ALMARA: Ameaça na Ilha de Xibalba escrita por Xarkz


Capítulo 41
CAPÍTULO 40 | O Segundo Titan


Notas iniciais do capítulo

A cada era sempre surgem dois super seres conhecidos como "Titans". São criaturas dotadas de um poder absurdamente acima de todos os demais. Mas até onde se extende esse poder?



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O reino de Bellerom, como grande parte dos grandes reinos, foi criado ao pé de um grande rochedo, de forma que, para ser invadido, o único caminho é atacá-lo pela frente.

Suas gigantescas muralhas, que fecham a frente da cidade, abrigam centenas de arqueiros e magos estrategicamente posicionados

Bellerom é conhecida por ser a residência de três dos maiores arqueiros de Almara.

Déwian, um orc de mais de dois metros de altura, cabelos vermelhos e uma musculatura acima da média. Preso em sua testa, acima do olho direito, utiliza um monóculo. Seu arco é gigantesco, quase do tamanho do próprio usuário. É conhecido como o arqueiro com o disparo mais potente de Bellerom.

Khal Han, um elfo de estatura média, cabelos compridos e negros, utiliza um arco diferente do convencional, pois a corda se parece mais com um elástico, largo e achatado. É conhecido como o arqueiro com disparos consecutivos mais rápidos de Bellerom.

Philmore, elfo, alto e magro, com cabelos brancos e compridos até a altura dos joelhos. É o líder dos arqueiros e seu arco condiz com seu posto. Ele é prateado e cravejado de joias preciosas. É conhecido por ter o disparo de maior alcance em Bellerom.

Cada um deles fica em um espaço especial de destaque no muro, separados à uma certa distância mas próximos o suficiente para que possam conversar.

— Parece que tudo não passou de um blefe. — diz o orc grandalhão. — Reconheceram nossa força e não vão nos atacar. Seria uma perda grande de soldados, para eles.

— É o que parece, Déwian. O Império Mundial tem poder bélico suficiente para nos esmagar, mas ainda sim seria uma batalha sangrenta. Haveriam muitas baixas para o lado deles, então não acho que vão querer entrar em conflito tão cedo. Creio que vão tentar evitar o derramamento de sangue com diplomacia.

— Você é muito exagerado. Se eles tivessem poder suficiente para nos esmagar, como você disse, então eles já estariam aqui.

— Talvez venham com um pequeno exército, para nos testar.

— Estamos aqui à horas, sem mudar de postos. Eles não virão.

— Quietos! — ordena Philmore, interrompendo a conversa. — Eles já chegaram.

Déwian e Khal Han ficam em silêncio, enquanto Philmore avista algo, muito longe no horizonte.

— Está vendo o exército deles, Phil? — pergunta o outro elfo. — Quantos são.

O líder dos arqueiros olha tudo ao redor e então responde.

— Apenas um! — responde, deixando os demais estupefatos.

— Mas que tipo de ataque é esse? — continua Khal Han. — Tem certeza de que ele não está trazendo uma bandeira branca consigo?

— Não está! Ele está se aproximando devagar, caminhando sozinho próximo à terceira montanha da esquerda para a direita. E tem uma insígnia em seu peito...

Insígnia no peito? — pensa Khal Han. — Eu sequer consegui enxergar esse cara e ele consegue ver uma insígnia em seu peito. A visão do Phil é incrível.

De repente Philmore emudece e muda sua expressão, parecendo assustado.

— Aquele homem que está vindo não é uma pessoa comum. Ele é um oficial de alta patente do Império Mundial! UM GENERAL!

Agora são Déwian e Khal Han que emudecem, enquanto sentem sua espinha gelar.

— Você não pode estar falando sério! — exclama Khal Han. — Eles querem nos exterminar? Sabemos que são três os generais. Dois deles são Titans e o outro não. Qual deles está vindo?

— Não é um shamarg. — responde Philmore. — Mas não tem como dizer se é um Titan ou não. Desconheço a aparência dos outros dois generais.

Antes que alguém continue a conversa, Philmore coloca o pé esquerdo em cima da parte mais baixa do muro, prepara seu arco, encaixando uma flecha nele.

Uma flechada à esta distância? — pensa Khal Han, impressionado. — Eu sequer consegui enxergar o inimigo ainda. Esse é o nosso líder!

Enquanto foca sua mira, o corpo de Philmore permanece completamente imóvel, como uma estátua.

Concentrando seu mahou, um pequeno turbilhão de vento surge ao redor da flecha e então ele a dispara.

