Adão e Eva, e os filhos de Agarta. Segunda parte escrita por Paloma Her


Capítulo 7
Zaratustra, o iluminado, (continuação)


Notas iniciais do capítulo

Pouco a pouco, a filosofia de Zaratustra foi se delineando sozinha, enquanto ele escrevia para registrar as ideias, que começaram aflorar na sua boca como toque divino.
Tudo lhe caía como chuva de estrelas. Dormia pensando em algo determinado e ao abrir os olhos, tinha a resposta na ponta da língua.



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Poder-se-ia afirmar que Eva, dia após dia, os preparou como super-homens, que sabiam de tudo, e poderia fazer o que quisessem. E esse dom de mudar a natureza era algo que só um grande cérebro conseguia fazer. E também uma responsabilidade para com a natureza, e para com os homens. Um dom oferecido só aos escolhidos. Aos alunos com grandes sonhos de fazer da Terra um paraíso.

 Zaratustra e Moisés também foram preparados numa matéria esquisita.

Oratória. Eles tinham que subir num palco, e fazer discursos para os espectadores. Geralmente sobre pobreza, miséria, doenças, emitindo sua opinião sobre os assuntos. E Moisés sempre  derrotava Zaratustra numa disputa de incendiar plateias. Quando Zaratustra falava, alguns prestavam atenção, mas a maioria dos alunos de Agarta se beijava entre a plateia. Moisés, pelo contrário, falava tão alto, com tanta ênfase,  que não tinha quem não olhasse para ele. Quando os mestres e alunos faziam avaliação, Moisés sempre ganhava a nota máxima e ria na cara do amigo.

E os anos se passaram.

Quando Moisés viajou para cumprir sua missão no Egito, Zaratustra se perdeu pelo mundo a desfrutar de um breve descanso. Adão havia-o aconselhado a esperar pela experiência de Moisés antes de se tornar no salvador do mundo. Além do que, Moisés ia necessitar de suporte nessa travessia. Teriam que levar-lhes comidas, fazer rios artificiais, improvisar chuvas, e isso era trabalho que se fazia na calada da noite, em surdina, pois os homens da terra achavam sempre que tudo era “milagre divino”.

Mas, infelizmente, Moisés e Sara voltavam para Agarta derrotados, antes do tempo previsto por todos. Peter teve que devolver-lhe a vida a Moisés no hospital da Lua, e Sara foi internada junto com ele para recobrar a juventude. Seu cabelo recobrou a cor verdadeira e suas rugas foram retiradas uma a uma.

Enquanto Adão tentava convencer Moisés de que o seu ministério havia sido bom e que sua filosofia atravessaria os milênios, Zaratustra ficava arrepiado com os acidentes macabros. Ouvia Moisés descrever em detalhes os estupros às mulheres, as orgias com cabritos, onde homens e mulheres adoravam-nos como Deuses, ao ponto de damas fazer sexo com eles, e se perguntava a si mesmo o que fazer com Inês. Sara havia se vestido e disfarçado de velha horrível para não despertar o apetite entre os machos. Mas ele estava planejando realizar outro mandato, diferente ao seu amigo, predicando uns 100 anos para os povos do deserto.

E como Moisés ria na sua cara às gargalhadas e afirmava que isso seria pior que tentar formar uma colônia, pois os homens da Terra eram surdos e cegos do espírito, ele foi se aconselhar com o mestre Adão.

E Adão foi sincero:

— Sabe, filho, você vai ter que fazer tudo sozinho... Ou fala para o povo, ou cuida de Inês... As duas coisas não vai ser possível, não... É muito perigoso para ela ir junto com você... Basta uma pedra na cabeça para você desmaiar. E depois já sabe o que pode acontecer...

— Mas, eu nem respiro longe dela...

— Mas é melhor ela dormir, enquanto você sai pelo mundo falando para os homens sua filosofia... Quando regresse, eu acordo sua mulher.

