Eyes On Fire escrita por Brê Milk


Capítulo 40
Chapter 35: Olhos em Chamas


Notas iniciais do capítulo

"And all I gave you is gone
Tumbled like it was stone
Thought we built a dynasty that heaven couldn't shake
Thought we built a dynasty, like nothing ever made
Thought we built a dynasty forever couldn't break up"


— MIIA (DYNASTY)



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BROOKE EVERN

 

O choro de bebê se propagando pelo pequeno quarto cor de rosa era ensurdecedor. No meio do cômodo havia um berço, onde pequenas mãozinhas gorduchas se agitavam no ar furiosamente. Parados diante do berço, haviam duas silhuetas masculinas lado a lado, de costas para a morena estática alguns metros atrás. 

Brooke soube que era um sonho assim que um dos homens se virou e pareceu não nota-la. Os familiares traços de Joey a assustaram e a intrigaram na mesma intensidade. Lá estava a versão mais jovem de seu padrinho, com mais cabelo e roupas mais justas. Ainda assim, ela permaneceu imóvel, observando a cena que se desenrolava diante de seus olhos. 

Joey, que por algum motivo parecia anos mais jovem naquele sonho, soltou um longo suspiro e desviou os olhos da criança no berço para o homem ao seu lado. 

 

 

— Ela parece com você - murmurou ele, inclinando a cabeça para o lado enquanto intercalava olhares entre o homem e a criança. 

 

O homem riu genuinamente, um som breve e grave que reverberou pelas paredes do quarto e fez o coração da Evern estremecer. Ele era alto, moreno, exalava imponência e continuou de costas, fitando o bebê. 

 

— Se isso for verdade, ela terá sérios problemas com a autoestima - retrucou ele para Joey, balançando a cabeça. Havia admiração em seu tom durante todo o momento: - Ela é linda. Como a mãe dela. É a bebê mais linda do mundo, você não acha? 

 

Joey anuiu prontamente. 

 

— É claro. No entanto... Você não está nem um pouco preocupado com o futuro dela? 

 

— É claro que estou. Ela é minha filha, o que significa que carregará o meu legado e sabemos bem o quão perigoso e assustador ele pode ser...

 

— Mas? - Atalhou Joey, cruzando os braços. 

 

 

Brooke observou atentamente os movimentos do homem desconhecido. Observou a forma como ele se curvou sobre o berço, segurando a mãozinha do bebê na sua, a tensão nos ombros dele e a nota de preocupação em seu tom de voz. Foram todas aquelas observações que a fizeram sentir o coração dentro de seu peito apertar, como uma mão enganchando seu esterno e lhe arrancando tudo por dentro. 

Foi como sentir a dor da saudade de algo que nem sabia que estava ausente.

E então, antes que o homem dissesse em voz alta, ela soube o porquê.

 

— ... Ela não irá precisar se preocupar com nada disso, porque eu não irei permitir que nada e nem ninguém a machuque. Eu estarei lá por ela. E além do mais, porque ela é uma Evern. Ela é Brooke Evern, minha filha. 

 

 

"Pai". O chamado ficou preso na garganta de Brooke, junto ao nó sufocante e as lágrimas que brotaram em seus olhos. Ela deu um passo adiante, vacilante, as mãos estendidas, desejando chegar até o estranho de costas que agora reconhecia como Petrus Evern, mas no segundo seguinte, o chão do quarto tremeu e ela caiu em um baque surdo. 

Desorientada, Brooke massageou a cabeça. Tudo tinha ficado estranhamente silencioso, sem choros ou conversas, porém ela ainda estava no quarto cor de rosa. No entanto, ao levantar os olhos, a Evern se deparou com a grande mudança no cenário em seu sonho: a versão jovem de Joey estava estática no chão, uma estaca de madeira cravada em seu peito que esguichava sangue. Era uma imagem horrível de se ver e, antes que ela pudesse ir até ele, sua atenção foi atraída para o som de uma respiração pesada, seguida de uma canção de ninar que costumava ouvir quando pequena. 

Então, lá estava ele. Ainda de costas para ela, mantendo o rosto em segredo, o desconhecido que alguns minutos antes pensara se tratar de seu pai. Agora, ele tinha as mãos manchadas pelo sangue de Joey, seu melhor amigo e cantarolava baixinho para a bebê no berço. Mesmo da onde estava, Brooke sabia que ele parecia terrível, demoníaco. O vilão da história devidamente fazendo seu papel e finalmente encontrado. Brooke sabia que tinha que fazer algo, sabia que ele era cruel, ela iria fazer algo...

 

Até que ela acordou aos berros. 

 

Braços firmes e frios a seguraram, a mantendo presa na cama enquanto ela sacudia o corpo e distribuía tapas e socos, tentando libertar-se da sensação de pânico e terror que ainda circulava em seu estômago. Sua unhas cravaram-se na pele de mármore, suas pernas se agitaram; distribuindo chutes no ar na tentativa falha de se levantar e correr do mal que espreitava seus sonhos.

