O Próximo Corpo - Temporada 1 escrita por Matteo Salvatore


Capítulo 2
O Corpo


Notas iniciais do capítulo

Como vocês estão? A primeira temporada já está quase toda pronta... tentarei postar o mais rápido possível! Boa leitura e comentem!



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Vera Gardner abriu a porta – meio sem jeito –, o bastante para que ela pudesse colocar o rosto para fora, como quem diz “você não é bem-vinda aqui”.

A garota deu um trago no cigarro antes de falar.

— Como vai, senhora Gardner? – Evelyn abriu um largo sorriso, devia ser apenas deboche, ou algo do tipo.

— Estava tudo bem até alguns segundos atrás. O que faz aqui?

— Vim fazer uma visita a Oli.

Olivia reconhecera a voz da pessoa lá fora e logo se adiantou, indo de encontro a mãe.

— Oh! Olivia, querida. Tenho tantas coisas para te falar!

— O que você estava fazendo? Não temos nada para conversar, Evelyn. Pensei que você tivesse entendido quando pedi para que me deixasse em paz.

Evelyn se pôs entre Vera e Olivia, entrando na casa sem ser convidada. Greg McDonavan observava lá de fora, em pé, parado e encostado ao carro.

— Eu disse que ela apareceria, Oli. E os problemas sempre vêm juntos – anuiu Hendrick aproximando-se das mulheres. O pai de Olivia veio logo atrás.

— Escutem o que tenho a dizer, queridos – jogou o cigarro no chão da sala e o amaçou com um dos pés, Vera a olhou com ar de indignação. – Acho que está na hora de deixar essa cidade, em breve estarei seguindo para o sul, espero não ter que cruzar olhares com vocês novamente...

— Nisso nós concordamos – Antony disse secamente.

— Vim aqui apenas para me despedir.

— Acho que o seu teatro já acabou, Evelyn. Agora saia!

— Oli, meu amor. Não seja assim tão amarga – e partiu para um abraço em completo desdém. - Em nome da nossa antiga amizade.

Olivia desviou do abraço, pondo-se ao lado de Hendrick.

— Por que faz essas coisas? Invade a nossa vida sem pedir licença, tirando a nossa paz. Você não percebe que ninguém a quer por perto? As pessoas te olham com desprezo Evelyn. Olhe para si mesma, veja o que se tornou. Aquela garota popular e perfeita não existe mais, agora só restam trapos!

Evelyn tinha fúria nos olhos. Acabara de ouvir tudo que ela negava a si própria, seria capaz de abaixar a guarda e sair humilhada? De certo não seria.

— Você tem culpa Olivia, você e esse seu namorado de merda! Minha vida virou uma droga depois daquela maldita noite na cabana e vocês continuam aí, vivendo a vidinha bosta de vocês como se nada tivesse acontecido. A sociedade de Solar Cove desmancharia se eu abrisse a minha boca e falasse as coisas como elas são.

Hendrick se alterou, como se ela tivesse dito algo que ninguém devesse saber. No segundo seguinte estava puxando a garota pelos braços e levando-a de volta para a rua, onde ele pensava ser o seu lugar.

— Vá embora!

Greg deu um salto, saindo de perto do carro e se achegando para a varanda da casa, com os punhos cerrados para um soco bastante potente. O golpe acertou o rosto de Hendrick em cheio fazendo-o cair sobre o chão da varanda. Vera ficou horrorizada e levou as mãos a boca. Antony limitou-se a engolir em seco.

Olivia agachou-se para acudir o namorado, percebendo que ele estava desacordado. O gancho de Direita tinha sido muito potente. Greg levou Evelyn até o carro e colocou o sedan para partir dali com os pneus cantando no asfalto.

Hendrick fora levado para o quarto de Olivia e ao acordar sentia uma forte dor no queixo. Olivia estava na cama, ao seu lado, pondo um pedaço de carne gelada no local onde o brutamontes o atingiu.

— Puta que pariu! O que aquele cara tem no braço? Um motor de 400 cavalos?

