. E isso era horrível.

  O pior de tudo é que eu sentia saudades. Daria tudo para poder apagar tudo de errado que tinha acontecido. Daria tudo para poder recomeçar, desta vez como alguém mais compreensiva. Mas não tinha como. Tinha acabado. Simples assim. Fim.

  Respirei fundo, tentando afastar aquele sentimento esquisito de mim.

  Tudo isso porque eu tinha visto um vestido verde no baú que poderia considerar como sendo propriedade de Regina Mills. Verde era a cor favorita de Tinker e isso costumava me irritar. Agora só fazia meu coração se apertar de saudades.

—E então, já se decidiu? – Perguntou Regina.

  Ela estava brincando com Henry, completamente avessa aos meus pensamentos esquisitos.

—Vou pegar esse azul, tudo bem?

  Ela olhou para o vestido que eu havia escolhido. Um azul, de tecido leve, com mangas que deveriam bater mais ou menos em meus antebraços.

  Já estava usando aquela roupa a meses, queria chegar á Arendelle pelo menos com a roupa limpa. Ou quase isso.

—Vai ficar lindo em você, mas não acha que aqui é um pouco mais frio para usar ele?

  Revirei o solhos me levantando e  fechando o baú.

—Está fresco hoje, não frio.

—Exatamente. Hoje. Mas e amanhã? Pode ser que faça frio.

  Dou de ombros.

—Eu  coloco uma capa ou sei lá. Vi que tem umas ali.

—Ok então.

  Caminhei até um espelho meio quebrado que Regina tinha encontrado ali mesmo no depósito e pus o vestido na frente do corpo para ver como iria ficar.

 Agora que a comida estava quase acabando encontrar coisas esquisitas vinha acontecendo com bastante frequência. Pelo menos eu acho esquisito ter um espelho gigante em um lugar onde se guarda comida.

—Fala assim filho, ma-mãe. – Regina repetiu pela milésima vez.

  Aliás, Henry estava nos dando trabalho. Ele tinha aprendido a engatinhar á alguns dias e estava deixando sua mãe maluca de preocupação.

—Ahh, buuuh. – Ele balbuciou.

—Não, não, não querido. Vou repetir: ma-mãe. Viu como é? Ma-mãe.

—Regina, ele ainda é muito novinho. – Digo ao me virar para os dois. – Além do mais, duvido que Killian não iria notar a presença de uma criança gritando “mamãe”.

  Regina faz uma careta.

—Você tira toda a graça das coisas. – Resmunga.

—Eu sou realista. – Corrijo.

  Ela me dá língua e se levanta.

—Vou lá fora, já volto.

  E sai antes que eu possa dizer qualquer coisa.

—Sua mãe é maluca. – Digo para Henry que ri para mim como se pudesse entender que era uma brincadeira.

  Troco de roupa ali mesmo onde estou, enquanto fico de olho no bebê que parece querer comer as mãos.

  Quando termino, me olho uma última vez no espelho só para ter certeza de que não coloquei nada do avesso ou algo do tipo. Por fim acabo prendendo meu cabelo num rabo de cavalo, já que aqui embaixo é bem abafado.

—Não, esse não bebê. – Repreendo Henry que estava prestes a colocar um objeto não identificado na boca. Pego ele no colo e começo  a balança-lo, fazendo sons estranhos, só para ouvir sua risadinha gostosa de bebê.

—Emma o... – A frase morre quando Regina vê aquela cena. – Depois eu que sou a doida. – Ela brinca deixando escapar uma risada.

  Dou língua para ela enquanto dou uma pequena pausa para recuperar o folego.

—Henry, diz para a mamãe como a tia Emma é mais legal. – Brinco e o menino abre um sorrisinho meio banguela.  Abro um sorriso e então começo a cantarolar meio silabicamente pulando como uma doida com ele. – Ti-a Em-ma! Ti-a Em-ma! Ti-a Em-ma!

  Regina morre de rir e o pega quando eu me canso.

—Ei, acho que o Mike precisa de você lá na cozinha.

  Franzo o cenho. Mike é um péssimo cozinheiro, mas ele nunca pede ajuda. Acho que é tipo um orgulho dizer que ele cozinha para um navio inteiro sozinho.

