Eu caminhava pelo Central  Park. O vento se  chocava  suavemente   contra meu rosto.    Era  um belo dia de  inverno. Ajeito meu cachecol para  poder  me esquentar melhor.   Eu olhava  as  crianças  correndo e  brincando na neve. Crianças  são simplesmente  ás  melhores   coisas  já criadas. Elas  são seres   repletos de  purezas e ingenuidade.Coisa que ao entramos  na fase adulta  perdemos.

Sento num banco de madeira  e  pego o meu caderno para reescrever  mais de  meu capítulos. Entretanto, sou interrompida por soluços. Olho para o lado e me  deparo com uma  mulher aos prantos.

—Senhora, você está  se sentindo bem?  - Pergunto  preocupada.

Um dos  meus  maiores  defeitos é querer ajudar  a todos  o tempo todo.  Até  ás  pessoas  que mal conheço.

— Na verdade, não!  - Disse ainda chorando.

—  O que  sente,senhora? – Indago.

Ela parou de chorar.

—  Por favor, me  chame de Hera.  – Pediu. – EU sinto muita raiva e tristeza. Meu marido vive me traindo e minha  família ás  vezes é enlouquecedora e insuportável.   – Desabafou Hera.

— Eu sinto muito!  - Digo cabisbaixa. -  Já  pensou em pedir  o divorcio e se  afastar por  um tempo  de sua família?   Só para  poder  esfriar a cabeça.   – Sugeri a ela.

— Não tenho muitos amigos, para procurar.  -  Fala  cabisbaixa.

Eu particularmente, não sei o que me deu.  Uma  ideia  maluca  passou pela  minha cabeça. E  quando dei por  mim, eu já  me encontrava  oferecendo minha casa para aquela  mulher  desconhecida.

— Por que  não fica na minha casa?  -  Ofereço a Hera.

—   Você aceitaria  uma pessoa estranha,na sua casa?  -  Pergunta Hera descrente.

—Sim, por isso estou oferecendo!  - Digo dando de ombros.

—Seu marido não ira reclamar?  -Indaga Hera.

—  Não sou casada! – Neguei.  –Eu moro sozinha desde  os dezoito anos .  – Informo.   -  Ter  você  como companhia pode até ser legal.

— Eu aceito sim! – Disse hera  dando um pequeno sorriso.  – Você  é muito doce e gentil,obrigada!  -  Agradeceu  Hera.

 Se ela  me conhece-se  melhor veria que  de doce  eu não tenho nada.  Ela me  odiaria e diria  que eu era  uma sem vergonha.   Trabalhar  como  dançarina  não tinha uma  fama  muito boa.

— Disponha!  - Digo ignorando os elogios. Já estou acostumada com as  ofensas.

Nós  duas  nos levantamos do banco e pego uma  das malas dela.

— Não precisava!  - Disse  Hera.

—Deixa disso! Eu gosto de ajudar -  Respondi dando um meio sorriso.

 Nós duas fomos  conversando sobre a família de Hera pelo caminho inteiro.

—Seus olhos são lindos!  - Comentou  Hera.

— Há eles  não te nada demais.   São só castanhos, mas  o seu é  muito bonito!  - Digo  rindo.

 - São bonitos sim!  -Afirmou  Hera. – E  me transitem verdade! Tudo que eu mais preciso!  - Disse dando um sorriso fraco.

Resolvo não falar  mais  nada e  nós duas  continuamos  o trajeto inteiro caladas. Depois  de algum tempo andando chegamos  na  minha casa.  

— Olha não é uma  mansão de luxo,mas é bem confortável.   –Comentei.

—Eu adorei!  -Exclamou Hera, entrando assim que  eu abri a porta.  – Achei quentinha e  acolhedora,como uma  casa de verdade. – Disse Hera voltando a  seu estado de tristeza.

—Sua  casa  é grande  - Pergunto.

—Muito! Mas  falta  amor,entende?   - Indaga   Hera.

— Não, muito!  - Confesso a ela.    - Tive sorte  no quesito família.   – Digo me lembrando de como meus pais eram carinhosos.

— Eu fico muito feliz por você!  -Diz olhando no fundo de meus olhos.

 Ficamos desse  modo por alguns minutos,até que   eu corto o contato visual.

— O quarto de  hóspedes fica  no final do corredor.  O jantar  sai as  oito em ponto e o banheiro fica  perto do seu quarto.    – Informo.   -  Agora,fique a vontade,pois eu vou descansar.   -  Digo indo para  meu quarto.

No meu quarto pego uma roupa de ficar em casa  e vou para  o banheiro tomar um banho relaxante.   A água sempre  me  fez tão bem. Depois do banho fui para sala e Hera estava lá  olhando uma foto. Assim que  ouviu meus  passos ela guardou rapidamente.Resolvi não perguntar nada.

— Pode tomar seu banho se quiser!  - Digo   para ela.

— Já  vou indo para o banheiro! – Diz se levantando no sofá.  – Obrigada mais  uma vez! – Agradeceu mais uma  vez.

“Mal sabia  eu  naquela época que  minha vida estava prestes a mudar.”