— E com 100 anos de idade eu vou fazer o quê? Ah? Vou murchar!

— Mas, vocês são imortais! São filhos de Agarta. Os inseminamos em suas respectivas mães com 5 dias de vida. Inês é filha do Peter, e por tanto nesta vida ela é minha neta. Você é filho de seus mestres que o receberam em casa. Quando voltar de sua missão, poderá namorar uns 900 anos, e sem murchar...

— Sabia que havia algo estranho! Eu sabia... Quer dizer que somos descendentes de alienígenas? De seres de outro planeta?

— Isso depende... Sua alma, ou, seu  espírito, é a reencarnação de um rei da Índia, mas hoje seu corpo é alienígena, sem lugar a dúvidas.  Conforme a reencarnação, Inês, Peter e Nohiki são meus filhos. Eva e eu os tivemos durante mais de três milhões de anos, desde a Pré-história da Terra, até uns 20.000 anos atrás. Fomos “Homos-erectus”. Todos nós. Mas nesta vida, Inês é filha de Miriam, descendente de lemurianos. Dá para entender?

— Será que poderia ensinar algo assim para os homens da superfície? Que somos a soma de muitas encarnações? Que vida após vida todos nós crescemos? Que tudo que fizermos agora vai ter consequências futuras?

— Acho que sim... Mas, tem que falar tudo isso de acordo com a inteligência dos homens. Ou, vai fracassar, e eu vou ter que resgatá-lo morto...

Depois que Inês soube que era filha do Peter, neta de Adão, ela falou para seu marido que existia mais alguma coisa oculta, pois ela conhecia Adão, só contava a parte linda da história. E pediram para Peter  ver o “Espelho falante”, para conhecer as vidas do passado.

Peter os levou para a Base Lunar, sentaram os três no chão em frente ao espelho falante, pois Peter queria saber como havia se afastado de Adão.

E como num filme, apareceram Inês e Peter como macacos peludos, brincando de galho em galho, numa manada de “gorilas pretos”. Depois, se viram como homens caminhando pela terra, sempre em bando. Adão e Eva com nove filhos, todos enfileirados de mãos dadas, eram uma gracinha. Peludos, mas encantadores.

Mais adiante, viram a separação de todos. Peter evolucionara na Terra, e no presente nascera como imortal na cidade de Atlântida. Inês se perdera em outros mundos. Viu-se a si mesma em “W de BETA”, sendo surrada, passando fome, e enviada para a rua em busca de dinheiro apenas com sete aninhos. Assistiu ao seu primeiro estupro, o segundo, e a seguir observou sua mãe cobrando dinheiro pelo usufruto de seu corpo. Homens que gostavam de garotinhas, e que transavam com ela em qualquer buraco imundo. Depois viu o aparecimento de Eva e Adão, que caíram do céu como anjos em meio da noite, para livrá-la daquele inferno. Observou seu irmão, e a viagem de todos eles para a Terra. Zaratustra se viu como príncipe, casando com Inês, a morte dela ao seu lado, na Índia, e a vida deles no presente momento.

Choraram abraçados, os três, e Zaratustra jurou que ela nunca mais iria passar por tudo isso. Imediatamente, lhe colocou um dedo na testa, fez dormir, e pediu para Peter congelá-la.

Adão deixou cair Zaratustra no meio do deserto, com camelos e cavalos, e ficou olhando-o se perder com rumo ao Mar Cáspio, carregando com um pequeno tesouro, que Peter fez questão de dar. Teria que comprar coisas, e tinha que ser riquíssimo para que nada lhe faltasse. Moedas de ouro, pedras preciosas, tecidos magníficos, faziam parte do seu tesouro.

Chegando num povoado persa, comprou 3 camelos. Colocaram-lhes no lombo tendas, tapetes, almofadas, água em bolsas de couro, mariscos secos, peixes secos, frutas desidratadas.  

E sua peregrinação pelo mundo começou, cheio de fé.

