Zombieróscopo escrita por Turma do Amor


Capítulo 8
Acidentes


Notas iniciais do capítulo

Recomendamos a leitura acompanhada dessa música: https://youtu.be/RUi54JTgL5s?list=LLbwGiv98kExN9h6EWQdHnMw



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Mal chegou 7:00 da manhã e a cafeteira já trabalhava como uma escrava, Capricórnio andava pela casa apressado, em mais uma manhã agitada como qualquer outra.

—Papai.. -Dizia Clarisse, que chegava na cozinha com sono e coçando os olhos -viu o Pimbu?

Pimbu era o coelhinho azul de pelúcia que acompanhava Clarisse pra qualquer lugar, uma menininha de 5 anos com as madeixas encaracoladas castanho claro do pai, e a feição da mãe.

—Não meu bem,acho que ele está escondido- Falava enquanto arrumava a gravata no pescoço- Mas se fosse pra eu chutar, diria que ele está no castelo do Bruxo Mau.
—Ahh!- Clarisse cobre a boca, engolindo em seco e ficando com medo.
—Mas nada temas!- Chega sua esposa na cozinha, junto do coelho- A mamãe enfrentou o Bruxo Mau e resgatou Sir Pimbu.

A expressão de Clarisse se ilumina, agarrando a pelúcia e abraçando com força, correndo pra mesa comer seu pãozinho.

—Bom dia querida -Capricórnio fala, recebendo um selinho da sua esposa, enquanto tomava café -Viu os meus documentos?

—Acho que estão no castelo do Bruxo Mau - Ela brinca, enquanto arruma a gravata mal enlaçada do marido - Brincadeira, estão no seu escritório, junto dos seus óculos.
—Ah, obrigado- Ele ri, terminando de se arrumar, apressadamente - Temos que ir logo, senão vou acabar me atrasando pro trabalho.

Capricórnio trabalha no maior centro hospitalar do país, onde também funciona como laboratório e centro de pesquisa para curas de doenças em geral. Ele trabalha como secretário no laboratório, junto de sua esposa, que trabalha na cafeteria da área hospitalar.

—--------

—Já chegamos? -Clarisse perguntava já pela 3ª vez ,ansiosa pra chegar na escolinha, como sempre - Já chegamos?
—Ainda não docinho- Capri dizia no mesmo tom calmo que as respostas anteriores, suspirando logo em seguida, desconsolado - Não acredito que o rádio do carro quebrou, tinha recém comprado ele!
—Você comprou numa loja de produtos de segunda mão -Sua esposa riu, dando de ombros - O antigo dono até avisou que ele não iria durar muito.
—É mas com aquele preço? Nunca iria achar uma oferta tão boa, eu tinha que comprar! -Ele dava leves tapas no volante, como se aquilo fosse aliviar seu estresse.

Sua esposa que assistia todo aquele mini show de raiva com um sorriso tranquilo, deposita sua mão de maneira delicada no ombro do marido, que agora estava carrancudo.

—Não precisa ficar assim querido. Olha, o trânsito está muito tranquilo agora! Mesmo pra um feriado, tivemos sorte em chegar nesse horário.

Eles moravam a quase meio mundo do trabalho, e a filhinha deles estudava perto do hospital, assim era mais fácil (e econômico) na opinião de Capricórnio.

—Tem razão ,não vejo o centro da cidade tão calmo assim já faz décadas. -Admite ele, já mais calmo.

