Adão e Eva, e os filhos de Agarta. Segunda parte escrita por Paloma Her


Capítulo 8
Viagem ao redor do mundo


Notas iniciais do capítulo

E teriam ficado na Ilha de Creta eternamente, se um barco fenício não chegasse ao porto “Agia Pelagia”, e de um robô assumir os comandos da nave, para segui-los à distância. Adão e Moisés, com as esposas, embarcaram depois de abraçar todas as pessoas que os acompanharam até o cais.



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Após a partida de Zaratustra para o deserto, Abraão chamou Moisés para analisar com estatísticas sua travessia através do deserto. Moisés tinha libertado no Egito 5.000 escravos, e depois de oito anos havia chegado à Palestina com 7.000 pessoas, graças aos nascimentos das crianças. Todas sadias, fortes, prontas para crescerem numa terra livre e fértil. Todos os velhos que partiram com a caravana haviam sobrevivido graças a sua humildade e sabedoria. Quem morreram foram homens maus, assassinos, que mereciam ficar para trás. E essa “Lei Mosaica”, inscrita em pedra, cruzaria os milênios. Ou seria a base para filosofias mais complexas.

Mas, Moisés continuou a se sentir um fracassado, por longo tempo. Não iniciara nada. Sequer uma vila. Esses desbravadores seriam eternos fingidos, que se odiariam uns aos outros pela eternidade. Matar-se-iam por causa de um rio, ou, de alguns metros a mais de terra para seus cultivos. Odiar-se-iam uns aos outros.  No fim das contas, fizera uma estupidez. Juntar numa mesma área homens de muitas etnias. E com passar dos milênios, cada tribo afirmaria ser a única dona do território.

E para que Moisés terminasse de vez com a sua tristeza, Adão o convidou a dar um giro pelo mundo. Sem data para terminar. Visitariam os povos do Mediterrâneo, da América, e algumas Ilhas. Começariam com a Ilha de Creta, onde embarcariam numa nave fenícia, rumo  à Ilha da Inglaterra, e depois cruzariam voando até a América. Levariam antídotos contra venenos, contra picadas de insetos, e roupas isolantes para climas frios. Moisés olhou para a rota, e pediu para acrescentar a América do Norte. Queria conhecer esses índios e correr como um selvagem pelos campos sem fim.

Antes de partir, Fernando Júnior lhes fez a rota das tribos bárbaras da Mongólia, que haviam cruzado o Nordeste da América, pelo atual Estreito de Bering, e se espalhado pelo continente. Eram selvagens ao extremo e suas tribos estavam matando os aborígenes americanos. Esses bárbaros também haviam se deslocado para a América Central, fundado várias cidades, em cujos lugares existiam sacrifícios humanos. Nas ruínas deixadas pelos maias, na Península do Iucatã, estavam os olmecas, que sacrificavam aos “Deuses” crianças, moças virgens, era um horror.

Na selva da Amazônia, Adão não podia nem pensar em descer. Havia guerras em todos os lugares. Os bárbaros da Mongólia haviam entrado através da atual cidade de Iquitos, no Leste do Peru, invadido a selva, e estavam matando todos os índios da selva Amazônica. Somente os Tupis os enfrentavam de iguais para iguais. Os Guaranis haviam fugido para o Sul e estavam espalhados em centenas de facções tentando sobreviver.

As tribos com cultura na América do Sul eram os aborígenes de Cuzco, os Patagões no Sul do Continente, e os Diaguitas, uma tribo que estava de ambos os lados da Cordilheira dos Andes, entre a atual Argentina e Chile. Também havia gente nas ilhas do Pacífico, em frente aos Diaguitas, em cujo lugar vivia um povo inofensivo que migrara da Polinésia. Podiam descer em qualquer uma dessas aldeias sem perigo algum.

