O Próximo Corpo - Temporada 1 escrita por Matteo Salvatore


Capítulo 3
O Que Você Está Escondendo Hendrick?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Boa leitura, espero que gostem! Comentem, please...



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Quando a polícia chegou ao local, motivada por uma denúncia anônima, encontrou o lugar extremamente organizado. Não haviam marcas de luta, nem móveis fora do lugar, apenas o corpo de uma garota – de aproximadamente 19 anos – debruçado sobre o seu próprio sangue, com os cabelos castanho claro a cobrir-lhe a face.

— O que temos? – perguntou o xerife Robert Lightwood assim que entrou na cabana.

A equipe de legistas vindos da cidade de Bangor tinha chegado minutos antes e estavam a observar minunciosamente o lugar, a fim de não deixar escapar nenhum detalhe durante a investigação.

Josh Kenedy, legista e especialista em sangue, encontrava-se agachado próximo ao corpo quando o xerife Lightwood entrou na cabana.

— A garota foi esfaqueada – começou Josh sem desgrudar o olhar do corpo –, três perfurações abdominais, duas no estômago e uma atingindo a caixa torácica, na porção final do pulmão direito. Quanto a cabana posso afirmar que não é o local do crime. O que vê neste lugar, xerife?

— Vejo um cadáver no meio de uma sala em um lugar estranhamente limpo.

— Correto. Não há respingos de sangue em lugar algum, ou indícios de luta e até mesmo a poça formada é pequena demais para a magnitude dos cortes. Meu palpite é de que ela não foi morta aqui. Toda essa cena foi plantada.

Lightwood deu um profundo suspiro, como se aspirasse seus pensamentos. Era o segundo incidente com aquela cabana em seis meses. O lugar pertencia aos Montgomery – a família mais rica e influente da cidade – a quem ele devia certos favores. Mas se a garota não foi morta ali, alguém estaria tentando incriminá-los? Robert afastou o pensamento por enquanto.

— E quanto ao pedido de socorro?

— Recolhemos as digitais no vidro da porta, mas não tenho dúvida de que são da vítima. A pessoa que fez isso é bastante inteligente, xerife. Não há pistas aqui. Meus auxiliares acharam parciais na maçaneta da porta, vamos ver o que nós podemos encontrar.

Robert Lightwood ficou calado, observando os legistas enquanto retiravam o corpo, pondo-o num saco cinza, facilmente lacrado com o auxílio de um zíper. Antes que um dos auxiliares de Josh pudessem fechar o saco, Lightwood notou os traços familiares da garota.

— Espere – ordenou aproximando e agachando-se para olhá-la melhor. – Evelyn Carpenter.

O xerife pareceu mais pensativo.

— Conhece a vítima? – o legista perguntou de forma automática.

— Sim. Longa história, rapaz.

Robert engoliu suas inquietações e retornou à viatura com outros dois policiais que o acompanhava, arrancando com o veículo pela estrada encharcada e lamacenta. Os legistas o seguiram à bordo de um furgão branco do necrotério de Solar Cove City.

Na noite passada Olivia chegara por volta das três da manhã na casa dos pais. Não conseguira encontrar Hendrick em lugar nenhum e as dezenas de ligações que fizera foram parar na caixa postal, isso de algum modo a deixava perturbada.

No meio da manhã sua mãe decidira ir até o seu quarto, saber como ela estava. Olivia ouviu três batidas na porta, antes de pedir que a mãe entrasse. Quando Vera entrou no quarto sua filha já estava vestida e prestes a sair.

— Onde vai?

— Vou fazer uma visita a Elizabeth, faz algum tempo que não a vejo.

— Chegou tarde esta noite. Onde estava?

Olivia não quis preocupar a mãe acerca de Hendrick.

— Eu e o Hendy saímos ontem à noite.

— Vocês estão bem?

— Sim. Ele cuida muito bem de mim, isso já é o bastante para amá-lo. Não há com o que se preocupar sobre nós, mãe.

Vera assentiu com um sorriso, logo depois Olivia deu-lhe um beijo na bochecha e foi embora. Sua pick up estacionou sete minutos depois na frente da casa da família Manson. Elizabeth Manson, mãe de Hendrick, regava o jardim.

— Oh, Oli! É um milagre você vir me visitar!

— Isso não é verdade – respondeu com a expressão alegre.

