How Could This Happen To Me? escrita por Emmy Tott


Capítulo 18
A agonia de Chuck - II




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Alguns meses já haviam se passado, e Chuck continuava ignorando Peggy. A garota não entendia o que havia feito de tão errado para o amigo e seus olhares de súplica apenas deixavam Chuck ainda mais frustrado. Ele sabia que nunca poderia explicar a ela, e aquilo feria mortalmente o seu coração. Ele já não suportava mais olhá-la. Não suportava ter que presenciar todas as conversinhas dela com Pierre. E como se não bastasse, ainda tinha Fred! A cada dia que se passava eles se tornavam mais inseparáveis. A raiva que lhe invadia era arrasadora, e ele sabia que não agüentaria a segurar por muito mais tempo...

Ela estava sozinha naquela manhã, concentrada em algum exercício em seu caderno. Nem Pierre e nem Fred estavam por perto, e Chuck foi tomado por um impulso violento ao ver o cabelo de Peggy dançando com a brisa do vento. Ele sabia que estava sendo observado, mas precisava falar com ela de alguma forma!

-Chuck? – ela perguntou, levantando a cabeça para olhá-lo.

Os olhos de Peggy foram a gota d’água. Sem se refrear, sem pensar no que estava fazendo, ele gritou:

-Você é uma idiota, sabia?

-Quê? – espantou-se Peggy.

-Você se acha muito esperta por ter conseguido a sua bolsa, mas é só uma caipira estúpida que pensa que pode se misturar a nós! – ele acusou, fuzilando-a com o olhar.

Chuck não recuou. Ele estava destruído por dentro. Queria que ela avançasse sobre, que lhe xingasse, que lhe desse um soco na cara. Assim talvez fosse mais fácil suportar. Mas quando ele parou, tudo o que viu em seus olhos foi decepção. Suas chances com Peggy estavam acabadas a partir daquele dia. Ela simplesmente pegou os livros, lhe lançando um olhar desaprovador e foi embora.

-Se é o que você acha... – ela murmurou ao passar por ele.

Chuck teve vontade de correr até ela, de dizer tudo aquilo era mentira, mas ele não podia... ainda estava sendo observado, e mesmo que não, ela já gostava de Pierre, ele podia ver isso em seus olhos toda vez em que os dois estavam juntos. A vida de Chuck estava arruinada...

 

Ele caiu sobre o sofá, ainda mergulhado em memórias. Se Peggy tivesse ficado do lado dele... Se ela tivesse dado alguma pista de que também gostava dele, talvez Chuck tivesse se salvado. Por ela, ele enfrentaria toda a fúria dos pais. Para ficar com Peggy, ele passaria pelo sofrimento que os pais o obrigavam a sentir todos os dias, de novo e de novo... Só para poder olhar para ela, para poder tocar em seu rosto. Mas era do outro que ela gostava... Uma última lágrima escorregou sobre sua face.

 

Eles estavam no último ano agora. Chuck pensou que seus sentimentos em relação a Peggy mudariam com o passar do tempo, mas eles só pioraram. Para ter alguma desculpa para olhá-la sem culpa, ele continuava com a sua estratégia de humilhá-la em público. Seus amigos pareciam gostar quando ele fazia aquilo, o que era um incentivo a mais... Exceto Pierre! Sempre Pierre! Ele parecia ter prazer em ferir Chuck, sempre tão insuportavelmente perfeito aos olhos de Peggy. O ódio que ele sentia pelo amigo só aumentou com o tempo. Porque Pierre podia ser feliz, mesmo tendo perdido os pais e sendo abandonado pela irmã, e ela não? Afinal o que Pierre tinha de tão especial?

Sexta-feira era dia de educação física e Chuck já estava vestido com o uniforme, indo em direção à quadra. Ele tinha que passar direto pelo corredor das salas de aulas para alcançar o pátio, mas uma coisa o fez parar: Peggy esticava sua mão até a parte superior do armário dos alunos, tentando pegar alguma coisa invisível. A escola estava vazia àquela altura, permanecendo apenas os atrasados. Chuck olhou para os lados, mas não viu ninguém... O caminho estava livre...