Nohiki, a melhor cozinheira de Agarta, lhes preparou um banquete, antes de partirem. Os pais de Moisés e de Séfora chegaram a se unir no encontro, onde tudo era felicidade. Moisés era abraçado pelo pai com orgulho, e sua mãe o tratava como um garoto. Ele estava cheio de mimos. Abraão, que havia assumido definitivamente a direção da Escola, queria que lhes enviassem alunos do Cuzco, pois eram homens de grande talento. Haviam inventado o polimento de pedras, por eles mesmos. Algo que estava assombrando os chineses, que os visitavam de tempos em tempos, num comércio de troca de produtos e de conhecimento.

Ao amanhecer, Eva abraçou a todos com olhos úmidos. Minutos depois, olhava pela janela da nave as portas de Agarta se abrirem, enquanto a luz do Sol entrava na cidade. Sentiu dentro de si a emoção de sair para a claridade do amanhecer. Atravessaram as nuvens e se alastraram para o Mediterrâneo em busca da Ilha de Creta. Adão deu algumas voltas examinando as Ilhas gregas, povoadas por pequenos grupos de pastores e observou no continente as incipientes cidades gregas, que começavam a abrolhar.

Na Ilha de Creta, havia três admiráveis cidades. Todas magníficas. Micenas, Tirinto e Knossos. Optaram por visitar Knossos, onde ex-alunos de Agarta os chamavam aos berros, acenando nas ruas, e correndo embaixo da nave, seguindo-lhe o percurso. Eufóricos. Adão esticou longos pés metálicos, e ficou por sobre o mar, em frente a um dique de madeiras, onde os cretenses passeavam observando a beleza marinha. Desceram flutuando até alcançar esse  dique. E caminharam sorrindo, pois a multidão se apinhava nas ruas. Ver Adão pessoalmente, o chefe dos chefes, era uma honra para os ex-alunos de Agarta, e para todo o povo cretense. Também havia colegas que estudaram com Moisés em algumas matérias. Os gritos chamando ambos se confundiam no meio da algazarra.

Abraçar a todos foi longo e demorado. As mulheres chegavam correndo ajeitando os filhos, os homens apresentando suas esposas, e os convidando para conhecer a Ilha.

Enquanto se movimentavam entre o mundaréu, Adão e Moisés olhavam as ruas enfeitadas com jardins, os edifícios com flores pendurando-se das sacadas, as árvores com frutas em todo lugar, numa cidade construída com conhecimento superior. Sistema de esgotos, banhos públicos, com piscinas e saunas, e pessoas limpas, perfumadas, cujas joias coroavam cabeças com penteados cheios de arte. Todas as cretenses eram lindas. Até as mais velhas usavam roupas frescas, maquiagem no rosto, flores nos cabelos, seduzindo seus homens.

Comparada ao Egito, a Ilha de Creta ganhava dele. Não pela grandiosidade, mas pela organização social. A escravidão era mínima. Apenas alguns inimigos que tiveram a péssima ideia de chegar à Ilha com intenção de saque.

Quando os emissários dos reis os rodearam, e convidaram Adão para pernoitar no palácio, os amigos reclamaram em bando. Os emissários tiveram que invitar a uns poucos, pois nesse palácio não havia espaço para tanta gente. E caminharam pelas ruas, sempre falando atropeladamente. Era muita a euforia dos cretenses.

O Castelo era um conglomerado de mármore, com colunas decoradas, frisos, baixos relevos com figuras humanas, esculpidas e pintadas com maestria. Dentro dele, a mobília era encantadora e chamava a atenção do visitante. Bancos parecidos aos leitos do Egito, onde as pessoas estendiam-se para conversar, os havia em cada canto. Desta vez, eles possuíam um respaldo, para reclinar e encaixar as costas, deixando o corpo mais confortável. Ao lado desses assentos aconchegantes, estavam as mesas baixinhas com pêssegos, damascos, uvas, cerejas, melões, azeitonas, tâmaras, por cima de pratos decorados com esmalte. As peças de cerâmica pintadas à mão estavam em todo lugar, havia os vasos pequenos, os maiores, junto a pratarias cuja finalidade era servir o vinho mais gostoso do planeta.

Com uma taça de vinho nas mãos, ao lado dos reis anfitriões e rodeados pelos amigos, Adão e Moisés olharam as dançarinas, que apareceram dando saltos acrobáticos. Depois, entraram os malabaristas lançando objetos ao ar, os cuspidores de fogo, os equilibristas, pois uma característica dos cretenses era a extrema flexibilidade dos corpos.

