Adão e Eva, e os filhos de Agarta. Segunda parte escrita por Paloma Her


Capítulo 6
Zaratustra, o iluminado


Notas iniciais do capítulo

Naqueles anos, o gigantesco Mar de Aral era rico em peixes e possuía um solo fértil para levantar uma civilização poderosa. O povo persa cultivou a terra, multiplicou seus rebanhos, levantou uma cidade com muros altos de proteção, torre de vigia, e dentro daquele lugar cresceu um povo inteligente. Naquele tempo o estudo das artes e do artesanato era a prática principal dos persas, e sua tapeçaria era o elemento mais lindo da terra.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/712688/chapter/6

 

Inês e Rama nasceram na Ásia Central, perto do Mar de Aral, no atual Uzbequistão, numa pequena tribo persa. Povo que chegou naquele lugar fugindo da guerra, quando os hititas, um povo procedente da Capadócia, invadiu o grande império babilônico na Mesopotâmia e assumiu o poder.

Desta maneira, esse arraial perdido e longínquo, além dos confins do império hitita, era um lugar pacífico, lindo, com pessoas dedicadas ao trabalho e ao desenvolvimento de todas as artes.

Naqueles anos, o gigantesco Mar de Aral era rico em peixes e possuía um solo fértil para levantar uma civilização poderosa. O povo persa cultivou a terra, multiplicou seus rebanhos, levantou uma cidade com muros altos de proteção, torre de vigia, e dentro daquele lugar cresceu um povo inteligente. Naquele tempo o estudo das artes e do artesanato era a prática principal dos persas, e sua tapeçaria era o elemento mais lindo da terra. Seus tecidos eram tão admirados quanto à seda da China, pois sabiam tecer e pintar panos de algodão com grande arte. Era realizada a mão, com grande maestria, flores e figuras de bichos, em alfombras, panos, almofadas e roupas. Os artesãos ferviam os tecidos, colocando a tinta escolhida uma de cada vez. Isolavam os desenhos com cera quente, e tingiam-na novamente. A sobreposição das cores ficava ao descoberto quando a cera era retirada com calor, deixando à mostra figuras fascinantes.

Para Adão e sua família ficou fácil fazer a inseminação, durante uma visita a esse arraial encantador. E para completar o fascínio, acharam alguns ex-alunos de Agarta, que os receberam de braços abertos.

Depois de se instalarem numa moradia, Peter saiu sorrateiramente durante a noite, entrou numa residência, hipnotizou os moradores, examinou a dona da casa e introduziu nela uma fina agulha no ventre, para colocar o embrião de Inês. Massageou, fixou, eletrificou, e acordou o marido da mulher com um piscar de dedos. Como fazia oito anos que esse homem tentava ter o primeiro filho, ele fez amor com a esposa no escuro, como sempre fizeram.

Perto dali, depois de Adão fazer o mesmo que Peter, a mãe de Zaratustra engravidava  e era tomada pelo desejo. Seduziu seu homem até altas horas, pois a gravidez a deixara insaciável.

Nos dias seguintes, Adão e Peter se apresentaram ao chefe desse povoado.  Entregaram-lhe um pequeno tesouro, com esmeraldas e rubis, e lhe solicitaram permissão para permanecer entre o povo, com intenção de fazer comércio, vender e comprar tapetes, tecidos, e peças de cobre. Como o chefe observou que eram ricos, imediatamente  convidou-os para frequentar festas no Palácio, selando uma amizade verdadeira.

E teve início uma vida deliciosa.

Eva comprou as mais lindas tapeçarias e espalhou-as dentro de uma casa que Adão comprou de um mercador. Também colocou colchões de palha seca, almofadas de lã de carneiro, e vestiu roupas mais leves. Calças amplas, sutiãs decorados com pérolas, véu transparente para o rosto, que a protegeria das tempestades de areia. Botou flores na cabeça, se confundindo com as mulheres do lugar. Embora o povo fosse simples e humilde, a arte dos tecidos fazia das senhoras as mais lindas e elegantes mulheres do deserto. Até os homens eram belos, pois não deixavam crescer barbas como os assírios, ou os caldeus. Raspavam o rosto com facas afiadíssimas, tomavam banho em banheiras de madeira com água morna, pétalas de flores, ou seja, eram perfumados, asseados e esplêndidos.

