Let me know escrita por Loretha


Capítulo 15
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709909/chapter/15

 

O despertador de Chloe Bourgeois alarmou, mas ela já estava acordada fazia quase uma hora. De frente ao espelho, ela terminava de passar um batom nude. Seus cabelos estavam presos em seu habitual penteado.

De alguma forma, a garota parecia diferente. Seus olhos tinham uma determinação desconhecida até para ela mesma. Pela primeira vez em algum tempo, Chloe não queria ser Chloe. Queria ser melhor.

— Srta. Bourgeois? — Chamou uma das empregadas. Amélie sempre chegava exatamente ás sete horas, todos os dias, desde que Chloe se entendia por gente.

— Pode entrar. — Chloe respondeu, procurando sobre a penteadeira algo que pudesse incorporar seu penteado simples.

— Senhorita, seu carro estará na entrada às sete e quarenta. Alguma mudança hoje? — Perguntou Amélie, enquanto abria as cortinas, deixando a luz dourada do sol entrar no quarto.

— Não, Amélie. — Chloe virou-se para a mulher, que arrumava os lençóis da cama. — Obrigada.

A moça levantou os olhos para Chloe com o cenho franzido. Então, um sorriso tímido surgiu em seu semblante quando assentiu para a garota.

Voltando os olhos para o espelho, Chloe viu, pelo canto do olho, algo reluzir. A caixa que havia recebido na noite anterior brilhava sob a luz do sol. As fitas pareciam banhadas em pó de fada, brilhando delicadamente.

Levantou-se, pegou a caixa e abriu, tirando o pente do papel que o embalava. Correu os dedos pelos dentes de ouro do pente e sorriu. Chloe deixou a caixa sobre a cômoda e foi até o banheiro, onde pegou uma fina fitinha preta que usou para prender o pente no cabelo. O pequeno adorno deu o toque que faltava ao penteado da garota. Então, no reflexo do espelho, Chloe Bourgeois viu um pequeno ser amarelado se espreguiçar graciosamente sobre sua cabeça.

Com um grito agudo, Chloe deu alguns passos trôpegos pelo banheiro até enrolar a sandália sob o tapete e cair.

— Ai! — A garota levou a mão a cabeça.

— Senhorita Bourgeois? — Amélie chamou do quarto, a voz preocupada. — Está tudo bem?

Chloe sentou-se no chão e encarou o pequeno ser que a olhava com o dedinho sobre os lábios, pedindo silêncio.

—Sim, está...

— Tudo bem, então. Estou saindo, senhorita, se precisar de algo pode me chamar.

Chloe encarou o bichinho flutuante.

— Desculpe, não queria assustar você. — Quando o pequeno ser falou, a voz era fina e delicada, com um leve zumbido. Chloe imaginou que seria a voz que uma abelha teria.

Engolindo em seco, Chloe aprumou o peito para gritar.

— Não grite! — Pediu o bichinho voador com os olhos esbugalhados. — Não quero machucar você. Eu sou Pollen. Sou seu kwami.

— Pollen? — Chloe estreitou os olhos e então sorriu. — Já entendi.

A garota levantou-se do chão e pulou para cima de Pollen.

— Ei! — Reclamou, quando as mãos da garota o cercaram. — Chloe, pare com isso!

Inicialmente, Chloe havia pensado que ele estava suspenso por cordas, que era uma marionete, mas quando o segurou, não sentiu nenhum puxão, nenhuma corda arrebentando. Pollen era de verdade.

— Eca! — Soltou o kwami e sacudiu as mãos no ar, parecendo enojada. — Eu segurei um inseto, que nojo! Que nojo!

Pollen revirou os olhos. Empinou o queixo e sacudiu as asinhas que a menina havia amassado.

— Eu não sou um inseto!

Com as mãos na cintura, Chloe bufou e, com um humf, esperou Pollen continuar.

— Eu sou um kwami. — Falou Pollen esperando que a garota fosse entender. — Isso que está usando — ele apontou para o pente na cabeça de Chloe. — é um miraculous. Seu miraculous agora. Está sob sua proteção.

Cruzando os braços, Chloe franziu o cenho. No fundo, sabia que ele estava falando a verdade. Tinha uma sensação estranha no peito. Sentia uma espécie de ligação com Pollen que não podia explicar.

— Por que eu? — Perguntou ela, depois de pensar um pouco. — Por que fui escolhida para proteger o miraculous? Não sou digna.

Doeu falar aquilo em voz alta. Nunca Chloe tinha dito algo assim sobre ela mesma, mas, no fundo, ainda estava esgotada da noite anterior.
Pollen deu um sorriso para ela. Um sorriso sincero e gentil. Sem zombaria nenhuma.

