Our destiny escrita por Tisbe


Capítulo 6
Um corvo entre lobos


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo tá curtinho e sem nosso casal favorito. Mas, mesmo assim, espero que aproveitem e que continuem acompanhando a história. No próximo, eles estarão de volta.
Por todos os erros e bobagens, peço que me perdoem!



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No pátio externo da fortaleza, Arya sentia o ar gelado invadir seus pulmões, enquanto gotículas de suor escorriam por sua testa. Brienne estava sendo dura em seu treinamento. A atacava incessantemente com a espada de madeira. Seus pés ágeis, se moviam como numa dança ritmada. E por pouco, a menina não levou um golpe no estomago.

— Lady Arya, por que preferiu ficar com Sandor Clegane, ao invés de voltar comigo, quando teve chance? – Briene falava, enquanto avançava com sua espada. A mulher não pôde conter a pergunta que rondava sua cabeça desde o momento em que pusera os olhos na menina, no dia de seu retorno.

— Porque não era o momento de voltar. Além disso, eu não confiava em você. – A garota respondeu e girou o corpo para desviar de mais uma investida de sua oponente. – O Cão está morto agora. E eu estou em casa. É tudo o que importa.

A dama de Tarth parou de súbito e a encarou. – Confia em mim agora?

— Sim. Meus irmãos confiam. E Sansa me falou de seu juramento para ela. – Arya estava ofegante. Largou sua espada no chão e massageou com a mão esquerda a área de suas costelas. Fora atingida mais de uma vez naquele local.

— Você é muito boa milady. Onde aprendeu a lutar? - Brienne falou de forma gentil.

— Meu primeiro mestre foi Syrio Forel. Nunca me esquecerei de seus ensinamentos. Mas isso já faz anos. – A menina baixou seus olhos e encarou o chão. – Com apenas uma espada de madeira, ele matou cinco soldados Lannisters ao me ajudar a fugir da Fortaleza Vermelha. – Somente após mencionar o nome de seu mestre, percebeu que aquela lembrança ainda doía dentro de si.

— Conheci a fama de Syrio quando eu ainda vivia em minha terra natal. Deve ter sido um homem formidável. – A loira sorriu levemente.

— Sim, ele foi. Podemos entrar lady Brienne?  Já passou da hora do almoço. Estou faminta. – Arya mudou logo de assunto. Histórias sobre seu passado ainda a assombravam. E ela sentia muita dificuldade para compartilhar as experiências que tivera, pois nunca foi capaz de confiar plenamente em ninguém.

As duas caminharam em silêncio para o interior do castelo, e após o rápido almoço, Arya se recolheu em seu aposento. Fechando a porta do cômodo, a menina pôde ficar sozinha com seus pensamentos. Deitada em sua cama, refletiu sobre sua vida e seu atrapalhado retorno a Winterfell. Quando estava prestes a pegar no sono, ouviu batidas em sua porta. – Lady Arya?

— Entre. – Enquanto se levantava da cama, podia ver a jovem criada se aproximar. – O que deseja?

— Senhorita Stark, acaba de chegar no castelo um senhor de nome Samwell Tarly, diz ser amigo de seu irmão. – A criada esperou para que a menina lhe desse alguma instrução.

— Jon me falou sobre Sam, disse que chegaria por esses dias. Veio sozinho?

— Não milady, está na companhia de uma jovem e de uma criança pequena.

Arya desceu as escadas e foi de encontro ao casal recém-chegado. Quando pôs os olhos no homem corpulento a sua frente, mal pôde acreditar que se tratava de um irmão da patrulha. Pensou que com o treinamento, todos os corvos se tornariam mais atléticos, assim como Jon, ou mesmo seu tio Benjen.

— Samwell Tarly, eu presumo. – Arya se aproximou do homem de olhar simpático e curioso.

— Lady Sansa? – Sam fez uma leve reverência, acreditando estar diante de Sansa Stark. Ele não fazia ideia de que a irmã mais nova do amigo estaria de volta ao seu lar.

— Sou Arya. Meu irmão pediu que eu os recebessem assim que chegassem a Winterfell. Ele e nossa irmã Sansa viajaram. Mas não demoram a retornar. – Arya se aproximou de Gilly e tocou na mãozinha do bebê Sam, que se remexia no colo da mãe. A criança de pouco mais de dois anos, abriu um largo sorriso para a menina. – Você deve ser Gilly. E este belo rapaz, quem é?

— Este é o pequeno Sam, milady. – Gilly sorriu docemente para Arya.