As ruas da cidade eram de pedrinhas miúdas. Existiam as casas simples de tijolos, e edifícios de pedra sobre pedra. Havia jardins em toda parte. Penduradas das janelas, ladeando  tamareiras carregadas de frutos, ao redor dos vinhedos, entre o trigo maduro, na verdade na margem  do Mar de Aral a beleza da natureza espelhava-se em todo lugar. O próprio mar era em si um lugar lindo, e tomar banho nas suas águas cativara Eva desde o primeiro dia. Ela se perdia correndo pela areia, entrava a nadar com Miriam, que era uma mergulhadora esperta.

À medida que Eva e Miriam eram felizes que nem duas gurias de 13 anos, e enquanto as mães de Inês e Zaratustra engordavam, Adão e Peter faziam amizade com a vizinhança e auxiliavam o povo na saúde, na longa espera dos meninos nascerem. Todos os dias atendiam pessoas com febres, mulheres com hemorragias, velhos com cataratas nos olhos, e nunca cobravam nada por causa desse atendimento que salvava vidas. Mas essas pessoas sabiam ser agradecidas, recebiam queijos suculentos para o desjejum, pois eles sempre traziam um presente nas mãos. Antes de Inês e Zaratustra nascerem, Adão e Peter era donos de um grande rebanho de cabras, ovelhas, tinham galinheiro farto, com ovos frescos, ou seja, ficaram ricos em mantimentos, roupas, e joias.

Os homens do vilarejo eram em geral alegres, gostavam da música, das festas, das comilanças, e em qualquer canto, numa rua, ou numa praça, se juntavam a tocar flautas, instrumentos de cordas, enquanto as mulheres dançavam. Adão e Eva entravam na farra imediatamente. Eva mexia o ventre como uma beduína, colocava vários véus em redor, que puxava um a um e lançava na cara de Adão. Ele ria às gargalhadas.

Adão e Eva adoravam também montar os cavalos, como faziam em Atalanta, na sua longínqua juventude. Subiam ambos num mesmo cavalo, atravessavam planícies correndo, com Eva na frente e Adão atrás dela, agarrado nela, gritando como um nativo. Para passeios mais longos preparavam os camelos e saíam da cidade rumo às areias. Em meio da imensidão árida, rolavam das montanhas execráveis, e faziam amor embaixo do Sol quente. Olhavam o pôr do Sol no fim da tarde, que continuava os enfeitiçando com as mesmas cores lilases, verdes, laranjas, como pinturas de aquarelas feitas por um artista genial.

Foi durante esse tempo vivido que Miriam sentiu o feitiço das areias.

Miriam era descendente de lemurianos, e vivera toda sua vida em Lemúria, Atlântida, Olímpia e Agarta. Junto a seu marido, Peter, só havia realizado uma aventura na sua vida, quando visitou a Amazônia com Diana e assistiu a um massacre entre os índios Tupis e Guaranis. Depois disso, evitava percorrer o mundo, e cada vez que Adão os convidava, agradecia e dizia não. Ela só conhecia o planeta através dos filmes de Fernando Júnior. E como Peter era seu cão de guarda, sempre junto dela, abraçado nela, era um casal extremamente caseiro. Mas desta vez, Miriam estava envolvida na mais louca aventura, vestindo roupas esquisitas, cujo rosto tinha um véu grosso, pois seu marido era ciumento. Não queria ninguém olhando para ela. Quando nadava, tinha que fazê-lo vestida e nunca entrara a mexer o umbigo ao lado de Eva, em festa nenhuma.

Mas, pouco a pouco, Miriam começou a sentir o feitiço do ambiente. As comidas deliciosas, com canela, cravos, davam um sentido diferente aos banquetes. Quando Peter finalmente aceitou, ela pediu a sua sogra lhe ensinar a dança do ventre, dentro de casa. Depois, pediu ao marido para conhecer as areias, e em pouco tempo corria pelas dunas, como uma guria de 15 anos. Peter caía por cima, mordia, chupava no cangote deixando marcas, e a torturava com uma energia nova. Agora, ele um homem do deserto. Um macho. Não possuía harém, mas, sua Miriam valia por 300 concubinas. Ela ria às gargalhadas, exigindo 400 ataques sexuais, sem descanso.

— Quer ficar viúva? De amor também se morre, sabia?

— E é assim que vamos morrer um dia. Ou ainda não sabe como morreram meus pais?

— Não! Só sei que a cápsula espacial arrebentou no espaço. Só isso...

—Isso, nada. Faleceram porque transaram até morrer. A cápsula explodiu depois que eles passaram daqui para cima...

— Nossa! E nessa cápsula espacial o que há, afinal?

— Uma cama, e água para beber. Só.

— Tô com medo...

— Eu também... Mas, só temos 80 anos, e vamos viver uns 1200. Eu acho... E eu gostaria de ter mais uns 30 irmãozinhos de Inês.