Olivia o olhou com o semblante cansado, estava como sempre incomodada.

— Será que ela vai mesmo para o sul?

— Bem, seria melhor para todos – Hendrick sentou-se. – Esse lugar não é mais apropriado para ela. Evelyn deve ir.

— Eu tenho raiva dos meus pensamentos, Hendy. A cada vez que a vejo, desejo com mais força que ela desapareça, mas depois volto atrás. Ela está me deixando louca!

— Eu queria que todos esquecessem a história daquela maldita cabana.

— Não se iluda Hendy, nós sabemos como tudo aconteceu, o que Solar Cove sabe é uma mentira.

— Nunca repita isso, Olivia – ele abaixou o tom de voz para um sussurro. – Raphael morreu acidentalmente, foi isso que aconteceu!

— Evelyn está mais desequilibrada Hendy, eu não sei se ela é capaz de manter essa mentira por mais tempo.

Hendrick tentou mudar de assunto, afastando as preocupações da namorada. Estava farto daquele história.

Já era fim de tarde quando Alex resolveu chamar Jordan para o seu quarto. Os dois estavam em pé na sacada, mantendo o olhar no horizonte, onde o sol se punha em colorações vermelho-amareladas.

O rapaz virou-se para ela e tocou seu pescoço com os lábios, passando suas mãos pelo corpo da jovem, deixando-a excitada. Ela como quem faz algo para retribuir o carinho, agarrou-lhe as partes baixas, pondo sua mão por dentro da bermuda do rapaz.

— Safada!

Jordan a conduziu para dentro do quarto, enquanto desamarrava o biquíni de Alex, jogando-a sobre a cama em seguida, já com os seios à mostra. Debruçou-se sobre ela e se beijaram. Ela o ajudou a desabotoar a bermuda e logo os dois estavam completamente despidos, mas antes que o fato estivesse consumado, Matthew apareceu de súbito, abrindo a porta do quarto sem bater.

— Oh, merda! Por que vocês não fecham a porta?

— As pessoas deveriam bater antes de entrar – redarguiu Alex cobrindo-se com o lençol.

— O que você quer, cara?

— Foi mal, Jotta, é tudo por causa do Hendy. Ele quer que nós o encontremos na casa de férias da Oli.

Jordan vestiu a bermuda desajeitadamente.

— Ele falou o porquê?

— Só disse que a Evelyn apareceu lá, insinuando uma ameaça.

Alex fechou a cara.

— Odeio aquela vadia.

Os três deixaram a casa minutos mais tarde, levando todos os outros de volta a Solar Cove.

Naquela noite Evelyn chegou em casa na companhia de Greg McDonavan e seus pais não simpatizaram com o rapaz. Sua mãe parecia muito perturbada com o seu recente desaparecimento, mas mostrou-se alegre ao vê-la.

— Quem é ele? – perguntou abraçando fortemente a filha.

— É um amigo, agora me solta. A senhora cheira a flores, como uma típica dona de casa cujo marido pula a cerca descaradamente.

As lágrimas brotaram nos olhos de Margaret Carpenter, mas não transbordaram sobre sua face bem maquiada.

— Aonde está o respeito garota? – indagou Richard Carpenter, seu pai, lançando-se à frente da filha com ar de autoridade.

Greg interveio cheio de músculos, afastando a garota.

— Deixe-os em paz, Greg. Vamos para o quarto.

Margaret os acompanhou com o olhar enquanto subiam a escada. Sentiu-se impotente e se perguntou quando sua filha havia se transformado naquela jovem arrogante. As lágrimas finalmente rolaram, quando Evelyn se encontrava longe de sua visão.

— Ela precisa ir logo, Richard – disse num sussurro. – A reabilitação vai trazê-la de volta.

— Só mais alguns dias, Mag. Deixe ela acreditar que vai para Boston, é a última semana dela aqui.

— Se ela sumir novamente eu enlouqueço. O que fizemos de errado, Richard?

O marido de Margaret tinha um olhar confuso, só queria estar longe daquele pandemônio que suas vidas tinham se transformado, depois que a filha se viciara em drogas.