A histeria durou alguns minutos até Brooke reconhecer a familiar voz rouca masculina através da sensação vívida da morte em seus ossos:

 

— Está tudo bem. Está tudo bem, você está segura, Evern. Eu estou aqui  — Repetiu diversas vezes enquanto continuava a segurando firme. 

 

E então, como uma luz se acendendo em meio a uma das mais terríveis escuridões, Brooke reconheceu a voz de Alec. Clara e segura. Rouca e calmante. Era ele. Ele estava ali naquele momento: a segurando em seus braços, depois de um terrível pesadelo. Ela estava segura, em seu quarto na mansão dos Cullen, com o Volturi. Estava bem. 

Assim, a morena se permitiu parar de lutar. Relaxou o corpo, afundando no colchão macio e respirou fundo, ainda com a imagem vívida em sua mente de Joey estirado e ensanguentado. Seu (provável) pai sendo o autor da atrocidade. 

A Evern estremeceu. Ao seu lado, o vampiro se moveu e acendeu o abajur em cima da cômoda, sem nunca solta-la. Luz irradiou pelo quarto banhado pela escuridão e Brooke pôde observar a expressão preocupada do rosto de Alec, que se voltou para ela em seguida. 

 

 

— Você está chorando  — Apontou ele, levando uma das mãos até o rosto dela, secando as lágrimas silenciosas que lhe escorriam pelas bochechas.  — Devo me preocupar com seu pesadelo? 

 

Ele quis saber. Claro — ele precisava tomar conhecimento. Não apenas porque se importava com ela; isso estava nítido em seus olhos escuros enquanto a fitava. Alec precisava saber porque precisava estar preparado. Ambos sabiam que os sonhos ou pesadelos de Brooke eram avisos do que aconteceria, então ele precisava saber para arquitetar alguma estratégia de defesa ou ataque. E ela não omitiria a informação dele, não mais. 

 

 

— Sinto muito  — Lamentou ela, balançando a cabeça em um gesto de repreensão a si mesma. Estava odiando aquele momento de fraqueza diante dele e odiava ainda mais estar aliviada por ele estar ali naquele momento. Fungando, ela se lembrou que o Volturi havia feito uma pergunta: — Não. Não acho que você deva se preocupar dessa vez, Alec. Esse não foi um sonho como os anteriores. Não parecia ser uma visão futura de nada, parecia mais... Uma lembrança do passado sem contexto. 

 

O vampiro arqueou as sobrancelhas, indagando silenciosamente. Brooke suspirou, consciente onde aquela conversa os levaria. 

 

— No sonho, eu era bebê. Joey estava lá, e um homem estranho também. Acho que era meu pai, mas talvez não fosse. Não poderia, porque... Porque era cruel demais, ele... ele... — Os longos fios castanhos de cabelo se agitaram ao redor do rosto dela, assim que balançou a cabeça, atormentada pelas memórias em sua mente embaçada pelo horror. Brooke ergueu a cabeça, os olhos colidindo com o olhar atento do Volturi e uma onda de sofrimento avassaladora emergiu do interior da garota. — Não entendo. Esses sonhos, essas memórias... Nada é como eu sempre achei que fosse, Alec. 

 

 

Então ela lhe contou tudo sobre o sonho. Ou sobre a memória, ainda não estava claro. Alec escutou com atenção e no final, quando a voz da Evern não passou de um sussurro trêmulo tomado pelas lágrimas que ela tentava bravamente lutar contra, ele a abraçou. Ele a deixou desmontar em seus braços enquanto ouvia seus temores, a segurando tão perto que se fosse possível, ambos poderiam ter se fundido em apenas um naquele momento.

Horas se passaram daquele jeito. Já era dia do lado de fora quando Brooke se sentiu mais calma. Com a cabeça apoiada em cima do peito do vampiro enquanto ele entremeava os dedos entre seus fios de cabelo, acariciando ternamente, ela decidiu quebrar o silêncio contemplativo que havia se formado no quarto durante aquele tempo. 

 

— Kian — murmurou Brooke, a voz rouca arranhando a garganta seca. 

 

Os dedos de Alec pararam com as carícias. Um silêncio breve pairou entre eles novamente enquanto a pergunta ecoava pelo quarto parcialmente iluminado pelos pequenos feixes de luz da manhã que se esgueiravam entre as brechas da cortinas. 

 

— O que tem ele? —  Indagou o Volturi, assumindo um tom de cautela.

 

— Você confia nele?

 

A Evern ergueu minimamente o tronco e virou para encarar as iris vermelhas do vampiro, esperando por sua resposta. Uma sombra repentina tomou o semblante dele e ela quase se arrependeu por ter tocado naquele assunto. 

 

— Assim como minha irmã, Kian é a pessoa que conheço a mais tempo em toda minha existência e que conhece mais de mim do que gostaria; mas não. Não confio nem um pouco nele — respondeu, a frieza ecoando em cada sílaba referente ao feiticeiro. Brooke teve vontade de se encolher perante o olhar de desprezo do vampiro louro-acastanhado, mas segurou a onda. — Por que está perguntando? 