Pouco a pouco, os ex-alunos rodeavam Adão para contar novidades.

— Sabe, mestre, queremos pedir-lhe um favor...

— O que necessitam?

— Hum... É sobre os robôs... Os que “comem as virgens” no Templo... Eles são demasiados “bons de cama”... Estamos com fama de frouxos, pois as mulheres os adoram.

Adão ria alvoroçado.  Sabia que as índias da Península de Iucatã desmaiavam, no passado, nos braços deles. Mas, que esses robôs continuavam sendo assediados sexualmente o pegou de surpresa. Para mais assombro um amigo falou-lhe:

— As mulheres só querem engravidar deles, mestres... E sem motivo algum. Agora somos machos lindos. Ninguém aqui tem cara de aborígine.

Outro homem acrescentou:

— Em noite de Lua Cheia, então, a fileira de senhoras é enorme, mestre... Velhas, jovens, virgens, tem uma miscelânea fazendo fila. Imagine que a única coisa que um cretense exige à esposa antes de casar, é jamais visitar os “deuses robôs”.

Adão riu até engasgar desta vez. Mas calmo, lhes falou:

— Vou dar-lhes uma vitamina erótica. Ela atua diretamente na libido masculina. O corpo de todos vocês vai se robustecer de tal maneira, que os robôs vão ficar esquecidos.

E os dias transcorreram em meio de um ar de festa continua.

Cheios de curiosidade, numa noite mais calma, e sem tantos amigos em redor, Adão e Eva visitaram o “Templo dos Deuses procriadores”. Sozinhos.

Na parte da frente, havia um jardim em forma de labirinto em cujo lugar a fila de fêmeas serpenteava, até alcançar a entrada principal. Dois robôs vestidos com roupas cretenses e flores na cabeça cuidavam da abertura. Dentro desse recinto, um corredor iluminado com lampiões levava até uma sala, em cujo interior se posicionavam 10 camas rodeadas de cortinas brancas. As mulheres visitantes se deitavam, e os robôs desmaiavam-as de prazer. Só então o robô lhe injetava na coluna, na altura das vértebras cervicais, um coquetel genético, que mudaria a cor dos cabelos e dos olhos, de qualquer filho que elas viessem ter.

Adão examinou essas mulheres e descobriu que não eram todas cretenses. Homens vindos do norte da Europa, em navios que serpenteavam as costas do Leste, entravam pelo estreito de Gibraltar, trazendo moças para esses “Deuses”. Os bárbaros nórdicos acreditavam que com o nascimento desses meninos formariam um grupo de guerreiros fortes e másculos. Alguns povos haviam batizado os “robôs procriadores” com nomes de Odim, Tan Hill, e muitos outros. Afinal, os robôs mediam 2m de altura, ombros largos, olhos verdes e azuis, pele branca, e sorriam tempo todo.

Além de visitar templos,  eles frequentaram os jogos frente aos touros, nos gigantescos ginásios de areia, onde aconteciam festas circenses e de teatro. Sentados nas arquibancadas, Moisés e Adão, abraçados às esposas, viram os enormes touros correndo pela areia, brabos, apontando os chifres, retos, em busca das pessoas. Homens e mulheres ficavam frente a frente das bestas, chamando-os. A uns 3 metros do animal, e quando ele estava indo em direção mortal, os equilibristas pulavam no ar dando cambalhotas e caíam por cima da besta em pé, se contrabalançando de braços abertos. Outros mais ousados se agarravam nos cornos, para dar impulso nas cambalhotas. Em seguida, saltavam do touro, corriam, e encaravam mais um.

A multidão ia ao delírio. Eva pulava emocionada. Nenhum acidente. Nenhum ferido. Ninguém massacrava os bichos. O animal apenas cansava de tanto correr e os homens suavam com o calor. Depois, havia a premiação dos campeões, pois incluía pontuação aos mais ousados, e um júri esportivo premiava os ganhadores, colocando-lhes uma coroa de pétalas de louro na cabeça. Finalmente, os campeões caminhavam pelas ruas, direto aos banhos públicos para se refrescar.

