Opaco escrita por Serena_Vieira


Capítulo 1
1 Voltando da nova Odisséia




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1. Voltando da nova Odisséia

 

A grama estava molhada embaixo de seu corpo, ele estava cansado, terrivelmente, tentava sem êxito se lembrar onde estava que dia era ou algo que fizesse sua cabeça para de latejar. Em sua memória começava a vir pequenos relances: uma declaração de guerra, a dor da impotência perante a um irmão perdido aos poucos e agora praticamente definitivamente de suas mãos, um corpo quente contra o seu numa felicidade embriagante...

Parou em seco o rosto daquela mulher se embaçava devagar em sua mente sem pedir permissão, seu peito se oprimia...

Foi lavar o rosto no lago o frescor logo foi substituído pelo pânico, aquele não era seu rosto, ou talvez fosse numa versão mais velha e cansada, por um momento se lembrou de seu pai, não, inconscientemente tinha levado a mão até o selamento que transparecia em toda sua negritude sob a água. Baixou a blusa, não havia como ser outro, ele e o zorro estavam atados a demasiado tempo, deste seu nascimento, durante toda sua conturbada existência, não, aquilo era errado, ele já estivera livre da raposa... Sua cabeça explodiu sobre essa certeza insana, rostos começaram a se misturar em um turbilhão: sorrindo, chorando ou com palavras mudas numa velocidade vertiginosa que aumentava gradualmente até que tudo se tornou escuridão.

...

 

- Naruto! Você está bem? – ele observava atordoado o rosto do capitão Yamato que o olhava assustado mais que continha a idade certa, riu aliviado sem entender bem o motivo o que desconcertou o homem a sua frente.

- Naruto? O que aconteceu? Você esta bem? – o tom do recém chegado Kakashi apagou seu rosto e o fez estremecer, era com se o homem não o reconhece-se, sua voz longe de preocupada, como devia denotar as perguntas, encontrava-se entre uma mistura de incredulidade e ameaça que por um momento pareceu não pertencer a ele.

- Sensei? O que houve? – falhou ao tentar se levantar, encontrava-se atado por cordas de tinta... Sai.

Sentiu uma kunai em seu pescoço e um corpo oprimindo o seu, reconheceu aquela força, subiu os olhos e encontrou desprezo – Onde está o Naruto?

- Acalme-se Sakura – disse o de cabelos prateados afastando-a dele com trabalho.

- Como quer que me acalme sensei? Naruto está sumido por horas pode muito bem ter sido capturado pela akatsuki enquanto nós perdemos tempo aqui.

- Sakura seja sensata! Estamos procurando por estas mesmas horas sem ter nenhum rasto que cobrir, seu companheiro sumiu na frente de três ninjas experimentados após ter desmaiado no que pareceu uma técnica espaço temporal sem ter o sinal de qualquer outra pessoa em quilômetros...

- Por isso mesmo! O que o senhor acha? Que depois de sumir assim ele fosse reaparecer do nada a beira de um lago? Ainda por cima com essa aparência?

- Você mesma confirmou varias vezes que o sangue e o chakra são os do Naruto além de Kiba e Pakun terem confirmado seu cheiro.

- Mas!

- Não vamos nos precipitar, vá descansar enquanto eu o interrogo.

Atônito viu aquela cena toda se desenrolar sob seus olhos, como àquelas pessoas a sua frente passavam da agressividade à aflição, da autoridade à consolação, displicentes ao seu crescente assombro ante as dúvidas que sua mente processava dessa conversa sem pé e nem cabeça, estava disposto a começar a gritar e exigir explicação quando sua atenção caiu sobre a mulher.

Ela estava abatida, encontrava-se exausta e visivelmente ferida, lembrou-se num lampejo de sua ultima conversa com Sai – Sakura-chan o que aconteceu com você? Onde conseguiu essas feridas? Você e Sasuke não... – deixou as palavras morrerem em seus lábios enquanto observava como ela o olhava assustada como se acabasse de se recordar da sua presença para rapidamente virar o rosto e sair da cabana sem contestar.

- Vejo que está bem informado, nesse caso diga-me detalhadamente o que ocorreu e como ocorreu – dessa vez fixou-se em seu mestre e deve a sensação que estaria mais seguro com a fúria desembocada da de cabelos róseas que com aquela contendida.

 

......

 

Aquilo já havia a muito extrapolado o insuportável. Depois do interrogatório do Hatake na qual sua contribuição nula só aumentou as dúvidas deste, que parecia ponderar a todo o momento se ele estava sendo sincero a respeito do seu total desconhecimento de tudo que passou logo que desmaiou e do seu repentino crescimento ou se era um inimigo brincando com sua cara e o fazendo perder tempo, isso ocasionava mudanças de comportamento pouco sutis entre o professor compreensivo e o adversário implacável.

Até esse ponto tudo relativamente aceitável, mas a paciência do Uzumaki, que por sinal deve uma resistência inacreditável, minguou depois de resistir a um volta a konoha impressionantemente silenciosa por parte de todos os membros, a descrença de todos de sua identidade na sua chegada e o pior de tudo os interrogatórios com Ibiki, por este último agradecia que as dúvidas fossem ambíguas, se não a muito que os métodos teriam deixado de ser “amigáveis”.