 

 

Porque ele é o idiota que está tentando nos destruir, Brooke teve vontade de gritar, mas não o fez. Tinha consciência de que era um erro não contar para Alec sobre o que sabia sobre o Archetti, mas agora não tinha mais certeza quanto a isso. Quanto a nada, na verdade. Após aquela noite, sua mente estava uma bagunça. O que pensava ser de uma maneira, talvez fosse de outra. Talvez Kian não fosse realmente o Senhor das Sombras. Talvez fosse apenas sua mente perturbada e paranóica lhe pregando peças e se agarrando a qualquer mísero rastro de esperança para sobreviver — assim como havia transformado seu falecido pai em um assassino cruel em seus sonhos. 

Ou talvez, quem sabe, Kian Archetti realmente fosse o Senhor das Sombras e ela não fosse louca. 

Não havia como saber. Não havia a quem recorrer por respostas e não estava disposta a criar mais problemas tentando encontrar soluções. Por isso, ela decidiu ficar calada quanto ao que pensava sobre o feiticeiro guardião até o momento certo em que tivesse a oportunidade de o confrontar.

 

 

— Só queria saber — mentiu Brooke, soando o mais sincera que conseguiu. Rapidamente, ela voltou a posição de antes e respirou fundo, ouvindo o vazio no peito do vampiro onde um coração deveria estar batendo. Alec não prosseguiu com o assunto e, nas entrelinhas, o assunto já estava encerrado, mas ela não conseguiu manter os lábios fechados, por isso continuou, receosa: — A propósito, Kian me contou sobre o passado de vocês, uma vez. Não tudo, mas... O suficiente para tentar entender. Detesto e não confio nele também, mas acho que você deveria saber que ele voltou por você e por Jane no dia em que foram transformados. Ele voltou para ser julgado junto com vocês, porque vocês eram sua família, segundo ele. 

 

 

O corpo do Volturi embaixo dela ficou tenso e ele emitiu um grunhido que ela não soube interpretar muito bem. Mas, tinha para si que estava explícito que falar sobre seu relacionamento conturbado com Kian não era algo que ele ansiava fazer naquele momento e ela compreendia.

Como não poderia?

Fazia o mesmo quando o assunto era sobre Gaz Julions. Gaz. Seu amigo foragido. Sem paradeiro. Sem sinais ou expectativas de ainda estar vivo em algum lugar. Desde do dia em que ele a atacara e fugira transtornado pela culpa e pelo medo, ninguém mais o vira. 

Brooke sempre tentava se convencer que o amigo recém criado provavelmente estava por aí, vivendo escondido do mundo humano e sobrenatural, protegido em algum lugar seguro e confortável enquanto dava tempo ao tempo e deixava as coisas se acalmarem. 

Tinha que ser isso, ela repetia sempre. Porque, caso não fosse, não suportaria o significado da verdade. Não quando não conseguia acessar mais aquela ligação emocional que tinha com o Julions, que a fazia alcança-lo independente da distância. Tudo o que restara agora era uma sensação oca dentro de si onde o peso da ligação estivera antes, como se Gaz houvesse soltado a outra ponta da corda que ambos seguravam para se firmarem. 

E isso a assombrava, mas não podia expressar, não sem deixar a histeria tomar todo o seu controle.

O suspiro de Alec a trouxe de volta para o quarto, a lembrando que ainda esperava por uma resposta. O corpo do Volturi relaxou embaixo do dela e, aos poucos, as carícias em seu couro cabeludo também retornaram. 

 

 

— Bem, isso foi há muito tempo atrás — falou Alec, baixinho. Por trás da indiferença típica no tom, a morena identificou uma ponta de tristeza nunca transparecida antes. — Não vale a pena falar sobre isso. Tenho assuntos mais importantes para tratar no presente, felizmente. 

 

Brooke não precisou erguer a vista para saber que ele estava com aquela expressão de desdém no rosto — como se o passado traumatizante dele não tivesse importância. Mas tinha. Assim como tudo o que ele fazia ou falava. E assim, naqueles instantes em que a manhã chegava oficialmente em Forks, a Evern se deu conta de algo que há muito tentava ignorar. 

Ela amava Alec Volturi. O amava de todo o coração; todas as suas partes, todos os seus traços bons e ruins, toda sua alma corrompida e suas intenções duvidosas. O amava por completo, pela pessoa que ele era e tentava não ser. O amava tanto que poderia morrer sufocada alí mesmo. Amava aquele homem como nunca ousara amar outro e isso era muito mais do que algumas pessoas conseguiam durante toda uma vida. 

Ele tinha de saber disso. Ela precisava lhe contar, caso contrário, talvez morresse sufocada com todo aquele sentimento. Era como assistir a queima de fogos de artifício do quatro de julho, entretanto, quem estava queimando como pólvora era ela. 

Brooke se remexeu na cama, separando os lábios, prendendo a respiração.

