Let me know escrita por Loretha


Capítulo 16
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Notas iniciais do capítulo

Capitulo novo, depois de 300 anos haha (Tô rindo de nervoso). Espero que gostem. Boa leitura :)



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Haviam muitas coisas que Chloe Bourgeois preferia ignorar. A maioria delas eram coisas importantes para sua formação na escola e coisas que a filha do prefeito da cidade deveria saber.

Ter prestado atenção numa aula sobre tempestades de areia e suas consequências foi uma grande sorte. E foi exatamente isso que ela pensou ao olhar para o redemoinho poeirento acima da escola.

— Se for outra aluna minha, eu desisto desta escola! — O diretor anunciou, esbaforido e afoito enquanto tentava sacudir a areia das roupas e do enorme bigode.

Chloe olhou em volta, esperando que Chat Noir aparecesse a qualquer momento para salvá-los, mas ele demorou. Seu coração parecia querer sair pela boca quando as palavras de Pollen pareceram fazer sentido.

"— Você agora é outra pessoa, querendo ou não. Ser um herói tem suas vantagens, mas também responsabilidades.

— Não, eu sou uma garota mimada que nunca fez nada demais pra merecer algo assim! Ladybug e Chat Noir são os verdadeiros heróis.

— Chloe, você é como eles agora. Não quero pressionar, então quando estiver pronta, é só me chamar."

Engolindo em seco, mas decidida, Chloe se afastou da multidão de alunos na escadaria de entrada. Nathaniel, ao seu lado, desviou os olhos para ela numa pergunta silenciosa antes que ela entrasse na escola.

— Preciso usar o banheiro! — Gritou, tentando ser ouvida acima da gritaria e do barulho do vento forte.

Correu para dentro antes que alguém mais a notasse. O som da areia batendo nos vidros das janelas era assustador. Longe dos ataques do vento feroz, Chloe sentiu uma ardência, como um machucado que só se nota minutos depois. Olhou seus braços. Pequenos arranhões se espalhavam por toda a extensão de pele que a roupa não cobria. Levou as mãos por impulso no rosto e sentiu as pedrinhas de areia na palma da mão.

— Pollen! — Chamou ela, quando entrou em uma sala vazia.

O kwami apareceu. Seus olhos se arregalaram quando viram o rosto da menina.

— Chat Noir não apareceu! Eu... Acho que posso... — Chloe hesitou, mas então ergueu o queixo determinada. — Eu estou pronta.

 

 

            ***

Félix batia o pé no chão, impaciente e irritado, enquanto via Dominic, com toda a calma do mundo, comer seu café da manhã. Parecia um teste, para ver por quanto tempo Félix conseguia ficar esperando. Freya, sentada ao lado dele, usando óculos escuros, parecia esconder o riso atrás de uma xícara de chocolate quente.

Haviam desembarcado num aeroporto pequeno, para voos particulares. Estavam em Londres, Félix sabia. De cima, do avião, ele havia visto a torre do Big Bang e a London Eye.

O restaurante do hotel onde se hospedaram estava lotado para o café e nenhuma das pessoas parecia interessada nos três, mesmo assim, Félix sentia-se observado. Estar cercado de tantas pessoas num lugar fechado havia se tornado uma das coisas que mais detestava. Ainda mais quando duas delas insistiam em testar sua paciência.

— Você não vai comer nada? — Dominic perguntou, depois de, demoradamente, beber mais um pouco do seu café.

Félix olhou o bolo que havia destruído com o garfo, num acesso de raiva silencioso. Balançou a cabeça, voltando os olhos para Dominic e cruzou os braços.

— Acho que eu vou pedir outro café. — Falou Dominic, parecendo não se importar com a expressão quase furiosa que tomou conta de Félix.

Freya baixou a xícara e, como Félix suspeitava, ela estava sorrindo.

— Ok, já chega, Dom. Acho que você já torturou demais o garoto. — Abandonando a xícara vazia sobre a mesa, Freya ficou de pé e ajeitou a jaqueta cinza sobre o vestido psicodélico de cores rosa, verde e azul. — Vamos explicar agora algumas coisas, Félix, então para com essa cara.

