Our destiny escrita por Tisbe


Capítulo 7
Momentos


Notas iniciais do capítulo

Jon e Sansa estão de volta. Cada um com suas obrigações, mas no final, eles aproveitam os raros momentos que têm pra ficarem juntos. Espero que gostem.



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Jon sentia o líquido adocicado descer quente por sua garganta. E àquela altura da noite, já havia perdido a conta de quantos cálices de vinho lhe foram servidos. Estava rodeado por homens desconhecidos. Alguns jovens, outros já muito velhos, tão bêbados que gritavam e cantavam as honras ao novo homem da casa com palavras distorcidas. — Vida Galbart ao longa pequeno!

— Seus bêbados idiotas! O certo é “Vida longa ao pequeno Galbart”! – O pai do recém-nascido corrigia os demais com um gargalhada arrastada.

Jon já estava incomodado com aquela situação. Olhava ao redor a todo momento à procura de Sansa. No começo do dia, quando a viu ser arrastada por um bando de mulheres para o outro cômodo da casa, já sabia que ficaria sem vê-la por um longo período. Só não imaginava que seria por tanto tempo. Seu desejo era sair daquele lugar o mais rápido possível e se enfiar debaixo de algumas cobertas quentes e finalmente descansar. Ele se sentia cansado pela viagem e principalmente, pelas conversas tediosas que precisou participar. Queria sair dali, mas não antes de ver a esposa e desejar uma boa noite de sono a ela.

Já conformado com a ideia de que não a veria mais naquela noite, Jon decidiu chamar seu anfitrião para se despedir, pois apesar de ser o rei do Norte e poder fazer o que bem entendesse, ele sabia que seria extremamente rude se recolher sem ao menos agradecer a hospitalidade do senhor daquela casa. Se levantou de sua cadeira e chamou lorde Glover para um canto mais afastado da agitação e gritaria dos demais convidados. Pediu licença ao homem e se retirou para seu aposento.

Jon caminhou por um corredor estreito e mal iluminado que se findava no quarto que lhe fora destinado. Girou a maçaneta e abriu a porta diante de si.  Antes mesmo de dar o primeiro passo para entrar, pôde ver na cama algo que jamais esperaria.

— Vista-se imediatamente. - Jon desviou os olhos da figura que ocupava seu leito.

— Mas, milorde. Eu pensei que... Que gostaria desta surpresa. Deixe-me ajudá-lo a descansar dessa longa viagem. Lorde Glover me escolheu pessoalmente para satisfazê-lo. Dentre todas, me achou a mais encantadora e digna de nosso rei. – Enquanto falava, a jovem de longos cabelos louros e encaracolados caminhava na direção de Jon. Seus seios fartos estavam a mostra e sua intimidade estava coberta apenas por uma leve seda vermelha que fora enrolada em sua cintura. – Não gosta do que vê, meu senhor? O agradarei da maneira que preferir. Sou toda sua, majestade. – As palavras de sua boca saiam cantadas e melosas.

— Vista-se, como ordenei. E saia imediatamente. Não a quero em meu aposento. Nem você, ou qualquer outra mulher que lorde Glover achar digna de um rei. Não foi por isso que vim até aqui! – Jon se virou e encostou na parede do corredor.

Mesmo sem compreender o motivo daquela recusa, a mulher obedeceu a ordem e se vestiu o mais rápido que pôde.  – Com licença milorde. – De cabeça baixa, ela foi caminhando até desaparecer na escuridão do corredor.

Jon entrou e trancou sua porta. Tirou suas luvas, o casaco e a malha de lã que usava, ficando apenas com sua leve camisa de algodão. O rapaz se sentou na cama e riu consigo mesmo daquela situação. Se lembrou da cara de espanto feita pela cortesã ao ser recusada daquela forma. Sem dúvida alguma, a loira se tratava de uma mulher bela e atraente, mas Jon sequer cogitou a possibilidade de passar a noite com ela. Após ser testado daquela maneira, ele percebeu que jamais trairia o amor de Sansa. Sabia que apenas ela ocuparia sua cama e que mulher nenhuma seria capaz de substitui-la.

Afastando aqueles pensamentos, Jon retirou suas botas e as jogou num canto qualquer. Quando começou a desatar os laços de suas caças ouviu leves batidas na porta. Imaginou que lorde Glover teria ido até lá para descobrir o motivo da recusa pelo presente. Girou a chave e puxou a maçaneta de metal.

— Olá... Surpreso em me ver?