 

 

— Alec, eu... —  Começou, num fiapo de voz, mas estagnou logo em seguida. Brooke congelou, as palavras na ponta da língua, a boca aberta, a mente trabalhando com todos os pensamentos que dispararam como uma bomba armada. 

 

Ela o amava, tudo bem. Mas não sabia se era recíproco e tão pouco estava preparada para saber caso não fosse. Não estava preparada para outro coração partido, para ser despedaçada mais um pouco. Não ainda, sussurrou uma voz em sua cabeça e Brooke empurrou as garras da insegurança para longe enquanto se encolhia mais e mais nos braços do vampiro ao seu redor. 

 

— O quê? — A voz rouca e vibrante de Alec a chamou atenção, a lembrando que tinha que terminar de falar.

 

Brooke soltou o ar que prendia, voltando a respirar, disfarçando o aperto em seu peito com sua própria idiotice.

 

— Eu ia dizer que estava com sono. Se importa de ficar? 

 

Alec apenas deixou escapar uma risada baixa antes de puxar os cobertores mais para cima, como resposta para sua pergunta, sem parecer notar a mentira explícita ali. Assim, Brooke fechou os olhos e como a covarde que era, deixou ser levada pela inconsciência, torcendo para sonhos e pesadelos não a visitarem daquela vez. 

 

No entanto, antes de apagar completamente, ela pensou ter ouvido um leve xingamento saindo dos lábios do vampiro, seguido da melancolia em sua voz que sussurrou próximo ao seu ouvido:

 

— Não estou pronto para deixá-la para trás, minha Evern. 

 

Brooke não entendeu, mas também não teve tempo. Antes que percebesse, já havia sido tragada para longe dele. 

 

 

 

***

 

 

Nos dois dias que se seguiram, Brooke acordou sozinha nas manhãs, sem sinal do vampiro com quem dividia a cama durante as madrugadas insones. Alec aparecia durante a noite, ficava com ela até que caísse no sono e partia antes do amanhecer. Não ligava ou aparecia antes do entardecer e, mesmo desejando que fosse o contrário, a Evern percebeu que ele estava estranho. Que algo havia mudado, embora não soubesse o que. 

E não era só com o Volturi. Todos da mansão andavam se comportando do mesmo modo estranho com ela. Todos que se davam ao trabalho de cruzar seu caminho, ao menos. Renesmee era a excessão, até aquela manhã. 

Brooke havia acabado de sair do quarto, pronta para descer para o café da manhã, tentando não ficar chateada com a ausência de Alec novamente, quando encontrou com a ruiva no meio do corredor.

 

— Bom dia, Nessie  — falou Brooke, andando mais rápido até parar ao lado da garota, que deteve os passos.

 

Levou mais segundos do que o necessário, mas, quando a híbrida se virou, parecia profundamente incomodada, como se houvesse acordado do lado errado da cama... O que não era dela.

 

— Ah, é você, Brooke  — murmurou Renesmee, forçando um sorriso que não alcançou os olhos claros.  — Bom dia. Dormiu bem? 

 

 

A morena franziu a testa, mas deu um leve aceno com a cabeça. Como se estivesse fugindo de sua presença igual ao diabo teria feito ao fugir da cruz, Renesmee retomou os passos em direção ao lance de escadas sem dizer mais nada e a morena a seguiu, confusa. 

Enquanto desciam os degraus, a Evern vasculhou a mente em busca de qualquer coisa que poderia ter dito ou feito para ter deixado a amiga tão... Incomodada e sucinta da maneira como estava agindo, mas não encontrou nada. Porém, sabia que algo estava errado. E aquilo, somado a chateação por um certo Volturi, fez surgir um nó em seu peito.

Frustrada, Brooke se concentrou nos degraus. Ao desce-los ao lado da híbrida, que ainda tinha um pouco de dificuldade com aquele tipo de tarefa devido a perna danificada, desejou ter as habilidades de leitura de mentes de Edward enquanto o olhar da amiga continuava fixo em seus próprios pés, os ombros tensos. Apenas quando deixaram o último degrau e adentraram a sala de estar, foi que finalmente ela sentiu o peso do olhar da amiga. 

A Evern esperou pelo que os olhos ansiosos tinham para confessar, em silêncio. A casa toda estava silenciosa, na verdade; era o que acontecia quando a maioria dos Cullen iam caçar. Jasper e Alice haviam ficado por precaução, mas deveriam estar ocupados em seus próprios negócios. Então, as duas adolescentes tinham privacidade para falar. 

 

— Está tudo bem, Renesmee?

 

Brooke soube que não antes mesmo da ruiva separar os lábios. Estava explícito, ela era uma péssima mentirosa. 

 

— Sim. Quer dizer, não. Eu estou, mas... Não é sobre mim. Isso não diz respeito a minha pessoa, mas não consigo... Está me matando e se eu não te contar... — As palavas saltaram dos lábios rosados da híbrida, enquanto ela balançava a cabeça, atormentada. 