Enquanto avança, a flecha deixa um rastro de poeira para trás e o tornado à sua volta age como um propulsor.

O general continua caminhando calmamente com as mãos nos bolsos e Philmore fixa seu olhar no alvo, a fim de saber se seu ataque será efetivo, porém, a flecha parece passar direto pelo alvo, atingindo a montanha atrás dele.

— E então? — pergunta Déwian, curioso. — Ele morreu?

— Eu não entendo? — diz Philmore, impressionado. — O disparo foi perfeito, a direção estava certa, inclusive a flecha pareceu atingir o alvo, mas ele ainda está lá, como se nada tivesse acontecido.

— Eu sabia que não seria tão fácil. Ele é um general, afinal. — conclui Khal Han.

— Há, há! Eu te digo o que aconteceu. — caçoa Déwian. — Você errou! O “grande” Philmore, que nunca erra, errou!

— Eu não errei. A flecha simplesmente passou por ele.

— Como assim? Você perfurou ele?

— Não, ele está intacto, mas a flecha passou através dele.

— Admita, você errou!

— Já disse que não errei!

Nisso Khal Han força suas vistas e finalmente localiza o alvo.

Identifica um homem muito pálido, de cabelos pretos e óculos escuros, vestindo um sobretudo preto com uma pequena capa rasgada, que vai até a altura da metade do peito. Ele caminha calmamente, sempre com as mãos nos bolsos.

— Ah! Agora que ele está mais perto eu consigo vê-lo.

— Onde está? Onde está? — indaga Déwian.

— Você ridiculariza o Phil, mas sequer consegue enxergar nosso inimigo sem essa coisa. — apontando para o monóculo acima do olho direito do orc.

— Posso não enxergar tão longe, mas garanto que acerto uma flecha na sua cabeça agora mesmo, à essa distância, se não calar a boca.

— Você não acertaria um ciclope à essa distância.

— Sabia que posso te esmagar como se fosse uma azeitona?

— Sabia que seu cérebro é do tamanho de uma azeitona?

— Parem vocês dois! — ordena o líder dos arqueiros. — Ele está cada vez mais perto.

— Ok! — prossegue Déwian — De qualquer forma, se ele está dentro do campo de visão do Khal, então está no meu alcance.

O orc baixa o monóculo, colocando em frente à seu olho direito, enquanto fecha o olho esquerdo.

Ele procura na posição informada por Philmore até que o avista.

— Aí está você, generalzinho. Não vou errar, como fez o Phil.

Eu não errei. — Pensa Philmore, contrariado. — De alguma forma ele evitou meu ataque. Mas agora não vou tirar os olhos dele, vou descobrir qual é o seu truque.

Déwian coloca uma enorme flecha em seu arco e, fazendo uma força descomunal, puxa a rígida corda que prende as extremidades do mesmo. As veias saltam em seu pescoço, mas ele mantém firme sua postura, faz mira e então lança a flecha, que dispara com um estrondo.

Uma grande ventania é criada ao lançamento da flecha, que voa e, em questão de centésimos de segundos, chega até o alvo, porém, transpassa seu corpo e atinge o rochedo atrás do general, explodindo-o e deixando uma cratera no lugar.

— Eu… Errei? — indaga o orc, confuso ao ver o inimigo ileso. —  Isso é impossível!

— Não, você não errou. — corrige Philmore. — Novamente a flecha passou pelo corpo dele, sem causar danos.

— Mas o que esse cara é? — pergunta Khal Han. — Um fantasma? Uma ilusão?

— Mesmo que a flecha do Déwian passasse apenas perto dele, seria o suficiente para feri-lo. Não sei contra o que estamos lutando.

— De qualquer forma, agora é a minha vez. Ele já está bem próximo e logo vai entrar no meu alcance. — afirma Khal Han, já posicionando-se para atacar.

Diferente dos outros, Khal Han não possui uma uma aljava para carregar flechas. De fato ele não parece possuir flecha alguma, apenas uma ombreira reta e quadrada, acima do ombro direito, com um símbolo mágico desenhado em cima.

Ao aproximar a mão direita acima do ombro o símbolo brilha e dele saem a parte anterior de dez flechas, que são puxadas todas ao mesmo tempo. As flechas brotam do símbolo, saídas de outra dimensão e são colocadas no arco pelo elfo.

A corda estranha do arco agora mostra sua função, que é abrigar as dez flechas ao mesmo tempo, para que possam ser arremessadas juntas.

