Capítulo 5

Entre Trancos e Barrancos

Algum tempo depois, sai da tal Câmara Secreta. Eu estava todo esfolado, meu corpo cheio de hematomas e um pouco dolorido, mas eu estava bem. Me encontrei com a professora Weasley e Linus, que pareciam ter me encontrado depois de vasculharem o colégio procurando por mim.

"Onde você estava, Emistre?", Hermione inquiriu.

"Eu...me perdi tentando achar o banheiro..", retruquei.

Hermione me olhou e ficou preocupada comigo.

"Você está bem?", a mesma quis saber.

"Eu estou ótimo.", repliquei.

"Talvez você devesse ir para a enfermaria.", ela continuou.

"Eu já disse. Estou ótimo!", insisti.

"Você por acaso não foi "naquele lugar secreto", foi?", Linus quis saber.

"Não sei do que você está falando", contestei.

"Ah, você não sabe? Vamos ir direto ao ponto. A câmara secreta. Você tem certeza de que não foi lá?", Linus insistiu.

"A câmara secreta é um lugar muito perigoso. Dizem que lá habita um enorme Basilisco...eu não me atrevo a ir lá depois do que houve na última vez que estive lá.", Hermione comentou.

"Não tem mais.", atestei.

"O que você quer dizer com isso?", Hermione inquiriu levantando uma das sobrancelhas.

Antes que eu pudesse me explicar, me deparei com duas garotas, minha amiga Luna Lovegood que eu fiz amizade na minha viagem para cá, vestindo o uniforme de sua respectiva casa, e essa garota de cabelos pretos com mechas roxas, com o uniforme de outra casa de Hogwarts, a Lufa - Lufa.

"Emistre! Você está bem?", Luna quis saber.

"Sim, eu estou ótimo. Obrigado por se preocupar".

As duas pareciam ter ouvido os rumores sobre minha aventura na tal "Câmara Secreta" e resolveram falar comigo. Talvez algum outro aluno tenha visto tudo e fotografado mentalmente o que havia acontecido naquele momento. Eu não sei.

"Emistre, você não estava na detenção?", Luna me interrogou.

"Estava. Mas, o professor Malfoy acabou me liberando depois.", eu explanei.

"Disseram por ai que você estava na Câmara secreta. É verdade? Como você foi até lá?", Luna ficou curiosa.

"É uma longa história...você não acreditaria em mim se eu contasse.", repliquei.

"Tudo bem. Se não quiser me contar, eu entenderei.", Luna disse de um jeito tão amável.

"Bem, você acreditaria que eu tive um encontro com o tal Lord Voldemort, e que eu derrotei um Basilisco sozinho?", pergunta retórica.

"Então, você é o tal "Encantador de serpentes" do qual estão falando...", a garota das madeixas roxas me olhou fixamente.

"Desculpa, como é que é?", fiquei perplexo.

Então agora eu tinha um apelido? "Encantador de serpentes"?

"Luna me falou um pouco sobre você. Disse que vocês estavam no trem vindo para Hogwarts, e você enfrentou uns Dementadores, sem o uso de magia, ou de sua varinha...", a tal comentou.

"Emistre, quero te apresentar a minha amiga, Nymphadora Tonks. Ela é uma lufana.", Luna me apresentou a garota.

"Muito prazer, eu acho...", me senti um pouco deslocado.

"Tonks, esse é o Emistre. Eu comentei com você sobre ele, lembra?", Luna voltou o olhar para Tonks.

"Sim, eu me lembro. Só não imaginava encontrar pessoalmente o "Encantador de serpentes", Tonks parecia surpresa.

"Do que você chamou ele?", Luna inquiriu.

"Encantador de serpentes. Olha, meu sexto sentido diz que esse garoto bonitinho, não é lá essas coisas, mas...eu até que gostei dele.", Tonks balbuciou.

"Para de chamar ele assim!", Luna me defendeu.

"Agora ele é seu namorado?", Tonks falou com um ar de zombeteira.

"Não, ele não é. Ele é meu amigo, mas não gosto que fale dele assim.", Luna insistiu.

"Tudo bem. Já não está mais aqui quem falou.", Tonks cortou.

Um silêncio nos cercou.

"Me diz uma coisa, Emistre. Quem você prefere, eu ou a Lovegood?", Tonks falou como se aquilo fosse uma disputa de namorados.

Eu mal conheço essa garota chamada Tonks, e já tenho que escolher entre ela e a minha amiga Luna? O que ela estava pensando, afinal?

"Como posso dizer? Eu mal conheço você...agora, a Luna já é minha amiga...", balbuciei.

Logo, a professora Hermione nos cortou.

"Emistre, que história é essa de que você enfrentou um Basilisco sozinho?", ela pareceu indignada com aquilo.

"É verdade, eu transformei ela em pó", eu rebati.

"Como?", Hermione falou bem cínica.