 

— Diga, então — disse Brooke, dando um passo na direção dela, começando a se preocupar. — Conte-me, Renesmee.

 

Os olhos claros da ruiva a fitaram com receio. Ela abriu e fechou a boca, balbuciando baixinho.

 

— Os Volturi, todos eles... Alec vai...

 

E antes que ela pudesse terminar de falar, a campainha soou. Alta e estridente, silenciando a Cullen mais nova. Brooke xingou mentalmente ao passo que a híbrida respirava fundo, aparentemente para se acalmar. 

O som estridente continuou ecoando, mas a morena não deu a mínima. Estava muito interessada em ouvir as palavras da amiga, em entender a origem daquele comportamento anormal. Porém, Renesmee aproveitou a deixa e mudou de opinião rápido demais. 

 

— Eu atendo.

 

Sem dar tempo da outra se pronunciar, ela correu até a porta da mansão, a abrindo com pressa. Os rostos sorridentes de Marcy e Joey surgiram pelo arco da entrada e após um convite, os dois adentraram de braços dados. 

Brooke deixou de lado o interesse preocupado em Renesmee e dedicou sua atenção a imagem dos dois, tomando para si um pouco do desconforto anterior da híbrida enquanto seu padrinho e sua mãe as cumprimentavam. 

Lado a lado, pareciam figuras distintas demais: Joey com seu terno e gravata e sapatos lustrosos, sem contar a maleta de advogado. E Marcy, com suas saias esvoaçantes, colares e pulseiras de miçangas, sem contar os chinelos de dedos. Juntos da maneira como estavam, eram como água e óleo e queimavam os olhos da morena que os observava, ciente que não poderia demonstrar descontentamento por tê-los ali, visto que aquele fora o acordo firmado entre eles: Brooke permaneceria na mansão Cullen até o final do verão, tempo o suficiente para resolverem aquele caos, assim como esperavam, embora Marcy houvesse declinado do convite de se juntar a ela.

 

 

— Ah, oi. O que fazem aqui tão cedo? — perguntou a Evern, agradecendo por não ter soado grosseira enquanto os via trocando olhares cúmplices. 

 

— Não queríamos incomodar, mas Joey nos convidou para um passeio antes de voltar para Denver — respondeu Marcy, o sorriso doce presente nos lábios. Mas havia uma tensão oculta... Algo a se considerar que estava errado.

 

— Você vai embora? — Brooke não escondeu a surpresa ao olhar para o padrinho.

 

— Os negócios chamam — Joey encolheu os ombros, mas não parou de sorrir amplamente. — E agora que sua mãe voltou, posso ir tranquilo. Mas não sem antes uma despedida. O que acha, querida?

 

— Eu, ham, adoraria... Eu adoraria ir... — Brooke coçou a cabeça e seus olhos pousaram na ruiva silenciosa próxima ao arranjo de flor em cima de um aparador atrás da porta, então eles se estreitaram: —  ... Mas acho que não posso. Renesmee estava precisando da minha ajuda com algo, não estava? 

 

As mãos pequenas e delicadas da híbrida se agitaram no ar enquanto ela gesticulava elegante e educadamente, sabendo que seu plano de ficar invisível e de boca fechada tinha sido arruinado. 

 

— Acho que posso encontrar outra pessoa para me ajudar — retrucou Renesmee, simplesmente. 

 

Brooke conteve a vontade de bufar e fuzilou a amiga com o olhar, derrotada. 

 

— Maravilha! — Festejou Marcy, se desvencilhando do braço de Joey e indo abraçar a filha, que devolveu o gesto carinhoso.  — Vamos aproveitar e ter uma conversa que precisamos ter. Sinto que será um grande dia. 

 

Antes que a própria Brooke pudesse se pronunciar sobre o que achava daquilo, sobre o que poderia ser e o que estava acontecendo, Joey emitiu um pigarro alto, apontando com o polegar para a porta da mansão, um brilho divertido nos olhos azuis.

 

— Não tão grande se não sairmos agora, senhoritas. Podemos ir? 

 

Algo no interior da Evern mais nova se retesou. E, durante alguns segundos, a imagem de Joey parado diante dela se embaralhou com a imagem dele em seu pesadelo, morto. E ela estremeceu.

 

— Para onde? 

 

— Você vai ver quando chegarmos. Até lá, encare isso como uma surpresa  — Sorriu Joey.  — De presente de despedida. 

 

 

Brooke hesitou, os olhos fixos no sorriso amplo de seu padrinho. Uma parte de si, gostava da ideia do passeio com as duas pessoas que mais amava em sua vida. A outra parte, no entanto, não estava nenhum pouco de acordo por conta da impressão angustiante que o pesadelo havia deixado. Mas, antes que pudesse se decidir, Marcy já estava a puxando para a saída, forçando sorrisos, com Joey em seu encalço, o sorriso ainda maior. 

E então ela se deixou ser arrastada, porque não havia formas de se esquivar daquele dia de entusiasmo com aqueles dois. E Renesmee ficou para trás, revestida da cautela sem explicação. 

