Opaco escrita por Serena_Vieira


Capítulo 2
2. O Abandono da Desconfiança




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2. O Abandono da Desconfiança

 

Acordou confuso. Tivera um sonho, havia um mar de águas turvas infinito em todas as direções, não se visualizava a terra nem aves, era solitário, reconfortantemente solitário, as ondas o engoliam, mas não se afogava, seus pulmões ardiam em desespero e essa dor sua, não lhe pertencia, ela estava longe, longe como ela.

Quantas vezes não havia indagado sobre a situação da vila, akatsuki havia declarado guerra, isso era evidente, diferente de todo o resto, por ordens do Hokage nada lhe era dito, cada vez que escutava essa assertiva temia pelo futuro que Danzo abria para a Folha e inevitavelmente para si.

Seria solto esta manhã para sua anterior surpresa, cogitara que com o fracasso da expedição a sua mente permaneceria ali, o seu provável destino não fosse talvez aquela velha conselheira “Não seja tolo! Se o melhor dos Yamanakas não conseguiu, ninguém mais o faria, o zorro protege a mente o garoto” ele ainda estava atordoado quando ela lhe lançou um olhar de reconhecimento’?’ “O soltaremos amanha.”.

- Uzumaki! Está livre, Godaime deseja vê-lo.

Seus olhos se abriram pela surpresa, Tsunade tinha acordado, correu até a torre, feliz como não se creia capaz meio minuto atrás.

...

O caminho a vila que lhe parecera desagradável não se comparava com seu presente.

- A senhora não pode estar falando sério! Meu lugar é konoha! É lutar pela Folha!

- Seu lugar é aquele que eu designar! – era difícil reconhecer aquela mulher fria a sua frente como sua oba-chan, “Sasuke matou a Danzo, estou novamente no cargo”, ela era a mulher que considerava quase como uma mãe e o estava tratando como um inimigo, com o qual fosse obrigada a conviver, “Foi decidido à continuidade de sua integração ao corpo shinobi”, cada informação tinha que ser arrancada, não havia justificativas para ele, somente ordens, “apronte suas coisas, partira da vila assim que lhe for atribuída uma equipe, siga as ordens de seu capitão”, talvez ele pudesse suportar esse trato por um tempo dês que pudesse lutar, “pode se retirar”, mas não dessa forma.

- Eu não abandonarei os meus!

- Cale-se!

A contragosto obedeceu, aquilo não adiantaria de nada, estava só mesmo cercado pelos seus melhores amigos, passou uma mão pelo rosto, não se deve comemorar o fim da chuva antes de escorrer a água da enchente, em pensar que tudo estava começando a se encaminhar depois de sua luta contra Pein, a vila finalmente estava começando a aceita-lo, tinham até lhe pedido um autografo na cabana improvisada do ichikamaru antes de ir atrás do Raikage, agora não contava nem mesmo com o que antes tinha.

De trás da mesa a quinta observou a reação do homem a sua frente, há muito tempo ela não considerava Naruto uma criança, mas agora não havia nem requisios, seu rosto deixara por completo os traços infantis, estava mais alto e com o porte mais robusto, tinha um ar maduro e belo opacados no momento pelo semblante impotente do rapaz que nem assim deixava de exalar confiança.

Levou um susto ao o ver irromper na sua sala gritando “oba-chan” com o sorriso maior que o rosto pronto a se jogar a abraçá-la e dizer o quanto esteve preocupado, sendo detido, porém por Sakura e Kakashi e antes dele ter tempo de se recompor de tal abruto comportamento ou ao menos expressar seu descontentamento ela o fulminou de ordens ásperas. Ao ver seu olhar ela se arrependeu, não pretendia ser tão dura.

- Oba-chan... – Na verdade pretenderá sim, aquela voz apesar de tão parecida não era a dele, o rosto tão similar que contemplava não era o seu, mas e se fosse..., tinha de manter o foco, mesmo se fosse ele não era o mesmo, não tinha como ser, algo havia passado, e ela não podia confiar nele, nem baixar a guarda.

- Retire-se Uzumaki!

- Como quiser Hokage-sama – ela sentiu um solavanco, nunca antes ele a havia tratado desse modo, e desejou que nunca mais o fizesse, nem que a olhasse daquela maneira, não o fizera nem quanto Jiraiya morreu, agora não era só decepção mais também, abandono.

- Naruto...

- Eu compreendo que não confie em mim, a situação não está nada boa – a mulher fixou-se no novo olhar dele - mas eu não penso ficar de braços cruzados, eu lutarei por esse lugar quer a senhora queira ou não, esse é meu lar, e vou provar que todos vocês estão enganados sobre mim, é uma promessa de por vida. – tão parecido ao daquela vez que ele a defendeu de Kabuto recebendo um golpe na testa

Ele não alcançou a ver o sorriso de sua líder, talvez ele já estivesse provando.

- Esse moleque sempre tão insolente! – porém os outros não passaram essa ação despercebida.

- Mas sensei sua atitude está mudada, o verdadeiro Naruto teria insistido até o expulsarmos a golpes.

- Ele cresceu Sakura.

- Ninguém cresce tão rápido Tsunade.

- Eu sei disso Kakashi, eu sei a onde os dois querem chegar, porém nada indica que isso ocorreu da noite para o dia.

- Tsunade-sama o que a senhora quer dizer?