— Claro que é! Eu não estaria com você se não fosse digna, Chloe.

— E se eu... — A garota parou um pouco, olhou para o alto pensativa. Voltou os olhos azuis para Pollen. — E se eu tivesse roubado você?

O kwami flutuou inquieto por alguns breves segundos, então parou bem de frente a Chloe.

— Mas você não fez isso, não é?

Chloe balançou a cabeça, negando.

— Eu sei que não fez isso. Agora estamos conectados e eu sinto como você se sente.
Chloe riu e descruzou os braços.

— Bem, então... O que um kwami faz?

***

Alya entrou na biblioteca vazia da escola. A única pessoa além dela no lugar era a bibliotecária, que arrumava livros em uma prateleira alta. Passou pela moça cumprimentando-a com um sorriso e se dirigiu para as mesas dispostas no centro. Puxou de dentro da mochila seu notebook e um caderno de anotações.

— O que vai fazer? — Trixx perguntou baixinho, perto do ouvido de Alya, para que a bibliotecária não ouvisse.

— Um mapa. — Respondeu ela, enquanto folheava o caderno de anotações.

— Mapa? Que tipo de mapa?

— Mapa de localização. Vou procurar o Nino. — Falou como se estivesse realmente determinada a encontrar o garoto. E estava.

Trixx sentou-se no ombro de Alya e observou enquanto ela procurava o mapa de Paris no notebook. Depois de poucos segundos a imagem apareceu e logo Alya estava anotando coisas que achou necessário.

— Vou imprimir uma coisa aqui, ok? — Gritou para a bibliotecária.

Levou o notebook até a impressora e conectou o cabo. Esperou as duas folhas serem impressas mordiscando a ponta macia do dedo.

— Pronto! — Exclamou, olhando se a impressão estava boa. — Não se preocupe, Nino, vou encontrar você.

Alya sabia que poderia não ter a mesma sorte que Chat Noir teve com sua amiga Marinette, mas agora que ela era Rena Rouge, sentia-se um passo mais perto de encontrar Nino. Um era mais que nenhum passo e ela usava isso como incentivo para continuar. Isso e a vontade de trazer Nino de volta em segurança para perto dela, de onde não deixaria mais ele sair.

***

 

Chloe batucava os dedos nos joelhos, enquanto esperava o motorista sair com o carro, mas ele ainda esperava alguém.

— Desculpe a demora! —A porta do lado esquerdo foi aberta e Adrien Agreste entrou com a mochila no ombro.

A garota se retesou. Ficou imóvel, apenas olhando para Adrien com os olhos esbugalhados e o coração batucando no peito. Estava nervosa e envergonhada.

— Sem problemas senhor Agreste. — O motorista sorriu e deu partida.

Quando os olhos de Adrien se voltaram para Chloe, a garota desviou o olhar para as mãos.

— Bom dia. — Adrien disse, a voz tímida.

— Bom dia. — Respondeu sem levantar os olhos.

Os segundos de silêncio que se seguiram pareceram ma eternidade, até que Adrien o quebrou. E Chloe preferia o silêncio constrangedor a conversar com a ultima pessoa que queria ver no mundo.

— Sobre ontem... — Começou Adrien. — Eu queria me desculpar.

Chloe olhou para ele. Conhecia Adrien desde criança. Tinham sido amigos um do outro quando nenhuma outra criança falava com eles por serem filhos de pessoas tão influentes e as crianças filhas de amigos dos seus pais eram tão bobinhas que nenhuma amizade permanecia. Exceto a deles dois. E naquela época de inocência, era tudo que importava. Então os dois cresceram e a distância na amizade também. Mas ali, olhando para o garoto de olhos verdes que antes conhecia tão bem, Chloe percebeu. Não gostava de Adrien como pensou gostar. Sentia falta dele na sua vida, mas não de forma romântica.

O beijo havia sido esclarecedor para ela também, porque agora entendia parte do que havia sentido quando saiu correndo, sentido-se magoada. Na hora não havia entendido, mas seu coração sim.
Chloe começou a rir.

— O que foi? — Perguntou Adrien, o rosto ficando vermelho como pimenta.

Em meio aos risos e ao alívio, Chloe sentiu um nó se desfazer em seu estômago.

— Certo... Eu aceito suas desculpas, se aceitar as... minhas... — Disse em intervalos, ainda rindo.

Tentou recuperar o fôlego quando olhou para o rosto sério e vermelho de Adrien.

— Está tudo bem, Adrien. De verdade. — Falou quando conseguiu parar de rir. — Eu que preciso me desculpar por ontem.