— Veio ver o Hendy? Ele não está aqui, pensei que tivesse dormido com você, querida.

Elizabeth sempre falava pelos cotovelos quando via Olivia, talvez por sentir falta de ter alguém para conversar. Era mãe solteira de dois filhos de pais diferentes e nenhum dos pais se mostraram presentes durante a criação. Hendrick malmente estava em casa e Peter Manson, o mais velho, estava estudando na flórida há alguns anos e só aparecia em Solar Cove de tempos em tempos.

— Estou tão alegre, Oli – ela continuou sem dar espaço para que a nora falasse alguma coisa. – Peter está chegando, preciso manter a casa em ordem para recebê-lo. Por isso estou cuidando das plantas, quero que estejam tão bonitas quanto da última vez que ele esteve aqui.

Olivia tinha os olhos e o sorriso direcionados para a mulher, mas sua mente estava em outro lugar. A notícia sobre Peter a fez sair de seus pensamentos.

— Pit está vindo? Quando ele chegará?

— Hoje mesmo. Ele desembarcou em Augusta há poucas horas, já deve estar bem perto daqui. Mas, sobre o Hendy, onde ele se meteu? Ando muito preocupada, ele nunca está em casa, quase não me dá atenção. O que será que há com ele?

— Senhora Elizabeth, eu preciso ir...

— Fique mais, tenho tantas coisas para perguntar. Hendy anda se alimentando bem? Nas poucas vezes que o vejo, acho que está tão magro...

— Eu realmente preciso ir, Beth. Desculpa, assim que encontra-lo mando notícias.

Olivia tratou de se enfiar o mais rápido que pôde em sua pick up, Elizabeth era uma ótima pessoa, mas tinha sérios problemas quando o assunto era fechar a matraca. A garota manobrou o veículo e seguiu para leste, em direção ao cais. Quando chegou ao local, viu com clareza o exato momento que Hendrick estacionou seu Mustang em frente ao píer, então ajeitou a pick up bem ao lado da vaga dele.

— Onde você estava? Liguei inúmeras vezes para o seu celular – falou ao abaixar o vidro.

Hendrick encostou-se a porta, encarando a namorada.

— Estava com a cabeça cheia, precisando de um tempo, sei lá. Estou uma pilha de nervos, o acumulado dos últimos seis meses não está me fazendo bem.

— Por que não me disse nada?

— Queria ficar sozinho ao menos um minuto, eu precisava disso. Respirar um ar puro, longe. Só eu e a natureza.

Olivia o fitou com algo de duvidoso no olhar.

— É isso mesmo?

— Por que a dúvida, Oli? Não era você que estava tão preocupada? Devia fazer o mesmo, um pouco de isolamento te fará bem.

— Não consigo me isolar sabendo da verdade, Hendy – ela tinha abaixado o tom de voz – sabendo que há alguém nessa cidade saboreando o nosso medo e a nossa impotência.

— Para! Temos que esquecer, Oli! Esquecer.

Ele falava como se fosse a coisa mais fácil do mundo, ela pensou. De repente a viatura do xerife surgiu no topo da pequena ladeira que dava acesso ao cais, acompanhada pelo furgão branco do necrotério. Olivia e Hendrick sentiram o avanço moderado na velocidade dos seus batimentos cardíacos.

Richard e Margaret Carpenter estavam desolados. Ela mais que ele devido à crise de choro e soluços, embora fosse difícil medir a dor que ambos sentiam. Minutos antes tinham compartilhado da mesma cena desagradável que o xerife Lightwood tivera o desprazer de lhes mostrar. Margaret não aguentou olhar para filha por muito tempo, preferiu preservar as lembranças mais bonitas que pudesse recordar. Por outro lado, Richard observou minunciosamente o corpo moribundo da filha, esticado sobre uma mesa de metal. Agora Robert fazia algumas perguntas aos dois, procedimento de rotina.

— Quando viram sua filha pela última vez?

— Ontem por volta das nove da noite – respondeu Margaret enxugando as lágrimas com um lenço rosa e macio.

— Onde? Ela estava sozinha?

— Ela estava em casa, hum... é – Margaret hesitou – estava com um amigo.

— Vocês o conheciam? Ele é da cidade?

— Não, e não. Nunca o vi antes – afirmou Richard sem rodeios.

— Sabem o nome dele?

— Não tenho certeza, mas acho que se chama Greg.