— Oh sim... olá pequenino! – Voltando seu olhar para o Tarly, ela continuou. - Sua viagem deve ter sido longa e turbulenta. Pedirei que as criadas preparem algo para comerem. Devem estar famintos.

— De certo milady. Nossa viagem foi um tanto desgastante, encontramos poucas estalagens pelo caminho, e este clima, em nada ajudou no nosso trajeto. – Sam se pôs ao lado de Gilly e acompanhou sua anfitriã até o Grande Salão.

Já sentados à mesa, jantaram caldo quente de legumes, acompanhado de carne de cordeiro assada e pão fresco.

Sam não sabia dizer há quanto tempo não comia tão bem. Ficou feliz por finalmente poder saborear aquela esplêndida refeição. Mas, naquele instante, afastou aqueles pensamentos e tentou puxar conversa com a pequena Stark a sua frente.  – Nos tempos de patrulha, seu irmão falava muito sobre você lady Arya.  Ele sofreu muito quando soube do sequestro de sua irmã e de seu desaparecimento.

— Sim, Jon e eu sempre fomos muito ligados. E depois de meu retorno, ele também me falou bastante sobre você. Ele realmente o considera um irmão. E somente um irmão sairia do calor do Sudoeste para visitar Winterfell em pleno inverno. – Arya estava ansiosa para saber o motivo da visita do Corvo. Não queria perder tempo com conversa fiada.

— Oh sim, somente um verdadeiro irmão se arriscaria a congelar neste fim de mundo! – Quando se deu conta de que insultara a terra natal de sua anfitriã, Sam parou no ar o garfo com o pedaço de carne que levava à boca. – Me perdoe milady, não quis ofendê-la, muito menos, sua encantadora cidade.

Entre risos, Arya pareceu não se importar com a infeliz sentença do pobre rapaz. – Tudo bem, não me ofendi. Então... o que o traz até este fim de mundo? – A menina riu novamente.

— Bem, há algo que... veja... – Sam estava hesitante, não queria revelar para ninguém, além de Jon Snow, o real motivo de sua visita. – Preciso falar com seu irmão. Assuntos da Patrulha... sabe? – O homem sorria nervosamente. E ao levar mais um pedaço de carne a boca, pensou que enquanto estivesse mastigando, não seria obrigado a responder qualquer outra pergunta.

— Oh sim, eu compreendo. – Arya deu um sorriso amarelo, percebendo a mentira que acabara de escutar. Ela sabia que Jon perdera qualquer interesse nos assuntos relacionados à Patrulha da Noite. Mas, se conformou quando se deu conta de que o excêntrico visitante não revelaria quase nada sobre sua visita.

— Obrigada por nos receber lady Arya. Sua casa é adorável! – Durante toda a viagem, Gilly permaneceu ansiosa e com receio de que seus novos anfitriões fossem esnobes e insolentes, tal como o pai de Sam. Porém, assim que bateu os olhos na menina de cabelos castanhos, se acalmou, pois percebeu que ela se tratava de uma garota simples e gentil. Também pôde notar, que seus modos à mesa eram tão pouco refinados quanto os dela própria.

— Espero que se sintam em casa. Há um quarto preparado para vocês. Após o jantar, os levarei até lá.

Quando Arya os levou até seu novo aposento, lágrimas tímidas saltaram dos olhos de Gilly. Assim que a jovem entrou no dormitório, pôde ver um pequeno berço de madeira ao lado da grande cama de casal. – Quanta gentileza senhorita Stark. Meu bebê jamais dormiu em um berço. Fico imensamente grata por sua generosidade.

— Oh sim, o berço. Minha irmã Sansa pediu que o trouxessem. Ela fez questão de encomendá-lo ao marceneiro da vila. Ela temia que vocês fossem chegar antes que ficasse pronto. Por sorte, o recebemos ontem. – Arya entrou no cômodo logo após o casal e estendeu os braços em direção do menino de cabelos dourados. – Posso pegá-lo?

— Mas é claro!  – Gilly o entregou, para logo em seguida, espiar de perto o bercinho de madeira. Tocou o macio colchão e as cobertas felpudas que o envolviam.  – Mais uma vez, obrigada senhorita.

Sam, também agradeceu o ato de generosidade e se aproximou da moça de que tanto amava. Envolveu seu braço em sua cintura e passou a contemplar o belo objeto feito para seu filho. – Vocês não precisavam se dar ao trabalho. O bebê Sam está acostumado a se espremer em qualquer buraco que couber. O pobrezinho é forte e valente.