Dominic ficou de pé e pegou o celular. Com uma careta, bufou e virou-se para Félix.

— Vamos subir e então posso começar um breve relato sobre o que você precisar saber.

— Ah, não, você não me fez esperar esse tempo todo pra contar apenas o resumo. — Félix levantou-se, balançando a cabeça — Faz muito tempo que eu não faço ideia do que estou fazendo, do que preciso fazer e, droga, eu nem sei direito quem eu sou! Então vocês vão me contar tudo sobre essa porcaria e  vão dizer quem quer me matar!

Um casal na mesa mais próxima lançou olhares curiosos para Félix.

— É uma peça! — Freya se adiantou, sorrindo descontraída para o casal que parecia assustado. — Se chama "Morte", ele está sendo perseguido pelo assassino, entenderam? Papel principal.

A mulher sorriu e parabenizou o garoto, então voltou a conversar.

— Félix, não quer tweetar que você está sendo perseguido não? Fica mais fácil de te acharem, se é isso que quer. — O sarcasmo de Dominic não escondeu tão bem a preocupação — Não podemos ficar muito a vista, então, por favor, não se destaquem!

Félix baixou a cabeça, sentindo o rosto queimar, mas não disse nada.

— Isso serve pra você também Freya. — Dominic revirou os olhos. — Eu disse pra não extrapolar e você vem com mais neon ainda.

— Qual é, não quero andar por ai vestida em tons neutros e ficar absurdamente entediante. Londres é grande e cheia de pessoas de fora, vestindo roupas ainda mais extravagantes que esse vestidinho.

Ignorando a irmã, Dominic deu as costas e seguiu para o elevador. Félix foi logo atrás, com Freya ao seu lado.

— Você foi mexer com ele, tá ai. Sobrou até pra mim.

— É só que isso — Félix bateu em sua cabeça com o nó dos dedos — está me matando, sabe?

Freya assentiu. Félix sabia bem que era mais uma forma dela mostrar que havia entendido do que realmente sabia como era sentir-se​ perdido dentro de si mesmo. 

Quando as portas do elevador se fecharam, Félix estremeceu. A lista de coisas que ele odiava aumentava, mas dessa vez ele tinha certeza que claustrofobia era algo que já tinha muito antes de todas as suas memórias terem sido apagadas.

— Vou começar a anotar suas expressões e catalogar num caderno que vou chamar de "caras do Félix". — Freya comentou, parecendo se divertir com a agonia dele.

Félix ignorou o comentário. Tentando pensar em outra coisa, procurou elaborar as perguntas que faria a Dominic. Nem precisou começar o assunto. 

— Freya e eu fomos designados para seguir e proteger você, caso algo acontecesse à sua mãe. — Falou Dominic sem tirar os olhos dos números luminosos do painel do elevador.

Félix esperou ele continuar, mas Dominic permaneceu calado. 

— Minha mãe contratou vocês?

— Isso é confidencial.

Freya franziu as sobrancelhas. Tirou os óculos de sol e fez um muxoxo para o irmão.

— Tão confidencial que nem mesmo nós sabemos. — Deu de ombros e sorriu para Félix. — Começamos na Grécia, na verdade, então não faz muito tempo.

— Dois anos. — Félix franziu o cenho. — Eu acho.

As portas do elevador se abriram. Os três seguiram para a porta do quarto em que estavam hospedados. Dominic tirou a chave dourada do bolso e abriu a porta.

— Porque aqueles caras estavam seguindo vocês? — Félix balançou a cabeça. — Ou melhor, o que pegaram deles?

Os irmãos trocaram um olhar de esguelha antes que Dominic respondesse.

— Não pegamos nada, recuperamos uma coisa nossa. — Disse ele, tirando o casaco e o colocando sobre o braço do sofá. — Um pergaminho e um caderno seu, que por acaso sumiu das minhas coisas. — Dominic lançou um olhar sugestivo para Freya.

— É, tá, eu entreguei a ele.

— Esse pergaminho... Vocês pegaram em um museu, não é?

