Let me know escrita por Loretha


Capítulo 5
Retrato dourado


Notas iniciais do capítulo

Eu estava muuuito ansiosa pra postar esse capítulo. Muito mesmo!



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Alya segurava a mão de Marinette enquanto contava tudo o que a amiga havia perdido nos últimos meses. Sua empolgação quase não deixava o cansaço transparecer, mas Marinette havia percebido. Alya parecia mais magra, o rosto mais fino e seus olhos mais fundos do que se lembrava. Sabia que ela havia se empenhado nas buscas, mas de certa forma, Marinette ainda se sentia culpada.
       — E o Nino me faz tanta falta. Não temos nem dois meses de namoro e ele também desaparece! — Disse Alya, baixando os olhos para suas mãos nas da amiga.
       — Você e Nino estão namorando!? — Marinette perguntou surpresa, os olhos arregalados e cheios de curiosidade. — Você não me contou isso, Alya!
       A garota riu da reação da amiga. Era um riso triste, mas Marinette sentiu o peso das costas de Alya aliviar um pouco.
       — É tanta coisa pra dizer, Mari e ainda não me sinto bem por falar do Nino ainda. É algo recente e a gente não contou pra ninguém. Acho que nem o Adrien sabe.
       Adrien. Marinette queria tanto ver ele, saber como ele estava. A menção do nome havia feito seu peito arder de saudade. Queria logo sair daquele hospital e encontrar todos os amigos, mas acima de tudo queria ver Adrien.
       — O Adrien sentiu sua falta também. — Alya disse, olhando para a amiga, esperando ver sua reação. — Quer dizer, todos sentiram, mas achei que você queria saber se ele também tinha sentido.
       — Ah, Alya, parece que você leu meus pensamentos, mas isso não importa agora. — Importava, mas Marinette não queria falar de Adrien enquanto sua amiga sentia falta do namorado. — Quer conversar sobre Nino? Pode ser que desabafar ajude.
       Marinette não sabia se tinha dito a coisa certa, mas achou que se Alya não havia contado a ninguém sobre seu namoro, deduziu que ela havia sofrido sozinha quando Nino e ela não estavam por perto.
       — Foi um pouco depois que você sumiu, sabe? Eu estava muito mal e já tínhamos aquele lance... Nada sério, mas já estávamos próximos depois daquele dia no zoológico. — Uma pausa. Ela esfregou os olhos com a mão livre, tentando se livrar das lágrimas. — Quando você foi levada, o Nino ficou do meu lado o tempo todo, ele me consolou e tentou me animar quando ninguém conseguiu. Então, um dia meio que rolou algo mais e acabou que a gente ficou...
       Marinette ouvia tudo em silêncio e atenção. Alya sorriu com a lembrança, mas seus olhos estavam tristes.
       — Ele vai voltar, ok? Vai ficar tudo bem, Alya. — Mari apertou os dedos da amiga de leve.
       — Eu sei... — Alya piscou e continuou depois de outro suspiro. — Fui eu quem pediu o Nino em namoro. — Ela riu. — Você tinha que ver a cara dele, Mari! E bem, ele aceitou.
       — Imagino. Deve ter ficado com cara de idiota por um tempo, até se dar conta do que você estava falando, então ele iria começar a gaguejar a resposta. — Marinette completou, rindo até sentir pontadas de dor na costela quebrada.
       — Tudo bem, foi exatamente isso! — Alya olhou as horas no celular. — Ai, já está terminando o horário de visitas. É tão bom ter você aqui de novo, Mari.
       — Eu sei. Daqui a uns dias vou sair e então tudo pode voltar ao normal. — Disse Marinette, tentando soar convincente até para si mesma e falhando.
       — Mari, não se preocupa, vai ficar tudo bem. Chat Noir conseguiu encontrar você, vai encontrar os outros. Adrien achou uma pista sua e talvez outros encontrem.
       — Adrien? O que o Adrien achou? — A garota não disfarçou o interesse.
       Alya hesitou, Marinette percebeu, mas logo se recompôs e olhou para a amiga.
       — Uma pista boba, ele até pediu minha ajuda, e então ele pediu ao Chat Noir para olhar o lugar que encontramos. — Alya desviou os olhos por um segundo. Ela escondia algo, mas Marinette não perguntou.
       — E ai Chat Noir me achou... — Completou a garota, olhando distraída para a televisão enquanto seus pensamentos voavam longe. Isso até notar o caos na tela. — Alya aumenta o volume, por favor.
       A mansão Agreste brilhava em vermelho com as chamas que tomavam todo o jardim e parte da frente da casa. A repórter dizia algo parecendo aflita, mas Marinette não ouvia nada com clareza. Tudo que ouvia eram seus batimentos cardíacos e os bips desesperados do monitor.
                                ***
       O inferno estava acontecendo e Adrien não podia sair da sala. O desespero dos convidados começou a aumentar quando o cheiro de fumaça impregnou o ar. Do lado de fora o caos era ainda maior com o barulho das sirenes. A cada segundo, Adrien sentia que precisava ajudar, mas não podia se transformar enquanto tivesse platéia.