-Eu pego isso pra você. – ele ofereceu ao se aproximar dela.

-Não precisa, obrigada! – ela respondeu meio seca, mas surpresa com o comportamento gentil de Chuck.

-Eu pego. – ele insistiu, esticando a mão e alcançando o estojo dela facilmente. Parecia que alguém o jogara ali para lhe pregar uma peça.

-Porque você está sendo gentil comigo? – ela perguntou, as sobrancelhas franzidas.

-Porque... porque eu gosto de você – ele disse, corando.

Ela arregalou os olhos, surpresa.

-Não é o que parece... – ela ia continuar, mas alguém estava vindo.

-Chuck? Chuck você está aí? O jogo já vai começar... – a voz de Pierre chamava ao longe.

-Você não vai responder?

-Você não disse que queria saber por quê? Então venha comigo – ele disse, a puxando para uma das salas vazias a sua frente.

-Mas...

-Shhh, confie em mim – ele a acalmou.

Eles ficaram muito quietos na sala escura enquanto escutavam a voz de Pierre se distanciar. Como era bom sentir a pele dela sobre a sua de novo...

-Então, o que é que você queria me dizer? – ela pressionou, quebrando o gelo e soltando sua mão da de Chuck.

-Eu quero te explicar... porque eu ajo assim com você...

-Eu sei por quê! Você não me acha digna de estudar no seu colégio, acertei?Porque eu sou uma pobretona que veio parar aqui por um gesto de bondade do conselho diretor...

-Não é nada disso – ele a cortou, balançando a cabeça firmemente.

-O que é então? – ela exigiu.

Sem hesitar nem por um momento, Chuck despejou toda a verdade sobre Peggy. Ele não sabia quando teria outra oportunidade de ficar a sós com ela, por isso tinha que aproveitar aquela chance. O escuro lhe era conveniente, lhe encorajando e impedindo de ver os olhos assustados de Peggy, o que só atrapalharia a sua concentração. Ao fim da narração, um silêncio fúnebre perdurou sobre o local.

-Peggy? – ansiou Chuck, preocupado.

-Isso é... Horrível – sua voz estava chocada – você nunca pensou em contar para ninguém?

-Eles me matariam se eu contasse – ele respondeu sombriamente.

-Então porque você me disse?

-Porque eu confio em você – Chuck desejou olhar para os olhos cor de mel agora.

Mas se é assim, porque você me maltrata tanto na frente dos outros?

-Você ainda não percebeu? – frustrou-se Chuck – não bastava apenas te olhar de longe, eu tinha que chamar a sua atenção. Esse era o único jeito que eu tinha de falar com você, de me aproximar de alguma forma.

-Não, é você que não percebe Chuck! – Peggy tinha se levantado para abrir a porta – assim você só está conseguindo se afastara cada vez mais de mim...

Chuck ficou paralisado por um instante com aquela frase. Mas Peggy estava indo embora e talvez ele não tivesse outra chance...

-Espera, Peggy! – ele disse, correndo para alcançar a claridade do corredor.

-O que foi? – falou Peggy, voltando-se para ele.

Mas o que Chuck viu em seus olhos o fez congelar. Eram olhos de compaixão! É claro, ele não poderia esperar outra coisa, mas aquilo o feriu por dentro. A última coisa que Chuck precisava era que Peggy sentisse compaixão por ele.

-Não é nada, só não conte nada para ninguém – ele disse com a voz um pouco dura.

-Okay – e isso foi tudo.

Chuck ficou vendo Peggy se afastar. Seus cabelos dançavam graciosamente pelas suas costas.

 

Depois daquele dia, as coisas só pioraram. A garganta de Chuck dava um nó ao se lembrar de todas as coisas horríveis que ele disse para Peggy. Já que ele não podia ter o seu amor, ele preferiria que ela o odiasse ao invés de sentir sua pena. E ele a machucava de todas as formas que encontrava, mas tudo o que conseguia era a sua indiferença.

