Camp Paradise - Interativa escrita por Aninha


Capítulo 11
Especial de Natal - Capítulo Bônus


Notas iniciais do capítulo

Hello people!
Então, como vão? Tenho novidades! Mas antes quero desejar a todos um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo! Espero que tudo de bom aconteça com vocês e que seus sonhos se realizem ;)

Bom, vamos lá.
1. Estou de férias e sabe o que isso significa??? Sim, mais capítulos! Tirei alguns dias para relaxar e como minha formatura foi dia 20 e 21 eu estava focada nisso. Mas agora estou completamente livreeeeee. Provavelmente vou aparecer aqui bastante em janeiro e se Merlin quiser terei seis SEIS meses de férias maravilhosas onde eu finalmente poderei adiantar muita coisa! Ouvi um aleluia?
2. Para a alegria geral eu FINALMENTE decidi exatamente o que vou escrever nessa primeira parte da fic. O foco principal será nos capítulos narrados pela Effy ;) mas eu não deixarei o Acampamento de lado, relax. Porém, como infelizmente as coisas só funcionam realmente com nossa pequena Dangerous Woman (OIE ANA 1) no Acampamento as cenas narradas pelos campistas serão mais curtas.
3. Fiz contas no Twitter para os personagens, quem quiser seguir é só entrar na minha conta (Mad_Hatter_of_W) e acha-los nos meus seguidores ;) Ah, e o grupo no Whats está a todo vapor! Quem quiser entrar mande o número por MP.

Creio que seja só isso...

A música do capítulo é Alessia Cara - Wild Things. Como o título já diz é um especial de Natal e é um capítulo mais para vocês conhecerem melhor os personagens e suas relações.

DEDICO ESSE CAPÍTULO À todas as meninas incríveis do grupo que me ajudaram com a fic seja na minha organização, me cobrando mais ação, me inspirando... Obrigada a Gabi por ter me ajudado na carta para a capsula do tempo! Mah e Gi por ficarem puxando minha orelha e me darem dicas de organização. Ana 1 por me fazer rir com comentários incríveis. Jenni por ouvir meus desabafos e me aconselhar apesar de não estar lendo a fic ahsuahusahs As outras meninas que não participam tão ativamente do grupo: vocês são especiais para mim da mesma forma e agradeço pelos personagens incríveis ♥ Todas vocês fizeram esses anos desde que comecei a fic serem mil vezes melhores que os outros.

MAS CHEGA DE ENROLAÇÃO.

Boa leitura ^.^



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(Dezembro, dois anos antes).

A casa dos Manson provavelmente nunca esteve tão barulhenta. Muito menos quando o imóvel é preenchido por sons tão alegres como as gargalhadas, piadas e vozes adolescentes. Também, uma vez que seus corpos estão cheios de hormônios explodindo era de se esperar que a ideia de ficar sem os pais nas férias seria demais para seus corpos e suas mentes.

Os Bennet não estão acostumados com isso. Eles conviviam com Elizabeth uma garota no canto dela, silenciosa e de poucas palavras, como seus pais, por isso nem parecia ter quatorze anos. No máximo os Bennet ouviam uma risada escandalosa ou uma frase gritada quando a melhor amiga da mais nova dos Manson, Mavis Bittencourt, a visitava. É claro que eles se lembravam da época em que havia dois mais novos Manson correndo e brincando pela construção, mas esse era um assunto tão delicado para a Família que servem que os Bennet evitam até de pensar no caso.

Encontre espaços na mesa, diga suas graças sociais

Faça reverência com sua cabeça, eles são piedosos aqui

Mas você e eu somos pioneiros

Fazemos nossas próprias regras

Nosso próprio ambiente, sem preconceitos aqui

Deixe-os vender o que quiserem

Não há compradores aqui

Por isso, uma casa com doze adolescentes talvez fosse demais para os Bennet e demais empregados. Não que eles estivessem reclamando ou sendo menos eficientes, claro.

