Let me know escrita por Loretha


Capítulo 22
Calor e Frio


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, desculpa mesmo essa demora horrível, sério. Eu fiquei de férias da faculdade, viajei, fiquei sem pc e escrever pelo meu celular foi péssimo. Espero que agora as coisas melhorem. Sério, obrigada logo aos que continuam aqui apesar da demora. Amo vocês ❤



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22.

O conflito parecia cada vez menor no interior de Adrien. O calor do abraço de Marinette trouxe as respostas que ele precisava, boas o bastante para confortá-lo, mesmo que parcialmente.

— Eu... — Cat Noir deu uma pausa e clareou a garganta. — Eu já estou melhor.

Com um suspiro, se afastou de Marinette apenas o suficiente para olhar seu rosto. A garota tinha um leve rosado nas bochechas, mas a preocupação ainda era aparente nas íris azul tempestade.

— Tem certeza? — Perguntou, procurando em seus olhos qualquer coisa que explicasse o que havia acontecido. — Cat Noir, você não precisa me dizer nada se isso o deixa desconfortável.

O gato deu um sorriso, tentando voltar ao seu jeito brincalhão, mas ainda assim uma sombra parecia pesar sobre sua cabeça, deixando tudo mais escuro e sufocante.

— Você precisa saber quem eu sou. — Disse, sem rodeios, olhando nos olhos da garota, analisando qualquer mudança em sua expressão. — Minha identidade verdadeira, sem máscara, sem segredos.

Cat Noir viu quando o rosto de Marinette perdeu a cor e ela prendeu a respiração. Seus olhos baixaram para as mãos que ainda estavam presas as dele.

— Não... Não pode me dizer nada. — Falou sem erguer os olhos, parecendo escolher as palavras com cuidado. — Quer dizer, isso é algo dos super heróis, certo? Ter uma identidade secreta, pegar vilões, tirar gatos das árvores...?

O garoto riu e balançou a cabeça. Marinette ergueu os olhos, piscando sem entender porque ele ria.

— Bem, esqueceu que as garotas bonitas sabem quem são os heróis... — Ele continuou sorrindo. — E segundo, deixem que os bombeiros peguem os gatos das árvores.

Marinette balançou a cabeça, revirando os olhos enquanto deixava um leve sorriso escapar. Mas então seu rosto voltou a ficar sério. Brincou com os dedos de Cat Noir, como se sequer percebesse como aquilo mexia com ele. E talvez ela realmente não percebesse.

— Olha, Cat Noir... — Começou, parecendo incerta sobre como continuar. Respirou fundo e ergueu os olhos para os dele. — Falando sério, você não pode me contar quem é. Você deveria saber, melhor do que ninguém, o quanto é arriscado sair contando para outras pessoas quem é o garoto por trás da máscara.

E Cat Noir sabia. Já havia pensando em todas as possibilidades, em tudo que poderia dar errado. Não sabia se ela continuaria do seu lado, mesmo que apenas como amiga, como sempre foi, mas era injusto apenas ele guardar aquele segredo.

— Você é a única pessoa em que eu confiaria.

— Mas, Cat Noir, você nem me conhece direito! — Soltou suas mãos das dele e cruzou os braços sobre o peito, como se tentasse se proteger. 

— Eu sei muito sobre você... — Deixou escapar, mas só se deu conta do que disse quando olhou para a garota. — Não é isso... Eu... Não é como você pensa!

Marinette quase pareceu horrorizada. O azul dos seus olhos, por um breve momento queimou mais que fogo, mas em seguida suas feições suavizaram. 

— Pode me contar o essencial, o que tanto perturba você, porque sei que tem algo ai, mas não revele sua identidade. — Ela enlaçou seus dedos aos dele novamente e olhou em seus olhos. — É para seu próprio bem, Cat Noir.

Mais uma vez, Cat Noir sentiu seu peito se comprimir quando o ar pareceu se condensar nos pulmões. Talvez ele devesse visitar um médico, para ter certeza se aquilo não era algum problema respiratório ou cardíaco

— Contar quem eu sou faz parte do problema, Marinette. 

Ela balançou a cabeça e suspirou. Estava abatida suficiente para fazê-lo desistir e suportar tudo aquilo sozinho, apenas para que pudesse ver Marinette ficar bem.

Não sabia em quanto tempo a bomba relógio que havia se tornado iria explodir, mas tinha que esperar.

— Tudo bem. — Disse Cat Noir quando o silêncio começou a ser incomodo. — Eu não vou falar sobre isso, pelo menos não agora, mas...  — Ele hesitou, desviando os olhos momentaneamente dos dela. — Tem uma coisa estranha crescendo dentro de mim. Talvez, em algum momento, posso não ser eu mesmo. Quando isso acontecer, se acontecer, só você vai poder me ajudar... 

Marinette assentiu devagar, insegura. Mas o garoto precisava que ela entendesse.

— Quando estiver pronta para saber quem eu sou, é só chamar. Vou encontrá-la aonde estiver. — Disse devagar, olhando atentamente o rosto da garota.

Mais uma vez ela apenas assentiu, mas agora Cat Noir notou que seus olhos estavam marejados e vermelhos. Ela estava segurando as lágrimas. Não queria que ele a visse chorando, talvez porque soubesse que aquilo também doeria nele.

