Girls Talk Boys escrita por Glads


Capítulo 10
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Naomi

Meu quarto estava todo escuro.

A sensação era de que eu estava dormindo há dias, talvez estivesse mesmo.

Era sempre assim todo ano.

Estendi minha mão para apanhar meu celular que estava sobre o criado-mudo.

Na tela do aparelho vi que eram 08:07 da manhã de um novo dia.

É, eu tinha dormido um dia inteiro.

Ainda grogue fui ao banheiro.

Fiz todas minhas higienes, em seguida procurei alguma roupa no meu closet.

Só quando pus os pés para fora do meu quarto que me permiti pensar em Lavínia.

Antes, eu achava que seria injusto viver quando minha irmã não pode, mas eu percebi que por ela eu precisava ter a melhor vida de todas.

Suspirei pesado e fui até a cozinha.

Ao passar pelo quarto da Layse encontrei a porta escancarada e sem qualquer vestígio da minha amiga.

— Lucy? – chamei com a voz rouca.

— Aqui, querida. – sua voz veio da cozinha.

Assim que vi Lucy, franzi o cenho, pois Luke estava sentado diante do balcão de mármore tomando café.

— Bom dia. O que Luke Hemmings faz tão cedo na minha casa? E cadê a Layse? – perguntei puxando uma cadeira ao lado do meu amigo.

Luke, ultimamente, só estava vindo a minha casa para vê Layse e agora ela o evitava por causa da declaração de amor que ele fez.

Notei que Lucy respirou fundo e meu amigo se remexeu na cadeira.

— A Layse... Ela.. Foi... – minha ex-babá começou, mas Luke interrompeu sua fala.

— A Layse foi com o Calum, Mali e seus tios até a cidade vizinha para visitar a sua avó.

— Minha avó? E por que ninguém me chamou? Por que Layse foi "sozinha"? E se ela tiver um ataque e eu não estiver por perto? – perguntei pondo o suco em um copo – Espera. Ela não ia me deixar sozinha, por causa da La-lavínia.

Comecei a beber.

— Ninguém sabia como você estaria depois de ontem e a Layse estava muito ahn... Muito estressada. – Lucy me lançou um olhar significativo – Eu disse que seria bom para ela sair um pouco e pensar. A doença dela não pode impedi-la de sair e seus tios e primos estarão lá...

— E a mãe dela ficou sabendo? Todas as vezes que Layse viajou para visitar a vovó, eu estava por perto, tia Helena pode ficar preocupada. – falei.

Percebi Luke e Lucy se entreolharem tristes.

— Tudo bem, chega. O que está acontecendo? A Layse passou mal. É isso? Em que hospital ela tá?

— Em nenhum. Ela está bem. – Lucy garantiu e eu me aliviei, ela não mentiria com algo tão sério.

— Não foi preciso avisar a mãe da Lay – o loiro disse ignorando o que eu havia falado – E respondendo a pergunta que você fez assim que chegou, estou aqui para irmos à piscina municipal.

— E o que te faz pensar que eu vou para à piscina? – perguntei arqueando a sobrancelha – Estou impressionada que esteja aqui me chamando quando a Lay não está.

— Você é minha amiga e bom, vim chamar vocês duas, mas a Lucy disse que a Lay tinha saído. – ele deu de ombros.

Revirei meus olhos.

— Vou só terminar meu café para me arrumar. – falei.

— Como pode vê já vim preparado. – ele disse colocando os óculos de sol.

Ri. Ele estava bonito com uma camiseta azul, calção bege e sandália, mas havia algo no seu olhar, uma tristeza profunda. É, a Lay não ter respondido que o amava também deve tê-lo afetado demais.

— Espero que não demorem muito. – Lucy alertou – E passem protetor solar.

Fiz um sinal de positivo com uma das mãos.

***

Quase ligava para Layse, mas o sinal não pegava no caminho para a casa da minha avó.