—Killian disse que você anda muito parada e blá blá blá. – Ela explica. – Achei que seria melhor que limpar o convés nesse sol.

—Com certeza é. –Confirmo com uma risadinha. – Estou indo lá.

—Boa sorte!

                                ❤ 

  Dei três batidinhas na porta da cozinha para anunciar minha chegada.

—Olá! – Cumprimentou-me Mike.

  Respondi com um aceno de cabeça e caminhei para perto dele.

—Posso ajudar com alguma coisa? – Pergunto meio tímida, a cabeça instantaneamente abaixada.

  Mike sorriu para mim.

—Pode cortar os legumes.

  Legumes? Mas faz tempo que estamos aqui no navio, eles não teriam estragado naquele calor insuportável?

—Ahn. – Digo meio preocupada.

—Ah! – Ele exclama, parecendo chocado. Admito que me assustei um pouco. – Me perdoe! Você não deve saber fazer isso, não é? Venha, eu posso te mostrar!

  Mike estava tão animado que não tive coragem de dizer o motivo real de eu ter feito aquela cara. E na verdade eu não estava errada, os legumes não estavam com uma aparência muito boa.

  Acontece que eu já sabia cortar legumas e tudo o mais. Eu até sabia cozinhar um pouquinho. Nada demais, só o suficiente para me virar caso fosse necessário.

  Granny olhou torto para mim.

—Assim não Emma, vai acabar se cortando. – Aconselhou segurando minhas mãos e posicionando-as da maneira correta.

  Assenti engolindo em seco e continuei cortando a cebola.

 Ruby sorriu para mim, me incentivando. Ela descascava batatas e era mil vezes mais rápida que eu.

—Você está indo muito bem! – Elas elogiaram juntas, fazendo com todas caíssemos na gargalhada.

  Por um milésimo de segundo faço um movimento desajeitado e acabo cortando um pouco meu dedo.

—Ai! – Reclamo balançando a mão.

  Granny e Ruby param de rir e ficam mais pálidas que defuntos.

—Ai meu Deus! – Grita uma Granny apavorada. – Você se machucou querida?! Me diga que não cortou o dedo fora! Ai meu Deus se seu pai souber disso irá me trucidar!

—Emma! Emma! Diga alguma coisa! Você está viva?! Diga que não morreu! –Gritava Ruby sem nem olhar para mim direito, acho que ela procurava o resto do meu dedo em algum lugar embaixo da mesa.

—Eu estou bem! Parem de gritar, por favor! – Grito de volta, num tom tão desesperado quanto o das outras duas.

  Repentinamente a cozinha cai num silêncio profundo enquanto olhamos umas para as outras tentando nos localizar.

—Eu sabia que você não estava morta. – Ruby quebra o silêncio.

  Eu e ela rimos, mas Granny pega um lencinho e começar a limpar meu dedo. Mesmo que eu diga para ela quinhentas vezes que estou bem.

—Emma, - Ela começa após me expulsar da cozinha por causa do acontecido. – não ligue para essas coisas, quando você erra. É com os erros que aprendemos, eles são importantes.

  Assinto, mesmo estando um pouco chateada.

—Eu sou péssima nisso Granny. – Me queixo.

—Não é não. Você só precisa treinar um pouco mais. Todo mundo pode fazer qualquer coisa. Não existe isso de ser ruim ou bom. Existe experiência, e isso qualquer um pode ter com um pouco de tempo e paciência.

  Ela sorri para mim e de repente não me sinto mais tão insegura.

—Só quero que me prometa que nunca vai duvidar do seu potencial. Você pode ser incrível querida, com um pouco de determinação, qualquer um pode ser.

—Eu prometo. – Digo abraçando-a.

  Só me dou conta de que muito tempo se passou quando percebo que Mike está me olhando assustado e me chamando umas mil vezes.

—O que? – Balbucio. – Onde tínhamos parado mesmo?

—Perguntei se você tinha entendido o que eu disse. – Ele respondeu me olhando de cima a baixo. – Você está bem?

  Assinto com um sorriso.

—Sim, ótima. Posso mudar um pouco o que você quer fazer?

—Ahn, claro. – Ele diz franzindo o cenho.

—Obrigada! Eu já volto, espere só um segundo!

  Saio saltitando até o depósito. Com certeza deve ter algo que não esteja estragado.