Os banhos sauna eram uma novidade, inventada ali mesmo. Naquela cidade. Havia fumaça de vapor de água, que possuía o cheiro das ervas aromáticas da Ilha, e que se impregnavam na pele das pessoas. Os cretenses acreditavam que era pelo suor que as doenças saíam do corpo. Depois de horas em meio ao vapor, entravam nas piscinas térmicas, para tirar o suor e conversar com os amigos. Adão e Moisés, encantados com tudo isso, dialogavam com os homens enquanto Eva e Séfora falavam com amigas, num outro canto das águas. E de vez em quando, elas riam eufóricas.

— Sabe, mestra, neste lugar nenhum homem tem mais de uma esposa... E sabe por quê?

— Não...

— Morrem de medo de que os enganemos com os “amantes robôs”...

— Mas, eles são mesmo “bons de cama”?

— Ah, isso eles são... 

— Vou contar um segredo... Adão vai dar-lhes um remedinho... Se preparem, vocês não vão dormir nunca mais durante a noite...

E a gritaria das mulheres era alta e barulhenta. As risadas também.

Depois dos banhos com os amigos, eles iam à casa de “alguém”, para continuar a conversa, beber vinho, e comer as delícias preparadas em sua honra. Frente aos seus olhos, desfilavam todos os dias peixes, pães deliciosos, frutas frescas, ovas de peixes, mariscos, sopas, lentilhas, leite de cabras, assados de bois, que era a única coisa que eles não experimentavam. Tarde da noite, dormiam em qualquer casa. Sempre havia um ex-aluno querendo que pernoitassem em seus domicílios.

E teriam ficado na Ilha de Creta eternamente, se um barco fenício não chegasse ao porto “Agia Pelagia”, e de um robô assumir os comandos da nave, para segui-los à distância. Adão e Moisés, com as esposas, embarcaram depois de abraçar todas as pessoas que os acompanharam até o cais.  

Os amigos cretenses ficaram acenando, por longo tempo.  Tinha os que choravam emocionados. Afinal, esses mestres alienígenas que viviam por mil anos eram iguais a eles. Simples mortais preocupados apenas em ajudar homens da terra a evoluir como uma cultura superior. E, nessa Ilha, eles haviam conseguido.

A nave fenícia possuía uma velocidade fora do comum, devido ao bom aproveitamento das velas. O vento do mar empurrava a embarcação, cruzando as águas como uma casca de noz, leve, frágil, e muito bem equilibrada. Adão gostava de se colocar no leme, e Eva ajudava-o abrindo as águas para uma passagem mais rápida. Os cabelos pretos de Eva ondulavam na brisa marinha e o ar fresco lhe molhava o rosto. Lábios umedecidos, ela beijava seu homem, parados na proa, como crianças num brinquedo novo.

Moisés olhava para as águas e sonhava com terras estranhas além do mar. Havia tantos povos sobre a terra, tantas culturas diferentes, tanta gente para proteger, que seu sonho de salvador do mundo renascia a cada dia.

 Moisés mudou seu modo de avaliar os homens durante essa viagem.

Numa noite de tempestade, percorreu as galés, onde 80 escravos remavam ao ritmo cadencioso de um batuque. Cada vez que um homem desmaiava de cansaço, era chicoteado. Se o coitado acordava, ele continuava remando. Se estivesse inutilizado para o trabalho, era lançado ao mar.

Moisés se lembrou dos escravos do Egito. Ele vira essa mesma situação, muitas vezes, desde a sua infância. No Egito, um escravo doente não servia para nada. Era descartado, como um cavalo velho. E esses escravos do Egito, frente a um futuro livre, haviam se tornado homens maus. Mentirosos, ladrões, estupradores, ambiciosos, com todas as fraquezas humanas tomando conta das suas almas. Moisés se perguntava a si mesmo o que fariam esses remadores se fossem retirados das galés, e levados para uma terra livre.