Chloe ergueu o dedo mindinho e estendeu para Adrien. Por um momento ela achou que ele não lembraria do cumprimento de infância que os dois usavam, mas então Adrien piscou e sorriu. Estendeu o dedo mindinho e juntou com o dela.

— Um, dois, três. — Contou ele sorrindo.

— Três, dois, um. — Completou ela com um suspiro aliviado.

O carro parou no momento em que soltaram seus dedos um do outro. O motorista abriu a porta de Chloe e ela saiu para a manhã clara. Adrien parou ao lado dela.

— Não sabia que ainda lembrava do nosso código. — Ele comentou enquanto subiam as escadas.

— Claro que sim, toda vez que estamos juntos numa daquelas reuniões chatas com nossos pais chatos e outros chatos eu lembro. Achei que você não lembrasse.

Adrien riu balançando a cabeça.

— Chloe! — Chamou alguém às suas costas.

Nathaniel Kurtzberg acenou para que ela esperasse.

— O que o Nath quer? — Adrien perguntou.

— Não faço ideia. Nem quero fazer. — Respondeu a garota e deu as costas para o ruivo e continuou andando.

Adrien a segurou pelo cotovelo.

— Qual é, Chloe, não custa nada você ver o que é.

Chloe bufou.

— Ele jogou um balde de tinta vermelha em mim no saguão do hotel! O que mais vai querer? Fazer as pintinhas pretas? — Chloe cruzou os braços irritada e começou a bater o pé no chão enquanto esperava a resposta de Adrien.

— Não sei, se desculpar? — Ele deu de ombros. — Vou esperar você lá dentro.

Mesmo contrariada, Chloe esperou Nathaniel no topo da escadaria.

— Ei, oi. — Nathaniel sorriu para ela, o rosto vermelho por subir a escada correndo.

Os olhos do garoto foram para a cabeça de Chloe, depois ele a olhou de novo.

— O que é? — Chloe perguntou, desfazendo sua postura fechada para levar as mãos a cabeça.

— Nada, não. Achei bonito esse pente. — Ele baixou os olhos. — Faz você parecer uma rainha.

Chloe ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços novamente.

— Bem, o que você queria mesmo?

— Pedir desculpas, de verdade. Juro que foi sem querer. — Nathaniel ergueu os olhos claros para ela. — Eu percebi que você estava chorando e... — Ele parou quando notou que Chloe ficou tensa. — Certo... Ahn. Eu não sabia como me desculpar pela tinta e passei a noite em claro pensando em você... Quer dizer... No que aconteceu e não em você, entende?

A garota deu de ombros.

— Eu fiz uma coisa. — Ele puxou a mochila das costas e abriu, procurando algo. — Não é uma coisa uau, mas é meu jeito de pedir desculpas.

Nathaniel puxou uma folha da mochila e estendeu para Chloe.

Antes que ela pudesse se mover para pegar o papel, um estrondo veio do alto e logo em seguida sentiu seu corpo sendo arremessado ao chão, segundos antes de um pedaço de concreto da estrutura da escola cair no exato lugar onde ela estava.

Seus ouvidos apitaram quando sua cabeça bateu no chão com força. Seu corpo parecia mais pesado. Uma coisa a prendia ao chão.

— Chloe?! — Ouviu uma voz acima dos sons confusos de sua cabeça. — Chloe, olha pra mim!

Piscou quando as pequenas luzinhas sumiram de sua vista. Nathaniel estava sobre ela.

— Preciso... Respirar... — Arfou sobre o peso do garoto.

Puxou o ar com força quando sentiu o peito livre. Havia poeira em todo lugar. A pedra de concreto no chão era enorme.

— O que aconteceu? — Adrien saiu da escola, seguido de alunos e professores, todos curiosos e assustados.

Nathaniel apontou para cima, mostrando a todos uma nuvem de poeira que girava no ar de forma ameaçadora.

— É um furação? — Perguntou Chloe, piscando e escondendo o rosto da areia quente que descia em aspiral na altura dos alunos.

Chloe ficou de pé com a ajuda de Nath e os dois se abrigaram perto das portas da escola, temendo que outro pedaço de concreto caísse.

— Eu sou Névoa Seca! — Retumbou uma voz feminina, bem do meio do monte de areia flutuante.

— O que diabos é Névoa Seca? — Um aluno perguntou, parecendo amedrontado atrás do diretor da escola, que suava como ninguém.

— Tempestade de areia. — Chloe falou, alto para todos ouvirem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Chamei o kwami de Pollen, mas não sei ao certo se é Pollen mesmo ou Bee. Espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let me know" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.