O loiro compreendia que sua história era estranha, ora ele mesmo não acreditaria não fosse ele o protagonista daquela bizarrice. Um ninja some enquanto desmaiado da presença de seus companheiros e reaparece a uma curta distância horas depois, logo de ter sido buscado por cães rastreadores e por um Inuzumaka que não tinha o mínimo sinal de seu rastro até então, sendo que o único que parecia ter uma capacidade minimamente parecida a tal era Madara Uchiha, que tanto foi visualizado durante esse período em outro lugar como não havia realizado “visivelmente” seu sumiço; isso tudo somado ao fato dele ter reaparecido intacto, a não ser, é claro, que se contasse os cerca de cinco anos a mais na sua idade e sem uma única lembrança de tudo isso.

Porém ele não era de ferro tudo aquilo era agonizante, provavelmente estava pior do que pensava afinal uma senhora que lhe foi apresentada como conselheira da vila disse-lhe que seria liberado após uma última “consulta” com um Yamaka que conferiria se sua mente não estaria sendo manipulada, essa conclusão, entretanto longe de ser causa pelo bom tratamento da velha devia-se ao fato de justamente ela o tê-lo dado, em vagas memórias principalmente de sua infância lembrava-se dessa mulher juntamente com outro homem discutindo com o terceiro, não lembrava bem do que falavam, mas sabia que era sobre ele e que nada que eles diziam agradavam ao velho hokage; em pensar que naquela época ele creditava tudo ao seu comportamento travesso dava-lhe agora um gosto amargo na boca.

Observou sua palma esquerda, ela tinha um corte largo que ia do centro, um pouco abaixo do indicador, até um pouco abaixo do pulso tanto lhe a impressão que de o que quer que o tenha causado teria continuado cortando se não tivesse se deparado com o fim da carne. O jinchuriki não se lembrava daquela cicatriz, nem de diversas outras que aparentemente datavam de épocas diferentes dessa. Tudo isso o levava a supor que seu crescimento não foi repentino, algo dentro dele o levava a pensar que esses cinco haviam existido que de algum jeito esse tempo passou para ele e só para ele, aquele paradoxo lhe comia a alma lhe sussurrando que tinha vivido ardentemente, no entanto ninguém sabia disso, nem mesmo ele, estava se desesperando.

Não falou de nada disso a ninguém, provavelmente por que esse era um segredo que ele compartilhava com a mulher de face turva, nem mesmo Sakura que era sua “médica oficial” poderia reparar naquele fato que os dois compartilhavam, não ela já não tinha reparado, dois corpos precisavam se amar para se reconhecerem dessa maneira. Precisava sair desse quarto, estava ficando louco, uma mulher que lhe fizesse amor com sentimento o suficiente para lembrar de cada pedaço seu... ia rir de se mesmo quando sua mente mostrou sem sua permissão a figura doce de Hinata Hyuga, suas bochechas começavam a tingir-se de rubro quando Inochi Yamaka irrompeu no recinto.  

  Naruto o conhecia de vista, era o pai de Ino, sua figura era de certa maneira agradável, ambos se cumprimentaram com sorrisos cúmplices, aquilo não agradaria a nenhum dos dois.

O paciente recebeu ordens de fechar os olhos e deixar a mente em branco, antes de obedecer olhou novamente para aquele espelho tentando decifrar quem estaria do outro lado, em vão. Absolutamente em vão como tudo que fazia: não salvara a Sasuke, a vila entraria em guerra, Sakura estava disposta a transformar seus laços em algo triste, a própria situação da vila...

- Acalme-se Naruto!

Esforçou-se mais dessa vez, ele não poderia fazer nada se estivesse preso ali, inundou-se com o nada até sentir com algo tentava forçar a entrada em seu cérebro, preste a conseguir sentiu uma pressão avassaladora que expulsou o invasor...

- O que faz aqui pirralho?

Ótimo, perfeito, o que faltava: “deleitar-se” com a raposa.

- Não tenho tempo pra você agora zorro estúpido!

- Não fui eu que o chamei aqui moleque! Você veio por conta própria!

- Mais é claro! Por que diabos eu não viria bater um babo com sua agradável pessoa!? – rodou os olhos, depois estranhou a resposta que não veio, o mirrou pelo canto do olho, algo estava errado, nunca havia visto aquele ali tão dócil.

- Vejo que ainda está vivo... – como foi burro! As respostas estavam ao seu alcance o tempo todo.

- Kyuubi o que aconteceu? – era a vez do bijuu se espantar, o tom de voz do garoto era inteligente, o de uma criança que vai pedir um agrado aos pais mesmo depois de ter sido descoberto numa travessura, pela primeira vez perguntou-se como teria sido diferente sua relação com aquela criança se não tivessem passado todo o tempo tentando controlar um ao outro... se ele soubesse da verdade dês do inicio... provavelmente agora...

- Do que consegue se lembrar? – o humano vez sinal negativo com a cabeça baixa, sendo confortado por uma voz compreensiva? levantou  o queixo tentando segurar o que lhe escapava – talvez seja melhor assim...

- Do que você está fal...

- Não a motivos para perseguir um passado doloroso criança, dessa maneira será melhor para você... fico feliz que tenha sido dessa forma... pode ser que não seja tarde...


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