Let me know escrita por Loretha


Capítulo 6
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que ia postar antes de domingo, mas dormi na casa da minha amiga e não consegui terminar antes das três da madrugada e como estava cansada eu acabei apagando sem terminar o capitulo. Algumas coisinhas eu mudei de ultima hora, por exemplo, eu queria muito que o Chat Noir entrasse naquele quarto e começasse uma amizade incrível com a Mari, maaaas... Achei que não seria certo e poderia pegar outra linha. Poderia aproximar Adrien e depois... Vamos ver, não é? Enfim, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709909/chapter/6

       Parecia que o mundo ao redor dos Agreste era cinza. E isso nem era por causa da fumaça que os cercava.
       A casa tinha um ar fantasmagórico, sem luz alguma em seu interior. O grande portão estava aberto e ambulâncias, carros de polícia e o corpo de bombeiros tomavam toda a entrada.
       Adrien estava sentado nos degraus da escada, olhando para todo o caos em choque. Sentia a mente adormecida. Nunca na vida tinha visto o pai parecer tão frágil, nem mesmo quando a mãe os deixou. Sabia que naquela época Gabriel se fechou, mudou completamente, se tornando um homem mais frio, mas independente disso, nunca o tinha visto tão desesperado quanto naquela noite.
       Um carro preto passou pelo portão, freando com um barulho estridente que fez o garoto se encolher. Natalie, a secretária de seu pai, abriu a porta afoita e seguiu a passos rápidos para onde Gabriel estava. Adrien soltou um suspiro e desviou os olhos. Não queria olhar para Gabriel no momento. Tê-lo visto daquela forma parecia errado.
       Adrien achou que talvez tudo aquilo fosse culpa sua. Alguém sabia que ele era Chat Noir e, quem quer que fosse, estava machucando as pessoas que importavam para Adrien, só pelo fato de ele ser um herói. 
       — Adrien. — Chloe sentou ao lado do garoto. Em seu queixo, uma fina linha de fuligem marcava a pele clara. — Sinto muito pelo que aconteceu.
       Adrien desviou os olhos para o chão, apoiando os cotovelos nos joelhos e se curvando para frente.
        — Tudo bem. Ninguém sabia o que ia acontecer.
        — Olha, Adrien, eu... eu...— Chloe se levantou, torcendo as mãos uma na outra. Adrien olhou para ela, esperando o que quer que ela estivesse prestes a falar. — Esquece. Eu já vou indo, ta? Meu pai está falando com a polícia e pediu que eu não me afastasse dele. Tchau.
       Saiu andando, sem esperar uma resposta.
       Adrien baixou os olhos novamente para o chão. A dormência em sua mente estava dando espaço para suposições. Vilões akumatizados, alguém diferente, Hawk Moth? Quem tinha feito aquilo?
       — Adrien? — Natalie olhava-o de cima. Seu rosto sério e profissional não demonstrava nada, mas o que Adrien esperava? Amor materno de sua antiga babá? — Você já falou com a polícia?
       — Sim, já falei com eles. — Respondeu, olhando para os sapatos de salto de Natalie.
       — Vocês não poderão passar a noite aqui. Farão uma vistoria pela casa para ver se foi um curto circuito no sistema ou se, como diz o segurança, foi uma invasão. — Falou sem rodeios. Adrien ergueu os olhos quando ouviu ela digitar no celular. — Sr. Bourgeois vai aceitá-los no hotel e os receberá pelo tempo necessário, tudo bem?
       Natalie falava tudo tão evasivamente que quase não dava tempo para Adrien discutir, mas ele aproveitou a pergunta.
       — Eu vou para a casa de um amigo. — Disse o garoto se levantando e batendo nos jeans para tirar as cinzas do quadro que insistiam em colar em sua roupa.
       — Não, Adrien, você vai ficar com seu pai. — Natalie encarava Adrien com a mesma expressão de quando ele errava uma questão fácil em suas aulas particulares. — Sem discussão.
       — Sem discussão. — Ergueu as mãos. — Já decidi. Vou para a casa de um amigo.
       Deu as costas para uma Natalie furiosa. Hesitou quando chegou ao portão da mansão. Olhou para trás, para onde o pai estava.