N0 andar de cima, Greg se deliciava com a garota nua entre suas pernas, mas talvez o que mais o entusiasmava era o modo de vida caótico de Evelyn Carpenter.

Eram quase dez da noite quando Alex chegou à casa de verão de Olivia dirigindo seu Mercedes-Benz com Jordan ao seu lado e Matthew no banco de trás. Os jovens deixaram o carro, notando que Olivia e Hendrick estavam sentados nos degraus que levavam a varanda.

— Que porra aquela vadia fez agora? – Alex gritou ao passo que batia a porta do carro.

Olivia contou o que acontecera no almoço, quando Evelyn chegou subitamente a sua casa. Matthew falou ao final:

— Ela está louca, galera. O que ela quis dizer com falar “as coisas como são”?

— Evelyn está passando dos limites, todos nós superamos o que aconteceu e o que ela fez? Transformou a nossa vida numa droga! – Alex chutou uma lata de cerveja amassada que estava próxima ao seu pé, como se chutasse a própria Evelyn. – Não há nada para falar além da verdade, por causa dela meu irmão está morto.

— O que vamos fazer com ela? – indagou Jordan.

— Bem, acho que ela vai embora na próxima semana – respondeu Hendrick. – Espero que seja verdade.

— Olha, cara. Estou cansado, não vejo a hora desse ano acabar para me ver longe daqui.

Alex pensou o mesmo que Matthew, sair de Solar Cove era o que ela mais queria.

— Vamos tentar mantê-la longe por enquanto, até que ela vá embora – sugeriu Olivia com os pensamentos a fervilhar na memória.

— Difícil é ela ficar longe de nós – afirmou Matthew cheio de certeza.

O Rough Sea Bar estava lotado, velhos lobos do mar se misturavam aos jovens, compartilhando músicas animadas que se alternavam entre rock e blues. Todos tinham um copo cheio de cerveja na mão, mas aqueles que se aventuravam no balcão tentando fisgar as garçonetes sempre se arriscavam com uma bebida mais quente.

Evelyn e Greg decidiram passar a noite no bar. Ela queria que sua última semana em Solar Cove fosse cheia de emoções e de fato estava sendo. Dançava com Greg quando viu Alex entrar no salão, acompanhada por Matthew e Jordan.

— Olha lá, amorzinho. Aqueles meus amigos da casa na ilha. Vamos lá falar com eles.

Virou sobre os calcanhares arrastando Greg pelo meio do salão, Alex a viu antes que chegasse mais próximo.

— Puta merda! Essa garota está nos perseguindo. Jotta, faz alguma coisa.

— Fazer alguma coisa? Como se eu tivesse direito de mandar ela ir embora.

— Essa cidade é muito pequena, queridos. – Evelyn começou num tom de voz agradável. – Vocês não me deram tempo para falar que vou embora.

— Já sabemos sua vaca, será um grande favor. Solar Cove não precisa de gente como você.

— Eles diriam o mesmo sobre você, sua assassina – provocou Evelyn.

Matthew a encarou sem entender.

— Do que você está falando?

— Não dê ouvidos a ela, Matt. Acho que devemos ir embora, esse lugar já viveu dias melhores.

Alex girou em direção a porta, mas foi interrompida assim que Evelyn esticou o braço, segurando seu ombro.

— Ei, me larga! – Alex a afastou usando o cotovelo com mais força do que o necessário.

— Olha como fala, vadia! – bradou Greg em tom pouco amistoso.

Jordan e Matthew puseram-se na frente da garota, peitando o grandalhão.

— Deixe-os ir, já perdi o interesse.

Evelyn voltou para o balcão onde acendeu um cigarro, observando em seguida os três amigos saindo do Rough Sea.

O caixão onde jazia Raphael Montgomery havia acabado de ser descido para a cova, sob uma chuva de flores brancas. Evelyn se aproximou do buraco no chão carregando uma rosa vermelha como sangue, atirando-a com delicadeza sobre o caixão.