— Realmente o dia tá lindo. – falei assim que pus meus pés para fora do prédio.

O céu estava azul, sem qualquer nuvem, o vento soprava, fazendo com que o dia ficasse agradável, mesmo com os fortes raios de Sol.

— Eu sempre tenho a razão! – Luke disse me abraçando de lado.

— EI! ESPEREM POR MIM! – aparentemente uma voz parecida com a de Michael gritou atrás da gente.

Eu e Luke nos viramos para trás e vimos Mike correndo atrapalhado até nós.

— Eu estou me convidando para ir à piscina municipal com vocês. – Michael disse nos alcançando um pouco ofegante.

— Como você sabe que vamos pra lá? – cruzei os braços.

— Além das roupas de verão, Luke mandou uma mensagem avisando, eu fui até seu apartamento e Lucy disse que vocês tinham acabado de sair.

— Por que não disse que tínhamos que esperar o Mike? – arqueei minhas sobrancelhas.

— Porque quando eu chamei, esse preguiçoso disse que não queria ir. Não sei porque agora quer.  – Luke falou olhando o amigo.

— Porque me deu uma imensa vontade de tomar banho em uma piscina. – Mike respondeu fazendo uma careta estranha.

— Sei... – falei em descrença – Vamos logo?

Os garotos assentiram e pegamos um táxi.

— Acreditem, essa é a última vez que vamos em uma piscina municipal. Estou sentindo que 2012 vai ser o ano da 5 Seconds Of Summer! – Mike disse.

Luke sorriu.

— Assim esperamos.

Chegar na piscina não demorou muito e até me impressionei com as poucas pessoas ali presentes. Apenas uma família e um casal de namorados.

— A gente toma banho ou fica só olhando? – Luke perguntou encarando a piscina com algumas crianças brincando.

— Que tal escorregarmos no castelo? – Mike pediu risonho apontado para uma espécie de tobogã em forma de castelo.

— Sempre soube que você era uma princesa. – Luke respondeu o amigo.

Ri da brincadeira entre os dois.

— Não sei vocês, mas eu vou nadar. Toda vez que eu vejo uma piscina só consigo lembrar do Rio de Janeiro, é como se eu estivesse em casa, sabe?

Os meninos deram de ombro e eu comecei a puxar para cima minha camiseta verde, deixando visível a parte de cima do meu biquíni brasileiro vermelho. Ia tirar meu short branco, mas achei melhor não, na Austrália as pessoas não estão acostumadas com as roupas de banho brasileiras que deixam pouco para a imaginação.

— Mike, quer um babador? – Luke deu um leve soco no braço do amigo.

Só então notei que o Clifford me encarava boquiaberto.

Então Michael desviou os olhos de mim e encarou Luke visivelmente chateado.

— Eu não sabia que tinha o poder de deixar Michael Clifford babando. – brinquei batendo levemente no dorso de Mike.

— E como tem... – Luke respondeu.

— Fica na sua! – Michael disse ao amigo.

— Vocês não vem? – perguntei já pulando em direção a piscina.

Depois de passarmos um tempo na água resolvemos sentar em algumas cadeiras ali.

— Eu vou no banheiro. Já volto. – Luke pegou o celular dele na mochila que eu tinha trazido com roupas limpas e saiu andando.

Mike me puxou para sentar na mesma cadeira azul longa que ele.

À duas cadeiras da nossa, havia um casal se beijando.

— Eles estão bem apaixonados. – falei pensativa – Queria que fosse assim comigo.

— Dá pra ouvir o barulho do beijo daqui! – Michael resmungou com nojo.

— Clifford! – bati em seu ombro – Não estrague o momento romântico.

— Você é bem frustrada por ainda ser bv, não é? – meu amigo me abraçou de lado me fazendo deitar em seu peito.

— Um pouco. – confessei envergonhada.