O primeiro povo que encontrou eram sassânidas em busca de um Oásis, acampados  num lugar onde hoje é Teerã. Eles estavam sedentos, famintos, e carregavam famílias à beira da morte. Zaratustra os atendeu como médico e deu-lhes água, de suas garrafas, comidas, e  prometeu-lhes que encontraria  água para eles. Colocou um ouvido no chão para avaliar a umidade. Fez uma fenda longa, olhando para baixo em linha reta, até atingir as profundidades onde correm os rios sem fim. Sugou forte e um chafariz se formou, com força, chovendo água para todos os lados. As mulheres correram com bacias, enquanto os guris pulavam com boca aberta para cima, se molhando, brincando, e matando a sede.

Zaratustra aumentou uma cratera de um metro de profundidade e 20 metros de diâmetro, que foi enchendo como um lago. E convidou a toda a criançada a cair de cabeça na pequena lagoa.

Nos dias seguintes, Zaratustra iniciou a irrigação, o plantio, junto aos homens que olhavam com curiosidade para essas sementes. Quando o capim começou a se levantar, formando um manto verde ao redor desse lago, o povo decidiu ficar, esperar pela colheita, e soltou os rebanhos de carneiros para comer o capim incipiente. Zaratustra instalou a tenda no centro do povo, para iniciar uma longa amizade.

Ao cair da noite, quando os casais dormiam nas tendas, a solidão chegava à sua vida como castigo, ele sentava no chão com as pernas em cruz, deixando que seu espírito cruzasse o mundo e chegasse até sua amada. Dormia. E agora, enquanto dormia, ela o visitava para acompanhá-lo.

Zaratustra queria que todos os maridos amassem uma mulher só, como ele amava Inês. Sabia que era ali, na prática do amor ardente e apaixonado que se encontrava a verdadeira felicidade humana. Nada era tão bom quanto o amor. Nada havia de tão divino como o afeto entre os homens.  Mas, como colocar isso dentro da cabeça dos machos era algo difícil.

As palavras de Zaratustra começaram a ser ouvidas com atenção, aos poucos. À custa de muita paciência.

Sem dar ênfase exagerada, mas com firmeza, ele puxava conversa para conhecer o íntimo dos peregrinos. Homens cansados com a vida dura, carregando várias esposas e muitos filhos para alimentar, e que cruzavam os desertos resignados. A única preocupação dos mercadores era a família. A sobrevivência delas, em tempos em que os homens se matavam por ninharias. Eles viajavam armados, para se proteger de ladrões, pois o perigo estava sempre na espreita.

E para todos os sofrimentos, Zaratustra sempre encontrava um remédio. Uma cura. Para evitar tantos filhos, lhes ensinava o calendário fértil das esposas. Durante uma semana, eles não podiam fazer sexo com elas, pois era nesses dias que ficavam prenhes. Para elas não ficarem tristes, Zaratustra lhes ensinava a masturbação com os dedos. Para evitar inimigos mostrou como podiam descobrir tribos assassinas. Confeccionou uma lente de longa vista, e o costume de enviar cinco homens na frente para vigiar as rotas.

Também os instruiu sobre doenças causadas pela falta de higiene, e convenceu-os que era preferível defecar sempre bem longe da caravana, num lugar escolhido, onde as fezes deveriam ser cobertas pela areia.

Pouco a pouco, a filosofia de Zaratustra foi se delineando sozinha, enquanto ele escrevia para registrar as ideias, que começaram aflorar na sua boca como toque divino.

Tudo lhe caía como chuva de estrelas. Dormia pensando em algo determinado e ao abrir os olhos, tinha a resposta na ponta da língua.

E foi assim que começou a martelar nos ouvidos dos homens para entrar na senda do bem-viver, sem cair na tentação da “cobiça”, da “intolerância”, da “calúnia”, da “ira”, e outras fraquezas. Pedia aos homens para falar sempre a verdade, cumprir suas promessas, não contrair dívidas que não pudessem ser pagas, tratar os outros como gostariam de ser tratados, agir sempre como gostariam que agissem com eles mesmos.