O arqueiro não aponta diretamente para o alvo, mas mira em um ângulo acima dele, de forma que elas possam cair sobre o inimigo, fazendo uma curva no ar.

Ele se foca, mira e então lança as flechas.

Imediatamente ao lançar, em uma mínima fração de segundo, ele saca mais dez flechas e as lança, repetindo o processo trinta vezes em um curtíssimo espaço de tempo, totalizando trezentas flechas voando no ar.

— Ainda não acabou! — declara Khal Han, sorrindo, enquanto bate uma palma contra a outra, em um ritual mágico que faz com que cada flecha no ar se multiplique em mais dez.

Três mil flechas lançadas de uma vez só. — pensa Philmore, impressionado. — Uma habilidade única que rendeu à ele o título de “exército de um homem só”. Nunca deixa de me impressionar.

As flechas caem sobre o alvo como uma chuva, porém, ao chegarem perto, algo inusitado acontece.

As flechas que cairiam sobre o alvo são destruídas no caminho, como se colidissem com um muro invisível ao redor do general, que sequer esboça alguma reação, continuando a caminhar normalmente.

Nenhuma flecha atinge o alvo.

— Ta de brincadeira? — surpreendeu-se Khal Han.

— Parece que ele estava de guarda-chuva. — zomba Déwian.

— E não é que parecia mesmo?

— Ele faz jus ao título de general. Talvez estejamos lidando com um Titan aqui. — alerta Philmore, preocupado. — Primeiro as flechas passavam através de seu corpo e agora isso? As habilidades dele parecem ser “intangibilidade” e “campo de força”.

— Intangi… O que? — questiona Déwian.

— Intangibilidade é a faculdade de transpassar objetos sólidos, como se fosse um fantasma. Já o campo de força é uma habilidade bem comum entre os magos, para deter ataques de todos os tipos. Com isso já temos uma noção dos poderes dele. Nunca ouvi falar de alguém na atualidade com o poder de ficar intangível, por ser uma habilidade de nível épico, mas em se tratando de um general, parece que tudo pode acontecer.

— E o que vamos fazer?

— Deixe ele chegar mais perto. Vamos atacar com tudo o que temos. Não há como ele se manter intangível ou mesmo segurar um escudo por muito tempo. Arqueiros, magos, balistas, catapultas, todos vão atacar juntos sem lhe dar intervalo para descansar. Quero ver o quanto ele pode aguentar.

 

Alguns minutos se passam e todos já estão a postos.

A tensão da espera faz parecer uma eternidade, o coração disparado dos soldados pode ser ouvido pelos aguçados ouvidos élficos.

— Essa espera deve fazer parte dos planos dele para nos desestabilizar. — informa Philmore. — Está brincando conosco para que cometamos erros. Não vamos deixar que um único homem acabe conosco.

— Ele já está no alcance dos arqueiros, mas falta um pouco ainda para que entre no alcance dos magos. — complementa Khal Han.

— PREPAREM-SE! — ordena o líder.

Todos os arqueiros e magos se posicionam para atacar, bem como os soldados que manuseiam as balistas e catapultas.

O general continua a caminhar, sempre com suas mãos nos bolsos, aproximando-se cada vez mais.

— A SEUS POSTOS! AO MEU COMANDO QUERO TODOS ATIRANDO SEM PARAR! NÃO DESCANSEM ATÉ QUE TENHAM ACABADO COM O INIMIGO!

Mais alguns segundos.

— PREPARAAAAR! APONTAAAAAR!!!

O silêncio toma conta do reino.

— FOGOOOOOO!

Os arqueiros são os primeiros a dispararem, seguidos das catapultas e balistas, e então os ataques mágicos de todos os tipos.

As flechas novamente começam a ser detidas por algo que parece uma barreira invisível.

Uma flecha gigante, lançada por uma balista, segue diretamente para o general, mas acaba transpassando seu corpo e atingindo o chão atrás dele.

Enquanto as flechas são detidas, uma pedra redonda avança contra ele, porém, ao chegar perto, é partida ao meio, caindo um pedaço para cada do lado do general.

Uma bola de fogo transpassa seu corpo, mas o turbilhão de ar que vem em seguida simplesmente é destruído no ar, como se fosse dispersado pelo impacto de uma pressão de ar maior.

Enquanto a chuva mortal cai sobre ele, o general caminha tranquilamente sem ser atingido.

— Mas que diabos! — pragueja Déwian. — Nada funciona. Ele continua andando como se nada tivesse acontecendo ao seu redor.