Todos eles ficaram surpresos quando Leona Manson convocou Jane Bennet, a governanta, e a informou que naquele ano Elizabeth não viajaria para a Alemanha com os pais para passar as festas com a Família, algo que acontecia desde que a garota nascera. Em vez disso, ela ficaria na Mansão e não apenas isso, mas chamaria onze amigos para passar as férias de inverno com ela.

Teorias do por que os pais da menina permitiram isso corriam pelos corredores repletos de empregados, mas nenhum deles chegou perto do real motivo. Na verdade a própria Effy descobriria o porquê dos pais permitirem aquilo apenas um ano mais tarde. Elizabeth já deveria saber que nada é de graça.

De qualquer forma, convites foram enviados para o Canadá e Estados Unidos e surpreendentemente todos os amigos compareceram. Alguns pais deixaram sem pensar duas vezes, outros precisaram de um telefonema do Primeiro Ministro e sua esposa. Semanas antes da data de chegada dos convidados os empregados corriam pela construção com o intuito de deixarem tudo perfeito.

Fazia exatamente duas semanas que todos haviam chegado e muitos empregados já lamentavam os primeiros dias de janeiro que se aproximavam rapidamente assim como a data de partida de todos. Lamentavam o momento em que a casa ficaria silenciosa e vazia como sempre uma vez que haviam conhecido seu potencial quando cheia da energia adolescente.

Então junte todos os rebeldes agora

Seremos rebeldes animados e cantando alto

Não nos importamos com o que dizem

De jeito nenhum, de jeito nenhum

E deixaremos as cadeiras vazias

Para aqueles que dizem que não podemos sentar lá

Estamos bem sozinhos

— Sua mãe não ficou triste de passar o Natal sozinha, Mavis? – Elijah perguntou em cima de uma escada apoiada a parede, pendurando festões vermelhos ao redor dos arcos de acesso a sala de estar e demais cômodos da casa.

Mavis nasceu na Inglaterra e se mudou com a mãe para Ottawa aos oito anos. O pai dela era tenente-coronel da Guarda Nacional de Lincoln e morreu em combate no Afeganistão. O inicio foi difícil: um novo país, uma nova casa, nova escola e a recente morte do pai fizeram com que May se tornasse uma garota tímida. O estranho nessa história não é a personalidade da ruiva, mas o fato de que foi Elizabeth a se aproximar da novata com o intuito de fazer amizade.

Atualmente Mavis é uma menina extrovertida e animada que faz todos ao seu redor se sentirem bem. Sua mãe, Margot Bittencourt, é uma advogada renomada que trabalha para o governo e passou a dedicar-se inteiramente ao trabalho e a filha após a morte do marido. Ela e Mavis apoiaram-se uma a outra para passar pelo difícil processo de perda o que fez com que o relacionamento das duas se fortalecesse. São melhores amigas e contam absolutamente tudo uma para a outra. Margot é uma versão mais velha da filha, pois é engraçada e extrovertida da mesma forma o que faz com que Effy sinta-se mais próxima dela do que da própria mãe.

— Não, ela foi para Manchester passar o Natal com a família – Mavis respondeu sentada ao lado da enorme árvore. Ela estava de frente para uma caixa de papelão cheia de enfeites tentando desenrolar a quinze minutos um pisca-pisca. – Usou a desculpa de que estou estudando para os testes finais e por isso não deixei Ottawa para ir com ela.

— Que coisa feia Bittencourt, fazendo a mãe mentir – Elijah falou descendo da escada e apreciando seu trabalho. – Não é muito cedo para os testes finais não? As aulas começaram tem três meses.

— Em primeiro lugar, foi ela quem deu a ideia – Mavis falou olhando as costas do amigo e só voltou a falar, com as mãos na cintura, quando o mesmo se virou para ela. – E nunca é tarde para estudar para os testes finais Campbell.

A expressão séria de Mavis logo foi ao chão quando Elijah começou a rir soltando frases como ‘’me engana que eu gosto’’. O riso apenas aumentou quando a garota disse que se não tivesse a festa da Effy iria realmente estudar para os testes finais se isso a livrasse de ir visitar a família.

