Let me know escrita por Loretha


Capítulo 21
Confiança


Notas iniciais do capítulo

Estou realmente muito empolgada, acho que isso se deve ao fluxo de inspiração que tive hoje e tô tão feliz por ter escrito esse capítulo que Aaaaaa. Espero realmente que gostem, boa leitura.



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Para Freya, Félix parecia estranhamente calmo. Talvez todas a informações que ouviu tenham feito seu cérebro virar geleia e por isso ele apenas olhava para o chão e balançava a cabeça em negação de vez em quando.

— Você não acha que foi demais? — Perguntou ao irmão aos sussurros, apontando com a cabeça para o garoto. — Olha como ele está.

Dominic deu de ombros e continuou a arrumar suas roupas na pequena mala preta. Freya fez o mesmo, mas sem tirar a atenção de Félix, realmente preocupada com a palidez cada vez mais acentuada que seu rosto tomava.

Talvez devesse ter sido menos evasiva na hora de falar tantas coisas. Feito as coisas com calma como o irmão havia indicado, rondado primeiro e esperado mais, mesmo que o tempo deles sempre parecesse apertado e corrido.

— Tudo bem! — Félix exclamou erguendo os olhos do chão para olhar os irmãos. — Vamos fazer isso!

Freya virou para Dominc e encontrou seu olhar. Mais uma vez ele deu de ombros, então assentiu para Félix e fechou a mala.

— Não é como se você tivesse escolha, mas vamos sim. — Ele disse, puxando a mala para o chão.

O garoto abriu a boca como se fosse dizer algo, mas fechou e ficou quieto novamente.

— Ai, Dom! Para com isso, você fez ele ficar daquele jeito de novo. — Reclamou Freya semicerrando os olhos para seu irmão.

Desde que conheceram Félix, parecia que esse era o jeito dele. Quase em todos os momentos ela via ele se fechar dentro dos próprios pensamentos, calado e quieto, e sabia que não podia mudar isso. Achou que o diário ajudaria, e jurou que tinha acertado, mas tudo só pareceu piorar. Agora ele segurava o livro como se fosse uma âncora e talvez fosse, porque aquilo estava levando-o cada vez mais para o fundo.

Félix ergueu os olhos e encontrou os dela. Freya piscou, percebendo que estava encarando e voltou a atenção para sua mala. Por alguns segundos sentiu o rosto queimar e as mãos sem jeito. Nunca havia se sentindo assim, mas ignorou a sensação esquisita.

— O que seu irmão quis dizer? — Perguntou Félix.

Freya virou a para ele, depois olhou para o teto pensativa.

— Não se preocupe com isso, você concordou, não é? — Respondeu sorrindo como se escondesse um segredo.

E era quase isso.

***

Chat Noir respirou fundo. Ele precisava de fôlego para aquilo. Seu coração palpitava como nunca. Sentia o sangue acelerado nas veias, correndo como louco e o deixando sem ar. A calma que esperava sentir quando tomou fôlego não veio e tudo pareceu piorar aos poucos, porque aquele frio que sentia no peito pareceu se enraizar e congelar seu corpo.

— Você... Está bem? — A voz de Marinette parecia distante. — Chat Noir?

Ele ergueu olhou para ela. Os olhos azuis brilhavam de curiosidade, as mãos estendidas como se pedisse que ele mantivesse a calma. Era estranho pensar como aquela garota parecia frágil e ainda sim era alguém tão forte. Alguém que sabia o que fazer quando precisava. Diferente dele, que agia por impulso.

O gato voltou os olhos para o chão e levou a mão ao peito, sentindo aquele gelo espetar o coração, como se houvesse agulhas de gelo tão finas que o furavam toda vez que inspirava. Sentou-se no chão com dificuldade, tentando fazer o ar entrar.

— Chat Noir, por favor, me responda. Está me assustando. — A voz da garota estava cada vez mais distante.

“É só manter a calma. Conte até dez.” A voz da mãe veio em sua cabeça.

Chat Noir fechou os olhos e inspirou fundo, ignorando a dor que sentiu. Se concentrou em contar as respirações. Inspirar, parar, expirar, inspirar, parar, expirar...

Uma mão tocou seu ombro. Uma mão quente e pequena. Delicada e carinhosa.

Abriu os olhos e encontrou Marinette ajoelhada à sua frente. Com o rosto tão próximo que ele podia sentir a respiração quente dela se envolver com a sua.

— Está tudo bem. — Dessa vez não era uma pergunta. — Vamos, respire comigo.

Com os olhos presos aos dela e com a respiração calma o envolvendo, Chat Noir relaxou. Parecia hipnotizado pelo azul profundo dos olhos da garota. Azul como o mar.

A outra mão de Marinette foi para seu outro ombro. Ela ergueu uma sobrancelha e virou um pouco a cabeça de lado, como se pedisse permissão para se aproximar. E sem saber exatamente pelo que assentia, ele balançou a cabeça.

Então ela o abraçou. Seus braços pequenos o envolveram de forma confortável. Com a cabeça aninhada no peito dela, ele ouvia o coração bater um pouco assustado, mas aos poucos, junto com o dele, as batidas voltaram ao normal.