                                   ❤ 

  Bati com o pé na porta, já que minhas mãos estavam ocupadas com a bandeja que Regina havia me mandado trazer para o capitão.

  Me arrependi de não tê-la ouvido mais cedo, pois agora estava morrendo de frio. O céu havia simplesmente sido tomado por nuvens que cobriram o sol e, repentinamente, uma corrente de ar fria circulava, portanto eu estava congelando ali na porta de sua cabine. Desejei poder entrar naquele pequeno cômodo e fugir da ventania.

—Ah, é você. – Falou com desgosto.

—Vim trazer comida. –  Sorri erguendo a bandeja com dificuldade. 

—Pode voltar com isso. Estou sem fome.

  E bateu a porta na minha cara. 
  Pensei em voltar para a cozinha e me aquecer lá, porém sabia que Regina não permitiria. Vinha sendo assim nas últimas semanas. Eu trazia comida para Killian ou o arrastava até a grande mesa, onde todos comiam.

 O problema era que ele nunca, absolutamente nunca, era gentil comigo. E eu já estava considerando mandar ele para um certo lugar, mas, certamente, isso não era algo de meu feitio.

  Respirei fundo pensando no que fazer, então uma brisa gélida varreu o navio, entrando por debaixo dos panos leves de meu vestido e fazendo-me congelar.

  Bati na porta novamente.

—Vá embora Swan!  –  Killian gritou.

—Se não quer comer, ao menos deixe-me entrar. Está frio aqui fora e minhas roupas são muito finas para me aquecer. – Pedi o mais gentilmente que consegui.

  Talvez ele se compadecesse. Eu, pelo menos, tinha ficado com pena quando ele disse que não estava com fome e que iria depois. A questão é: eu sabia que Killian não iria. Então, decidi trazer a comida, e Regina me incentivou. Mas, claro, ela iria me mndar voltar se eu chegasse com a bandeja cheia.

—Volte para a cozinha, ora!

—Você,– me corrigi imediatamente –  quer dizer, o senhor, sabe que Regina ficaria furiosa e me mandaria aqui novamente. 

  Killian não disse nada, então continuei, desesperada:

—Por favor! Estou congelando aqui! Daqui a pouco irão me confundir com um boneco de neve!
  Logo a porta foi aberta e eu suspirei de alívio entrando apressada. Coloquei a bandeja em sua escrivaninha enquanto ele trancava a porta novamente. 

  Fui para o canto do quarto e cruzei meus braços tentando me aquecer. Meu queixo não parava de bater e eu tremia muito. Eu devia ter ouvido Regina.

  Killian sentou-se na beirada da cama e focou o olhar nas estantes de livros, mas eu sabia que ele estava viajando em seus pensamentos.

—Es-está preocup-pado com o q-que? – Perguntei tremendo.

   Killian olhou-me com irritação, porém não respondeu.

 Talvez ele estivesse assim por meu pai ainda não ter dado nenhum sinal de que estava preocupado comigo. Eu sempre soube que ele não pagaria nenhum tostão por mim.

—Eu não entendo. –  Ele bufou indignado. 
—O-o que? 

  Minha tremedeira já estava me irritando. Se tinha uma coisa que eu odiava, era parecer idiota perto das pessoas – principalmente se essa pessoa era Killian.

—Seu pai! – Ele exclamou, focando seu olhar em mim. –  Como um pai pode não ficar preocupado com a própria filha?!
  Engoli em seco. Foquei o chão com os olhos. Eu devia contar para ele? Poderia implorar para que me deixasse ficar no navio? Eu não queria voltar para casa...

—Swan, o que está me escondendo?

—Na-nada sen- senhor. –  Respondi ainda olhando para o chão.

  Eu devia dizer?

  O ouvi suspirar e, quando finalmente ergui meu olhar,  Killian estava bem em minha frente, estendendo-me seu sobretudo de couro.

  Questionei-o com o olhar. 
—Coloque isso antes que eu mude de ideia e te ponha para fora. Essa sua tremedeira está me dando nos nervos.

—Como quiser. – Respondi pegando a peça de roupa. Não me importei em deixar transparecer minha alegria repentina. – Obrigada. – Falei depois de colocar o sobretudo quentinho, que ficou gigante em mim.