"Eu não sei dizer.", repliquei.

Hermione acabou sem alternativa então, resolveu me congratular com pontos para a minha casa de Hogwarts.

"Apesar de eu não conseguir entender como você conseguiu realizar tal feito, eu dou 12 pontos para a Sonserina", Hermione retrucou.

"Acho que pode se dizer que foi sorte de principiante", Linus interferiu.

"Sério? Como esse garoto derrotou um Basilisco sozinho? UM BASILISCO?!", Linus parecia incrédulo.

"Pessoal, é verdade. Vocês podem não acreditar, mas é verdade.", eu contestei.

"Uma verdade só pode ser sustentada com provas", Hermione retaliou."Você tem provas disso, Emistre?"

"Não. Mas, você é que deu pontos para a minha casa mesmo não acreditando em mim.", eu a lembrei.

"Eu sei o que eu disse. Eu acho que eu quero vê-lo em minha sala depois.", Hermione me lembrou.

Assim que Hermione e Linus se retiraram, Scorpius se juntou a mim, Luna e Tonks.

Scorpius chegou apressado. Parecia ter ficado muito preocupado comigo, depois que fui para a detenção com o pai do mesmo.

"Emistre!", ele falou esbaforido.

"Scorpius", o cumprimentei.

"Que fofo! Então vocês dois são gays?", Tonks falou com sarcasmo.

"Não, nós não somos. Somos apenas amigos.", eu a contestei.

"Eu não ligo se forem, tá? Eu também gosto de garotos", ela comentou.

Scorpius voltou sua atenção para Tonks e me defendeu.

"Emistre é só meu amigo. Não tem nada íntimo rolando entre a gente. Não quero que meu pai saiba que tem algo mais além de amizade entre eu e o Emistre."

"Eu não disse que vocês eram namorados. Eu estava só brincando..", Tonks explanou.

"Mas o que você disse soou como se você achasse que nós fossemos.", Scorpius exclamou.

"Esquece isso, Scorpius!", eu tentei aquietá-lo.

"Que fofo! Vocês dois formam um belo casal".

"Deixa ela, Emistre. O importante é que você está bem", Luna interferiu.

Então Scorpius voltou sua atenção para mim.

"Ah é, você está bem? Você está cheio de hematomas", o mesmo quis saber.

"Eu estou ótimo, Scorpius. Foi só uns arranhões, nada de mais.", falei para ele.

"Que bom. Eu te amo,tá? Mas eu estou dizendo isso como amigos", o garoto comentou.

"Eu também gosto de você como amigo, Scorpius".

"Nossa! Que fofinhos!", Luna comentou.

Meu coração ficou a mil. Eu não pude resistir e acho que Scorpius também não. Nós aproximamos nossos rostos um do outro, e demos um beijo bem breve. Depois nos afastamos.

Luna e Tonks que assistiram a nossa cena, acabaram fazendo o mesmo.

"Ei Luna?", Tonks a chamou.

"O que foi, Tonks?", a mesma quis saber.

"Tem uma coisa na sua boca", Tonks rebateu.

Luna passou a mão na boca e estranhou, pois não tinha nada ali.

"Não tem nada na minha boca", a mesma replicou.

Então Tonks deu um selinho na garota e depois se afastou.

"Já saiu", ela brincou.

Luna acabou corando depois do beijo. Ela começou a se sentir deslocada.

"Você...você me deixou sem graça, Tonks.", a mesma se queixou.

Acabei não percebendo que o tempo havia passado e já havia anoitecido em Hogwarts. Eu ainda precisava ver a professora Weasley na sala dela.

"Caras, eu preciso mesmo ir ver a professora Weasley", lembrei.

"Tudo bem, Emistre. Eu acho que vou indo para o meu dormitório.", Luna comentou.

"Tudo bem, Luna. Boa noite", eu disse me despedindo dela.

Luna foi andando em direção ao dormitório quando de repente, ela parou, virou para trás e foi até nós.

Ela veio até mim e ficou de frente para mim.

"O que foi,Luna?", estranhei.

"Nada, só queria te dar um beijinho de boa noite", ela revelou.

"Tudo bem.", consenti.

Ela se aproximou de mim e tascou um beijo na minha bochecha esquerda. Eu achei que ela ia me beijar na boca,sei lá..

Então ela abriu os olhos e já foi se retirando dali.

"Boa noite, Emistre!"

Apenas eu, Tonks e Scorpius restamos no pátio de Hogwarts.

"Aê, Don Juan! E depois reclama de ser chamado de "Encantador de serpentes".", Tonks balbuciou.

"Que foi? Está com ciúmes?", eu a encarei.

"Não, garoto.", Tonks me contestou.

Eu então me aproximei dela e tasquei-lhe um beijo na boca a fim de silenciá-la. Depois, me afastei.

Tonks ficou perplexa.

