Quando  Hefesto me disse  isso eu entrei em  pânico.   Digo  já haviam me dito que   Aurora queria me controlar e toda aquela ladainha, mas sentir!  Mas sentir ela se manifestando em mim foi uma  experiência traumatizante.  Não   ter controlar sobre seu corpo  era   horrível e  eu não quero sentir isso novamente.  Me  afasto de   Hefesto nervosa  e   começo a andar de  um lado para o outro naquela praia deserta.

—  È   uma  ótima  vida a  minha!  - Digo sarcástica.     – Se Aurora  pode me  fazer engasgar com  meu próprio  vômito e sangue, imagina  o que ela ainda pode  fazer comigo?!   - Praticamente  berrei.

—Emma se acalme por favor.  – Pediu Hefesto tentando encostar em mim.

— Me  acalmar?!   - Gritei   me afastando.   – Não sei  se  você  percebeu  mas   meu corpinho foi  violado por aquela  louca que me  fez vomitar  até sair sangue!    Que tipo  de merda  eu devo ter  feito para ter  uma  vida tão merda assim!   -    Reclamo  tampando meu rosto.    -  Eu só  queria   ficar  com meus pais  na  nossa antiga casa, onde  minha vida era  melhor do que esse coco de  hoje!

—  Eu não queria te irritar, eu só não quero que tenha  um treco aqui!  - Hefesto se defendeu.

— Eu sei e sinto muito se   te ofendi.   -  Falo sincera.  – Mas,  eu estou no meu direito de surtar, você  viu  a   porra  que aquela   deusa semimorta  fez  comigo! Nem ferrando eu irei   ficar  assim.  – Comento para  mim mesma.

—   Assim como?   - Questionou.

— No escuro  Hefesto!  - Respondi.   -  Tá me contaram a historinha dela e sim  é triste,  mas   ninguém  quer me falar  o que  pode acontecer comigo! Ninguém quer me falar  comigo sobre a  maldição do Ares que me  envolve!    - Digo com raiva.  - Quando cheguei  nesse lugar  fui hostilizada por  Zeus, Afrodite e  Ares!    E  ninguém  me perguntou como  eu estava me sentindo de verdade!  - Acuso.

—    Eu sinto muito.   – Hefesto diz  cabisbaixo.

— Eu estou pirando, pirando!    - Digo nervosa.  – E  algo me diz  que vou pirar ainda mais, pois á  muitas coisas que terei que descobrir e  pelo o  que vejo  terei que  fazer sozinha.  

—  Eu lhe falei tudo o  que eu podia.   -  Ele  me disse  e   eu assinto com a  cabeça.

— Eu quero  beber.     -    Falo  em  voz alta.    – Beber  pra caramba até  desmaiar.     Eu  só  quero   me esquecer   de como do dia  para noite  tudo virou  essa  grande  bagunça.     -  Confesso.    -  Hefesto   eu não  quero ser tão importante assim.

—     Como?

—   Sabe ser  importante.  Eu sou a pessoa  que  uma deusa irá  usar como seu corpo.     -     Falo e olho  para o chão.    – Eu  não quero isso.   Eu me acostumei com o tipo  de vida que eu levava desde que meus pais morreram.

— E como  era essa vida?    - Ele  me perguntou.

— Eu era uma autora fracassada. Trabalhava de  garçonete  de dia e  stripper a noite.     -     Digo  cabisbaixa.    -   Eu ia em festa e ficava com uns  caras  bonitos  por esporte e eles me davam coisas ás vezes.    -      Eu olho  para o  mesmo.      – Não é  uma vida para se  orgulhar, mas era  uma vida  em que ao menos eu tinha total controle sobre meu corpo, sobre meus sentimentos.    Eu não corria risco de  ser casca  de   Aurora.   -  Dou  de  ombros.

—    Emma você  não deseja mais da vida?     -  Hefesto pergunta.   -  Digo tente tirar  alguma coisa dessa experiência   que  você está vivendo,  não  é sempre  que mortais são permitidos no Olimpo. Isso  raramente acontecer.   – Ele  me conta.

— Devo  me sentir honrada?  - Zombo.  –Desculpe   mas  não.     – Respondi  de mal grado. 

Hefesto solta um longo suspiro  e me pergunta se eu quero voltar e  eu digo sim.      Fecho  os meus  olhos e  quando os  abro estou no templo  de  Hera novamente.    Hefesto   disse para eu tirar proveito dessa experiência.  Olhei  em volta e  vi  bastante coisas  antigas e valiosas.    Se  eu pegasse  algumas coisas e  vende-se poderia juntar    uma grana  boa.    Eu sinceramente   não quero mais trabalhar como   Stripper mais.

Meus pais   eram contra tudo o que eu faço e se eles pudessem    ver no  que eu pensava,  eles me desaprovariam.  Mas, eu sinceramente  estou  cansada de  ser   uma  otária  boazinha.     Eu   passei minha vida inteira sendo hostilizada  apenas  por ser diferente das demais crianças.   Quando meus pais se  foram eu fiquei perdida.  Minha tia conseguiu  tomar a empresa de  mim, antes que ela fosse a falência.   O único  cara que um dia eu amei me trocou   pelo meu melhor amigo.  Sim  melhor amigo.   Todos eles se aproveitaram da minha  bondade sem limites que eu costumava ter.

Mas de  uns tempos para cá, passei  a perder esse lado meu.    Sou como um  lobo solitário  que  vive para sobreviver.  Faço  o que foi preciso  para  não ir para  sarjeta.    E    se esses  olimpianos acham que  eu sou  uma  trouxa que  vai ficar sendo pisada por todos,   estão errados.          Paro de caminhar pelo  corredor   e caminhei para a saída  do templo.     Até  parece que eu irei ficar  no escuro!    Eu vou    agora saber  a  maldição  de  Ares,  nem que eu tenha  que dar na cara do mesmo.

— Aonde  vai?   - Hefesto grita.

— Vou  tirar o resto da  história a  limpo.  – Respondo séria.

—Ares e  Afrodite  podem ainda estar  juntos.  – Comentou   Hefesto.

Parei em frente ao espelho   no corredor e comecei a falar que nem uma  louca.

—  Escuta aqui Aurora!  -  Gritei.   –Segura a sua onda  por alguns minutos.  Eu sei que dor de corna  doí, mas  eu preciso   saber   que droga de  maldição é essa.    -   Falo e  volto a caminhar.

Se eu ainda estou  surtando a resposta é sim.     Aquela manifestação  que Aurora  fez em mim, ainda estava me deixando perdida.   Caminho   a  passos  rápidos, ignorando    os  olhos das criaturas que   habitavam aquele lugar.     Quando cheguei sai entrando  mesmo e  fui até o quarto.  Não Ouvi gemidos e então  entrei.

Abri  a  porta e vi que os dois  estavam dormindo uns nos  braços do outro.    Eu não senti  absolutamente nada, como  era para ter sido da primeira  vez.      Tive  uma ideia  e  fui buscar  uma  vasilha  com água que por sorte, consegui achar.  Voltei ao quarto e com um sorriso maligno, derramei o conteúdo na cara dos dois.

Afrodite  e  Ares acordaram no pulo.    Eles  olharam ao redor confusos e  molhados. Até que finalmente me notaram.

— Meu cabelo!  -  Afrodite  gritou.

—  Que merda  você  pensa que está  fazendo?   -  Ares grita.

— Eu  quero algumas respostas e  você vai me dar elas!   -    Falo dando  um sorriso maldoso.