O tempo passou e a vida se encarregara de trazer o maior golpe da vida de Chuck. O ano estava acabando e logo ele poderia fugir com o Simple Plan, mas isso também significava nunca mais ver Peggy outra vez. Aquele dilema interior o agoniou por meses. O baile de formatura se aproximava rapidamente, fazendo com que a tortura de Chuck aumentasse cada vez mais. Foi aí que, por um descuido, ele deixou escapar em casa que tocava bateria e seu pai ouviu tudo...

 

A surra de seu pai ainda doía em cada parte do corpo de Chuck quando ele chegou ao colégio naquela manhã. Estava muito cedo, mas ele preferia o silêncio da escola ao inferno de casa. Mas, para a sua infelicidade, o lugar não estava tão vazio quanto ele imaginava...

-Hey Chuck! – Chamou a voz ansiosa de Pierre.

-Pierre? Você caiu da cama hoje? – perguntou Chuck com uma ponta de amargura.

-Na verdade eu nem dormi direito essa noite... – ele começou, se aproximando do amigo – o que houve com você? – Pierre acrescentou depressa ao notar o estado de Chuck.

-Nada, é só... Eu acho que dormi de mau jeito e acordei todo torto. – ele inventou. – mas o que você queria falar comigo?

Os olhos de Pierre brilharam.

-É que está chegando o baile e eu tomei a decisão de convidar Peggy para ir comigo! O que você acha? – ele estava radiante com a idéia.

-Chamar Peggy? – perguntou Chuck com uma pontada de dor no estômago.

-Olha, eu sei o que você pensa dela, mas... Chuck eu estou apaixonado por ela e isso nunca me aconteceu antes...

-De verdade, Pierre, eu acho que não sou a pessoa mais indicada para você dizer isso...

-Mas você é meu amigo, eu preciso saber a sua opinião! Eu vou me declarar para ela... pedi-la em namoro – ele acrescentou olhando furtivamente para Chuck.

-O quê? Você está louco Pierre? E o Simple Plan? Se você começar a namorar com ela agora, nós nunca vamos sair de Montreal! – disparou Chuck, agora desesperado.

-Calma, Chuck, eu não desisti do Simple Plan! Nós só vamos adiar um pouco a nossa partida até que Peggy possa vir conosco.

Adiar! Como se Chuck tivesse outra escolha! Já seria um milagre se ele sobrevivesse por mais aquela semana...

-Pierre, faz o que você quiser, tá? Eu acho que não estou me sentindo muito bem...

Dizendo isso, Chuck se apressou em sair dali, deixando um confuso Pierre para trás. Agora ele estava machucado por dentro e por fora. Querendo por tudo no mundo ficar sozinho, ele se embrenhou pela primeira porta que viu à sua frente. Era o laboratório, um lugar perfeito para se isolar de tudo...

Sem se dar conta do que fazia, Chuck se jogou entre os frascos de experimentos químicos. Se ele pudesse se misturar com eles e sumir para sempre seria ótimo! A vida de Chuck estava acabada agora, e ele não via nenhuma saída para aquilo. Pierre acabara com a última esperança que havia para ele. Em uma semana as aulas acabariam, seus pais o obrigariam a fazer Direito... e ele nunca mais veria Peggy. Talvez ela se casasse com Pierre depois do baile, e Chuck não suportava nem imaginar a cena. Ele só queria se afundar e se afundar cada vez mais...

Então, com um salto, ele ouviu um barulho de pés que se aproximava do laboratório. Talvez ele passasse direto, mas Chuck percebeu que estava tremendo. Seu rosto estava banhado em lágrimas e ele não sabia por quanto tempo esteve ali parado.

-Tem alguém aí? – era a voz de David.

Chuck tentou manter a calma para não denunciar a sua presença. David estava com medo e talvez ele fosse embora. Mas era impossível controlar a onda de emoções que ele estava sentindo. David abriu a porta do laboratório e o viu ali, gemendo e chorando entre as prateleiras de metal.

-Chuck? O que você está fazendo aí? – sua voz estava cheia de preocupação.

-Não é nada David! Pode ir... – Chuck respondeu com um fio de voz.

Mas David não desistiu... Chuck sabia que seria difícil despistar o amigo, ainda mais nas condições em que ele se encontrava. A sua agonia já havia chegado ao limite e ele corria o risco de explodir a qualquer instante se não falasse com ninguém...

