Desenhando Futuros escrita por R_Che


Capítulo 15
Capitulo 15


Notas iniciais do capítulo

Aqui está ele. E este é bem pequeno mas mais intenso e importante do que parece.



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Eram 4 horas da madrugada e Rachel estava sentada no bar do hotel numa das mesas centrais. O bar era exposto para o hall, subia-se duas estadas e havia a ilha do balcão e algumas mesas com sofás individuais à volta. A morena estava sentada num desses sofás com vista para os elevadores do hall de entrada do Hotel com um copo de wisky na mão e o olhar fixo no fundo do mesmo. Era uma bebida que contrastava com a sua personalidade, mas o suficientemente forte para o que ela pretendia no momento. Sem nada dizer, viu Quinn chegar e entrar no elevador. A designer tinha um ar cansado, e ao entrar e pulsar no botão que a levaria ao seu piso, quando as portas se estavam a fechar fixou o olhar no de Rachel surpreendendo-se de a ver ali. Baixou nela a sensação de que estava num filme, e nada daquilo fazia sentido. Rachel tinha um semblante tranquilo e levou o copo à boca. Foi a última imagem que ela viu da morena antes das portas se fecharem por completo.

Rachel voltou a fixar o olhar no copo e um sorriso leve mas sarcástico desenhou-se nos seus lábios.

Chegou ao seu piso e as portas abriram. As suas capacidades motoras estavam boas, mas o cérebro dela não processava a informação de que tinha de sair do elevador. As portas voltaram a fechar e ela ficou lá dentro sem carregar em nenhum botão por alguns segundos.

Ganhou coragem e tocou no piso 0 para voltar para baixo. Quando as portas abriram, Rachel estava no mesmo sitio mas agora com o olhar perdido dentro do copo. 

Quinn caminhou na sua direcção, pousou a pochette em cima da mesinha, e embora Rachel soubesse que ela estava ali continuou com o olhar no copo, a loira sentou-se no banco em formato de sofá em frente a ela e cruzou a perna. 

Rachel não olhou para Quinn em nenhum momento antes que a loira falasse, e Quinn sentiu uma preocupação estranha.

— O George levou-me à Torre Eiffel a esta hora da noite. Não era suposto conseguir subir tão tarde, já estava fechado, mas ele conseguiu convencer o segurança. A vista é bonita com a cidade iluminada. - disse a designer sem respirar mas com calma e sem nenhuma intenção de provocar Rachel. A estilista sorri e finalmente olha para ela.

— Custa 150€, eu já fiz isso uma vez. - Quinn sente a sua preocupação transformar-se em fúria e Rachel nota na cara da loira. - Desculpa desvalorizar o momento, não tenho esse direito, mas é um clichê demasiado previsível. 

— Ainda assim já o usaste. - responde Quinn como se tivesse engolido um cubo de gelo. 

— Não. Nunca o usei, porque não gosto de coisas previsíveis. Subi um dia com o Kurt a essa hora porque ele tinha o coração partido. - Rachel percebeu nos olhos de Quinn que a fúria tinha acalmado e sorriu com carinho.

O silêncio apoderou-se delas por alguns minutos.

A estilista continuou a olhar para Quinn descaradamente e a designer sentiu tanto desconforto que não conseguiu devolver o olhar em nenhum momento. Só o fez quando Rachel decidiu voltar a falar.

— Sabe-se que é a pessoa certa quando o teu maior medo é que a pessoa ouça as borboletas, ou o barulho mudo do teu estômago. - diz a morena com calma, e Quinn sente todos esses sintomas naquele momento. - O George faz-te sentir isso? - pergunta a estilista com um sorriso sereno no rosto. 

— Com ele os silêncios não são incómodos. - responde ela na defensiva mas calma. 

— E para ele? Também não são? - Quinn não responde e dá-se conta de que efectivamente é sempre ele a quebrá-los. Rachel parece que lhe lê os pensamentos. 

— Quando não tens nada para dizer, dificilmente tens algo de novo para sentir por essa pessoa.-  A morena levanta-se tranquila, deposita um beijo na face de Quinn sem ela estar à espera e sente-a a conter a respiração. Antes de se separar sussurra: - Os assuntos aqui sobram. - E segue em direcção ao elevador deixando Quinn sentada no bar sozinha. 

E ela ficou ali, pelo menos mais meia hora, a tentar aprender a respirar de novo.


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Notas finais do capítulo

Eu confesso que também precisei de aprender a respirar de novo depois de imaginar esta cena. Espero que tenha sortido efeito.
Contem-me coisas...
Beijo



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