Sentindo-se mais pesado do que quando chegara ali, Cat Noir levantou do chão e estendeu a mão para Marinette. Forçou um sorriso.

— E eu sou o pior amigo que alguém pode ter, não é, my lady? — Curvou-se e deixou um beijo delicado na mão da menina. — Nos vemos em breve.

Escapou pela janela antes que voltasse atrás em sua decisão de não revelar sua identidade.

Correndo e pulando pelos prédios de Paris, tentou se distanciar o máximo que pode daquele quarto, onde parecia ter deixado parte de sua sanidade. Talvez tudo que restava. 

Sua mente circulava obsessivamente em torno da conversa com Marinette, não deixando qualquer outro pensamento entrar em sua cabeça. 

O calor dos braços da garota foi substituído pelo frio. A neblina parecia ganhar forma ao seu redor de tão densa, deixando seu rosto molhado aonde a máscara não o protegia.

Ficou com raiva. Estava cansado de tudo aquilo, do frio da neblina e principalmente das nuvens pesadas que pareciam sempre dispostas a deixar tudo mais triste. 

Quando a carga do miraculous apitou, ele se deu conta de que estava quase saindo dos limites de Paris. Estancou de repente e caiu deslizando pelo telhado de uma fábrica abandonada. No ultimo segundo, abriu as garras e as fincou na calha velha, que rangeu, mas aguentou seu peso.

Com um pouco mais de esforço do que geralmente usava, tentou se erguer para o telhado novamente, mas parecia que seu corpo não respondia mais aos seus comandos, de tão exausto que estava da corrida.

Grunhiu irritado quando ouviu o segundo aviso. Ele sequer havia usado o Cataclismo, como seu miraculous podia estar sem forças? 

Pegou o bastão e o estendeu, depois deslizou por ele até chão. 

O pátio da fábrica onde se encontrava era cercado por um muro baixo, coberto por trepadeiras escuras que se espalhavam também pelo chão. Os prédios ao redor eram um pouco mais altos e pareciam mais recentes que a fábrica, mas Adrien ainda não reconhecia o lugar em que estava, apenas sabia que estava muito longe de casa e que ali provavelmente não teria ônibus que o levasse de volta. 

— Plagg, guardar as garras. 

Plagg apareceu ao seu lado assim que a aura verde da transformação se desfez. 

— Adrien! — Reclamou ele, parecendo cansado. — Eu não entendo. Você tem que decidir! Seus pensamentos me afetam também.

— Eu sei, desculpa, Plagg. — Tirou um pequeno potinho com queijo do bolso e entregou ao kwami. Os dois sentaram-se no chão úmido. — O miraculous descarrega sem que eu use o cataclismo, mas é aleatório. Hoje demorou mais que da última vez, mas mesmo assim...

Plagg deu de ombros e engoliu todo o queijo de uma vez. 

— Acho que tem a ver com o que Mestre Fu falou. — Respondeu distraído virando o pote para ver se caia mais algum queijo. 

Adrien virou-se para ele. 

— Você ouviu o que ele falou?

— Claro que ouvi. Assustador? Claro. Mas vamos dar um jeito de sair dessa. 

Adrien queria ter a mesma confiança do amigo, mas não conseguia pensar em nada. Tudo sempre voltava para a conversa com Marinette.
       — Ouviu esse barulho? — Perguntou Plagg virando para a fábrica. Ele soltou o pote no chão e se escondeu sob a blusa do garoto. — Acho que não estamos sozinhos. 
       Adrien também ouviu. Vinha do prédio. Se aproximou abaixado para mais perto da parede e tentou ouvir. Esperava que quem quer que estivesse na fábrica, não tivesse visto sua transformação.

A neblina parecia ter baixado mais, deixando tudo nevoado. As folhas das trepadeiras na parede molhavam as costas de Adrien,mas ele ignorou. Se esgueirou até a janela mais próxima e espiou. 

Não havia nada além de máquinas lá dentro. A luz do dia entrava pelas janelas, mas fora isso, nenhuma outra fonte de iluminação. 

— Não tem ninguém, não deve ser nada. — Sussurrou para Plagg, mas ambos sabiam que havia alguma coisa, por que a nuca de Adrien formigou e ele sentiu-se exposto. 

Balançou a cabeça. Não devia ser nada. Ouvia e via coisas que não existiam desde que absorveu os akumas e aquela sensação era apenas outro sintoma.

— Podemos nos transformar? — Perguntou a Plagg, forçando sua voz a sair num volume normal. 

O kwami olhou para o pátio procurando algo. Depois assentiu para o garoto.

Adrien sabia que tanto ele quanto seu kwami estavam sofrendo com alucinações, mas ele decidiu não perguntar se o amigo também sentia o arrepio gelado, que nada tinha a ver com a neblina.

Olhou ao redor mais uma vez e então se transformou. Subiu no prédio escalando pelas janelas e avistou a torre Eiffel ao longe. 

Quando saltou para o telhado seguinte, pensou ter visto um vulto azulado do outro lado, mas não olhou duas vezes e continuou correndo, com a sensação de ser observado ficando para trás.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado. Até o próximo ;)



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