A voz doce e suave o invadiu por completo.  – Sim. Não imagina o quanto.

Sansa estava com um olhar cansado e sonolento, mas mesmo assim, parecia mais bonita do que nunca. Ela escorregou para dentro do quarto e fechou a porta rapidamente. Tocou o rosto do marido e o beijou levemente. - Achei que essa noite seria infinita.  – A menina falava entre beijos.

— Pensei que aquelas mulheres a tinham sequestrado. – Jon a abraçou pela cintura e a apertou contra o corpo. Não podia estar mais feliz e aliviado ao vê-la em sua frente. Se sentia culpado pelo episódio vivenciado a pouco tempo. Queria contar logo sobre a visita inesperada e evitar qualquer mal-entendido, pois não queria que a esposa pensasse que a cortesã tinha sido requisitada por ele.

— Elas são boas senhoras Jon. Ficaram extremamente felizes por termos vindo até aqui. Uma delas conhecia minha mãe. Ficamos horas falando sobre o passado. – Sansa se afastou do abraço e tocou o rosto do rapaz. - Está tudo bem?

— Sim, tudo está bem. Mas hoje aconteceu algo e quero que saiba por mim.

— Conte-me. O que houve? – A garota parecia surpresa e assustada com a expressão que via em seu rosto.

Jon a levou até a cama e se sentou a seu lado. Falou rápido, quase sem pensar nas palavras que ia usar. – Lorde Glover me preparou um presente. Sem me consultar, mandou que uma cortesã viesse até meu quarto.

— Ele fez o quê? – Os olhos azuis o encararam com incredulidade.

— Sansa, eu a dispensei no instante que a vi.  – O rapaz a olhava com incerteza, tentando decifrar os pensamentos da esposa.

— Que belo anfitrião. Para mim, deixaram apenas toalhas limpas e algumas flores. – Com sarcasmo, Sansa tentava disfarçar a raiva que sentia naquele momento. Sabia que a culpa não era do marido e que o dono da casa queria apenas agradar a seu rei, que aos olhos de todos, era um homem solteiro e desimpedido.

— Sansa, não quero que se preocupe com isso. Apenas lhe contei esse fato para que você não descubra por outras pessoas. A moça saiu daqui bastante contrariada quando a mandei embora.

— Não me preocupo. Mas se eu souber de qualquer uma que se engrace com o rei do Norte, o senhor meu marido, eu mesma acabarei com a vida miserável dela. – Sansa sorriu levemente.

Jon arregalou os olhos com uma expressão de espanto e divertimento. – Faria isso por mim, minha rainha?

— Mas é claro que sim. Você é só meu Jon Snow, ainda que ninguém saiba disso. – A menina foi interrompida por um beijo quente, cheio de desejo que invadia sua boca por completo.

O casal se deitou lado a lado trocando beijos e carícias. Sansa colocou as mãos por dentro da camisa de Jon e sentiu seu abdome firme e o contorno dos músculos em seu peito. Cravou as unhas em suas costas largas, quando percebeu as mãos do homem levantando suas saias e agarrando suas nádegas. 

— Jon, preciso ir. Se nos virem juntos eles vão... – Não conseguiu terminar sua frase ao notar que os dedos quentes do marido encontraram sua intimidade.

— Você não pode ir embora agora. - Jon sussurrou em seu ouvido e desceu os lábios até seu pescoço.

— Se continuar assim, eu não sairei daqui nunca mais.

Naquela noite, fizeram amor calmamente, sem se preocupar por estarem em um local desconhecido e muito menos com possibilidade de serem descobertos. Só queriam estar próximos um do outro e aproveitar ao máximo aquela oportunidade. Pois no fundo, sabiam que o que viviam e todos os sonhos que compartilhavam podiam se desintegrar a qualquer instante e a única certeza de suas vidas, era a guerra iminente contra os Caminhantes Brancos. Não podiam deixar aqueles raros momentos serem desperdiçados, então, Sansa ficou.

Ela voltou para seu aposento um pouco antes do amanhecer. Se sentia vazia e entristecida. Não queria abandonar o marido. Seu desejo, era gritar aos quatro ventos que não eram irmãos e sim amantes. Que dividiam a cama e que ninguém tinha nada com isso. Queria gritar a todos que suas vidas pertenciam apenas a eles e a mais ninguém. Mas ela sabia que no final das contas, a vida de quem quer que fosse era regida por regras, contratos e convenções. Além disso, compreendia que o futuro de Winterfell e de todo o Norte dependia dela e de Jon Snow. E a garota havia prometido para si mesma que jamais deixaria seu lar cair novamente nas mãos de pessoas torpes como os Boltons. Por isso, afastou aqueles pensamentos, pois era melhor viver seu romance em sigilo e garantir a segurança de todos, do que por tudo a perder com sua confissão.