— Mavis? – Olivia chamou com apenas a cabeça aparecendo pela lateral do arco que Elijah havia enfeitado o resto do corpo no corredor atrás da parede. – A senhora Bennet está te chamando na cozinha.

— Ai meu Deus! – a ruiva exclamou jogando o enfeite dentro da caixa e se levantando num salto. – Minha sobremesa deve estar no ponto!

— Bittencourt, eu ainda preciso do pisca-pisca! – Matthew gritou de trás da árvore, mas a garota não interrompeu a corrida em direção à cozinha.

— Deixa que eu termino isso – Carl murmurou desviando o olhar da janela e se levantando do parapeito da mesma. Ele estivera sentado ali em silêncio olhando a rua da propriedade dos Manson desde que a casa começara a encher demais para o seu gosto.

Carl Gonzales sentou-se no lugar antes ocupado por Mavis e pegou o enfeite da caixa, olhando atentamente e virando-o na mão. Então com um puxão no lugar certo desenrolou o pisca-pisca em um minuto fazendo com que Matthew, que havia se aproximado, exclamasse surpreso.

— Uau! Você não quer me ajudar com os outros enfeites?

Carl sorriu tímido e deu de ombros, dando o enfeite para Matt e pegando um festão dourado na caixa de papelão. Carl Gonzales tem doze anos e é meio tímido demais para a idade e não gosta de falar com estranhos. É claro que com exceção dos amigos de Effy que moram em Ottawa e os empregados ninguém ali é desconhecido para ele uma vez que entrou no Acampamento no verão passado. Porém, o fato de o número de estranhos ser maior do que o de conhecidos faz com que o mais novo dos Gonzales ali presentes interaja pouco. É claro que nem seu irmão nem a dona da casa estarem com ele o deixa levemente nervoso e na defensiva com qualquer tipo de aproximação.

Isso o lembrava estranhamente o Natal passado em que Effy foi pela primeira vez a sua casa. Thalia Campbell, sua mãe, estava surtando com a ideia. Carl sempre a achou grudenta demais porque quando mais novo a mãe sempre esteve muito em cima dele e o garoto achava que era devido ao fato de ser pequeno, mas quando a Beth, a irmã mais nova do segundo casamento da mãe, nasceu e o cuidado não diminuiu Carl começou a se irritar com a preocupação exagerada principalmente quando Lucian começou a seguir os passos da mãe.

Enfim, era a primeira semana das férias de inverno e Thalia estava nervosa com o fato de que Elizabeth Manson, filha do Primeiro Ministro do Canadá e uma completa desconhecida, estava indo conhecer sua família e sua casa. Devido à garota de na época treze anos ser filha de alguém influente Thalia estava preocupada com a segurança dela. Teriam seguranças na sua casa vinte e quatro horas por dia? Se ela se queimasse com o café muito quente ou se cortasse o dedo com papel ela seria presa e sua família processada? Ela com certeza têm um padrão de vida muito alto, será que ficar no antigo quarto do seu filho mais velho, Gomes, seria muito pouco para ela e Effy diria com classe que preferia ficar num hotel? Essa era algumas das preocupações da mulher de 44 anos que se mostraram desnecessárias quando Effy enfim chegou a Miami.

Para surpresa geral dos Gonzales e dos Campbell nenhum segurança acompanhava a filha do Primeiro Ministro. Ela disse que havia dois homens na cidade caso ela precisasse de algo, mas que não haveria ninguém circulando ao redor da casa, nem seguranças nem paparazzi. Effy não se machucou nenhuma vez, mas garantiu que se algo acontecesse com ela nem Thalia nem ninguém da família seria responsabilizado. E ela adorou o fato de ficar no quarto de um estudante de Medicina de 24 anos que chegaria nos últimos dias da sua estadia obrigando Lucian e Gomes a dividirem o quarto, o que causou muitas risadas em plena madrugada em Effy que os ouvia brigar como irmãos fazem.