— Eu também. Assim que ela case, vou engravidá-la.

Quando Zaratustra e Inês nasceram, foi um dia agitado. Eva acompanhou Miriam nos dois partos, e ambas deram os seios para os recém-nascidos. Miriam deu de mamar para Inês e Eva para Zaratustra, rodeadas de  outras mulheres com seios cheios de leite. Aliás, ter leite nos peitos era comum naquela época. Os filhos do deserto mamavam até os 4 anos, e cresciam fortes, pois chupavam nos seios de todo mundo. Eva, que dava de mamar para Adão, coisa que a excitava mais do que nada, dar leite para um garotinho era uma delícia. Mas ainda se o bebê era sua filhinha Inês, que nascera loira, olhos negros, e deu seu primeiro sorriso para a plateia com uma semana de vida. Filha que desta vez era sua neta, e filha de Peter e Miriam.

Fernando Júnior apareceu várias vezes nessa cidade, pois ele era homem do mundo. Não havia canto da terra que não conhecesse, e vivia visitando tribos, fazendo documentários, com Nohiki ao lado, que adorava fotografar. Os álbuns dela eram magníficos, e famosos. Da Base Lunar saíam regularmente numa cápsula espacial, filmes e fotos da Terra, para outros mundos superiores, que os viam em salas de cinemas. Entre esses filmes, a saga de Adão era famosa nos confins do Universo. A luta num mundo inferior era o tema preferido nos cinemas dos planetas de outras Galáxias. Fernando Júnior fizera um longa-metragem com a vida de Abraão e Sara, e agora estava filmando Inês e Zaratustra, as pessoas do lugar, e principalmente sua arte dos tecidos.

E o tempo rolou, mais uma vez.

Peter e Adão adoraram aquele lugar mágico, onde viveram tempos tão felizes. Sem preocupação de nada, além de cuidar de Zaratustra e Inês, e brincar nas areias do deserto com as esposas. Com passar do tempo estavam morenos, pele queimada, autênticos homens das areias. Peter com seu cabelo loiro e olho azul, jamais fora tão belo, e nunca Miriam o amara  tanto.

Quando Inês e Zaratustra fizeram 12 anos, Adão e Peter conseguiram autorização dos pais para levá-los para Agarta. Junto com eles viajaram outros 10 adolescentes, metade homens e metade meninas. A caravana saiu do Mar de Aral carregando peixes secos, carne seca, frutas secas, e água em sacolas de couro. Perderam-se nas areias, e quando a noite chegou, fizeram o acampamento com duas tendas, em cujo interior estenderam mantas, almofadas, e se estenderam a conversar. Todos os jovens caíram num profundo sonho. A nave os levitou, com os camelos junto, e acordaram na beira do lago de Agarta, com os bichos bebendo água, rodeados de jovens curiosos, que pareciam “seres de outro mundo”.

Zaratustra e Inês começaram a se apaixonar dentro dessa Escola.  

Sentavam na última fila de mãos dadas, timidamente, pensando que os mestres podiam castigá-los pela ousadia. Mas, pouco a pouco, perceberam que nessa cidade o amor estava em toda parte. Jovens de etnias diferentes percorriam os caminhos dessa escola abraçados, e se beijavam. Adultos caminhavam tomados da mão, e Miriam e Peter estavam sempre perdidos, trancados numa suíte de casa, desde que chegaram. Eles recebiam Inês no fim da tarde para jantar na beira da piscina, onde a mimavam, até que chegasse a hora de dormir. Miriam lhe  colocava água na banheira, preparava sua cama, apagava as luzes, e acordava-a para ir à escola. Assim que Inês saía, Peter e Miriam iniciavam o dia fazendo o desjejum na cozinha, e perguntando com telepatia aos médicos de Agarta se necessitavam deles. Às vezes eram requeridos. Mais ou menos a cada 30 dias. Geralmente casos de parturientes, ou algum adolescente com dor de barriga. Nos 29 dias restantes liam livros, ou, se fazia pesquisa nos laboratórios da cidade, pois Peter sempre fora um trabalhador dedicado. E dentro de casa, faziam o que era normal nessa civilização, namoravam até desmaiarem.

Zaratustra, na casa de um mestre de idiomas, era mais paparicado pelos anfitriões. Era recebido pelos donos de casa aos beijos, sempre rindo, e falavam com ele sobre a cidade e sobre eles mesmos. E a primeira lição que teve foi que nessa cidade as leis não existiam. Cada indivíduo era um rei, desde pequenininho. Mas, também soube que os homens jamais seduziam uma moça com más intenções. Não significava que deveria casar com ela, mas, enquanto durasse o fogo da paixão, o varão nunca olhava para outra consorte. Não existia a poligamia como nas tribos do deserto, e para garantir a paternidade responsável, todos os garotos eram estéreis. Inclusive ele mesmo.