Ele já havia notado isso, estava até estranhando o movimento. Estava ciente que era feriado hoje na maioria dos estabelecimentos, mas ainda era meio da semana! Como podia estar tão calmo o movimento assim? Ainda era a parte mais residencial da cidade, mas nos outros dias o movimento constante de carros já era perceptível.
Ele olha pro lado e vê sua esposa cantarolando, contente. Resolve tirar esses pensamentos duvidosos da mente, encarando a rua afrente enquanto entravam na BR.Tendo como calmante o leve cantarolar baixo de sua filha no banco de trás, acompanhando a música da mãe.
Tantas coisas passavam na sua mente, preocupações, o trabalho estava tomando mais tempo do que antes ,tendo que preencher planilhas em casa e não só no trabalho, as contas estavam vindo mais altas, sua esposa estava apresentando sinais de febre constantemente, aparelhos da casa quebravam, não só a televisão que quebrou semana passada ,mas agora o rádio também, sua filha estava crescendo, em pouco tempo teria que procurar uma escola em outro local, isso iria consumir mais tempo de viagem...
Mas todas essas preocupações se dissiparam tão rápido quanto deu tempo de ouvir a voz alta e aguda em tom de aviso, gritando:
—AMOR!
Era sua esposa, que agarra o braço de seu marido com tanta força que tira ele de seus devaneios, antes de tardios segundos perceber que havia alguém na rua, no meio do viaduto, não foi possível ver o rosto da pessoa, que agora se espatifava entre o vidro do carro de maneira violenta, quebrando-o em pedaços.
Tudo isso não durou mais que um respiro. Mas uma curva brusca feito pelos pulsos de Capricórnio, afim de inutilmente desviar da pobre massa de carne, agora no capô, fizeram com que o carro batesse no muro de proteção numa velocidade maior que a permitida em muitos países. Levando o automóvel à cair vários metros em queda livre.

—---------

—Você devia ser mais rápido com isso.. - Dizia Serpentário, sentado encima de um balcão, com sua famosa cara de entediado.
—E VOCÊ DEVIA ME AJUDAR COM ISSO!- Libra grita inutilmente com a figura que estava à metros dele, se tivesse mira suficiente, jurava que jogaria um bisturi naquela testa cheia de cabelo lambido do adolescente delinquente, mas infelizmente, estavam as mãos ocupadas no momento.
O que era mais útil no momento? Discutir com um garoto de 15 anos o significado de "educação com os mais velhos", ou de salvar sua pele de criaturas horrendas cheirando a carniça que estavam tentando com todas suas forças atravessar uma porta dupla em busca do amado pescoço do cientista loiro mais cobiçado do hospital? A resposta era clara.
—Eu não, não limpo a sujeira de outros.- Ele desvia o olhar do homem descabelado, como se debochasse - A culpa não é minha se vocês não sabem misturar um monte de líquidos e pózinhos direito.
—Você... -A voz sai ríspida, devido ao excesso de força que ele está fazendo contra o grupo de zumbis, tendo sucesso em fechar a porta, atravessando as maçanetas com um pedaço grosso de ferro, caindo no chão logo em seguida, ofegante - Não entende a gravidade da situação né? Estamos no FIM DO MUNDO! Tudo graças aos experimentos insanamente malucos de seu pai! -Não ligava ao quão deselegante estava sendo por levantar a voz a um mero garoto mimado, tinha que jogar as verdades na cara dele.
—Não ouse falar assim de meu pai! -Serpentário se levanta de sua posição, olhando pro mais velho com um olhar ácido- Ele era o melhor cientista desse lugar!
—Sim, antes de sumir depois da merda que ele fez!

O pai (adotivo) de Serpentário era um dos cientistas mais influentes do estabelecimento, colega de laboratório de Libra. Ele tinha uma mente brilhante ,isso não poderia negar, criou vários antibióticos de derivados materiais, descobriu curas para diversas doenças, o cara tinha uma mente fora do normal!
E com todo esse talento tinha que vir seus defeitos, sua aparência já era suspeita para alguém do ramo científico, ele tinha uma grande afinidade com o preto, além de suas roupas geralmente serem de cores mais escuras (ou senão pretas).Seu jaleco se destacava entre os profissionais trajados de branco puro demonstrando a limpeza, sem manchas de produtos químicos, seu jaleco era preto, cor da morte e mistério, como se tentasse esconder as manchas de seus procedimentos, sendo de produtos químicos...ou sangue.
Ele tinha hábitos um tanto quanto duvidosos diariamente. Vivia enfurnado no seu laboratório pessoal nos tempos livres, só saía no fim do expediente, sempre com uma cara passiva voltando pra casa, falava com quem falasse com ele, nada mais.
Porém o mais perturbador não era seus hábitos numa sala reclusa, não era o rosto com piercings, e sim sua socialização. Era conhecido pelos arredores do hospital por um apelido, um apelido que ele mesmo criara pra si, e o usava como um nome formal. Em todos os lugares com suas informações públicas, você o encontraria identificado por seu apelido, até seu crachá de identificação possuía seu apelido no lugar de seu nome verdadeiro. Era como se essa espécie de codinome fosse uma garantia...como se soubesse que seu amado "projeto pessoal" poderia acabar da pior maneira possível. E ele já tinha se prevenido espalhando um nome falso: Jojo.