— Acham que ele teria motivos para matá-la?

— Não sei, xerife – respondeu Margaret chorosa.

— Ela saiu ontem à noite?

— Sim, acho que foi ao Rough. Como odeio aquele lugar! – mais lágrimas rolaram dos olhos vermelhos e inchados da mulher.

— Suponho que tenha saído com esse tal de Greg.

Margaret e Richard menearam a cabeça positivamente.

— Alguém matou Evelyn, Mag. A hipótese de suicídio foi descartada e acho que este amigo de quem falam pode ser o nosso principal suspeito. O corpo foi deixado na cabana Montgomery, mas acredito que ninguém da família esteja envolvida nisso.

A mulher hesitou antes de responder ao xerife. Enxugou mais uma vez as lágrimas e então extravasou suas inquietações.

— Sabe, xerife. Suspeito que aquela família não estava satisfeita com as atitudes da minha filha – sua voz assumiu um tom amargo. – Desde que Raphael morreu, Evelyn tinha estado desequilibrada, metendo-se em confusões e intrigas, principalmente com a Alex. Não seria surpreendente para mim que a garota fosse uma assassina.

— Acredita mesmo que Alex Montgomery teria matado sua filha e tido o trabalho de largar o corpo na cabana da própria família?

— Não dê ouvidos a Mag, Robert. Venha, querida. Você precisa descansar.

Margaret foi conduzida pelo marido até a saída, ouvindo o xerife afirmar que o corpo seria liberado em breve.

— Pense naquilo que falei, xerife. Alex matou minha filha! – logo depois a porta da sala do xerife se fechou e eles foram embora.

Richard tentou acalmá-la no caminho para casa, mas a esposa não parou de chorar nem por um segundo.

No quarto dos fundos do Rough Sea Bar, Greg McDonavan acordou com forte dor de cabeça, ao lado de uma das garçonetes do lugar. Estariam seminus se não fosse pelas roupas de baixo e a mulher tinha os seios amostra, fartos e arrebitados. Greg apertou-lhe o seio esquerdo com vigor e se aproximou para beijá-la, mas ela levantou-se da cama no mesmo momento, recolhendo as peças de roupa do homem do chão.

— Você precisa ir embora. Meus patrões detestam que eu traga homens para cá, não posso ser despejada! – informou enquanto se enfiava num vestido curto.

— Não sem uma última aventura, garota.

Greg saltou do meio dos lençóis, tomando-a nos braços, fazendo-a ceder por um breve instante. Em seguida a mulher o afastou e saiu do pequeno cômodo, acessando um corredor e depois o salão. O homem se vestiu rapidamente e caminhou para fora do quarto, sentando-se nos bancos altos do balcão.

— Me serve uma bebida?

— Apenas se for pagar, bonitão.

— Um whisky duplo sem gelo, gostosa.

— Tenho que limpar o bar, hoje terá som ao vivo, apareça. Talvez possamos repetir o que fizemos.

— Estarei aqui – disse com um sorriso matreiro na boca. – Estou com uma sensação estranha de que esqueci alguma coisa.

Jolie Louise serviu-lhe o whisky duplo. Greg pegou o copo e tentou pensar no que havia esquecido, no mesmo instante alguém bateu na porta do bar.

— As outras garotas chegaram – disse Jolie correndo para abrir a porta, mas não eram as garçonetes que estava lá fora. – Xerife Lightwood?

— Posso entrar, Jo?

Robert a chamou de um jeito íntimo demais.

— Claro, xerife.

Lightwood passou os olhos pelo lugar lentamente, parando-os bem em cima do homem que segurava um copo de whisky.

— Quem é você?

— Greg McDonavan, senhor.

— Greg? Conhece Evelyn Carpenter, senhor Greg?

— Agora me lembro o que havia esquecido! – disse batendo o punho sobre a mesa. – Não sei onde aquela garota se enfiou.

— Então a conhece?

— Sim. Por que? Algo a aconteceu?

— Ela está morta, Greg. O que você tem a dizer sobre isso?

O homem jogou o copo de whisky numa coluna atrás de si, xingando alguns palavrões.

— Que merda! Mais que grande merda, senhor. Eu falhei, sou uma droga mesmo.

— Do que está falando?