Quando se deu conta, Brooke já estava no banco de trás do Chrevolet Chevette turquesa de seu padrinho, com o próprio dirigindo e com sua mãe no banco do carona. 

 

Um nó havia se formado na garganta da morena enquanto ela cravava as unhas no couro do banco, tentando bloquear os breves flashs que insistiam em inundar sua mente: o rosto sorridente de Penny, as risadas, Marcy no volante, uma curva sinuosa, o soar estridente da buzina do outro carro colidindo contra elas... Era como voltar naquele dia. 

Medo e angústia fluíram pelo sistema de Brooke, que enxugou o suor frio das palmas das mãos na própria calça jeans. Bile lhe subiu pela garganta e, talvez tivesse emitido algum ruído que externou seu sofrimento, pois sentiu os olhos de Marcy recaírem sobre si enquanto tentava controlar a respiração acelerada. 

 

 

— Querida, você está bem? — perguntou sua mãe, a preocupação estampada em suas feições bonitas.

 

 

Brooke quis dizer que não. Quis dizer que estava sendo tragada para o dia mais traumatizante de sua vida, para o dia em que se quebrou por completo. Quis dizer que estava sendo difícil, mas que estava tentando. Que estava mentindo e escondendo coisas dela para mantê-la em segurança, que existiam coisas sobrenaturais além daquele mundo de dor e luto e recomeços que Marcy Evern conhecia. 

Ela apenas queria dizer tudo o que nunca contou para a mãe desde seus quatorze anos, quando aquela ruptura em seu cerne começou. 

  Porém, não podia. Não ali, não naquele momento. Não quando todos pareciam radiantes exceto ela própria. Não quando eles pareciam ignorantes da escuridão que espreitava em seu interior, aquela cidade, aquele mundo. Brooke não queria ser a responsável por estragar as coisas para sua família mais uma vez. Por isso, apenas assentiu.

 

 

— Estou, sim. — mentiu, exigindo um sorriso amarelo. — Estou tentando adivinhar o destino de nossa viagem, só isso. 

 

Os olhos de Marcy suavizaram, tão azuis que poderiam ser comparados a um céu limpo em dia de verão. Não pareciam em nada com os olhos aterrorizados do dia em que perdera a filha mais nova.

 

— Querida, escute — disse ela, virando o tronco para olhar a morena nos olhos. Uma curva acentuada a fez segurar no encosto do banco, os dedos esguios quase perfurando o estofado, os nós ficando brancos e Brooke pensou se a mãe também sofria com as sequelas do acidente tanto quando ela. — Sei que tem sido difícil para você. Sei que sente saudades de sua irmã e que têm lutado todos os dias para recomeçar, para ser melhor. Mudar para esta cidade, entrar em um colégio novo, fazer amigos novos... É muita coisa, eu sei. Mas você está se saindo bem e estou orgulhosa de você, assim como eu a amo muito, Brooke. 

 

Parecia que o nó na garganta da Evern mais nova havia aumentado de tamanho e estava prestes a estrangula-la.

Estou orgulhosa de você, era o que sua mãe pensava. Mas, e se soubesse de todas as coisas que a filha havia passado e feito para estar ali junto a ela naquele momento? E se soubesse de todas as pessoas que haviam se sacrificado ou sido atingidas em seu lugar? Os momentos de prazer e ínfima felicidade que sentira em meio a tantas mortes e desgraças? 

Provavelmente não haveria nenhum orgulho. 

O sorriso nos lábios de Brooke se apagou e ela precisou desviar os olhos do rosto da mãe para não cair em prantos com sua alma estilhaçada, para não revelar a ela que estava olhando para uma casca vazia cujo a filha dela costumava existir e acabou se concentrando em Joey, que a fitava pelo retrovisor. 

Bem, ele sabia que a morena não estava sendo totalmente sincera ali. Sabia sobre o episódio com Luke, sua entrada no hospital, sua quase morte, sua recaída com os transtornos. Ainda que soubesse de uma verdade distorcida, seu padrinho tinha mais conhecimento de seus problemas humanos que sua mãe e por breves segundos que se seguiram, Brooke esperou que o homem os revelasse. 

Porém, ele apenas piscou de leve. 

 

 

— Você é a nossa campeã, Miss Simpatia — falou Joey, movendo a mão para o compartimento do carro onde o rádio ficava. — Espero que nunca se esqueça disso.

 

Ele apertou o botão e as vozes e os acordes de The Beatles inundou o interior do Chevette. Joey berrou o primeiro verso enquanto aumentava a música até o último volume e Marcy deixou escapar uma risada ao se ajeitar devidamente no assento e se juntar a ele na cantoria. Brooke se deixou afundar nos bancos de trás, absorvendo o momento sem perceber que o sorriso carinhoso havia retornado para seu rosto pálido. 

Permitiu que o ar fluísse para seus pulmões ao respirar fundo e baixinho, expulsando as imagens de Penny, sangue e dor de sua mente. O celular vibrou em seu bolso traseiro e enquanto Brooke o pegava para ver o que era, deu um pouco de atenção ao dueto que presenciava.