— Não. — Dominic franziu o cenho, então riu. — Você sabe que não eram arqueólogos, certo? Pareciam, mas não eram. Que arqueólogo moderno se veste como Indiana Jones hoje em dia?

Freya levantou a mão, como se fosse uma aluna da primeira fileira que soubesse a resposta, mas Dominic ignorou.

— Sua mãe sabia que o pergaminho estava nas pirâmides, mas todos os outros sabiam também. Era uma isca, uma armadilha e vocês foram direto para ela.

— Dom, Félix não faz ideia da importância dos pergaminhos, então, por favor, explique. Ou então deixe eu fazer isso sem todo seu blá, blá, blá de garoto inteligente... — Freya sorriu quando o irmão cruzou os braços e assentiu, pedindo que começasse. — Bem, meu querido Félix! Há muito tempo, num reino. distante chamado...

Dominic pigarreou, balançando a cabeça.

— Ceeeerto. — A garota revirou os olhos e levantou-se do sofá onde estava. — Na França, por volta de 1510 ou 1610... Ou quem sabe isso foi nos anos 90?

— Freya... Resuma, essas datas não importam agora. — Dominic ajudou.

— Na França, em um ano qualquer, uma galerinha que conhecia um segredo antigo decidiu escrever sobre eles, para poder entender melhor com o que estavam lidando. Claro que já existia um livro sobre isso, mas ele era o único e estava perdido, então nada melhor que criar outro, não?

"Então, essa turminha ai de gênios, criou uma série de páginas com todos os detalhes sobre os poderes mágicos e tudo mais. Porém, é claro que algo deu errado. Um dos gêniozinhos era do mal — sempre tem um assim — e roubou o trabalho da equipe e sumiu do mapa com elas. Foi o maior alvoroço, porque sabiam que quem tivesse todas as peças especiais descritas nesses papéis, principalmente duas em especial, teria poder supremo."

Freya deu uma pausa dramática. Félix mantinha os olhos fixos nela, curioso e com o coração a mil, esperando que a garota continuasse.

— Ele morreu antes disso — Freya sorriu quando Félix bufou.

Dominic tomou as palavras, interrompendo Freya para ele mesmo continuar.

— Os outros membros da equipe de pesquisa, vamos chamar assim, esconderam os escritos. Então as peças foram escondidas por seus portadores. Aos poucos, infelizmente, elas foram se perdendo, principalmente depois de duas guerras mundiais. — Dominic deu de ombros. — Pelo que sabemos agora estão em Paris e o livro original também, sob a proteção de um homem.

Félix notou outro olhar que os irmãos trocaram entre si, mas não fez perguntas. Estava tão imerso em seus próprios pensamentos que não sabia se queria saber o que aquele olhar significava.

O celular de Dominic tocou. Ele saiu para outro cômodo, deixando Freya e Félix a sós.

Félix queria saber mais, mas também queria tempo para digerir todas aquelas informações novas. Devia estar com uma cara aflita, porque Freya deu um tapinha em seu braço e o olhou com pena.

— É complicado, um dos motivos que queríamos esperar para te contar algumas coisas era esse, ver se você podia lidar.

— É isso que estamos procurando, então? — Félix olhou para a garota.

Ela assentiu.

— Nós chamamos de Miraculous. — Freya disse dando uma ênfase dramática e então sorriu. — Eu sei, eu adoro uma cena com drama e tensão.

Dominic voltou com cara de poucos amigos, mais que o habitual.

— Achamos sua mãe. 

— Aonde ela está? — O coração de Félix estava a mil, ansioso pela resposta.

— Paris. — Respondeu Dominic, sorrindo de uma forma um pouco assustadora. — Você vai para casa.


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Notas finais do capítulo

Também espero que tenha respondido umas poucas coisinhas do que está acontecendo com Félix. Desculpem a demora e obrigada por continuarem aqui, mesmo depois dessa demora pra atualizar. Sobre isso, estou num periodo de mudanças e vou fazer uma prova importante, ai acabei perdendo um pouco a inspiração, mas agora está melhor, então depois que eu fizer essa prova eu volto a escrever com um pouco mais de frequência. Beijinhos ;)



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