- É só uma intuição Shizune, só isso.

 

...

O alvo dos mais intrigantes acontecimentos que a aldeia vira há décadas estava andando pelas ruas indo no rumo do seu restaurante favorito esperando poder espairecer um pouco antes de partir, duvidava que demorassem em ir por ele, a quinta estava ansiosa para vê-lo longe dali o que dificultaria muito cumprir sua promessa, estava evidente que seu acesso aos acontecimentos seria escassos, iria para um lugar longínquo onde provavelmente estaria longe das batalhas e das informa...

- Por Deus! É você mesmo Naruto? – ele suspirou, provavelmente ir a um lugar no qual te virão crescer não fosse uma boa idéia para os seus objetivos considerando a situação, mais já era tarde para mudar de rumo.

- Sou sim – disse com um sorriso meio apagado enquanto colocava um dos braços sobre o balcão sustentando uma parte do peso de seu corpo nele enquanto sentava, talvez não fosse realmente uma má idéia estar longe por uns tempos – velho, pode me servir...

- Hoje a casa convida, farei um ramen especial para você! – abriu o sorriso lembrado como aquela tinha virado sua refeição favorita, era de esperar que como essa fosse uma das pouquíssimas refeições que sabia preparar em casa, apesar do sabor das duas nem se compararem, ele procurasse outras coisas para comer na rua, bem, foi assim no inicio, no entanto aqueles frios olhares que o seguiam lhe davam cada vez menos vontade de se aventurar na rica gama de restaurantes que oferecia konoha.

Um dia, contudo estava cabisbaixo e raivoso, o terceiro-múmia havia lhe dado outro lindo e baboso discurso por outra de suas travessuras, não era sua culpa, afinal ele tinha a impressão de essa semanas que se aproximavam de seu aniversario a parte da população que lhe era diariamente indiferente lembrava-se de odiá-lo e que a que já o fazia com freqüência aumentava a intensidade, por tanto era mais do que justo que ele também se desafogasse.

Não tinha humor para cozinhar quando chegasse ao seu apartamento, nem um simples ramen instantâneo, sem esperar muita coisa entrou naquela pequena tenda, olhava o cardápio distraidamente quanto o atendente lhe perguntou se estava bem, ele não iria responder, então surgiu na sua frente um enorme prato de ramen com aquelas palavras “hoje a casa convida”, ele voltou então no dia seguinte e depois deste, sem perceber começou a ir lá sempre que podia. Aquele lugar se tornou importante para ele não só por ser o melhor ramen do mundo, nem por depois Iruka começar a convidá-lo a ir com ele ou pelas inúmeras vezes que foi lá com seus amigos, simplesmente era o velho e Ayame que não só se preocupavam com ele, mais na hora certa não esperavam ser respondidos, era um alivio um lugar no mundo assim onde se podia estar perdido em si sem se estar só, “hoje a casa convida”, quem sabe, podia ser assim que as pessoas costumavam se sentir em casa na mesa de jantar quando os pais sabem que você está em problemas, não falavam nada sobre o assunto, mais apesar de tudo eles estavam lá, se enegrecesse de verdade se podia falar sobre isso, mas por algum motivo não perguntavam nada, confiavam que você poderia resolver você só precisava de um tempo e eles sabiam disso.

A felicidade novamente durou pouco, quando estava a ponto de degustar seu apreciado manjar sentiu o horrendo sabor daquela sopa-só-sapo-aquenta. A chave que lhe deixou o quarto, exitou, ora, claro que exitou sua cabeça já estava um nó sem que jogassem mais um novelo desalinhado encima, mas ele encararia aquilo. Meus caros leitores ressaltemos agora uma das melhores qualidades desse personagem, ele não passa muito tempo remoendo um assunto, se deprimia e debatia tentando entender o que tinha acontecido, mais era um homem de ações e seus discursos se deviam mais ao seu coração que uma analise profunda das coisas, alias tinha dito tempo demais no qual acabou obrigado a pensar pela inércia de sua “observação”.

Se focar em controlar o zorro era no momento sua melhor opção, ele sabia que já era tempo de encarar esse temor definitivamente, com isso ele cumpriria a vontade de seu pai (que lhe confiara aquela tarefa), e seria mais útil nessa guerra ao se fazer mais forte. Contava também em arrancar alguma pista sobre sua “abdução” durante o processo (afinal que diabos tinham acontecido, e que lorota era aquele que era melhor esquecer), sabia que apenas esclarecendo o que aconteceu poderia conseguir provar a todos que ele era ele mesmo e voltar a ter a confiança de seus amigos que ainda se viam acima de tudo sumamente preocupados por ele. Bom ainda tinha que se preocupar com aquele lance Sasuke-destruir-Konoha-pelo-Itachi e Sakura-confissão-fiada-querer-matar-Sasuke, nisso ele lembrou da mulher de rosto turvo e por Deus ele não tinha a mínima idéia do que dizer a Hinata, ele ainda não tinha digerido o assunto.

Pensando bem ele tinha passado pouco tempo preso, suspirou de novo com saudade do tempo que sua vida era fácil, bom se é que se pode considerar que um dia ela o foi.

Finalmente jogou tudo para o alto, deliciou-se com seu prato e confiou também que só precisava de um tempo para descobrir como resolver todo esse turbilhão. 

            Continua...


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