Com passar do tempo Zaratustra percebeu que nessa cidade ninguém envelhecia. Tampouco existiam brigas, nem roubos, pois as pessoas se respeitavam umas às outras com educação e doçura. E o mais estranho, tudo era de graça.  As mulheres, então, eram todas tenras e doces. Carinhosas. Estavam sempre abraçando os menores, pois todos os adultos eram responsáveis pelas crianças, principalmente por quem chegava da superfície. Bastava abrir a boca, que no ato um adulto perguntava:- Necessita de alguma coisa?.

Durante os dias de descanso, Adão e Eva faziam piquenique na beira do lago com a família. Ou seja, juntavam-se Peter e Miriam, Fernando Júnior e Nohiki, os anfitriões de Zaratustra, e faziam competição no lago. Inês aprendeu a flutuar nas águas mornas, e quando perdeu o medo e a vergonha de mostrar o corpo, ela caía que nem peixe para nadar junto de Eva e Miriam, que lhe faziam a maior torcida. Zaratustra, que não era muito chegado a nadar, preferia remar com Peter e Adão numa canoa com seis remos.

No fim do primeiro ano letivo, Peter e Miriam os incentivaram a conhecer as Ilhas da Nova Guiné, junto a 200 adolescentes que subiram felizes nas naves de passeio. Sentaram de mãos dadas, um pouco assustados, e adormeceram. Quando as portas abriram, desceram olhando tudo em redor assombrados, pois eles nunca viram tamanha beleza natural. As águas eram tão transparentes que se podiam ver os peixes nadando no rio.  Os nativos apareceram do nada saltitando com alegria e lhes colocaram colares de flores no pescoço, os abraçaram, beijaram, pois todos os anos recebiam os alunos de Agarta da mesma maneira. Com júbilo e muito amor. A seguir adentraram no mato, com destino às praias mais lindas do planeta.

Zaratustra e Inês perderam a virgindade subindo uma montanha. E ele foi delicado, pois desta vez possuíam algo a mais, corpos imortais. Corpos que não conhecem o cansaço, principalmente quando se está amando.

Quem os salvou da morte por amor, foi um robô, que apareceu com um banquete gastronômico, enviado pelos mestres da Escola. Nos dias seguintes, dormiam no meio do mato olhando para as estrelas, se alimentavam com frutas que o robô pegava das árvores, ou, dos banquetes trazidos por outros robôs, e teriam ficado ali, nesse lugar, perdidos do mundo, pela eternidade da vida.

Mas, as férias terminaram, e tiveram que regressar para Agarta.  Subiram nas naves com seus colegas, dormiram durante o caminho e só acordaram dentro da urbe, no enorme aeroporto. Desceram abraçados, e correram para suas respectivas casas a contar tudo o que haviam passado.

Depois dessas férias maravilhosas, fazer amor era o elixir do dia a dia.

Zaratustra gastava energias nos esportes, suava, encontrava sua namorada nos refeitórios e comiam entremeados de beijos. Saíam rápido para a lagoa, onde muitos namorados se perdiam entre as matas, entre galhos secos, ou sob as árvores frondosas. Às vezes dormiam por ali mesmo, pois Agarta possuía um clima quente e estável. Chegavam a tomar o café da manhã, com o sorriso da felicidade estampada no rosto, e jamais foram vigiados, castigados, ou interrogados sobre o namoro. Pelo contrário, para evitar noites mal dormidas em meio de galhos secos, Peter fez menstruar Inês prematuramente.  Durante a noite, ele encostou a mão sobre o ventre de sua filha, e os óvulos abrocharam como frutas maduras. Ao amanhecer, ela estava com sua primeira menstruação, de cama, pois Peter a deixou em repouso durante três dias.

Depois de uma semana, eles casaram numa festa onde houve danças persas, egípcias, árabes, com roupas a caráter. Miriam e Peter, junto a Eva e Adão, choraram juntos, pois amavam esses dois com paixão.