— Então por que você não beija um amigo? Você treina e faz passar um pouco da sua frustração. – sugeriu com uma voz estranha.

— E quem eu beijaria? O Luke, que é apaixonado pela Lay? Você, que também é apaixonado por outra garota?

— Quanto ao Luke é verdade. Mas quem disse que eu estou apaixonado?

— Não está? – perguntei com vontade de bater na cabeça do meu primo por ter mentido para mim.

O garoto negou com a cabeça.

— Então nós podemos...

— Você deixa eu te beijar? – sua voz saiu alterada e um pouco ansiosa demais.

Virei para olhar Michael em seguida concordei com a cabeça.

— Feche seus olhos e deixa o resto comigo. – ele sussurrou.

Fiz o que Mike pediu e estranhamente, não estava nem um pouco nervosa, como se aquilo fosse o certo a se fazer.

Em questão de segundos senti seus lábios contra os meus. Suas mãos circularam minha cintura, me fazendo ficar de lado na cadeira.

Por impulso apoiei minhas mãos ao redor do seu pescoço.

Eu estava beijando meu amigo!

Ficamos um tempo apenas pressionando nossos lábios, Mike começou a roça-los lentamente e tudo o que eu fazia era sentir meu coração acelerado. Quando meu amigo pediu passagem com a língua eu me surpreendi ao notar o quanto ansiava por isso.

Entreabri minha boca relembrando de um filme onde a protagonista passou pela mesma coisa que eu e sorri timidamente.

Mike, muito cuidadoso, explorou minha boca de maneira terna e eu tentei arriscar imitar seus movimentos. Ele pareceu satisfeito com meu gesto acanhado e aos poucos foi cessando o beijo, finalizando com um selinho demorado.

— Meu Deus! – murmurei ofegante – Eu não acredito que acabei de perder o bv e a Lay não tá aqui!

Michael começou a rir.

— E então? Você sorriu no meio do beijo...

— Foi bom. Sorri porque me lembrei de um filme que gosto.

Por um segundo vi uma feição decepcionada no rosto dele, mas foi só impressão minha, pois ele abriu um sorriso.

— Eu imaginei que depois que nos beijássemos você sairia correndo ou iria ficar muito vermelha.

— Idiota! – disse rindo notando que ainda estávamos muito próximos – Eu não fiz isso porque você é meu amigo, e foi algo que planejamos, mas se continuar a falar das minhas possíveis reações eu realmente vou sair correndo.

— Nam, quando eu disse que não estava apaixonado por outra garota era verdade, eu estou amando essa garota.— ele frisou a última parte.

— É o quê? E você me beijou? Isso não é certo! – balancei a cabeça negativamente me sentindo incomodada.

— A garota é v...

Antes que meu amigo terminasse de falar um Luke ofegante apareceu em nossa frente.

— Ele descobriu! Ele vai fazer da vida dela um inferno! – o loiro parecia prestes a chorar.

— O quê? O que aconteceu? – Michael se levantou me soltando bruscamente.

— Eu vou ter que contar para o Ashton! – Luke murmurou para si mesmo.

— Cara, o que aconteceu? – Mike perguntou.

— O Greg descobriu que a mãe da Layse morreu não sei como. Ele me mandou mensagem dizendo que o melhor estava por vir!

Franzi o cenho tentando assimilar o que ele tinha dito.

A mãe da Layse morreu!

— Como assim a tia Helena morreu? – perguntei ainda sem acreditar e pronta para brigar com os meninos por brincarem com algo tão sério.

— Ela teve um AVC ontem de manhã e faleceu. – Mike explicou sentando a minha frente.

— Como assim? Você acha que a Lay não teria me avisado? Ela está na casa da minha avó! Se a mãe dela tivesse... – eu comecei sem entender, mas sentindo algo se formar em minha garganta.

— Calum e ela não estão com sua avó. – Mike sussurrou – Os dois foram para o Brasil ontem, enquanto você dormia.