Carl ainda se impressionava por Effy não ter rido ou respondido com deboche as preocupações de sua mãe. E com ela ter tentado se aproximar dele em vez de ficar apenas na companhia dos seus muitos mais agradáveis irmãos mais velhos. Ele se lembrava com perfeição que passara três dias inteiros no quarto, saindo apenas para comer, quando no quarto dia pela manhã ele acordou e seguiu normalmente com sua rotina sem nada de diferente até que olhara para o criado mudo depois de tirar o pijama e avistara uma pilha de livros amarrados com um laço vermelho em cima. Livros que não eram dele.

Muito intrigado ele passou a cabeça pela camiseta antes de caminhar para o criado mudo e pegar o envelope ao lado da pilha. O papel era de um branco marfim e a textura gostosa ao toque o que logo deixou na cara que aquele papel era caro e que provavelmente sua família inteira havia se juntado para lhe comprar aquilo. Carl estranhou porque Thalia impedia os filhos de abrir os presentes antes da meia noite antes do dia 25, mas ali estava ela quebrando aquela tradição a lhe dar dez livros de capa dura.

Foi só quando ele abriu o envelope e pegou a carta, arregalando os olhos e prendendo a respiração, que a ficha caiu. Numa caligrafia pequena e arredondada Elizabeth Naomi Manson escreveu:

Olá Carl,

Sinto muito se minha presença o incomoda de alguma forma e se estou estragando suas férias. Vendo seu constrangimento, decidi lhe compensar de algum modo. Espero que me perdoe, mas entrei no seu quarto ontem pela manhã, num dos raros momentos em que você não estava nele, e reparei na quantidade de livros que possui. Com base nisso, Lucian me levou ontem à tarde a algumas livrarias no centro e eu comprei alguns livros para você como presente de desculpas e Natal adiantado.

Espero que isso faça seus dias trancado dentro do quarto melhores.

Felicidades,

Effy.

O que mais surpreendeu Carl não foi a garota ter entrado no seu quarto sem sua permissão ou ter perdido sua tarde procurando algo que ele gostasse, mas ela ter entrado no seu quarto durante a noite sem ele perceber e deixar uma quantidade grande e pesada de livros em seu quarto sem fazer o menor barulho enquanto ele dormia. Carl corou violentamente com essa ideia e releu a carta, surpreso com a formalidade de uma garota de 13 anos.

— Garotas são estranhas – murmurou antes de terminar de se vestir e descer para o desjejum.

Foi muito corado e extremamente nervoso que Carl agradeceu Effy quando a mesma percorria o caminho do jardim que leva ao portão de pedestres seguindo Lucian e Gomes. A garota sorriu carinhosamente e disse que estava feliz de saber que Carl não a achava um incomodo, mas que era apenas tímido e o chamou para ir ao parque de diversão com eles.

Mal ele sabia que Effy o chamou não apenas para conhecê-lo melhor, mas porque quanto mais pessoas no passeio menos tempo ela teria que passar sozinha com Lucian e menos constrangedoras as coisas ficariam.

Carl se lembrou das férias passadas com um sorriso mínimo nos lábios enquanto ajudava Matthew a arrumar a enorme árvore de Natal. Ele vira os jardineiros chegando à tarde anterior com a caminhonete depois de terem ido a uma floresta de pinheiros derrubarem aquela que estava servindo como centro das atenções da sala de estar dos Manson e plantarem outra no lugar.

Matthew começou a passar o segundo pisca-pisca pelo enorme pinheiro subindo e descendo da escada de alumínio com a ajuda de Carl e Alfred, um dos muitos mordomos da casa. Matt sempre teve uma vida normal com sua família no interior do Kansas, por isso aquelas férias estavam sendo uma surpresa agradável para o garoto moreno de 16 anos.

As coisas no mercado dos pais estavam finalmente melhorando depois de quase cinco anos com lucros baixos. Sua irmã mais velha, Telma Morningstar, estava há sete anos sem voltar para as drogas o que apenas fazia a depressão da mãe deles, Thallia Laffayete, demonstrar cada vez menos força apesar da idade avançada trazer consigo alguns problemas de saúde.