Zaratustra e Inês tiveram uma lua de mel de três meses, que era o mínimo que um casal dessa cidade necessitava para se entrosar.  Trancados dentro de uma casa, não morreram de amor, mais uma vez, pois os robôs lhes deixavam tabuleiros de comidas na porta, três vezes ao dia. Zaratustra apertava um botão, e a bandeja corria pelo chão. Comiam, para alimentar os corpos, bebiam leite, se deliciavam com sobremesas e sorvetes, olhavam televisão com os documentários de Fernando Júnior. Só se separavam para ir ao banheiro, esvaziar intestinos, tomar banhos frescos, passar perfumes, e reiniciar o namoro eterno com energias renovadas.

Quando voltaram para a Escola, se beijavam a toda hora, estudavam as mesmas matérias, e apenas na hora dos esportes tomavam rumos diferentes. Zaratustra entrava nas lutas brutas, e Inês praticava danças, ou, ginástica rítmica com música clássica. Voltavam para casa correndo, ou visitavam as famílias, beijavam a todos, fazendo um rodízio. Tinha os dias que jantavam com Eva, onde sempre estava Nohiki, a melhor cozinheira da cidade, com delícias na mesa, que faziam a felicidade de todos. Cada vez que visitavam a casa de Miriam, Eva estava junto com Adão, ou Nohiki com Fernando Júnior, pois eles adoravam conviver. E quando iam para casa dos anfitriões de Zaratustra, tios, primos, irmãos dessa família se amontoavam em redor. Afinal, numa sociedade onde a telepatia era do domínio de todos, saber o paradeiro deles era brincadeira de crianças.

Na verdade, eles eram o casal mais amado dessa cidade. E nenhum colega de Escola sabia o por quê.

O melhor amigo de Zaratustra era Moisés.

O melhor professor de Moisés e Zaratustra era Abraão. Um líder que já havia terminado sua missão entre os povos do deserto. Abraão dava-lhes aulas sobre economia, agricultura e veterinária.  Instruía ambos quais as sementes mais apropriadas para levantar um oásis e um paraíso da terra, no meio do nada. Também costumava os levar na beira do lago, e mostrar o melhor jeito de cruzar os animais, para ter filhotes saudáveis. Também os ensinava a fazer partos, dar remédios contra parasitas, para sarar feridas purulentas, pois os bichos tinham que ter saúde para dar boa carne ao povo. Ele ensinava que um porco contaminado matava mais do que cinco facadas no peito. E que os carneiros havia que tratá-los com respeito, pois lhes davam a lã, para proteger os homens do frio do inverno.

Mas Abraão dizia que conhecer os costumes dos povos, e sua conduta, ainda dominada pelos instintos da besta, era primordial para qualquer pessoa que se propusesse regressar para superfície com a vontade de ensinar. Abraão afirmava que as mulheres das grandes civilizações da terra não eram respeitadas sequer pelos próprios maridos. Maltratavam-nas, trabalhavam como escravas para a família, e os homens possuíam todas as que podiam estuprar. Assim que uma garotinha se transformava em mulher, era violentada na calada da noite. Os únicos lugares onde havia justiça e harmonia eram nas doze tribos de seus descendentes, nas Ilhas com colônias fundadas por ex-alunos de Agarta, e nas cidades ocultas da terra. Escondidas para manter o conhecimento a salvo das tribos bárbaras através dos tempos.

E cada palavra desse mestre foi pouco a pouco formando a filosofia de Moisés e Zaratustra.

Mas, quem os transformou em mágicos foram os membros da família.

 Zaratustra e Moisés foram preparados na “desintegração” da matéria por Eva, a mulher com o maior poder mental de Agarta, ou, da Terra. Apenas Peter lhe chegava perto na concorrência.  Mostrou-lhes a maneira como dilatar a pupila, concentrar a mente no objeto, e em seguida fazer pó. Pó que não era material, pois era imaterial. Invisível.  Eva fez demonstrações fantásticas: destruiu uma montanha, abriu um caminho entre cordilheiras, e fez  um túnel para encurtar distâncias. Depois disso, abriu poços de água no meio da imensidão.

E fazer tudo isso demorou anos para os dois amigos.

Mas, como todo esforço tem recompensa, eles conseguiram abrir buracos na terra, deter as águas de rios, levantar chafarizes, elevar areias formando nuvens, fazer chover, deter a chuva, como magos que podiam dominar a natureza.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para que não esquecessem os seus ensinamentos, Zaratustra ensinou os sassânidas a ler e escrever em sânscrito. Depois, os homens gravaram em peles dissecadas as virtudes ensinadas por Zaratustra. Elas eram a Justiça, a Retidão, Cooperação, Verdade e Bondade. Escritos que, com o passar dos anos, passariam a se chamar Gathas. Ou as profecias de Zaratustra.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Adão e Eva, e os filhos de Agarta. Segunda parte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.