Empurrei o garoto a minha frente e com os olhos ardendo, levantei encarando Luke de pé.

— Por que não me acordou? – perguntei lentamente me esforçando para não brigar com ninguém.

— Ela pediu para que eu não te contasse, por causa da Lavínia. – ele parecia está com medo de mim.

Aquilo era a cara da minha amiga.

Finalmente percebendo a verdade, comecei a lagrimar sentindo uma dor imensa no peito.

— Por que não me contou hoje, quando acordei? Era isso que você e Lucy estavam escondendo! – o choro se tornou mais intenso e eu comecei a soluçar – Vocês me fizeram vim aqui para me divertir enquanto a minha melhor amiga está lá...

— Ela pediu... Nós não podíamos... – Mike pegou em meus ombros, mesmo comigo de costas pra ele.

— Eu me impressiono com você, Michael... Você escondeu de mim!

Na verdade, eu nem me incomodava mais com isso.

Minha cabeça só estava em Layse.

— Como ela tá? – perguntei olhando para Luke.

Ele ficou calado demonstrando o quando nossa amiga estava mal.

— Eu vou pra lá, agora. – disse pegando a mochila e me pondo a andar.

— Não! Você não vai! – Mike disse correndo ao meu lado.

— É claro que eu vou. Minha amiga precisa de mim.

— Ela não nos quer lá. – Luke surgiu do meu outro lado.

Parei.

— O quê? – perguntei.

— Eu estava com ela quando soube da notícia. – Luke pareceu prestes a chorar e eu soube que aquela tristeza no olhar era por causa da tia Helena – Mas foi para Calum que Layse correu. Ela não me quer por perto e pediu para seu pai não te levar para o Brasil.

Balancei a cabeça de um lado para o outro.

— Sejam compreensivos com ela. – Mike pediu – Vocês dois.

Peguei meu celular na mochila e disquei o número da Layse.

Ela não atendeu.

Foi aí que o choro se intensificou.

A mãe dela havia mesmo...

Todas as lágrimas que derramei da piscina municipal até chegar na minha casa, onde Ashton nos aguardava, foram derramadas pela dor da Lay, pela tia Helena que era com uma terceira mãe para mim - depois da minha e de Lucy - e por Lavínia.

É impossível descrever a dor do luto.

Eu poderia dá um jeito de ir para o Brasil, mas quando lembrei da Layse aderindo a tudo que eu pedia a cada ano da morte de Lavínia. Se era assim que ela queria, tudo bem.

Subi para meu apartamento sentindo as lágrimas acabarem e abri a porta apressadamente encontrando Lucy chorando nos ombros do Sr. Wilson.

Corri até ela e a abracei.

Sabia que Michael, Luke e Ashton estavam atrás de mim.

De repente, um detalhe voltou a minha cabeça e eu soltei a minha ex-babá.

— Espera. Luke você disse que o Gregory te ameaçou.

Ele mordeu os lábios e vi Ashton encarar o amigo.

— Como assim, cara? – ele perguntou.

— É melhor todos sentarem. – meu amigo pediu e assustada o obedeci.

— Eu acho que vou indo. – Sr. Wilson levantou.

— Fique, por favor. – pedi.

Ele olhou de mim para sua namorada e assentiu voltando ao sofá.

Ashton se sentou ao meu lado e segurou minha mão.

O encarei e notei que ele havia chorado. Não fiquei surpresa, eu sabia que ele e Lay tinham uma ligação.

Todos ali possuíam um enorme carinho por Layse e notei que Michael e o Sr. Wilson estavam com os olhos vermelhos.

— Eu não sei por onde começar. – Luke disse se sentando no chão ao lado de Michael.

— Tendo dizendo por que esse homem voltou a te ameaçar.

O loiro suspirou e contou uma história que eu queria muito que fosse mentira.

[...]


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