Os pais de Matthew a principio não haviam gostado da ideia do filho mais novo passar o Natal longe da família, mas quando Telma, de agora quase vinte e cinco anos, ligou dizendo que passaria com a família do namorado os pais não puderam impedir do mais novo ir se divertir com os amigos mesmo quando o mesmo hesitou em deixar os pais sozinhos. Ele só havia entrado no avião com destino a Ottawa quando seus progenitores prometeram ir à festa da vizinhança.

— Sabe me dizer por que Jason e Zippy estão pendurando visgos em cima de todas as portas e arcos, Carl? – Matt perguntou enquanto começava a pendurar as bolinhas coloridas pelos galhos das árvores cheios de pisca-piscas desligados e festões.

Carl deu de ombros enquanto escolhia entre as bolinhas foscas, brilhantes ou com glitter azuis, douradas ou brancas.

— Você sabe da tradição dos visgos, certo? Que tem que beijar a pessoa que passar debaixo dele com você? – Carl olhou pelo canto de olho Matthew quando ele assentiu. – Então, Jason eu entendo porque está pendurando eles com garotas na casa e suponho que Zippy seja sua versão morena e canadense.

Ambos olharam para os garotos que riam e penduravam os visgos em qualquer coisa que ficasse parada tempo bastante para isso enquanto Alfred, que havia ouvido a conversa, estendia um festão para Elijah que estava em cima da escada ao lado de outro arco. O mordomo franziu os lábios pensando que provavelmente a senhorita Manson não gostaria muito da ideia.  

— Tem alguém em mente? – Zippy perguntou enquanto entregava outro visgo para Jason que havia subido numa escada perto de um dos únicos arcos já enfeitados.

Jason não estava no seu melhor humor. Ele adora festas, principalmente aquelas que têm mulheres e bebidas, mas detesta clima frio de modo que passar o Natal em Ottawa não estava se mostrando uma ideia muito boa para ele. O texano estava acostumado com o clima quente e seco de sua casa mesmo em pleno inverno e não com a neve insistente que caia do lado de fora. Mesmo com a lareira e com todos os aquecedores da casa ligados Jason sentia-se esquisito sempre que olhava por alguma janela o lado de fora. Ele deveria ter suspeitado que faria bastante frio quando Mavis ligou para ele dias antes da viagem para o Canadá dizendo, entre outras coisas, que o aquecedor de chão da cozinha da Effy estava esquisito e ela não conseguia fazer suas receitas sem sapatos nos pés.

Estar dormindo fora da sua cama também não estava ajudando. O loiro sempre fica com insônia quando tem que dormir em algum lugar que não seja seu quarto em Austin e por mais confortável que o quarto de hospedes em que está seja, Jason não estava tendo muita sorte em se desligar por algumas horas.

Devido a isso Zippy estava aproveitando o estranho estado de espirito agradável de Jason Blood para ver se as histórias que Effy sobre o rapaz são verdadeiras. Algumas coisas claramente eram: Jason é bastante alto com seus dois metros de altura, tem corpo musculoso, cabelos loiros rapados dos lados, olhos azuis claros penetrantes, barba que enquadra um sorriso permanentemente cafajeste e uma voz rouca, mãos grandes e a cabeça sempre erguida com uma expressão decidida. Mas Zippy não concordou que Jason é bonito e que sua personalidade cafajeste e levemente machista estrague isso. Para ele Blood nem é bonito nem machista, mas quem era ele para ter certeza disso?

— Eu prefiro ruivas, mulheres de personalidade forte e inteligentes, mas isso não significa que não vou beijar uma morena – Jason disse dando um sorriso cafajeste. – E você?

Zippy coçou a nuca com uma mão olhando para os lados, arrependido de sua pergunta, enquanto Jason descia da escada e a fechava com um sorriso safado. O loiro já sabia o que o canadense ia dizer, mas queria ouvi-lo. Seria mais divertido. Jay abriu a escada de baixo da porta de entrada e subiu enquanto esperava uma resposta.