Adrien, o garoto assustado, cheio de pensamentos inquietos e Chat Noir, o herói igualmente perturbado pela própria mente, sentiu o calor de Marinette aquecer o coração congelado.

***

 

Dominic fazia o check-out na recepção enquanto Freya e Félix esperavam no grande sofá. Freya lia uma revista para Félix, que ainda estava perdido em pensamentos.

A garota parou a leitura quando percebeu que Félix sequer ouvia. Fechou a revista e a jogou sobre o sofá.

— Cara número 28, dor de barriga. — Falou, olhando para ver a reação do garoto, mas ele nem piscou. — Meu Deus, Félix!

Dessa vez ele olhou assustado para ela.

— Hum? O que? — Perguntou.

— Em que você tanto pensa? — Freya cruzou os braços e bufou.

Estava cansada de ver aquela quietude e aquela mesma cara de Félix ao pensar. E daí que era o jeito dele? Queria saber o que se passava na mente dele e o melhor jeito era questionar.

— Oi?

— Ai não, para. Sério, você não pode ser sempre assim. — Frustrada, ela apenas sacudiu as mãos na direção dele.

— Assim como? — Ele franziu o cenho.

— Calado, chato, pálido. Qual é, Félix, você parece aquela garota do filme de vampiro. Aquela sonsa lá, você deve saber.

Ele riu, o que surpreendeu Freya. Era uma risada sincera e real.

— Você acabou de me chamar de chato e sonso. Uau. — Ele parecia realmente surpreso.

— Eu sei.

Félix ficou calado por alguns segundos, fazendo Freya revirar os olhos e suspirar.

— Eu fico pensando no meu passado. — Respondeu baixando a cabeça. — Eu tento procurar peças perdidas na minha mente, alguma lembrança que possam ter esquecido de apagar, sabe?

Freya assentiu devagar. Incerta do que dizer, dessa vez foi ela quem ficou calada.

— É complicado, você só realmente entende caso perca a memória. — Félix riu, mas não havia humor algum.

Dominic acenou para os dois quando terminou o check-out. Freya percebeu que o irmão lançou um olhar de canto para Félix, como se verificasse se ele ainda estava ali. Ela estranhou, mas não disse nada. Agarrou a alça da mala de rodinhas e os três seguiram para fora do hotel.

A luz do sol cumprimentou o grupo por apenas poucos segundos antes de desaparecer sob as nuvens espessas de chuva. Começaria a chover logo, mas por sorte o carro que os levaria ao aeroporto estacionou no acostamento.

Freya entrou no carro quando entregou a mala ao motorista que as organizava no bagageiro e esperou Félix entrar em seguida, porém quem colocou a cabeça para dentro do carro foi o irmão que parecia irritado ao extremo.

— Félix sumiu. — Anunciou como quem fala que ganhou na mega sena e perdeu o papel.

Freya saiu do carro apressada. Parou na calçada com as mãos na cintura e olhou a rua.

— Não, ele estava aqui agorinha, não pode ter sido levado, pode?— Não sei, acho ele mesmo decidiu não vir com a gente. — Dominic bufou, puxando o celular do bolso e digitando algo.

— Não, Dom, o Félix não faria isso... — Freya continuou procurando em meio as pessoas que passavam na rua.

— Freya, você precisa aprender que nem todas as pessoas são confiáveis. — Dominic resmungou sem erguer os olhos do celular. — Com essa vida que levamos você já devia ter parado com essa de acreditar no que dizem. Ele não confia na gente.

— Confiar em quem? — Félix perguntou saindo do hotel.

Freya teria pulado no pescoço dele num abraço se não tivesse sido treinada desde criança para manter o controle. Se limitou a sorrir para o garoto.

— Você esqueceu isso. — Entregou a revista para Freya e entrou no carro.

Dominic apertou a ponte do nariz com os dedos e puxou o ar com força, irritado.

— Estou errada, não é? — Freya sorriu triunfante.

— Sim, ainda acho que está.

Freya entrou no carro sorrindo triunfante, mas seu sorriso se desmanchou um pouco quando viu o rosto de Félix. Parecia mais tenso que antes e, quando ela viu a forma como ele apertava o caderno nas mãos, ela soube que algo estava errado.

— Está tudo bem? — Perguntou um tempo depois, quando o carro já estava em movimento, e baixo o suficiente para apenas Félix escutar.

Ele balançou a cabeça devagar, negando, mas não respondeu nada, apenas voltou a atenção para a chuva que começava a salpicar o vidro do carro.

Freya soube que não ia ter resposta, porque viu ele se perder novamente em devaneios, mas ela jurou que ouviu ele repetir um nome, que para ela não significava nada, mas que para ele poderia significar muito.


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Notas finais do capítulo

Ai meus deuses, me digam o que acharam. Estão gostando do rumo que fic está tomando? Quais pernsagens vcs mais estão gostando? Não fiquem quietinhos, quero saber o que acham e como devo proceder. Até o próximo!



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