—O que disse? –  Ele me olhou, parecendo surpreso.

  Franzi o cenho. Eu tinha dito algo errado? Não, eu só havia agradecido. Isso não era errado, era?

—Agradeço-lhe pelo sobretudo. De verdade. – Repeti enfaticamente. 

  Killian ficou me olhando por um tempo, eu não soube dizer o motivo.  Sem saber o que fazer, apenas desviei o olhar, meio sem graça.

— O senhor não vai comer? – Perguntei, apenas para quebrar o silêncio.

  Killian se deu conta do que estava fazendo e desviou o olhar para a bandeja.

—Estou sem fome.

  Sorri e me aproximei alguns passos.

—Coma só um pouquinho, por favor! Fui eu que fiz! – Falei sentindo um misto de orgulho e timidez. Meu rosto logo corou.

  Killian riu.

—Você? Cozinhando?

  Ergui a sobrancelha e pus as mãos na cintura, me sentindo incrivelmente segura.

—Algum problema?

  Ele negou, mas reparei que estava tentando segurar a risada. Isso me deixou meu sem – graça, não sei porquê. Apenas desviei o olhar.

—Vou comer só para ver isso. – Ele disse, em seguida.

  Me aproximei, encostando-me na parede ao lado, observando-o comer em sua escrivaninha. Era estranho, mas não desagradável.

  Pela primeira vez desde que começara a vir chamar Killian para comer, não me senti desconfortável, com raiva, ou insegura. Era apenas estranho que ele não estivesse sendo irônico, ou que não estivesse me ignorando. Era estranho o simples fato de termos conversado um pouco.

  Killian olhou para mim quando terminou e, estranhamente, me senti meio nervosa. Minhas mãos ficaram mais frias e eu tive medo de sua resposta. E se ele não me achasse uma boa cozinheira? Eu não lidava muito bem com críticas, era algo que ainda estava trabalhando.

—Depois disso aqui, nunca mais quero comer a comida do Mike.

  Quando compreendi suas palavras sorri, tão feliz que poderia sair dançando e cantarolando como uma criança.

—Então o senhor gostou? – Perguntei, abaixando a cabeça, meio envergonhada.

—Se eu não tivesse gostado, seria louco.

—Fico muito feliz que tenha gostado! – Falei, soando um pouco alegre demais. – Até mais!

  Ele não me respondeu, nunca respondia. Mas eu não me importei. Realmente estava feliz.

  Ele tinha gostado da comida. Era o que importava.

                                  ❤

—Você tinha que ter visto, Emma! – Dizia Regina, animada. – Quando eles colocaram a primeira colher na boca ficaram impressionados!

—Sim! Sim! Sim! – Se intrometeu Mike, que saltitava como se fosse uma criança. Por vezes eu, sinceramente, achava que era. – E quando contei que você é quem tinha feito? Nossa, eles ficaram ainda mais surpresos!

—É uma pena que você não tenha visto. – Lamentou-se Smee.

  Regina e Mike concordaram silenciosamente.

—Ah, eu queria mesmo ter visto! – Disse com  uma risadinha. – Mas vocês nem vão acreditar no que aconteceu hoje!

  Todos olharam para mim curiosos, fazendo-me rir. Sentei-me na mesa, onde algum tempo atrás os marujos comiam.

—Consegui convencer Killian a comer e— enfatizei – ele elogiou a comida.

  Os três ficaram boquiabertos.

—Killian? O nosso capitão? Tem certeza de que era ele? Talvez fosse um clone, uma alucinação!

— Não Mike, era o nosso capitão. – Confirmei, gargalhando.

—Uau, eu nunca conseguiria prever isso. – Falou Regina.

—Muito menos eu! Quando conversamos eu já fiquei admirada!

—Vocês conversaram? – Eu me surpreenderia se algum dia Regina encontrasse seu queixo novamente. – Meu Deus!

  Smee franziu o cenho.

—Espere, – começou ele. –  e esse sobretudo, não é dele?

  Olhei para mim mesma e bati em minha testa. Droga.

—Sim.

  Nos minutos seguintes tive que explicar detalhadamente o que havia acontecido. Nenhum de nós percebeu quando os assuntos foram emendando um no outro, até que horas tivessem se passado.