       — As portas serão abertas quando os bombeiros anunciarem que está tudo bem. — Gabriel Agreste parecia ter a mente sobre controle, tentando passar segurança para os convidados, mas seus olhos diziam outra coisa.  — Por favor, vamos aguardar!
       Adrien olhava para o pai em busca de algo que explicasse aquele desespero que ele deixou escapar por um milissegundo. Não encontrou nada. Gabriel sabia esconder bem o que sentia.
       — Adrien, a fumaça está entrando! — Chloe agarrou o braço do garoto com força, as unhas deixando pequenas marcas avermelhadas forma de meia lua na pele clara. — Olha!
       Por baixo da porta a fumaça cinzenta entrava. Não demorou para que o lugar estivesse sufocante. Adrien sentia o peito começar a protestar. Olhou ao redor. O segurança tossia sem parar, batendo no peito em busca de oxigênio. Precisavam do Chat Noir.
       — Eu não... consigo respirar direito. — Chloe puxava o ar com força, inalando a fumaça mais rapidamente.
       — Chloe! — Gritou André Bourgeois quando avistou a filha.
       — Fica calma, Chloe. — Adrien se  desfez do aperto de sua mão e praticamente a arrastou para perto do pai — Fiquem perto da janela. Vou pedir para meu pai abrir o sistema.
       Ia saindo quando sentiu Chloe puxar sua mão.
       — Por favor, não demora.
       Adrien assentiu, relutante. Não tinha entendido as estrelinhas do pedido, mas sabia que tinha algo mais. Soltou a mão da garota e correu até Gabriel.
       — Você precisa abrir as portas, pai, ou vamos sufocar aqui dentro.
       — Eu estou tentando, mas o sistema travou. — Gabriel usava o celular para digitar a série de senhas. — Parece que foi corrompido.
       — Droga! — Adrien passou a mão nos cabelos, deixando os fios loiros mais rebeldes. — Eu vou tentar quebrar a trava de segurança daquela porta, você pode tentar a outra. — O garoto olhou para as duas enormes portas fechadas nas extremidades da sala.
       Gabriel comprimiu os lábios. Adrien notou o franzir quase imperceptível das sobrancelhas do pai. Ele analisava o filho com cuidado, reconhecendo traços da personalidade da Sra. Agreste no garoto à sua frente. Adrien não sabia se era uma coisa boa, mas não queria saber. Deu as costas para o pai, antes que ele pudesse recusar sua ideia e foi até a porta.
       O segurança estava com o rosto vermelho pelo esforço dos pulmões, mas ajudou Adrien com a trava, tentando segurar a tosse sufocante na garganta.
       — Não vai destravar. — O homem disse com a voz rouca. — Foram feitas para não abrirem tão fácil.
       — Não, ela abre, só preciso de uma coisa... — Adrien passou a mão na testa suada. Olhou para a parede, lembrando do florete que decorava a parede. — Ali, o florete!
        Correu até a parede e puxou a espada da prateleira que continha alguns equipamentos de esgrima.
       — Pra que vai servir isso? — Perguntou o segurança depois de um acesso de tosse.
       — Pra isso. — Adrien respondeu, usando o florete na fechadura.
       Um clique e a porta balançou. A espada fina pareceu tremeluzir quando ouve um clarão e um estouro. Todas as luzes se apagaram, deixando a casa iluminada apenas pelas chamas que ainda insistiam em se manter acesas.
       — Não! — Gabriel gritou, correndo porta a fora. — Não!
       Adrien não entendeu o desespero repentino do pai. Antes ele estava tão seguro, tentando manter a calma para tranquilizar as outras pessoas na sala, e segundos depois parecia desmoronar. Mas então o garoto olhou para onde o pai seguia.
      — Não... — Agora era ele quem negava. — Mãe.
      O quadro da Sra. Agreste estava jogado sobre os degraus da escadaria, totalmente destruído. A moldura fumegava e não havia mais imagem sobre a tela. Só havia cinzas.
       As portas se escancaram com um estrondo. Os bombeiros entraram na mansão, olhando para todos os lados em busca de perigo, mas nada além do retrato dourado da Sra. Agreste queimava ali. Nada além do quadro e do coração de duas pessoas presentes.
       Adrien correu até o pai antes que suas mãos tocassem a moldura quente. Gabriel Agreste se rendeu, deixando o corpo cair de joelhos enquanto o filho o abraçava.
       Todos observavam a cena em silêncio. Até a tosse parecia ter sido calada pela dor que transbordava do homem que, pela primeira vez, se mostrou vulnerável até para o filho.


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Notas finais do capítulo

Se houver algum erro, podem avisar. Quando reviso sempre deixo escapar algo :/ Obrigada por lerem ♥ Até o próximo. ;)