       Gabriel Agreste tinha o olhar fixo em Adrien. Já não parecia o homem que  havia abraçado o garoto enquanto chorava desesperado por um quadro destruído. Ele agora era o mesmo de antes. O olhar frio gelou o coração de Adrien até ele parecer se quebrar em pequenos pedaços cristalinos e pontudos.
       Sentindo o olhar do pai em suas costas, Adrien saiu pelos portões escancarados e atravessou a rua. 
       — Ei, garoto. — Plagg sentou no ombro de Adrien, quando ele foi se afastando mais da mansão — Aonde você está indo?
       — Não sei, Plagg. — Adrien tirou o celular do bolso para olhar as horas. Eram quase onze. — Eu não queria ficar na rua até tão tarde, mas não quero ficar com meu pai agora.
       — Então vai fazer o quê?
       — Queria ter uma resposta, mas agora minha cabeça tá mais confusa que nunca. — Com as mãos nos bolsos da calça, Adrien caminhava devagar pela calçada. — E tem o pior, Plagg.
       — Pior que sua casa quase pegar fogo e o quadro da sua mãe ser destruído fazendo seu pai chorar na frente de convidados extremamente importantes?
       — Bem... — Adrien coçou a cabeça e franziu a testa. — Talvez tudo isso seja culpa da pior coisa.
       — Então diz logo o que é! — Reclamou o kwami, agora voando na frente do garoto, em expectativa.
       — Alguém sabe. — Disse um pouco desconfortável. O kwami abriu tanto os olhos que pareciam prestes a saltar fora. — Eu não sei o que fazer, Plagg. Por isso acho que o que aconteceu hoje foi só uma forma de me assustar.
       — Temos que falar com a Ladybug, Adrien. — Plagg sentou sobre o ombro do garoto cruzando as pernas.
       Era isso. Adrien precisava de alguém como Ladybug para contar, mas sabia que no momento ela não estava em condições para isso, porém agora ele tinha Marinette.
                                                      ***
       A noite estava clara. A lua brilhava alta no céu estrelado, deixando a sombra de Chat Noir recair sobre o telhado do hospital.
       Era tarde e ele não sabia se Marinette estava acordada. Antes ele não tinha pensado direito, mas, no momento que avistou a construção, ficou na dúvida se devia mesmo fazer aquilo. Ignorando os pensamentos coerentes, o gato preto desceu pelos tijolos do prédio e parou perto da janela entreaberta do quarto onde a garota estava.
       A televisão estava ligada no canal de notícias, que ainda mostrava a mansão dos Agreste. A luz do aparelho desenhava na parede a sobra da poltrona vazia. Deitada na cama, Marinette tinha o rosto preocupado.
       Vendo a garota, Chat Noir hesitou. Ele não podia aparecer do nada sendo Chat Noir e dizer para Marinette que sua casa, a mansão Agreste, tinha sido atacada e agora ele precisava de uma amiga para conversar. Conversar sobre seus problemas com o pai, sobre sei segredo e muito menos o segredo dela.
       Marinette não fazia ideia quem era a pessoa por trás do gato preto e Adrien não sabia como ela reagiria.
       Dando meia volta, Chat não olhou para trás quando pulou para o telhado ao lado.
                                                             ***
       Marinette pensou ter visto uma sombra sobre sua janela. Não uma sombra qualquer, mas de uma pessoa que havia mexido com seus pensamentos durante a tarde praticamente toda.
       — Tikki, você viu alguma coisa na janela? — Perguntou Marinette.
       — Eu não vi nada, por quê? — A kwami voou até a janela. — Não tem nada aqui fora. O que você viu?
       — Nada, desculpa. Coisa da minha cabeça. — A garota olhou para a televisão novamente. — Será que Adrien está bem?
       — Acho que sim, Mari. Parece que não teve ninguém machucado. — Tikki sentou sobre a barriga de Marinette e ficou batucando os dedos no joelho. — Espero que fiquem bem logo. Deve ser horrível acontecer algo assim.