  Quando isso aconteceu, corri até a cabine e devolvi o sobretudo para Killian. Bom, ele só perceberia quando acordasse.

  Me recolhi no quartinho ao lado, mas as coisas não permaneceram calmas por mais muito tempo. Quando Killian acordou parecia outra pessoa. Saiu batendo os pés, a porta e, provavelmente, cuspindo grosserias para os marujos desprevenidos que se aproximavam.

  Eu não queria me preocupar, não queria me aborrecer, até porque não havia nada que pudesse fazer. Então fechei meus olhos e dormi.

  Foi frustrante quando acordei no meio da madrugada. Contudo logo a frustração se transformou em medo quando ouvi o choro de um certo bebê.

  Me levantei num salto e corri até o depósito. Killian estava dormindo novamente, mas com aquela barulheira seria uma questão de tempo até que acordasse e descobrisse o segredo de Regina. E isso não era algo que eu gostaria de presenciar.

  Quando entrei no depósito encontrei Mike e Regina parecendo duas baratas tontas, andando em círculos e falando coisas sem nexo enquanto Henry se esgoelava em sua cestinha. Aliás, ela já estava ficando um pouco pequena para ele.

—Ei! O que está havendo aqui?! – Perguntei um pouco exaltada. – Dá para ouvir ele lá de cima!

—Nós sabemos! – Disseram em uníssono.

  Regina respirou fundo e fechou os olhos com força.

—Acho que ele piorou. Já tentei de tudo, mas nada funciona. Pensei que ele já estivesse se curando.

  Então seu lábio inferior tremeu e ela desatou a chorar, como sempre acontecia quando não sabia o que fazer. Enquanto Mike murmurava coisas como “ele vai ficar bem, querida.” E “não se preocupe, não deve ser nada demais!”, eu corri até o bebê.

  Mike costumava me dizer que eu tinha o instinto materno muito aflorado, apesar de ainda não ser mãe. E, quando as palavras escaparam de minha boca antes que eu pensasse no que ia dizer, eu tive certeza de que ele estava certo.

—Talvez ele esteja com frio, não? Essa roupa é muito fininha. – Constatei tocando na camisolinha.

—Não é possível! – Disse Regina. – Ele estava enrolado na manta!

  Ignorei seu comentário e o enrolei na mantinha e bastou alguns minutos até que o choro cessasse.

—Você é uma bruxa, não é possível. – Disse Mike, incrédulo. – Nós pensamos em absolutamente TUDO, menos que ele pudesse estar com frio!

—Emma, você é uma ótima pessoa, mas ás vezes faz eu me sentir uma péssima mãe.

  Revirei os olhos.

—É como eu já te falei dez mil vezes: se você ficar nervosa, não vai conseguir pensar direito.

—Obrigada. – Regina disse me abraçando. – Não sei o que seria de Henry se ele não tivesse dois tios tão maravilhosos quanto vocês!

—Assim eu choro! – Brinquei ao soltá-la. – Tenho que subir, Killian ainda pode ter acordado com essa criancinha aí. – Apontei Henry com o queixo.

—Tem razão. Vá lá. Você também Mike, vai dormir com os outros.

—Nossa, eu ajudo e ainda sou expulso dessa forma! – Ele brinca.

  Saímos os dois e seguimos cada um para nossos respectivos rumos.

  Agora, imagine o tamanho do meu pavor ao encontrar um capitão furioso me procurando em sua cabine.

—SWAAAAAAN! – Ele gritou, com tanta raiva que pensei que seus olhos fossem fgogo puro.

  Naquele instante fiquei paralisada na entrada da cabine, olhando-o como se fosse uma presa encurralada. A única coisa que me ocorreu foi: ele havia ouvido Henry.

                            ❤ 

 

 


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Notas finais do capítulo

A PRIMEIRA CENA FOFA DE CS MINHA GENTE! Sei que não foi naaaaaaada demais e que no fim deu ruim de novo, mas o importante é que aconteceu, não? :p Enfim, Killian ainda vai dar muito trabalho. Como eu já disse para algumas leitoras, o heart dele está lerigouzado, Emma tem que derreter o gelo antes do amor verdadeiro começar vhbvhsbv Ai mds, ás vezes sou mt idiota kkkkk
Enfim, espero que tenham gostado :) Até segunda meus amores!



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