– Autora POV –

Mais duas horas tinha se passado. Já faziam cerca de 10h30min que Sabrina tinha sumido do mapa. O sol já dava sinais de que ia aparecer. O delegado McAdams tentava a todo custo acalmar os ânimos dos companheiros da menina, que a cada 10 minutos, se levantavam e diziam que iam procura-la. Estava começando a perder a paciência, quando um de seus rapazes apareceu esbaforido, dizendo:

- Chefe! Encontramos um taxista que a viu! Ele a levou até a Rua Luther e disse que ela queria ir para a Rua Himmel! – o homem mais velho, seguiu o rapaz, e foi seguido pelo CB e por Lux. Os olhos de todos eles brilhavam em expectativa.

Quando McAdams percebeu que eles o perseguia, virou-se e disse:

- Paro aí! Isso é uma ação policial e se vocês forem junto, podem acabar atrapalhando.

Shin, irado, antes mesmo que alguém pudesse perceber, tinha se posto na frente de McAdams, o segurando pela gola da camisa.

- Escuta aqui, minha namorada está correndo perigo e você diz que nós vamos atrapalhar? – a ira jorrava dos olhos agora cinzentos de Shin, que a cada segundo, apertava ainda mais sua camisa. McAdams não viu outra escolha, prezava sua vida, e o garoto parecia realmente disposto a mata-lo.

- Pois bem. Vocês podem ir desde que obedeçam a todas as minhas ordens! – ele por fim falou. O CB e Lux suspiraram de satisfação. Shin tinha sido demais.

Cada um entrou no carro em que tinha vindo ao caso, Shin em um, Kiro e Theo em um diferente, Strify, Yu, Romeo e Lux em outro, mas todos seguindo a viatura de McAdams. Estavam todos ansiosos, tremendo e rezavam para que Sabrina estivesse bem.

Foram frustrados por um congestionamento a caminho da Rua Himmel. Um aparente acidente de carro tinha bloqueado a passagem e a policia fazia de tudo para que o delegado, junto dos adolescentes pudessem passar mais rápido, mas foi inevitável um atraso de 45 minutos.            Shin estava prestes a arrancar o volante, de nervosismo. Queria saber como estava a sua menina e nada parecia estar ajudando-o no momento.

Quando finalmente chegaram, desceram de seus carros e olharam ao redor. Era muitos galpões, cada um com um grande numero pintado em suas portas. Foram passando de um-em-um atentos para qualquer som. Quando chegaram perto do galpão 11, que escutaram:

- Sah! Sah! Pare com isso! Eu peço! Pare de machuca-la! – era a voz de Anneliese, carregada de dor e desespero. Estremeceram. O delegado sacou sua arma. Pegou um walkie-talkie e chamou reforços. Mandou-os trazerem uma ambulância junto.

Eles andaram mais um pouco, até pararem de frente para o galpão 13, onde os barulhos eram bem ouvidos, assim como as lamúrias de Anneliese.

Shin tinha o corpo rígido, como uma pedra. Todos os seus músculos estavam tensos e sua testa permanecia franzida. Ele tinha começado a assustar seus amigos.

- Fiquem aqui e... – ao receber os olhares dos adolescentes diante da frase, McAdams tratou de acrescentar – Esperem o meu sinal.

Com a arma na mão, McAdams entrou, fazendo um enorme barulho. Miguel e Anneliese se assustaram. Anneliese, quando percebeu o que estava acontecendo, suspirou aliviada, desmaiando em seguida. Miguel, inversamente, arquejou de fúria e ao mesmo tempo temor. O tinham pegado. Sabrina jazia desmaiada no chão, sangrando e com a respiração fraca.

- Mãos para o alto garoto! Afaste-se da menina! – berrou McAdams, aproximando-se, com a arma apontada para Miguel. Não vendo outra opção, Miguel obedeceu, dando alguns passos para trás. Ninguém a não ser ele sabia, mas uma arma 9mm jazia escondida em seu cinto. Era para o ultimo caso, ou para situações como aquela. Sacou-a.

- Fique longe! Não se aproxime de mim, ou eu estouro os miolos dela! – Miguel gritou, aproximando-se novamente de Sabrina, ajoelhando e a levantando, com a arma na cabeça da mesma. Tinha que suportar o peso dela, não que isso fizesse uma diferença significativa.