       — O Adrien deve estar muito mal, Tikki. Eu sei que ele sente falta da mãe e todos sabem que o Sr. Agreste não é o pai mais presente do mundo... — Marinette fechou os olhos e levou as mãos às bochechas. — Queria tanto poder estar com ele!
       Tikki riu. Mesmo no estado em que se encontrava, depois do tempo em que passaram longe de tudo, Marinette ainda pensava em Adrien acima de tudo.
       — Chat Noir não apareceu lá, não é? Ele tem andando estranho. — Comentou a garota olhando para a janela novamente. — Preciso ficar boa logo. Quero tanto conversar com ele, Tikki. Saber o que está acontecendo e como está.
       — Talvez ele esteja cansado. Teve que cuidar de tudo sozinho.
        Pensar no que havia acontecido não era algo que Marinette gostasse de fazer. Infelizmente teria que falar com o delegado encarregado do caso sobre os desaparecimentos. Afinal, ela havia sido a única que foi encontrada depois de três meses. Todos queriam uma resposta.
       A porta do quarto foi aberta e Tom Dupain entrou no quarto. Quando viu a filha acordada, sorriu.
       — Marinette, não sabia que estava acordada. — Tom foi até a filha e deu beijo na testa da garota. — Já deixei Alya em casa. Amanhã ela pode vir de novo.
       — Mamãe ligou? — Marinette olhou de relance para onde Tikki tinha se escondido.
       — Sim, ela queria ficar aqui essa noite, mas eu pedi que ela descansasse. — Tom se acomodou na poltrona pequena demais para ele. — Ela vai abrir a loja amanhã.
       — Ela vai estar aqui comigo também, não vai? — Perguntou, tentando não parecer amedrontada para não preocupar o pai.
       — Eu pedi que adiassem o interrogatório até você estar melhor, Marinette. — Sr. Dupain esticou as pernas e bocejou. — Todos estamos cansados, filha, então pedi que dessem mais uns dias até, pelo menos você ter alta.
       Marinette esperou que seu suspiro de alívio não fosse ouvido pelo pai, mas ela agradeceu com um sorriso cansado. Sr. Dupain anuiu com a cabeça.
       — Vamos descansar, tudo bem? Amanhã terá mais exames e receberá muitas visitas. Inclusive daquele garoto que você gosta, o Adrien.
       — Adrien!?
       — Sim, acabei de encontrar com ele enquanto voltava pra cá. Perguntou como você estava e queria saber se podia subir.
       — Ele queria me ver agora? — Marinette teria pulado da cama se não sentisse tanta dor no corpo. — E por que você não deixou ele vir, pai!?
       Sr. Dupain riu da reação da filha. Deu de ombros e balançou a cabeça, ainda sorrindo.
       — O horário de visitas já passou, Marinette. Mas amanhã cedo eu convidei para vir aqui.
       — Logo de manhã? — Marinette arregalou os olhos quando o pai assentiu. — Eu preciso ajeitar meus cabelos e esse rosto e, pai, eu estou horrível! O Adrien não pode me ver assim!
       — Para de bobagem. Ele se preocupa e talvez isso seja bom, não? Achei que ia gostar, mas posso ligar para ele e dizer que você ainda não está muito bem...
       — O quê!? Não, eu estou ótima, não cancela nada não,  mas por favor, me acorda bem cedo. — Marinette desandou a falar, deixando o pai quase a beira dos risos. — A mamãe podia vir me trazer alguma roupinha mais legal e algo pra esconder esses machucados horríveis no rosto, não é?
       — Tudo bem, filha. Mas agora você precisa descansar. — Tom bocejou novamente. Não era Marinette que precisava de uma boa noite de sono.
       Marinette assentiu e tentou deitar de forma mais confortável, mas a dor na costela nunca parava de incomodar.
       — Boa noite. — Sussurrou Sr. Dupain, já caindo na inconsciência.
       — Boa noite, pai. — Disse Marinette num suspiro.
       Sua mente e seu corpo pareciam elétricos. Pensou que estava ansiosa demais para conseguir dormir, mas aos poucos suas pálpebras começaram a pesar e logo estava dormindo. Infelizmente, foram pesadelos que cercaram sua mente adormecida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo :D Até mais pessoal ❤