A menina teve poucas horas de sono, pois logo pela manhã, foi chamada para o café. Já vestida e penteada, foi até o salão principal e viu Jon sentado ao lado de lorde Glover. Quando se lembrou do “presente” que fora dado ao marido, sentiu raiva do velho de cabeça calva e barba grisalha. – Pro inferno com suas putas! — Sansa manteve seus pensamentos guardados e sorriu para o anfitrião. Agradeceu mentalmente a Petyr Baelish, que podia ser um desgraçado, mas pelo menos, a ensinou a arte da dissimulação. Em outros tempos, ela ficaria o dia inteiro com a cara amarrada, remoendo a ideia de que uma prostituta havia sido oferecida a Jon. Mas, ao invés disso, preferiu usar seu melhor sorriso e mostrar seu bom humor e disposição.

— Bom dia senhores. – Sansa ocupou a cadeira ao lado de Jon, ficando à frente da senhora Glover. Sorrindo para a mulher baixa e gorda, de bochechas rosadas, decidiu falar.  – Mal posso esperar para segurar o pequenino Galbart novamente. Aquele bebezinho é encantador.

— Oh minha querida, assim que terminarmos nosso desjejum iremos até a estufa de vidro. O meistre nos disse que é muito importante que o pequeno aproveite esses últimos raios de sol. Logo o inverno tomará conta de tudo, e o menino crescerá rodeado pelas sombras e escuridão. – Lady Glover era simpática e tentava agradar Sansa de todas as maneiras. - Sua irmã tem jeito com crianças milorde. Quando encontrar um novo marido, ela cuidará muito bem dos filhos que tiver.  – A mulher olhava encantada para Jon Snow.

— Estou certo que sim, minha senhora. – Jon quase engasgou quando ouviu aquelas palavras. Não podia sequer imaginar a ideia de Sansa se casando com outro homem. Ele era seu marido, os filhos dela seriam os seus e de mais ninguém.

— Podemos discutir sobre os planos para a guerra que se aproxima milorde? Vamos até meu gabinete, os senhores das outras casas estão a nossa espera. Creio que a maior parte deles já esteja sóbria. – Lorde Glover sorria nervosamente para Jon. Depois de ouvir as histórias sobre os Caminhantes Brancos, temia que os mortos-vivos atravessassem a muralha e atacassem sua família.

— Com licença senhoras.

Sansa viu Jon se levantar e acompanhar o homem até a outra sala. Logo em seguida, foi até a pequena estufa com lady Glover e viu sentada num banco acolchoado a jovem mãe com seu bebezinho de cabelos escuros e ralos.

— Gostaria de segurá-lo milady? A mulher ofereceu o bebê para Sansa.

— Com prazer. – A menina estendeu os braços e aninhou o pequeno em seu peito. Sorriu ao ver seu rostinho rosado e delicado. Aquela sensação era boa e ao mesmo tempo amarga, pois passou a imaginar que em outras circunstâncias, aquele bebê poderia ser seu e de Jon. Cantarolando suavemente a música que sua mãe cantava para seus irmãos menores, sentiu uma lágrima escorrer de seus olhos. Quando notou que estava sendo observada, sorriu e devolveu a criança para a mãe.

— Me desculpem senhoras, me sinto um pouco indisposta. Não consegui dormir direito esta noite. Vou me recolher e tentar descansar um pouco. – Sansa saiu apressada do lugar, pois sentia a cabeça pesar e um mal-estar tomar conta de seu corpo. Seu estomago revirava e parecia querer devolver toda a comida ingerida no café da manhã. Correu para seu quarto e deitou na cama. Abraçou um travesseiro e respirou profundamente até que aquela sensação incômoda desaparecesse por completo. Fechou seus olhos e adormeceu.

Dois lobos uivavam incessantemente. Estavam parados em frente a porta do quarto. Ela conhecia aquele lugar, sabia aonde estava. Um grito agudo foi ouvido e sua visão ficou turva. – O que está acontecendo?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sansa tem razão em ficar brava com Lorde Glover? Jon não pode ficar com nenhuma outra a não ser ela. Beijos e até o próximo!