Para que não esquecessem os seus ensinamentos, Zaratustra ensinou os sassânidas a ler e escrever em sânscrito. Depois, os homens gravaram em peles dissecadas as virtudes ensinadas por Zaratustra. Elas eram a Justiça, a Retidão, Cooperação, Verdade e Bondade. Escritos que, com o passar dos anos, passariam a se chamar Gathas. Ou as profecias de Zaratustra.

Quando não havia mais nada para ensinar a esses homens, Zaratustra empreendeu a caminhada, mais uma vez.

E durante muito tempo, sempre guiado pelo mapa de Abraão, evitou os povos bárbaros, e só entrava em cidades pacíficas, ou se misturara em grupos de beduínos, ou egípcios, aquemênidas, armênios, sírios, hindus, pois o comércio tinha muitos rostos. Encontrava caravanas cheias de especiarias, vinho, sementes, pois os homens levavam sua cultura de um lugar para outro.

E foi na companhia desses homens, que Zaratustra deixou seu legado.

Ele se unia na longa caminhada, e, ao entardecer, se misturava entre os homens para filosofar. Pouco a pouco, suas palavras enfeitiçavam sua pequena plateia, que o escutava com respeito. Quando as caravanas chegavam ao seu destino, Zaratustra os abraçava, pois ele se confundia no meio do povo em busca de mais uma tribo para ensinar. Misturava-se num outro grupo, carregava os camelos, comprava suprimentos para a grande travessia, e partia com um novo destino, numa caravana que enfileirava pelas areias quentes do deserto. Pregava seus ensinamentos, numa rotina que nunca lhes causou perseguição nem sofrimento. Pelo contrário.  Zaratustra foi recebido por Reis, com admiração, e foi talvez, o primeiro filósofo da terra, que aconselhava pobres e ricos.

E os anos se passaram.

Zaratustra passou a ser aos poucos considerado um homem “iluminado”.  Os homens sentavam em redor, todos de pernas cruzadas, para escutar suas mensagens. Depois, meditavam em silêncio, na mesma postura. Ninguém imaginava que o mestre estava ligado espiritualmente com uma esposa adormecida. Ele ficava até 40 horas seguidas na mesma postura sem se mexer. Era quando Inês vagava no espaço e chegava a o envolver com seus braços.

Quando consultado sobre o ascetismo, ele era veemente. Podia se viver casto, mas, quando a mulher amada entrava na vida de um homem, ele devia tomá-la como sua, e amá-la muito e cuidá-la com ardor. Eternamente. Sempre acrescentava que o amor era completo. Do corpo e dos sentimentos.

Com o decorrer do tempo Zaratustra se tornou um mito.  

Seu nome, que mais tarde mudou para Zoroastro, percorreu o mundo antigo da mesma forma que sua sábia doutrina. Ele foi apontado como o homem mais iluminado do deserto, que morreu de forma desconhecida.

Dizem as lendas que um sacerdote invejoso de sua sabedoria matou-o.

Mas foi só uma lenda.

Muitos anos mais tarde do desaparecimento de Zaratustra, na corte do Rei Vishaspa e de sua esposa, a Rainha Hutosa, da Báctria, atual Afeganistão, os reis se converteram para o “Zoroastrismo”. As Gathas, os 17 hinos do Avesta, foram consagradas “para sempre”.  Mas Zaratustra nunca soube o porquê, ele ficou tão famoso assim, com o nome de “Zoroastro”.


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Notas finais do capítulo

Com o decorrer do tempo Zaratustra se tornou um mito.
Seu nome, que mais tarde mudou para Zoroastro, percorreu o mundo antigo da mesma forma que sua sábia doutrina. Ele foi apontado como o homem mais iluminado do deserto, que morreu de forma desconhecida.



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