Our destiny escrita por Tisbe


Capítulo 8
Retorno


Notas iniciais do capítulo

O título do capítulo faz jus ao momento: "Retorno". Retornei com a história depois de um bom tempo. A correria do trabalho me obrigou a parar um pouquinho. Mas agora estou de volta. Espero que aproveitem a leitura e que me desculpem pelos erros e derrapadas na escrita.
PS. Feliz 2017 pra todos vocês!



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A viagem de volta a Winterfell estava sendo mais rápida do que todos imaginavam. Durante o trajeto, a comitiva foi presenteada com um clima bastante regular. E ainda que incessante, a neve que caía era leve, bem diferente da noite anterior, na qual uma forte nevasca atingiu todo o território dos Glovers. Jon decidiu que a melhora no tempo era um sinal de que já estava na hora de voltarem para casa.

Apesar de estar acordada, Sansa mantinha seus olhos fechados. Mesmo se sentindo cansada, os solavancos da carruagem não a deixavam dormir. Seu corpo estava encolhido sob sua capa e sua cabeça apoiada no ombro de Jon. Ela sabia que em pouco tempo a estrada do Bosque Profundo se findaria e eles estariam de volta à fortaleza dos Starks mais uma vez.  

— Assim que pusermos os pés em casa, você deixará de ser meu marido. – Sua voz soou baixa e entristecida.

Jon virou seu rosto e beijou o topo de sua cabeça. – Jamais deixarei de ser, minha rainha.

Sansa estava inquieta e não demorou muito até falar novamente. – Jon, acha que já é hora de falarmos sobre nós? Bem... pelo menos para Arya?

— Sabe que não gosto de mentir para nossa irmã, mas acredito que ela não vá reagir muito bem quando contarmos. Porém, se você acha que estamos prontos para lidar com uma Arya enfurecida, nós contaremos. – Jon virou a esposa para si e a beijou nos lábios. – Tudo o que quiser nós faremos.

Sansa apenas sorriu e em silêncio, voltou a baixar a cabeça sobre o ombro do marido. Por fora, a menina aparentava estar tão serena quanto os delicados flocos de neve que atingiam o chão, no entanto, dentro de si, seu coração e os pensamentos que rondavam sua cabeça estavam tão agitados quanto a tormenta que caíra na noite passada. Os sonhos confusos e o mal-estar súbito que tivera no dia anterior ainda a perturbavam. - Não há nada com o que me preocupar... eu ficarei bem! Deuses... será que estou? Eu não estou... Não posso estar! Jon irá para a guerra em breve, Arya está de volta... ela passou por tanta coisa pobrezinha. Tenho que cuidar de Winterfell... Os vassalos dependem de mim... O esforço que faço para esconder de todos o que vivemos. A constante ameaça dos caminhantes brancos... E a maldita Cersei também ... É isso! Cansaço e apreensão é o que sinto, nada mais do que isto. Estou fazendo tantas coisas ao mesmo tempo que fiquei exausta, exausta e doente... — Ao respirar profundamente, Sansa se contentou com a resposta que dera a seus temores e conseguiu se acalmar. Passando o braço de Jon sobre suas costas ela se aninhou em seu peito e se apertou em seu abraço. Ao ouvir as batidas do coração do homem que amava, conseguiu adormecer e se esquecer da verdadeira confusão que era sua vida.

Com os olhos fechados, Jon ignorou qualquer ruído vindo do exterior da carruagem e pôde se concentrar apenas na respiração suave da mulher protegida sob seus braços. Ele até mesmo segurou sua própria respiração por um instante para ouvi-la melhor. Sua intenção era guardar consigo aquele precioso momento. Há algum tempo, o rapaz vinha criando uma coleção de doces memórias de sua esposa. Foi se lembrando de cada uma que havia juntado até ali: O azul brilhante de seus olhos, o sorriso discreto que ela lhe lançava pela manhã, o modo com que mordia o lábio inferior quando estava concentrada em seu trabalho. A forma graciosa com que seu corpo nu se movia quando andava pelo quarto. Seus dedos delicados levando os cabelos para trás das orelhas quando esvoaçavam em seu rosto. Se lembrou também de seu cheiro doce e do vermelho quente de seus cabelos. Agora, sua respiração também estava gravada em seu subconsciente. Ele sabia que em breve teria de voltar para além da Muralha e enfrentar mais uma vez os caminhantes brancos, por isso, decidiu que Sansa seria sua principal motivação quando estivesse frente a frente com os mortos vivos. Ele pretendia lutar e voltar para o calor seus braços. Morrer e abandoná-la não era uma opção.

Antes do anoitecer, o grupo parou por algumas horas para que os cavalos fossem alimentados e descansassem um pouco.  Todos sabiam que o mais sensato seria armar um pequeno acampamento e continuar o trajeto apenas pela manhã. Porém, o risco de ficarem presos numa nevasca era bastante alto, portanto, decidiram viajar durante toda a noite e garantir que chegariam a Winterfell após o amanhecer.

Arya não queria sair de seu aposento. Passou a maior parte da manhã deitada em sua cama, jogando sua espada de uma mão para a outra. Não se sentia indisposta, porém a ideia de ter que lidar com os novos moradores do castelo a deixava impaciente. Pediu para que a criada lhe trouxesse o desjejum no quarto e que desse para os convidados uma desculpa qualquer para sua ausência à mesa.

— Diga que estou com dor de cabeça, ou coisa do tipo. E que não quero ser incomodada. Principalmente por Brienne! – Desde a viagem do casal, a mulher passou a vigiar a pequena Stark como um cão de guarda. Brienne tinha levado a sério a promessa feita a sua protegida. Não descuidou de Arya em nenhum momento. Ia com a menina nos treinos, a acompanhava nas cavalgadas pelo entorno do castelo e tentava afastar os soldados que a desafiavam para alguma batalha.