— Ele não fez merda nenhuma! - O mais novo gritou em defesa- Ele é um cientista revolucionário!
— Ele era um louco! Ele infringiu as leis da vida, agora mortos estão voltando a vida e comendo pessoas inocentes, tudo por causa que seu pai não conseguiu botar aquela porra de cabeça no lugar e acabou criando um vírus monstro!!- Libra grita enquanto se levanta, com uma expressão de pura raiva e reprovação -E você ainda o defende? Ele te abandonou aqui para morrer!
— Meu pai nunca me abandonaria! Ele foi apenas buscar ajuda de alguém útil, diferente de você e todos esses cientistas idiotas que fazem porra nenhuma!! -Serpentário finalmente perde a paciência ,se retirando da sala e correndo pro fim do corredor, fugindo da visão do loiro aborrecido.

Libra suspira, caminhando pelo perímetro, pra ter certeza que nenhuma criatura entrou ou teria chance de entrar.
Eles estavam aparentemente na região sul da ala dos laboratórios.Se distanciando cada vez mais da ala hospitalar, e o sons dos zumbis ficando cada vez mais abafados, pôde perceber que conseguiram salvar (felizmente) uma boa parte do laboratório.
Passando pelo corredor, passou pela cafeteria do hospital ,abandonada e com cara de judiada, pois as cadeiras estavam por sua maioria largadas no chão, comida amassada esparramada pelo piso ,mesas...e paredes. Libra se aproximou e adentrou a cozinha com cautela, pra ter certeza que nada estava lá dentro. Pra sua sorte, não havia nada, mas perde o fôlego com a imagem que encontra lá dentro.
Havia uma mancha, uma mancha grande de sangue nos armários da cozinha, como se um daqueles zumbis tivesse sofrido uma colisão muito forte e batido nos armários. Ali havia acontecido um confronto, e o pior de tudo:
O sobrevivente não venceu a luta.
Mas como o Libra podia supor isso? Tinha alguma coisa à mais ali que provava isso? A resposta era simples.
Não havia corpo.
Se a pessoa tivesse vencido o zumbi, haveria o corpo de um zumbi morto ali, no meio daquela poça de sangue com fedor podre alastrando o local e atraindo mais zumbis. Mas não havia nada disso, tinha apenas um armário com sangue ainda fresco esparramado nele, não havia corpo, não havia arma e principalmente, não havia zumbi.
Aquilo abalou um pouco a consciência de Libra, havia tantas pessoas tentando sobreviver, tantas fugindo, tantas lutando...e tantas morrendo.
   Saiu do cômodo com o passo apertado, queria sair dali o quanto antes, aquilo despertava pensamentos indesejados, preocupações ,antecipações.
  Apoia bruscamente as costas na parede do corredor, soltando um leve e abafado "baque". Pega o celular, discando o número que já digitou dezenas de milhares de vezes ,e nunca teve coragem de clicar  no botão de chamar.

Porém dessa vez ele faz o contrário, ele clica com toda sua força o botão verde, levando o celular à orelha, nervoso.

Tuuuuuuuuuuuuuh

—Atende -Sussurra, desejando que seus pensamentos não se tornassem realidade

Tuuuuuuuuuuuuuh

—..Atende - Deseja com mais força ,agora com a voz meio trêmula - por favor...

Tuuuuuuuuuuuuuh

—ATENDE PELO AMOR DE DEUS!! -Libra soca a parede, o coração batia a mil.

Tuuuuuuuuu- Sua mensagem está sendo encaminhada para a caixa postal, deixe uma mensagem após o sinal-

Libra desliga o celular, deixando a mão cair logo em seguida.Ele olha pro teto,mal percebera que lágrimas finas caiam de seus olhos.
  A pessoa que ele mais desejava a segurança...está morta.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui~

MEU DEUS DO CÉU DESCULPEM O ATRASO!! Não sei como poderíamos explicar o ocorrido, mas realmente sentimos muito por isso!
Enfim, se encontrarem algum erro no texto, de ortografia ou concordância, nos contatem para que possamos corrigi-los.
Também não esqueçam de comentar o que estão achando da fic! Isso vale muito para nós! Bye bye~



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