Alguns soldados, que estavam de prontidão na frente do portão principal, decidem atacar sem que tenha havido uma ordem para isso.

— Hei! Aqueles caras estão loucos? — esbraveja Khal Han. — Quem mandou atacar? Eles vão se matar. Vou lançar uma flecha na frente deles pra que voltem. — Já preparando seu arco, quando é detido por Philmore.

— Não! Eu sei que pode parecer perverso de minha parte, mas essa é a chance de que precisávamos. Podemos aprender mais sobre as habilidades dele. Eles atacaram por contra própria e sabiam dos riscos. Se querem que a morte deles não seja em vão, observem atentamente e tentem entender ao máximo sobre nosso inimigo, procurem brechas, NÃO DEIXEM PASSAR NADA!

Os três poderosos arqueiros fixam seu olhar no general, enquanto os soldados, armados com espadas, lanças e outras armas, atacam.

O primeiro salta contra o inimigo com espada em punho mas, ainda no ar, parece ser atingido no estômago com um soco invisível e, após vomitar muito sangue, cai morto no chão.

Um segundo lança um machado, que transpassa o corpo do general. Em seguida o guerreiro que o lançou parece ser alvejado por uma saraivada socos em todo seu o corpo, caindo morto em seguida.

Outro tenta cortá-lo com uma espada, mas o golpe transpassa o general e, antes mesmo de completar o golpe, já havia sido atingido, caindo já sem vida.

Os demais tentam fugir, mas são atingidos à distância, sendo derrubados um à um.

Aquela maldita barreira pode atacar? — pensa Philmore, confuso. — Aquilo é realmente uma barreira? Não compreendo que técnica ele está utilizando.

— Até agora o que ele fez foi apenas caminhar como se passeasse no parque. — comenta Khal Han.

— Mas são nossos soldados que estão morrendo lá. — diz Déwian, indignado. — Esse cara está zombando de nós.

— Não sei dizer se ele está zombando de nós… — complementa Philmore. — Ou se isso é realmente como “um passeio no parque” para ele.

O general, agora bem próximo, pode ser visto com mais detalhes, como o pingente em forma de crânio que prende sua capa, suas orelhas pontudas, mas não tão grandes quanto as dos elfos e os dentes caninos, maiores do que o normal e projetados para fora da boca, aparecendo mesmo quando ela está fechada.

Ao ficar em frente ao portão de entrada ele olha para cima, encarando os três arqueiros.

— Parece que o Império Mundial está economizando seu exército. — provoca Déwian. — Apenas um homem?

— Como você mesmo disse, orc: “seria uma perda grande de soldados” para o Império Mundial. — responde o general.

Por alguns instantes Philmore tenta se recordar quando foi que Déwian havia dito aquelas palavras, até que se lembra, ficando ainda mais assustado.

Déwian disse aquilo antes mesmo de eu avistá-lo. — pensando. — Como ele…

— “Como eu sei o que ele disse”? — responde o general, sem que tenham lhe perguntado. — Apenas li seus lábios.

Agora é Khal Han que se surpreende com as habilidades do inimigo.

Ele leu os lábios do Déwian de toda aquela distância? A visão dele supera a do Philmore. Quem é esse monstro?

— Porque ainda estão olhando para baixo. — diz uma voz ao lado de Philmore.

Quando os arqueiros se dão conta, não há mais ninguém no local onde o general estava.

Ao olharem para o lado, de alguma forma, o general está ao lado de Philmore.

Incrédulo, Khal Han olha novamente para baixo e então para o general. Como ele poderia ter aparecido ali tão rápido enquanto todos estavam olhando fixamente para ele?

Philmore esboça um leve sorriso, mas sem conseguir esconder a preocupação.

— Impressionante! Você faz jus à reputação dos generais do Império Mundial. Intangibilidade, uma barreira que também serve como ataque e agora teletransporte. Pode parecer pouco mas conhecer as habilidades do inimigo faz toda a diferença em uma batalha e já entendemos todas as suas.

— Nós não simplesmente atacamos aleatoriamente. — diz Khal Han. — Estávamos estudando suas habilidades o tempo todo.

— Parece que seremos os primeiros a ver um general cair. — completa Déwian, gabando-se.

O general franze o cenho e então sorri.

— Intangibilidade? Barreira invisível? Teletransporte? Não poderiam estar mais errados quanto às minhas habilidades.

 

Resta uma semana para o ataque à Xibalba.


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Notas finais do capítulo

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