Parei o meu carro em frente a um restaurante que aparentava ser extremamente caro. Pessoas bem vestidas, mulheres com cabelos perfeitamente arrumados e que exalavam seu perfume. Obviamente não me surpreendi, aquele era o mundo de Lexie, e não muito diferente do meu a alguns anos. Eu estava com uma calça jeans absurdamente escura que beirava ao preto, uma jaqueta preta e com uma blusa que acompanhava a mesma cor. Em contraste com aquelas roupas tão claras, que pareciam estar em harmonia com o ambiente. Entrei olhando para as pessoas que sorriam e obtinham reciprocidade por pura educação, e assim aconteceu até o momento em que vi uma garota ruiva em uma das mesas, com um rosto familiar e doce. Lexie não me parecia tão complicada naquela hora.

— Você deve ser a Lexie, certo?

Falei de pé em frente sua mesa a olhando nos olhos e com um sorriso nos lábios, que se dissipou no momento em que a doce ruiva abriu a boca. Ela levantou seu olhar do livro de romance em suas mãos, com desdenho e arrogância.

— E você deve ser o meu novo brinquedinho.

Quando ouvi suas palavras não pude evitar de franzir o cenho e a encarar com reprovação.

— Como é?

— O cara que vai ficar andando atrás de mim o tempo todo como se eu fosse um bebê e fazendo todas as minhas vontades. É, o meu novo brinquedo.

Ela fechou o livro sem se quer desviar o olhar de mim, e me olhava com toda a provocação que podia. Eu ri incrédulo de sua resposta.

— Olha, o seu brinquedo eu garanto que não sou, mas um bebê talvez você seja, por ainda não ser educada.

Coloquei uma de minhas mãos apoiada na mesa levando o meu corpo a inclinar-se. Fiquei a uns oito centímetros de Lexie e então completei minha frase enquanto a encarava.

— Mas não se preocupe, de acordo que crescemos nós adquirimos.

E sorri retribuindo à altura a tal provocação. Ela se levantou da mesa e andou até mim, parou a poucos centímetros e ainda assim permaneceu olhando em meus olhos.

— Tá querendo ser demitido?

Eu fechei os meus olhos como se ouvir aquilo fosse totalmente prazeroso e como se a implorasse por tal coisa.

— Por favor... Seria um presente.

Ela como resposta cerrou os olhos e me jogou todo o seu ódio e eu obviamente o retribui. Assim ficamos por alguns segundos até que ela resolveu sair andando e eu como seu responsável guarda costas fui atrás.

***

Ela parou na porta do restaurante e analisou o carro preto parado em frente.

— É o seu?

— Sim, senhora.

Eu respondi em tom de deboche a fazendo me encarar com desdenho. Ela balançou a cabeça em negação com os olhos fechados e então seguiu até o carro pronta para abrir a porta.

— Não, não, madame.

Corri até ela e abri a porta, em seguida estendi minha mão direita para dentro do mesmo em sinal de gentileza. É claro que ela sabia que aquilo era apenas irônia, qualquer um que estivesse ali saberia.

— Você sabe, não é? Eu farei tudo pra te agradar.

Ela pela primeira vez não retrucou e entrou no carro me encarando. Sinceramente, não deu pra decifrar seus pensamentos, mas não me pareciam ruins. Tranquei sua porta e dei a volta no carro pegando as chaves no bolso, as joguei para o alto e em seguida segurei enquanto encarava a ruiva no carro, até que parei em frente minha porta e entrei. Coloquei o cinto de segurança e exigi que Lexie fizesse o mesmo, ela o fez sem reclamar e aquilo sim me surpreendeu. Seguimos com o carro para a casa de Lexie e foi uma viagem tranquila, bom, até certo ponto. Quando dei por mim, apenas estava sentindo o impacto de um carro batendo ao nosso. Pude sentir que nosso carro derrapou girando na pista por mais que eu tentasse fazê-lo parar, só depois de alguns segundos ele parou. Eu procurei pelo outro carro mas não foi possível encontrá-lo, ele já havia sumido. Olhei para Lexie que estava com um corte na testa tentando tirar seu cinto de segurança e com uma dor visível em sua expressão. Bati minhas mãos de leve no volante do carro e fechei os meus olhos por alguns instantes entendendo que o sequestrador de Lexie acabara de decretar guerra.