 

— "Hey, Jude, don't be afraid..." 

 

A morena balançou a cabeça para a desafinação vocal e finalmente conseguiu pescar o celular. Assim que desbloqueou a tela, percebeu que havia uma mensagem de texto de Renesmee. 

Com o cenho franzido, Brooke clicou no ícone para abrir a mensagem, fixando os olhos no texto breve que fez seu coração parar por alguns instantes:

 

"Não sei como deveria te contar isso, mas sei que preciso. Sinto muito por ser dessa forma, mas você precisa saber que Alec e os outros Volturi estão partindo de volta para Volterra esta manhã. Eles desistiram de tudo".

 

Foi como ir de encontro a uma parede: doloroso e brutal. O celular escorregou das mãos de Brooke, que se abaixou para pegar, sentindo o torpor do choque da informação a atravessando como facas. Eles iam... Alec ia embora? Ia desistir da missão, de Forks, dos Cullens, dela? 

Esta era a razão da estranheza de todos naqueles últimos dois dias, ela percebeu. Da ausência dele. Do comportamento de Renesmee naquela manhã... Aquela manhã. Se era verdade, se Renesmee não estivesse jogando um jogo com a cara dela, então eles já haviam partido; Alec já havia ido embora. E, por Deus, ele não havia nem se despedido. 

 

— "And anytime you feel the pain, Hey, Jude, refrain..."

 

 

 

Não estou pronto para deixá-la.

Aquelas haviam sido as últimas palavras que Alec a dissera. No final das contas, não fora um delírio de sua mente sonolenta. Mas ele havia a deixado. Havia a feito o amar, dar-lhe seu coração e então tinha partido sem dizer nada. E agora doía. Seus ossos, seu coração, sua alma... Brooke teve a sensação de estar caindo em um vazio profundo enquanto pensava em todos os motivos que Alec Volturi teve para abandona-la e respirar se tornou difícil novamente.

O oxigênio dentro do carro pareceu se extinguir, as vozes cantantes de Marcy e Joey começaram a parecer distantes e tudo o que a garota queria era abrir a porta do Chevette e pular para fora, atrás de ar puro.   

E ela iria, se sua voz não tivesse se tornado um grasnar quando sentiu seu corpo ser jogado para a frente em um solavanco repentino. E então, em meio ao seu ataque, Brooke ergueu a cabeça e viu pelo retrovisor do carro o exato momento em que terror cruzou o rosto de Joey e seu corpo bateu contra o volante violentamente, perdendo a direção.

Parecia um dejavu: os gritos desesperados de Marcy quase estourando seus tímpanos, os seus próprios, seu corpo sendo jogado de um lado para o outro enquanto o carro girava na pista, a sensação das garras da morte arranhando, se aproximando, reivindicando... E em questões de segundos, tinha sido tragada de volta para o passado, para o dia da morte de sua irmã. 

O carro rodopiou pela pista, sem controle, e Brooke soube que haviam capotado assim que seu corpo girou de ponta cabeça e o mundo escureceu e os gritos se tornaram distantes. O cheiro de sangue e gasolina ardiam em seu nariz e aos poucos, a dormência tomou seu corpo, sua cabeça parecia prestes a explodir a qualquer momento. Quente e frio. Morte e vida. Sentia o gosto metálico dançando em sua língua se misturando com o sal de suas lágrimas que escorriam até tocar os estilhaços das janelas a sua volta. Sentia tudo e nada ao mesmo tempo e não sabia se isso era bom ou ruim. 

 

Mas não estava nem um pouco preocupada consigo mesma no momento. Estava mais preocupada com o escândalo que sua mãe fazia enquanto tentava chegar até ela, prestes a se render para a inconsciência. Gostaria de lhe dizer para poupar as forças e reuni-las para sair dos destroços do carro. E havia Joey também — não conseguia encontrá-lo, não importava o ângulo em que tentasse girar a cabeça para olhar, mas esperava que ele não tivesse se machucado muito. Ele estava de cinto, deveria ficar bem. 

 

Já ela mesma... Bem. Havia passado por aquilo uma vez e sobrevivera. Agora estava ali de novo, só que em uma situação pior. Conseguia sentir o sangue se esvaindo de seu corpo, formando uma poça ao seu redor, algum estilhaço cravado tão fundo em alguma parte de seu corpo que certamente traria uma hemorragia severa, mas não conseguiu se apavorar com isso. Não. Aquilo não a apavorava nem um pouco, a Evern percebeu em algum momento de sua loucura entorpecida pela dor. 

 

Existiam coisas que a assustavam mais. Como perder as pessoas que mais amava e ser a última sobrevivente de sua família ou a ideia de cometer algum erro estúpido e fazer o Senhor das Sombras triunfar às custas disso, condenando todos os Cullen e Quileutes e o resto do mundo a esse futuro ou então nunca ter a chance de dizer ao comandante da Guarda Volturi o quanto o amava. Estas sim eram coisas a serem temidas, na opinião de Brooke Evern. 