— Aqueles desnaturados bem que podiam voltar!— Mesmo sem admitir para as outras pessoas, a garota sentia falta dos irmãos. Havia passado tantos anos longe deles, que mal conseguiu aguentar aquela única semana afastada de sua reduzida família. No começo, conseguiu se entreter brincando com o bebê de Gilly, com as histórias de Sam e até mesmo na companhia de Brienne. Mas ao passar dos dias, ela percebeu que o que realmente queria era estar ao lado de Sansa e Jon.

Arya tomou seu café, vestiu as roupas mais quentes que possuía, embainhou sua espada e decidiu que sairia escondida de seu quarto.  Mesmo sabendo que não precisava dar qualquer satisfação a ninguém, preferiu não chamar atenção para si. Não queria Brienne a seguindo, ou Davos lhe dando sermões sobre o quanto os irmãos ficariam preocupados caso algo lhe acontecesse.   Foi caminhando silenciosamente por cada corredor do castelo até chegar à saída pela cozinha. Respirou aliviada quando percebeu que nenhuma criada a havia reconhecido.

Andando rápido sobre a neve fofa acumulada na noite anterior, Arya se dirigiu até o canil e puxou o trinco metálico que fechava a cela de Fantasma. – Venha garoto! Acho que você precisa de ar fresco tanto quanto eu. Vamos dar uma volta pelo bosque, quem sabe você não encontra seu café da manhã. – A menina esticou o braço e estalou os dedos para o grande lobo branco, que prontamente a atendeu e se levantou de onde estava.

Fantasma caminhou preguiçosamente até Arya e esfregou o pesado corpo em suas pernas. Com cuidado, ela alisou seu pelo e deu tapinhas de leve em suas costas. – Venha menino, não podemos ficar aqui a manhã toda. Jon tem sido um dono bastante relapso. Aposto que ele não tem te dado toda a atenção que merece. Vou cuidar para que isto mude rapaz! Agora venha! - Os dois correram pelo pátio e desapareceram na mata encoberta pela neve.

Arya se aproximou da árvore coração e com as duas mãos limpou um pedaço de sua grande raiz. Afastou o gelo que a cobria e sem se importar com a humidade do local, se sentou e abraçou levemente os joelhos. Fantasma permaneceu a seu lado por pouco tempo, o animal logo levantou suas orelhas e voltou sua atenção para o movimento vindo de uma pequena moita a alguns metros de distância. - Pode ir garoto. Sei que ainda não comeu nada. – Fantasma pareceu compreender o comando e logo desapareceu por entre as árvores.

Sozinha com seus pensamentos, Arya recitou uma única vez os nomes em sua lista de marcados para morrer. Eram tão poucos agora. E ao dizer o nome de Melissandre, a menina logo se recordou de Gendry. Por culpa da feiticeira, o moreno foi levado para longe de si. Mesmo acreditando que o rapaz já estivesse morto, ela gostava de imaginá-lo entrando pelos portões de Winterfell a sua procura. – Seria tão bom revê-lo mais uma vez...

Os pensamentos da menina foram quebrados pelo som de um uivo ao longe. Por um momento, Arya pensou se tratar de Fantasma, porém, logo o viu surgir dos arbustos com um esquilo morto entre os dentes. Seus olhos vermelhos estavam atentos e suas orelhas se movimentavam para captar melhor o som.

— Você também escutou, não é mesmo? - Pela distância do uivo Arya sabia que o animal estava longe da fortaleza. - Não se preocupe garoto, nenhum outro lobo virá até aqui para roubar seu café da manhã. – Já de pé, ela se afastou para que o bicho pudesse comer sossegado. Fantasma se sentou sobre as patas traseiras e logo devorou sua presa.

Voltando para o castelo, Arya notou as duas carruagens próximas a entrada principal da fortaleza. – Eles chegaram! – A menina correu e quase se chocou contra um cavaleiro que saltava de sua montaria. – Jon! – Caminhando até a pequena aglomeração de criados e soldados que se formara, a pequena se jogou nos braços do irmão. Arya olhou para o lado e percebeu que a irmã a encarava com um sorriso no rosto.  – Sansa! – Rapidamente, a menina foi a seu encontro e também a abraçou.

Já no interior do castelo, Sansa sorriu ao notar uma jovem moça com um bebê no colo. – Você deve ser a Gilly. Certo?

— Sim, e este é o pequeno Sam! – A garota estava impressionada com a beleza e elegância da lady de Winterfell. - Obrigada por nos receber senhorita.

— É um prazer tê-los aqui Gilly. Espero que estejam bem acomodados.

Jon entrou logo em seguida acompanhado da irmã menor. Ele olhou por todo o salão a procura de Sam. – Olá Gilly, é bom revê-la! Espero que tenham feito boa viagem.

— Obrigada Jon Snow. É bom revê-lo também.

Antes mesmo que Jon fizesse qualquer pergunta sobre a ausência do amigo naquele momento, Gilly o informou que Sam tinha decidido passar o dia na vila para conversar com o meistre e que retornaria antes do anoitecer.

 Por estarem muito cansados pela longa viagem, Jon e Sansa resolveram se recolher até a hora do jantar. Em silêncio, subiram as escadarias e caminharam juntos pelo corredor de seus aposentos. Ao entrarem em seus quartos, cada um fechou sua porta desejando estar com o outro.


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Notas finais do capítulo

Obrigada e até o próximo! S2