McAdams ficou estático por um momento. Estava sem seus reforços no momento, e uma vida corria risco. Precisava pensar. Pensar bem rápido.

12 horas tinham se passado.

Enquanto isso, Sabrina começou a se remexer nos braços de Miguel...

–Sabrina POV –

Abri os olhos em um sobressalto. Tentei me mexer, sendo impedida ao sentir algo na minha cabeça. Alguém me sustentava pela cintura. A pele era gelada. Tentei por os pés no chão, mas uma de minhas pernas doeu impossivelmente. Percebi 3 coisas:

Primeira: Eu estava sem blusa, ou seja, só meu sutiã cobria a parte superior do meu corpo.

Segunda: Miguel me sustentava, e provavelmente, minha perna esquerda estava quebrada.

Terceira: Tinha uma arma apontada para minha cabeça.

Miguel notou que eu tinha acordado. Havia outra pessoa ali, vestindo um uniforme policial e este abaixava uma arma.

Agora entendi. Eu era uma refém. Uma refém que teria os miolos explodidos a qualquer minuto.

Vasculhei o lugar o mais discretamente que pude. Na única janela do lugar, pude ver uma cabeleira loira e olhos que de longe brilhavam no tom mais lindo de azul.

Eu sabia quem era. Shin.

Ele não devia estar ali! Como descobrira onde eu estava?

Fui descuidada, e Miguel, seguindo a direção de meus olhos, também o viu, gritando logo depois:

- Todos vocês! Saiam já dai se não quiserem a ver morta! – a arma foi apertada ainda mais contra minha cabeça.

Shin saiu, aparecendo bem na minha frente. Ele não estava sozinho. Lux, Kiro, Strify, Yu, Romeo, até mesmo Theo. Todos estavam ali, me vendo.

- Ora, ora – Miguel zombou – Se não é o merdinha do seu namorado Sabrina... – ele me chamou pelo meu nome. Isso não era bom. Significava que ele estava nervoso.

Uma ideia iluminou minha mente. Odiaria fazer isso, mas era necessário.

- Que namorado? O meu namorado está bem atrás de mim. – me deu nojo dizer aquilo. Arregalaram os olhos. Miguel também pareceu surpreso, já que afrouxou o aperto em minha cintura. Consegui me virar, dando de cara com seu semblante confuso.

- O que? – Shin disse, com a voz carregada de preocupação e dor. Contive minhas lágrimas.

- Solte essa arma, lindo. Por que está com ela? – olhei nos olhos de Miguel, tentando convence-lo.

- O que aconteceu? Finalmente percebeu que eu sou bem melhor que o merdinha ali? – ela indicou Shin com a cabeça, mas eu não olhei para trás.

- Nunca houve ninguém além de você! – fingi estar ultrajada, começando a brincar com a gola de sua camisa. Quando namorávamos, eu costumava fazer isso.

- Então porque estava saindo com outro?

- Shin? Ele é simplesmente um amigo! Nunca tive nem nunca terei um caso com ele!

Miguel começou a abaixar a arma, e aproveitei a chance. Aproximei meu rosto do dele, tocando minha boca na dele. Senti aversão ao fazer aquilo, mas como já disse, era necessário.

Miguel entregou os pontos, abaixando de vez a arma. Ainda pressionando minha boca na dele, fiz um gesto com as mãos que sabia que Lux entenderia. 7. Emergência. Vá por trás.

Era agora.

Agarrei a arma de Miguel, a pegando. Ele abriu os olhos. Apertou minha cintura, me fazendo soltar um gemido. Ele encostara nas minhas feridas.

- Você vai pagar... – ele começou, mas foi interrompido.

- Hey! Desgraçado! – ouvi a voz de Yu. Miguel olhou para trás, surpreso. Um soco acertou seu rosto, e ele me largou. Caiu no chão.

Não consegui ficar de pé, mas meu corpo, antes de cair também, foi amparado por braços já conhecidos. Shin.

- Vai ficar tudo bem agora. Prometo.

- Que bom... – sussurrei. Minha mente esgotada começou a falhar. Ouvi o policial falando sua típica frase para Miguel, meus amigos me seguindo, Strify falando com Theo sobre soltar Anneliese. Fechei os olhos, sentindo um suave beijo na minha testa. Estava finalmente segura.

Tudo se apagou.