Yuri! Euphonium escrita por Mirai


Capítulo 2
Capítulo 1




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Como sempre, Reina chegou cedo à escola. Foi à sala dos professores e pediu a chave do clube de banda de concerto para o sensei ao qual ela era apaixonada. Ou ao menos era isso o que ela costumava achar. Nos últimos dias, ela não sentia mais tanta empolgação com Taki-sensei. A admiração nunca deixou de existir, mas sentia que a vontade de “amá-lo” não era mais tão forte. Por ainda estar se acostumando a essa ideia, Reina não sabia o que deveria fazer. Mas, por ser uma pessoa muito racional, encarou com naturalidade, como se fosse um processo de amadurecimento.

Mas, no momento, não pensava nisso. Focava-se em continuar tocando seu trompete antes que as aulas do dia começassem. Diariamente, treinava com o instrumento, sempre almejando a perfeição. Enquanto suas notas ecoavam em uma linda melodia, a porta do clube se abriu: era Oumae Kumiko.

Kumiko entrou na sala do clube, silenciosamente, para não atrapalhar a amiga em seu último verso da música. Porém, assim que se sentou, Reina parou de tocar antes de terminar a melodia. Ela tocou em seus cabelos com uma das mãos, colocando-os atrás da orelha, virando-se para Kumiko. A garota, que estava com seu eufônio, olhou para Reina.

‒ Ohayou, Reina! ‒ Disse dando um sorriso ‒ Eu não queria te atrapalhar no meio da música.

‒ Ohayou, Kumiko. ‒ A trompetista respondeu, caminhando em direção a outra garota ‒ Quer ensaiar comigo?

‒ Claro, eu adoraria. Quer começar da parte B então? É onde tenho maior dificuldade ‒ suspirou, um pouco preocupada.

As duas, então, iniciaram a música a partir da parte B. Reina dava dicas na respiração para que Kumiko conseguisse acompanhar a velocidade correta da música. Reina deu sinal para que parassem, aproximou-se da garota de cabelos curtos e castanhos, quase encostando a boca em sua bochecha. Kumiko corou-se ao sentir a amiga tão perto.

‒ Você tem que assoprar dessa forma ‒ Assoprou na bochecha da amiga suavemente, para que ela pudesse sentir como era o sopro que ela deveria fazer em seu eufônio.

‒ C-certo… vou tentar ‒ Disse Kumiko, tentando se recompor.

Reina deu um sorriso curto e se afastou. Kumiko não entendeu o motivo de ter ficado com vergonha por sentir o sopro de Reina em sua bochecha, mas ela gostou da sensação. Ela sentiu o coração bater mais rápido, mas achou que era apenas por estar com vergonha. As duas continuaram a tocar até o horário de suas aulas.

Mais tarde, durante o ensaio, os membros do clube praticavam uma música. Noboru-sensei estava elegante e com semblante calmo, como sempre. Ele conseguia notar que havia um som que estava um pouco fora do ritmo. Como um profissional, logo percebeu que era Kumiko. Ela estava com um olhar distraído, parecia estar olhando para outro lugar sem prestar muita atenção na partitura a sua frente. Ele não conseguiu identificar para onde a garota olhava, mas assim que o primeiro verso da música acabou, ele pediu uma pausa. Logo, chamou a atenção da garota de cabelos castanhos curtos.

‒ Kumiko, você não se sente bem? Essa parte da música é muito importante, você deve ter um pouco mais de intensidade ‒ o sensei disse calmamente, demonstrando que não estava bravo.

‒ Hai, sensei... Vou assoprar direito ‒ disse, ficando corada.

Porém, Kumiko não ficou corada pelo sensei ter parado o treino da música por sua causa, mas, sim, porque estava distraída olhando para Reina que tocava o trompete com tanta beleza que chegava a hipnotizar. Reina sempre tocou seu instrumento com maestria, mas a eufonista sentia-se ainda mais atraída por ela hoje, influenciada pela sensação que havia sentido quando estiveram a sós de manhã.