Séfora, que lia sua mente como livro aberto, lhe deu a resposta:

— Nem todos são tão ruins... Tem meia dúzia que poderíamos levar conosco. É só comprar. O resto dos homens é penitente. Eles mesmos pediram esse martírio antes de nascer...

— Está brincando!  Eu sei que você é mágica, mas como é possível pedir isso?

— É uma velha lei cármica. Para passar do lado do bem para o lado da maldade não existe barganha. Mas, para voltar à “senda do bem” tem que saldar as dívidas. Cada ato ruim tem que ser pago.  Se matar alguém tem que ser maltratado, chicoteado e torturado, se roubou tem que ser roubado, se traiu tem que ser galhudo, se violentou tem que ser abusado, quer que eu continue?

— E se for muito, mas muito bom, tem premiação?

— Tem. Qual foi seu desejo mais profundo, em vidas passadas?

— Ter você. Eu era gamado até doer o peito... Morri sonhando com você...

— O meu sonho era encontrar um homem valente. Alguém que morresse por mim... Mas, você morreria por qualquer um... Ultrapassou o meu pedido...

— Adão também é assim... E ele nem sequer é deste mundo...

— Claro que sim... Ele nasceu pela primeira vez na Terra faz milhões de anos... Com certeza é nosso tatara-tatara-avô...

Depois, Séfora mostrou a seu marido que acabar com o sofrimento humano não era tão difícil assim. Ela estalou os dedos, e imediatamente os escravos começaram a ser alimentados, banhados com panos com sabão, os massagearam nos pés, nas costas, e foram retirados para descanso. Outros 80 escravos tomaram seu lugar. Todos bem vestidos, banhados e limpos, barriga cheia, que começaram a remar sem correntes nos pés, sem chicotadas, e sem ninguém tocando badulaques. Todos os navegadores fenícios haviam caído na “hipnose” permanente. Pelo menos nesse navio, as coisas seriam assim pela eternidade.

            Depois de longos dias de viagem pelo mar, eles finalmente chegaram à grande Ilha inglesa, onde o povo celta os esperava com ansiedade e em cujo lugar a nave deles já estava lá, estacionada perto da praia.

Os celtas eram uma nação que abrangia grande parte da Europa, nos países que hoje são a Espanha, França, parte de Alemanha, e Inglaterra. Sua cultura era voltada para a vida em comunhão com a natureza, e com as forças espirituais. Os ex-alunos de Agarta, que pertenciam a esse povo, eram venerados como mágicos, pela sua sabedoria, e apelidados como  “Druidas”. Os Druidas sabiam tudo sobre Astrologia, Medicina, Cálculos matemáticos,  Construção,  e marcavam com exatidão as datas mais importantes do ano. As festas mais admiráveis eram nos Equinócios, e os Solstícios de Verão, quando os celtas faziam festejos no meio dos campos, vestidos de branco, flores na cabeça, agradecendo o novo ciclo, pedindo à mãe natureza generosidade com as colheitas.

As florestas estavam cheia de bichos. Lobos os havia em todo lugar, e os pássaros existiam aos milhares. Os rios eram gigantes prateados, lindíssimos, que cruzavam serpenteando as cidades inglesas, com pontes de madeira com duas torres.

Todo o povo trabalhava semeando o chão.

Mulheres, homens, velhos, crianças, se misturavam nos campos, com felicidade, pois amavam o trabalho junto a terra. Na verdade, os celtas adoravam a terra, amavam os bichos da floresta, apreciavam o céu e veneravam os rios e os mares. Eram felizes só com a contemplação de um simples pôr do sol.

Mas a sociedade celta era também tecnologicamente evoluída, tanto quanto Egito, Índia, Ilha de Creta, e China. Modelavam o ferro com sabedoria, e suas joias de ouro, bronze e prata eram verdadeiras obras de arte, tamanha era sua beleza. Poder-se-ia dizer que eram ricos, pois as joias enfeitavam o povo em geral.

As cidades pela sua vez eram fortalezas magníficas.

