Last Kiss escrita por Benihime


Capítulo 2
Perfume de lírios




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/712334/chapter/2

Lírios. William estava quase louco de tanto pensar. Sabia que não haviam lírios no jardim e nem na estufa. Carly insistira nisso, plantando apenas rosas, suas flores favoritas. Então, do que diabos aquela maluca da sua esposa estava falando?

A lembrança o atingiu de repente, como um relâmpago. Lírios. Não poderia ser mais óbvio. Pulando da cadeira do escritório em que se sentara, praticamente correu até o quarto que costumava compartilhar com a esposa.

No lado oposto à entrada, perto da porta do closet, a penteadeira de Carly continuava encostada na parede, suas coisas exatamente da forma que ela havia deixado. Devagar, William se aproximou e procurou até encontrar o pequeno frasco com líquido cor de âmbar com o qual tantas vezes a havia presenteado em ocasiões especiais. Perfume de lírios, o preferido de Carly. Ao sentir novamente aquele cheiro tão familiar, uma nova onda de lembranças o atingiu como um caminhão em alta velocidade.

William a abraçou, inspirando fundo o já familiar perfume de lírios. Carly se aninhou em seus braços, seu corpo pequeno se encaixando como se fosse feito para estar ali.

"Feliz aniversário, Carly"

Ela pendeu a cabeça para trás para encará-lo, surpresa, seus olhos luzindo de felicidade. A data havia sido mencionada apenas uma vez, e mesmo assim William não esquecera.

"Você lembrou!"

"É claro." O homem mais velho riu. "Até te trouxe um presente."

"Ah, Will, você não precisava. Sério"

"Eu sei." Ele respondeu, alcançando-lhe o embrulho colorido que estava sobre sua mesa. "Mas eu quis. Agora abra e me diga o que acha."

Carly obedeceu, dando um gritinho de alegria ao se deparar com a elegante caneta estilizada, no mesmo modelo das antigas canetas tinteiro., em preto e dourado. Gravado no corpo do objeto estava a frase "para minha escritora preferida".

"É perfeito!" A jovem de dezessete anos exclamou. "Eu adorei! Obrigada, Will."

De novo, quando ela se pôs nas pontas dos pés para beijá-lo, William foi envolvido num casulo de perfume de lírios.

Balançando a cabeça para se livrar das lembranças, William reparou numa folha de papel presa no vão entre a penteadeira e a parede, com o mesmo padrão floral da folha que encontrara no escritório. Pegou-a, ansioso para saber o que sua esposa tinha a dizer.

Oi, Will.

Fico feliz que tenha acatado minha sugestão e entrado no jogo.

Perfume de lírios sempre foi meu favorito. Quantas vezes você me deu esse perfume de Natal, aniversário ou alguma outra data especial? Foram tantas que eu até perdi a conta.

Sei que pensou em nosso primeiro beijo quando sentiu esse perfume, e no meu aniversário de dezessete anos, quando me deu aquela caneta especial. Na verdade, são tantas lembranças que aposto que deve ser difícil escolher só uma.

Mas enfim, sobre o nosso primeiro beijo ... Nunca mais falamos sobre ele, não é? Eu nunca contei o motivo pelo qual fugi, mas acho que você deve saber: medo. Naquele dia, eu estava morrendo de medo.

Tive medo por estar me apaixonando por alguém mais velho, que talvez só quisesse se divertir comigo, medo de me envolver, medo do que você me fazia, e sempre fez, sentir. A verdade é que, durante aquele beijo, foi a primeira vez na vida que me senti total e completamente feliz.

Embora nem sempre nossa relação tenha sido perfeita, e tenho certeza de que nenhuma é, quero que saiba que dividir minha vida com você foi o maior e melhor presente que já recebi, e que meus sentimentos por você jamais mudaram.

Carly

P.S: Suponho que já saiba qual é a próxima dica, não é? Vá ao sótão e pergunte às minhas meninas.

Sim, William sabia, mas não se sentia disposto a procurar naquele momento. Ao invés disso, borrifou no ar um pouco do perfume de Carly e sentou na cama, entregue as memórias que o aroma invocava. Sua esposa tinha razão, eram tantas que ficava difícil se concentrar em uma lembrança específica.

William ouviu passos na rua e, quando olhou, Carly vinha descendo lentamente a ladeira. Ao erguer os olhos e vê-lo, ela sorriu. Um minuto depois, estava à sua frente.

"Oi." A garota, agora com os cabelos no tom moreno natural, disse. "E aí, que tal essa chuva?"

"Adoro dias de chuva."

Ela tirou o casaco e o pendurou no trinco da porta, fechando-a em seguida. Assim que voltou-se para ele, William a puxou para um beijo. Carly se afastou graciosamente, fechou a janela e trancou a porta antes de finalmente se entregar em seus braços.

"Eu sonhei com isso noite passada, sabia? Com nós dois. Acordei e só conseguia pensar em você." Ela confessou. "Mas acho que isso não deveria estar acontecendo."

"Tecnicamente, você até tem razão, já que sou cinco anos mais velho." William concordou. "Mas não vou me aproveitar disso. Eu quero uma vida, um futuro do seu lado."

"Está falando do que eu acho que você está falando?"

A pergunta confusa fez William rir, mas mesmo assim ele assentiu.

"Não precisa ser agora." Ele disse gentilmente. "Nem logo. Mas sim, é isso mesmo, Carly, eu quero casar com você. Estou disposto a esperar o tempo que for, basta você querer.

"Sim." Ela respondeu depois de um breve momento de silêncio, sua expressão de surpresa se transformando em puro prazer. "Eu quero. Quero tudo. Mas tem que prometer que vai esperar por mim."

"Prometo." Ele se inclinou para beijá-la, se perguntando como era possível que os lábios de Carly sempre tivessem gosto de bolo. "Leve o tempo que quiser."

Ela sorriu, satisfeita, aninhando-se ainda mais contra ele, passando os braços por seu pescoço.

"Que bom" Sua voz era um ronronar. "Eu te amo, Will."

Eu te amo ... Te amo ... Amo ...

As palavras soavam como um eco na mente de William, que sentia as lágrimas arderem em seus olhos.

 — Carly!

O nome da esposa deixou seus lábios sem que se desse conta, num chamado desesperado. Ansiava por sentir novamente aquele corpo pequeno aninhado junto ao seu, por ouvir o riso daquela mulher, ver seus olhos castanhos o encarando ... Mas a vida tornara aquilo impossível.

Afastando os pensamentos, levantou-se e foi atrás da próxima dica daquela mulher maluca por quem ainda era, e sempre seria, perdidamente apaixonado. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Last Kiss" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.