David ficou muito quieto enquanto ouvia a história de Chuck. Nem em seus piores pesadelos ele poderia imaginar uma coisa daquelas. Ele estava visivelmente abalado depois de tudo o que Chuck lhe contara, mas o baterista achou que aquilo não adiantaria em nada. O seu destino já estava traçado, e ele não era nem um pouco animador...

-E se nós fizermos alguma coisa? – era incrível ouvir a voz de David depois do choque que ele sofrera.

-Que coisa, David? Ninguém pode me ajudar! Não há nada que podemos fazer para mudar o destino de um condenado como eu...

-Mas tem que haver alguma saída, Chuck! Você não pode se entragar assim tão facilmente.

-Fazer o que, David? Não há mais nada, acabou! – Chuck já estava se impacientando com a insistência dele.

-E se Pierre não se declarar para Peggy no baile? E se, no fim, eles não ficarem juntos? Nós não precisaríamos adiar a nossa partida e você estaria a salvo!

Chuck levantou os olhos para o amigo com aquilo. Como ele não tinha pensado nisso antes? Separar Peggy de Pierre era uma alternativa muito mais atraente para ele do que David poderia imaginar...

 

Chuck agora estava sentado com os pés cruzados em cima do sofá. Como foi fácil ludibriar David para que ele fizesse o que Chuck queria! O amigo era sempre tão vulnerável, sempre pronto para ajudar os outros. Mas, ele pensou com amargura, no fim das contas o plano só serviu para salvá-lo de um dos lados...

 

Chovia. Uma chuva fina e gelada. Mas aquilo não importava naquele momento, porque logo mais ele saberia se o plano tinha dado certo. David ainda se sentia culpado, mas Chuck o convencera de que aquele fora o melhor jeito. Pierre e Peggy sofreriam, mas seria por uma boa causa...

Pierre estava ansioso para ver Peggy, mas a cada minuto que se passava, ele perdia as esperanças, para a alegria de Chuck. Depois daquela noite, Pierre nunca mais ia querer saber dela de novo. Mas talvez ele ainda pudesse fazer melhor! Chuck estava ficando craque em despedaçar corações.

-Eillen? – ele chamou a moça que estava no balcão, do lado oposto de onde Pierre se lamentava pela traição de Peggy.

-Sim? – ela quis saber, curiosa.

-Porque você não chama Pierre para dançar um pouco? Ele está lá tão sozinho, tão triste...

Não precisou falar duas vezes. No segundo seguinte, Eillen já estava andando na direção dele. Chuck sorriu por dentro. Agora era só enrolar mais um pouco na festa até que ele estaria finalmente livre...

Com um aperto no peito, Chuck viu o casal que acabava de entrar no salão. Não podia ser verdade! Depois de tudo o que ele fez para Peggy se desapontar com Pierre, ela aparecia no baile com Fred? Todo o seu sofrimento pareceu ter voltado no momento em que ela entrou de mãos dadas com ele. Aquilo era demais para Chuck! Ele pensou que, longe de Montreal, ele finalmente poderia esquecê-la, mas não contava com a sua presença ali no baile. Era quase insuportável ver os dois dançando a sua frente. Com uma ferida que crescia selvagemente em seu peito, ele acompanhou cada passo que os dois davam de longe, até que eles finalmente resolveram ir embora.

Sem pensar muito bem no que estava fazendo, Chuck saiu atrás deles. Fred parou em frente à casa de Peggy e eles ficaram conversando por um tempo antes que ela entrasse. Então, de repente, os lábios de Fred tinham se colado aos dela! Chuck pensou que fosse explodir ali mesmo. Tudo aquilo era demais para o seu coração. Seria possível que, depois de todo o seu esforço para que Peggy se afastasse de Pierre, ela ficaria com Fred? Seu estômago quase saiu pela boca com o pensamento!

Fred estava indo embora agora. No mesmo instante em que o carro dele virava a esquina, Chuck já estava apertando a campainha da casa. Ele não tinha a menor idéia do que falaria para Peggy, mas simplesmente não podia ir embora depois do que presenciara.

-Chuck? – perguntou Peggy, surpresa.