Quando as pessoas começaram a se dispersar, restaram apenas Alex e Evelyn ali.

— Eu sinto tanto – falou Evelyn em prantos.

— Está tudo errado, Evelyn – afirmou Alex com uma dose de raiva na voz. – Não deveria ser assim, você deveria estar no caixão, não ele. É tudo culpa sua!

— Você sabe que não é verdade, Alex. A culpa é tão sua quanto minha, meu Deus! Por que será que eu ainda escuto você?

Olivia foi retirada de seus pensamentos quando Hendrick voltou do banheiro, com os cabelos negros pesados de água. O rapaz deitou ao seu lado, virando-se na cama para olha-la.

— Você não está em paz.

— Alex age como se fosse uma inocente. Você ouviu, “nada para falar além da verdade”...

— Não quero que você remexa esse vespeiro – disse interrompendo-a – me preocupo com você, se algo acontecer a você... bem... eu não me perdoaria.

Olivia chegou mais perto para beijá-lo, os dois ficaram agarrados por um tempo sem dizer nada, até que o sono chegou sorrateiramente, tirando-os temporariamente do pesadelo.

Quando a garota se deu conta, estava de olhos abertos no meio da madrugada, mas seu namorado não estava lá. Uma chuva torrencial caia do lado de fora, açoitando a janela com gotas fartas e volumosas. Olivia levantou ainda sonolenta e procurou por Hendrick, mas não o encontrou. Era óbvio que dessa vez ele não tinha ido pescar, onde será que estaria? Vestiu uma calça jeans e uma blusa de lã azul, depois calçou o all star. Desceu as escadas, pegou a chave do carro sobre o balcão da cozinha americana e deixou a casa, arrancando com a pick up pela estrada que dava acesso à rodovia.

Há alguns quilômetros da casa de verão de Olivia, Matthew fumava um cigarro de maconha, enquanto vagava pelas ruas desertas da cidade em cima de uma bicicleta. No exato momento que passou diante da casa da família Carpenter, viu a luz do quarto superior se apagar e continuou seu percurso, parecendo sem rumo.

Não muito distante dali, Alex havia estacionado seu Mercedes-Benz numa rua próxima ao cais, ela parecia obrigar sua mente a ficar acordada, como se tivesse esperando por alguém, ou alguma coisa. Mantinha os olhos fixos na rua.

Duas quadras à oeste, Jordan caminhava usando fones de ouvidos, talvez escutasse Rap, pois balançava as mãos como se fosse o Jay-Z em um show. Olhou para o céu preocupado, nuvens carregadas estavam chegando, a chuva cairia em breve. Então ele acelerou o passo.

Adam Collen estava abaixado no meio da mata com a espingarda nas mãos, o lugar estava quase em silêncio, não fosse pelo canto dos pássaros àquela hora da manhã. Os primeiros raios de sol já cintilavam no horizonte, espantando o frio aos poucos. Quinze metros à sua frente – um cervo macho com não mais que três anos de idade – forrageava a procura de alimento, mas o pobre já estava na mira do homem. O tiro soou seco e o bicho não teve oportunidade de gritar, Adam o atingiu no pescoço. Depois de abater o animal, o homem o analisou e arrancou sua cabeça. Para ele apenas aquela parte do corpo interessava, era o que ficava legal na parede ele dizia. No caminho para a sua cabana, ele voltava com seu prémio nas mãos, mas interrompeu a caminhada ao perceber algo incomum na cabana dos Montgomery.

A porta da cabana, feita de vidro e madeira, estava manchada com um líquido rubro. A certa distância não era possível distinguir se era algo escrito ou apenas um borrão, mas ao se aproximar, Adam pode ler com clareza a palavra escrita na porta:

— Socorro.

Sua expressão se encheu de mistério, correu até a porta para ver o que tinha acontecido, pondo o rosto perto do vidro. Lá dentro, próximo a porta, o corpo de uma garota jazia sobre o chão, afogado em sua própria poça de sangue.


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Notas finais do capítulo

Diga-me o que você gostou, o que acha que não ficou bom, tudo!?



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