— Evelyn me contratou como seu segurança, mas eu não podia parecer um. Ela não queria que as pessoas soubessem o que eu sou de verdade. Mas essa noite, nós bebemos tanto... não me lembro de muita coisa. Só me recordo de ter ido para cama... com... – ele gaguejou – a Jolie. Eu não poderia ter deixado isso acontecer!

Robert encarou a garçonete de uma forma que só eles dois entenderam, depois a perguntou se o que o homem dizia era verdade. Ela confirmou.

— Tem um álibi, Greg. Por que ela queria um segurança?

— Estava com medo. Disse-me que as pessoas não gostavam mais dela, que ela havia se tornado um problema por causa das drogas e que tinha medo que alguém a fizesse mal por conta do seu jeito desequilibrado. Mas ela não fazia questão de deixá-los em paz, acho que ela precisava de um tormento para se sentir viva.

— De quem exatamente ela queria se proteger?

— Ela não me deu muitos detalhes, mas bastou apenas um dia desde que cheguei aqui para que ela fosse morta.

— Presumo que esteve com ela durante todo esse tempo.

— Sim.

— O que fizeram?

— Chegamos de Bangor ontem pela manhã e ela me pediu para levá-la a um lugar, numa ilha próxima daqui, onde tinha uma casa muito luxuosa. Penso que o sobrenome dos proprietários fosse mon... hum... – ele não sabia ao certo.

— Montgomery.

— Isso, este é o nome.

Greg descreveu todos os acontecimentos do dia anterior enquanto Robert Lightwood o ouviu com atenção, tomando nota dos principais fatos. Quando o homem concluiu, o xerife agradeceu e foi embora, com a cabeça a fervilhar de dúvidas.

A notícia de que Evelyn tinha sido assassinada percorreu a cidade de um canto ao outro e logo todos já sabiam do incidente. Olivia estava certa de que algo estava errado, seu mal pressentimento acerca de Evelyn era verdadeiro, a garota realmente estava em perigo.

Hendrick estava em casa com a namorada, a mãe e o irmão – recém-chegado – quando Jordan dera a notícia por telefone.

— Margaret deve estar passando por uma crise. Eu não sei o que faria se perdesse um de vocês, rezo todas as noites para que nada aconteça com a nossa família. A morte daquela garota foi tão horrível, um pavor!

— Acho que eu não deveria ter vindo...

— Oh, filho. Não diga isso, estou tão feliz. Espero que não vá embora tão rápido quanto da outra vez.

— Não é minha culpa. Tenho minhas responsabilidade na Flórida.

Olivia e Hendrick estavam com suas mentes distantes da conversa que Peter tinha com a mãe. Pensavam em Evelyn e no pandemônio que a sua morte poderia dar origem. Não queriam acreditar que retornariam ao inferno de novo.

— Não é mesmo? – perguntou Peter olhando para o casal.

Olivia o olhou sem entender.

— Estávamos falando sobre vocês irem me visitar na Flórida.

— Ah, sim. Quem sabe um dia? – respondeu Olivia sem jeito.

— A Flórida é muito distante, Pit.

— Você está sempre dando desculpas para não sair de Solar Cove, o que há aqui que o prende tanto?

Hendrick não respondeu, limitando-se a encarar o irmão com uma expressão pensativa. Olivia levantou-se despedindo-se e chamando o namorado para acompanha-la, dando a primeira desculpa que veio a sua cabeça. Lá fora os dois entraram no Mustang e Hendrick dera a partida, sem ter certeza sobre onde estava indo.

— O que estava fazendo essa noite, Hendy? Por favor diga a verdade, não está envolvido com esse assassinato, está?

— Você ficou louca? Eu não matei ninguém, estou tão surpreso quanto você. Qual motivo eu teria para fazer uma coisa dessas?

— Me proteger? Você estava cansado do jeito como a Evelyn tirava nossa paz.

— Não estou afirmando nada, Oli, mas acho que não sou o único com motivos para matá-la.

— Eu não quero desconfiar de você, só não desejo que essa história respingue em nós.

— Vou mostrá-la onde eu estava quando Evelyn foi morta, Oli. Você não vai gostar do que vai ver.

Olivia estremeceu.

O que será que ele tinha para lhe mostrar? E por que ela não gostaria do que iria ver?

A garota não disse mais nada durante o caminho, mas pôde sentir que Hendrick não estava nenhum pouco satisfeito em fazer aquilo.

 


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Leia minha outra fic, Necrofilia!



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