E embora as temesse e quisesse lutar contra todas elas, Brooke não pôde. Mesmo que algo queimasse embaixo de sua pele, a mandando se mover, levantar, ela não conseguiu. Nem quando os gritos de sua mãe cessaram e muito menos quando viu pelo canto dos olhos as chamas tomarem forma, dançando uma música solene e trágica. Assim, o mundo rodou uma última vez e ela tomou um longo fôlego, se atirando nos braços da escuridão total.

 

 

***

 

 

A dor lacinante foi o primeiro sinal de que ela estava viva. Brooke sufocou o grito e abriu as pálpebras, cega pela fumaça e fuligem que a cercava, cobrindo o céu escuro acima. Seus olhos arderam, os ossos pareciam a ponto de se partirem e ela tossiu sangue, se perguntando como diabos ainda estava viva. 

Ela estava viva, não estava? 

Correndo os olhos até o limite que seu campo de visão tinha, ela percebeu que estava deitada no asfalto frio da pista, longe do carro destroçado a alguns metros adiante, sendo consumido pelo fogo lentamente. Pavor a percorreu quando a lembrança da mãe e do padrinho a atingiram e ela tentou se levantar, rangendo os dentes, mas tudo o que conseguiu foi erguer o tronco. 

E foi aí que ela os viu. Atrás das chamas e dos destroços do carro, mais adiante, duas silhuetas. Os cabelos louros de Marcy cobriam o chão, como cascatas douradas enquanto as costas do terno de Joey estavam curvadas sobre ela. Alívio percorreu seu corpo machucado ao vê-los, mas durou pouco. Nos segundos que se seguiram, não viu nenhum movimento da parte de sua mãe, o que a alarmou. Já Joey, por outro lado, começou a se virar para trás, em sua direção, dando espaço e visibilidade para o ponto exato em que Marcy estava parada... E morta. 

Morta

Brooke soube disso no segundo em que fixou os olhos no corpo estendido, a cabeça virada em sua direção, os olhos abertos e vidrados, o fantasma do terror vivo que momentos antes esteve presente naquelas orbes, sangue fluindo do peito onde uma barra de ferro atravessava o coração.

 

Um grito irrompeu dos lábios da morena, tão alto e tão agoniado que ecoou por entre toda a estrada. Ela gritou e gritou, arranhando o chão com as unhas, lutando para se levantar e correr até Marcy, mas seu corpo fraco e humano não conseguiu se mover mais do que cinco centímetros sem desabar novamente no asfalto. As lágrimas brotaram e desceram como uma tempestade furiosa enquanto Brooke se arrastava pelo cimento, desejando que fosse apenas um terrível pesadelo. 

Deveria ser. Tinha de ser. 

Principalmente quando uma corrente de ar frio passou por ela, lhe arrepiando dos pés a cabeça e uma silhueta se pôs na frente do corpo de sua mãe. Brooke parou de se arrastar e ergueu a cabeça, estreitando os olhos para o rosto que a fitava como um animal acuado. As roupas, o corpo, a aparência, tudo em Joey era o mesmo. Exceto pelos olhos, que ao invés do azul celeste de sempre, brilhavam com o mais vermelho-sangue que já vira, como olhos em chamas. Junto com a vermelhidão, o semblante de Joey havia mudado. Era puro ódio e maldade e o faziam parecer demoníaco.

Um olhar para as mãos e elas estavam sujas de sangue. Sangue de sua mãe e Brooke quis chorar ainda mais, confusa. Ela tentou falar, mas não encontrou a voz. Tentou se mover, mas parecia estar paralisada pelo choque. Então, apenas chorou. Deixou que as lágrimas caíssem e quando piscou, ainda que rapidamente, o homem que deveria ser seu padrinho mas que não o reconhecia naquele momento, estava diante dela.

Joey sorriu, cruel. 

 

— Finalmente posso me apresentar devidamente, doçura — Cantarolou ele, do mesmo modo que horas antes, quando cantava The Beatles. — Senhor das Sombras, ao seu dispor. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

NOTA DA AUTORA:

Olá, amores. Como vocês estão?

Como sempre, ressurgi das cinzas. Esses últimos meses foram terríveis de todas as formas possíveis e cheguei a pensar que nunca mais conseguiria escrever nada e muito menos terminar a fanfiction. Mas, graças a Deus, nem as crises emocionais e nem os problemas pessoais me fizeram desistir disso, então sinto muito pelo longo tempo de espera, embora eu sempre volte.
Mas, tá tudo bem. E estamos chegando literalmente na reta final do primeiro livro da história, já que sim, teremos uma sequência onde as coisas ficaram mais claras!

Este é provavelmente o penúltimo capítulo :/

O que acharam?

Espero de coração pelas opiniões de vocês e pelo apoio. Obrigada por permanecerem e continuem acompanhando.

Até o próximo... Bjs!



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