Enormes castelos com muralhas de 4 a 5 metros de altura se erguiam no horizonte, protegidas por foz de água, e uma ponte elevada. Para percorrer as distâncias havia as estradas de madeiros grossos, que se cruzavam atravessados,  e em cujas ruas carruagens puxadas por cavalos corriam em todas as direções, unindo as vilas. Mantinham ligações entre todas suas cidades, e faziam comércio com toda a Europa civilizada, levando mercadorias e trazendo na volta o vinho e a cerveja, pois era um povo alegre e festivo.

Os celtas eram também bravos guerreiros.

Cuidavam das fronteiras, repelindo inimigos que vinham do continente com intenção de invadi-los. As altas torres de vigia sempre olhavam para além do mar. Usavam uniformes, andavam a cavalo, e além das armas usavam escudos protetores. Gostavam de realizar exercícios diários para manter a forma. O melhor treinamento eram as disputas a cavalo entre os soldados. Eles se derrubavam mutuamente, em batalhas simbólicas, que entretinham o povo em dias de folias.

 Quando o barco fenício entrou pelo rio Tâmisa, 30 Druidas organizaram uma roda, vestindo túnicas brancas, com os braços para o alto, numa oferenda de agradecimento à mãe natureza, pois os sábios da terra estavam chegando.

Eva e Séfora desceram vestidas de branco, e enquanto abraçavam as pessoas receberam um colar no peito de pedras de quartzo, e uma coroa de flores. Depois os convidaram a pernoitar num palácio de pedra sobre pedra, dos reis desse povo. Durante o trajeto, cantaram uma canção doce, cujos sons se confundiam com a música do vento, e os gritos dos lobos nas florestas.

Enquanto a delegação de recebimento cruzava as ruas, Eva e Adão olhavam os campos com coração sensibilizado. O trigo mexia com o vento, os bosques no horizonte eram de um verde profundo, o céu estava levemente encoberto de nuvens, e o ar fazia doer o peito com seu cheiro de terra úmida. O Sol estava descendo mostrando cores tênues e o castelo ficava cada vez mais próximo erguido no cume de uma elevação. Cruzaram a ponte, por cima de um rio artificial, e desceram na entrada desse povoado. Casas humildes se enfileiravam, onde pessoas, porcos, galinhas, e cavalos viviam em harmonia em meio dos homens. Enquanto caminhavam, meninos os cercavam, davam beijos, abraços, e mulheres improvisavam presente com flores. Séfora começou a chorar. Eva aguentou firme. Adão abraçou a todos, e chegou ao palácio rodeado por uma multidão. Os reis os receberam na porta, com colares de ouro, anéis, pulseiras, que colocaram imediatamente nos recém-chegados.

Depois percorreram o interior do castelo, onde havia pouca coisa. Mesas gigantes e assentos, vidraças coloridas com vidros pintados, e lâmpadas em todo lugar. Lâmpadas com lampiões de cera ardendo, que iluminavam esse castelo de forma mágica. E no centro de tudo, mesas com comidas para 300 pessoas.

Adão e Moisés, que haviam perdido a fala pela emoção, sentaram ao lado dos reis e comeram pouca coisa, pois a maioria dos pratos servidos era carne de animais abatidos para o banquete. Beliscaram uvas, figos, maçãs suculentas, pão, queijo, e beberam vinho trazido das Ilhas gregas.

Tarde da noite, entraram em suítes gigantes, onde camas enormes rodeadas de grossas cortinas os isolavam do resto do mundo. Eva estendeu-se vestida, fechou os olhos e dormiu esgotada. Adão por cima dela desmaiou junto, e só ao amanhecer fizeram amor, nus entre essas cortinas que os protegiam de olhares indiscretos. Só os berros telepáticos de Moisés os tiraram do aconchego dessa cama, no fim do dia. Ele estava percorrendo as florestas, atrás de uma manada de cavalos selvagens.


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Notas finais do capítulo

Adão e Moisés, que haviam perdido a fala pela emoção, sentaram ao lado dos reis e comeram pouca coisa, pois a maioria dos pratos servidos era carne de animais abatidos para o banquete. Beliscaram uvas, figos, maçãs suculentas, pão, queijo, e beberam vinho trazido das Ilhas gregas.



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