Reina, sempre muito perceptiva, logo notou que a amiga a fitava. A garota de cabelos negros apenas a olhou de relance, sem sorrir. Era difícil saber o que se passava na cabeça dela. Logo voltou suas atenções à partitura e soprou no trompete, em harmonia com todos os integrantes da banda que também voltaram a tocar seus respectivos instrumentos. Kumiko precisou se esforçar mais do que o normal naquela tarde para não perder novamente a concentração.

Já após as atividades do clube, Kumiko estava na saída do colégio com suas outras amigas, Katou Hazuki e Kawashima Sapphire. Elas conversavam e se distraíam enquanto andavam calmamente em caminho à estação de trem. Porém, antes de se afastarem muito do portão do colégio, foram surpreendidas por uma voz.

‒ Kumiko ‒ elas pararam e se voltaram para trás. Era Reina ‒ precisamos conversar ‒ falou com seriedade.

Ao ver a garota de longos cabelos negros, Sapphire sorriu para ela de forma meiga e a fitou brevemente, fazendo com que as duas trocassem um rápido olhar. Kumiko corou, principalmente pelo pedido de Reina. Mas aceitou de imediato, tendo certeza que seria algo importante.

‒ Ah… certo... Meninas, me desculpem, mas podem ir sem mim hoje? ‒ falou apressadamente, já indo ao encontro de Reina.  

As outras duas concordaram. Hazuki, em tom de brincadeira, reclamou um pouco, mas foi logo repreendida por Sapphire.

‒ Elas devem ter algo importante para conversar! ‒ falou, sempre parecendo ser muito fofa. Reina assentiu com a cabeça, agradecendo a ela.

‒ Ai, ai… tudo bem, vamos ‒ disse Hazuki, enquanto era puxada por Sapphire.

Reina e Kumiko foram andando na outra direção, em silêncio. Kumiko já estava apreensiva, querendo saber o que a outra queria lhe falar. Mas Reina caminhava tranquilamente, sem aparentar qualquer nervosismo ou pressa. Parou subitamente, à beira de uma rua próxima a um rio, onde não havia ninguém por perto. A essa altura, o sol já estava se pondo. Ela fitou Kumiko de forma bem intensa e se aproximou lentamente dela, o suficiente para fazer o coração da eufonista disparar e suas bochechas corarem. Reina pôs uma das mãos na face da amiga, a repousando ali, e abriu os lábios lentamente. Kumiko não sabia o que falar ou fazer, já havia perdido a noção da realidade.

‒ O que eu tenho feito que está tirando sua concentração nos ensaios? ‒ perguntou Reina, sem desviar o olhar.

‒ O quê? Não está fazendo nada… ‒ Kumiko tentou virar o rosto, mas a mão suave de Reina não deixou ‒ De onde tirou isso?

‒ Acha que não percebi? Que você não conseguiu se concentrar no ensaio da tarde por estar me olhando? ‒ questionou com um tom um pouco mais intenso.

Kumiko não conseguia se concentrar para responder. A proximidade do belo rosto de Reina, com os cabelos negros caindo em sua face, com os lábios rosados entreabertos, quase como se estivesse clamando por um beijo, não deixavam com que a eufonista pensasse muito na resposta. Ela sentia seu rosto esquentar cada vez mais, e Reina parecia se aproximar cada vez mais de Kumiko, que estava claramente inquieta. Estavam tão próximas uma da outra que já era possível sentir suas respirações em seus rostos.

‒ Não vai responder o motivo de ter ficado me olhando e ter perdido a concentração? ‒ a trompetista insistiu na pergunta, pressionando sua outra mão na mão de Kumiko.

‒ Reina, desculpe pelo que vou fazer agora...

Reina não teve tempo de pensar e nem reagir. Apenas sentiu os lábios quentes de Kumiko encostando nos seus, suavemente. Foi tão rápido, tão súbito, que Reina corou, afastando-se um pouco de Kumiko. A eufonista se soltou e se virou, saindo dali, assustando-se com sua própria ação. Reina não tentou segurá-la, ainda estava assimilando o que havia acontecido, ficou parada apenas olhando a amiga correndo embora.


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