— Você parece mesmo ser um homenzinho bastante valente! – Arya sorriu quando ele bateu palminhas para ela. – Sim, você é! Agora vou deixá-los à vontade para que descansem. Deixarei uma aia a disposição. Ela os ajudará em qualquer coisa que precisem. Com licença. - Arya colocou o menino no chão, que logo correu até a mãe, com seus passinhos cambaleantes.

No dia seguinte, o casal tomou o desjejum juntamente com Arya, Brienne e Davos. Em seguida, a Stark deixou os visitantes aos cuidados do cavaleiro das cebolas, para retomar seu treinamento com a dama de Tarth.

Enquanto trocava golpes de espada com a mulher, Arya podia ver Davos guiando Sam pelo exterior do castelo. Faziam um tour completo pelos arredores da fortaleza. O frio era cortante, então, a menina imaginou que Gilly tivesse preferido ficar com seu bebê no aquecido e confortável interior de seu aposento.

— O que diabos ele deve ter vindo fazer aqui?

— O que disse? – Brienne questionou, quando ouviu a menina balbuciar algumas palavras.

— Não é nada. Apenas pensei alto. – Arya tentava se concentrar no duelo.

— Também está intrigada com o que vieram fazer aqui milady? – Brienne a olhou de soslaio quando notou que adivinhara os pensamentos de sua opositora.

— Vieram de tão longe. Porque não mandar um mensageiro, ou simplesmente um corvo? Isso tudo é muito estranho. Não vejo a hora de Jon retornar para descobrir logo esse mistério. – Arya retomou seu ataque contra a oponente com certa urgência para terminar o treinamento.

— Cuidado com os pés milady! – Antes que Brienne pudesse completar sua fala, viu Arya cambalear para os lados ao enroscar o pé direito em um fino tronco de árvore que saltava do chão. – Sinto que está muito distraída nesta manhã. Deixe os pensamentos de lado e se concentre na luta. – A mulher a orientou com um tom de preocupação.

Após aquela reprimenda, Arya se sentiu uma criança patética. Quem a visse lutar daquela forma desajeitada, jamais acreditaria em todo o processo doloroso que passara durante o treinamento na Casa do Preto e Branco. Na sua frente, via surgir a figura de Jaqen H’ghar. O fantasma em suas memórias tinha um olhar impassível e parecia julgar seu desempenho vexaminoso. – Podemos parar Brienne? Não estou me sentindo muito bem.

Arya mal deu tempo para a mulher responder e partiu daquele lugar. A menina não queria ser incomodada por ninguém, mas também, não desejava se enclausurar em seu aposento. Caminhou a esmo, até se lembrar de um de seus locais favoritos antes de deixar Winterfell pela última vez. Em pouco tempo, já estava dentro do canil. E ao avistar a criatura suntuosa, de pelos tão brancos quanto a neve que caía naquele momento, Arya se deixou levar por seus sentimentos e uma saudade angustiante tomou conta de si. Sentiu falta de sua loba Nymeria, de sua infância tão pouco vivida e de tudo o que era bom e que foi tirado de si, no dia em que seguiu os passos do pai até o maldito reino dos Baratheons e Lannisters.  – Ei garoto, venha até aqui! – A menina estendeu sua mão esquerda, para que o animal pudesse cheirá-la e se familiarizar com sua presença.

Fantasma estava deitado sobre as patas, com o focinho voltado para frente.  Erguendo os olhos vermelhos, encarou a menina. O bicho parecia satisfeito com a visita. Se pôs de pé e caminhou suavemente até seu encontro. Pousou o nariz negro e gelado na palma de sua mão e esfregou seu corpo entre as pernas esguias da garota. – Você não passa de um cachorrinho manhoso, não é mesmo? – Arya passou a afagar seu pelo, enquanto tentava imaginar o destino de sua própria loba gigante. – Um dia Fantasma, sua irmã Nymeria também irá retornar para nosso lar. Assim como nós retornamos. Vocês irão caçar juntos e viver várias aventuras pelas matas de Winterfell. Nós seremos uma família novamente. – Os devaneios da menina foram interrompidos pelos pesados passos do Corvo negro que se aproximava.

  — Fantasma! Como vai companheiro? – Sam deu um largo sorriso quando viu o animal que por diversas vezes, o protegera nas noites frias e sombrias do Castelo Negro.


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Notas finais do capítulo

O inverno chegou, Arya chegou, Sam e Gilly chegaram e mais coisas estão para chegar! Obrigada a todos que estão acompanhando o que escrevo. Beijos pra vocês!