"Satisfeita?"

"Não por isso!", Tonks retrucou.

Ela então devolveu o que eu tinha feito e então nós começamos a nos beijar ali mesmo.

Eu ficando bastante preocupado, pois eu precisava ver a professora Weasley.

Logo, fui salvo pelo gongo. Ouvi a voz da professora me chamando e me separei de Tonks.

"Eu preciso mesmo ir.", falei para Tonks e para Scorpius.

"Bem, eu estarei no alojamento te esperando, Emistre.", Scorpius disse já se retirando dali.

Scorpius foi embora e eu fiquei mais alguns minutos com Tonks.

"Então, Emistre. Você gosta de garotos ou garotas?", ela me fez uma pergunta aleatória.

"Eu não sei. Digo, eu gosto de garotas, mas...sofri uma desilusão amorosa, e não sei se estou preparado para algo mais íntimo que amizade...agora, posso ir?", eu a cortei.

"Tudo bem. Mas, eu ainda quero te ver. Eu gostei do seu beijo, e de você também.", Tonks comentou.

Me afastei de Tonks e fui falar com a professora Weasley.

[...]

Então eu fui para a sala da professora Weasley.

Hermione indicou uma cadeira para que eu me sentasse, e eu me sentei. Ela então se sentou na mesa dela e nós começamos a conversar.

"Emistre, eu gostaria que você me falasse o que exatamente houve na seleção das quatro casas.", Hermione começou.

"O que você quer saber?", rebati.

"Eu não sei, você estava estranho no exame. Senti que havia algo diferente em você..", Hermione comentou.

"Bem, eu tive alguns problemas antes de vir para cá.", repliquei.

"Que tipo de problema?", ela inquiriu.

"Uma garota partiu o meu coração, meus poderes despertaram, eu encontrei essa cobra falante...ai teve os tais Dementadores...e todos me disseram que Voldemort estava me esperando.", vomitei aquelas informações todas.

Hermione ficou a refletir sobre os meus problemas.

"E você disse que enfrentou sozinho o Basilisco. Como?", a mesma inquiriu.

"Na verdade, eu menti. Isso aconteceu em um sonho.", menti.

"Um sonho? Você sonhou que estava enfrentando um Basilisco na Câmara Secreta?", Hermione pareceu não acreditar no que eu disse.

"Esses hematomas todos dizem o contrário.", a mesma observou.

"Já vi que não consigo convencê-la..", balbuciei.

"Eu estou curiosa, você usou algum feitiço para matá-lo?", ela fez uma pergunta retórica.

"Glaciare e Reducto!", revelei.

Hermione foi pesquisar nos livros didáticos que haviam na biblioteca dela, sobre os dois feitiços. Ela pegou um livro e encontrou um dos feitiços.

"Como você usou um feitiço que não se aprende nesse nível que você está?", ela ficou curiosa.

"A minha mãe é uma bruxa puro-sangue. Acho que a magia está na minha família há anos", justifiquei.

"Está bem. O próximo, Glaciare.", Hermione retrucou.

A mesma então foi pesquisar por "Glaciare" nos livros, e acabou não encontrando nada sobre ele. O que podia significar que talvez fosse um feitiço proibido.

"Que tipo de feitiço é esse? Nem eu que aprendi a maior parte dos feitiços com os livros de magia, conheço tal feitiço", Hermione ficou indignada.

"Eu não sei, eu apenas conjurei...", repliquei.

"Do nada?", ela insistiu.

"Sim.", Respondi.

Hermione pensou um pouco sobre aquilo.

Logo, ela começou a achar que aquilo pudesse ter a ver com alguma profecia.

"Talvez...talvez tudo isso tenha acontecido por causa de uma profecia.", Hermione deduziu.

"Uma profecia?", fiquei surpreso.

"Sim. Isso poderia explicar porque Voldemort o quer como seu protegido..", Hermione concluiu.

Então, Hermione começou a citar a possível profecia.

"Aquele com o poder para dominar o Senhor das trevas se aproxima...quando o coração for partido,os poderes selados dentro dele, despertarão. Ele descobrirá poderes dos quais desconhece. Então, se ascenderá como a fênix de suas cinzas, e subjugará o senhor das trevas para proteger aqueles que ama. És único e poderoso por si só. Seu coração é tão puro como a luz que ofusca as trevas."

Ela se assustou com as palavras proferidas. A mesma não conseguia imaginar de onde teria surgido tal profecia.

Eu também achei estranho aquelas palavras. Mas, como a professora disse, talvez isso explicasse porque eu sou tão azarado e não só atraio a atenção do Senhor das trevas como também de todos que me encontram.

Então, Hermione soltou um suspiro e concluiu a conversa.

"Eu acho que nossa conversa termina aqui.", a mesma atestou.

"Posso ir agora?", quis saber.

"Sim, boa noite Emistre"