-O que é que você estava fazendo com Fred? – ele logo percebeu que sua voz estava carregada de raiva.

-E o que é que você pensa que está fazendo? Quem você pensa que é para vir aqui na minha casa pedir explicações? – ela estava furiosa.

-Peggy! – ele disse firmemente, segurando seus ombros – eu sempre te amei! – ele quase não acreditou que finalmente tivera coragem para falar.

-Quê? Isso é alguma brincadeira? – agora ela estava assustada.

-Não, isso é sério! É muito sério, Peggy! Você nunca percebeu? O único motivo por eu te tratar do jeito que eu te trato é porque eu te amo! Eu não consigo ver você e ignorar, e todas aquelas coisas que eu te digo machucam muito mais a mim. – ele disse isso muito rápido, as palavras se embolando todas.

-Porque você veio até aqui? – perguntou Peggy, ainda muito assustada com aquela declaração intempestiva.

-Porque eu fiquei desesperado quando te vi com o Fred. – ele explicou – Vocês estão juntos? – ele acrescentou, sentindo o coração bater mais forte.

-Não! – ela disse firmemente, balançando a cabeça – Aquilo foi só um beijo, eu nunca tive nada com Fred!

Chuck sentiu o coração voltar ao normal, se acalmando com a explicação de Peggy.

-Eu pensei que... bom, mas não importa! – ele gaguejou, tentando continuar a conversa.

-Chuck, eu acho melhor você ir embora agora. Eu estou muito cansada com o baile e tudo o mais, e depois eu ainda tenho que acordar cedo amanhã para pegar um avião...

-Avião? – surpreendeu-se Chuck.

-É, eu estou indo para os Estados Unidos para estudar Direito e...

-Você não pode ir! – ele interrompeu.

-Por quê? – perguntou Peggy com as sobrancelhas franzidas.

-Fique! – ele implorou – eu posso te fazer esquecer o Pierre! Eu posso te fazer feliz! Por favor, Peggy! Me dê uma chance!

Chuck parecia um louco agora e Peggy estava começando a ficar com medo do seu comportamento. Não queria nem pensar no que ele poderia fazer se se descontrolasse ainda mais.

-Eu não posso ficar, Chuck! Já está tudo pronto para a viajem de amanhã e tudo o que eu quero no momento é me formar. Não tem mais espaço para o amor na minha vida...

Ele entendeu o que ela quis dizer. Peggy pensava que Pierre tinha se aproximado dela para machucá-la e seu coração estava fechado agora.

-Okay, eu vou te deixar em paz... – ele se forçou a dizer.

Peggy segurou a porta para que ele saísse. Chuck olhou para aquele rosto por uma última vez. Ele estava inundado de mágoa e tristeza, mas ainda era o rosto pelo qual ele tanto sofrera durante aqueles três anos. Peggy fizera deles os melhores e piores anos da vida de Chuck. Ele desejou tocá-lo naquele momento, sentir uma última vez sua pele macia, mas sabia que tinha que se apressar em sair antes que desmoronasse na frente dela. Quando Peggy fechou a porta, Chuck ainda ficou por um longo momento observando a madeira pintada de branco...

 

Chuck pensou que nunca mais a veria, e durante anos ele já tinha se conformado com aquilo. Esquecê-la era impossível, mas ele fizera o máximo para esmagar o sofrimento em algum canto profundo de seu coração. Ele fizera um bom trabalho, mas não foi o bastante. Assim que Peggy voltou, tudo o que angustiava Chuck no passado também retornara com força total e incontrolável.

Todas as suas lágrimas já haviam se secado agora. Seu rosto estava duro e não expressava sentimento algum. O que Chuck havia feito com Peggy e Pierre agora não tinha sido muito diferente daquela outra vez, ele pensou com amargura. Se Peggy não podia ficar com ele, ela não ficaria com mais ninguém! Ele criticara tanto os seus pais no passado, mas agora percebia que se tornava cada vez mais igual a eles. Para conseguir o que queria, Chuck não hesitava ao passar por cima de tudo e todos. Estava se tornando um monstro, mas isso já não importava mais! Se Chuck não podia ter Peggy ao seu lado, nada mais importava para ele...


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