— Hã não, na verdade não tenho ninguém em mente – Zippy falou. – Sei lá, não sou alguém muito seletivo com essas coisas, acho.

— Isso quer dizer que posso ficar com a Olivia à vontade? – Jason perguntou para provocar.

Um silêncio estendeu-se enquanto Jason pregava um prego sobre a porta principal e pendurava o visgo, se afastando para ver o resultado. Ele não havia reparado muitos nos amigos canadenses de Mavis e Effy, mas quando Elijah disse que havia algo entre Zippy e Olivia ele não pode deixar de notar que meu amigo estava certo em suas observações.

Zippy Kharral é um garoto de 14 anos de pele morena assim como as sobrancelhas grossas e o cabelo encaracolado num topete grande que quase sempre está sob o capuz do moletom ou de algum gorro. O bigode para fazer nem se compara com a barba de Jason dois anos mais velho, mas tem seu charme. Zippy é alto e magricela, mas graças às camadas de roupa esse fato não fica muito evidente. Lucian costuma dizer que o garoto é uma cebola porque sempre está tirando camadas de blusas, mas Zippy não parece se importar.

Nascido do outro lado da fronteira e tendo vindo para o Canadá com a ajuda da Família da Effy, Zippy não é muito acostumado com o frio, apesar de morar no país desde seus onze anos. Seus pais no começo não ficaram felizes com a ideia de um dos filhos passar as festas de dezembro fora de casa, mas quando souberem o local do evento não se opuseram uma vez que devem muito aos Manson.

— Olivia é uma garota bonita, mas não é ruiva então não sei se é o seu tipo – Zippy falou subindo dessa vez na escada para pendurar um visgo sobre outro arco enfeitado por Elijah que agora contava com a ajuda de Robert, que havia sido expulso por Mavis da cozinha.

Jason deu de ombros e falou apenas para provocar:

— Mas eu disse que meu gosto não me impediria de beijar uma morena e como você disse, Olivia é bonita.

Talvez isso fosse verdade, mas Jason jamais beijaria a garota. Olivia Martini possui rosto redondo e bochechas salientes que se destacam quando a mesma sorri com sua boca pequena e rosada. O cabelo castanho comprido está sempre preso numa trança ou rabo de cavalo. Os olhos castanhos da mesma cor do cabelo estão sempre com um olhar meigo. O nariz pequeno completa e expressão delicada que a garota carrega. A altura baixa fazem com que Olivia pareça muito delicada e os olhos e cabelos da mesma cor a deixam com o ar muito comum para Jason.

Zippy suspirou derrotado.

— Cero, você venceu Blood. Olivia é zona proibida para o seu bico. Satisfeito?

Jason deu um sorriso cafajeste quando Chantel apareceu sendo seguido por Alessia, ambos carregando algumas caixas. Alessia colocou o que carregava no chão antes de caminhar para o rádio da sala de estar e liga-lo fazendo que uma música ambiente soasse nos altos falantes espalhados pelo salão. A garota franziu o nariz para a música clássica e colocou um CD escolhido da estante dos Manson, fazendo que uma batida animada atraísse a atenção de todos.

— Não deveria estar tocando músicas natalinas? – Robert perguntou sorrindo e ajudando Elijah com o último arco.

Alessia mostrou a língua para o garoto, virando as costas para o mesmo e ajudando Chantel com os vários Papais Noel, bonecos de neve e renas de porcelana que deveriam ser colocados nas estantes e móveis de casa.

Aos poucos a enorme Mansão dos Manson estava ficando enfeitada para a festa. Todos se lembravam da primeira impressão que tiveram da casa do Primeiro Ministro.

O carro percorria a estrada cercada de árvores, o relevo dando a sensação de que percorriam um pequeno morro. Foi por entre os galhos das árvores próximas demais que tiveram o primeiro vislumbre da construção, algo tão rápido que não permitia que eles tivessem a certeza de que viram direito. Parecia um flash rápido demais de uma pintura renascentista, algo que só podia ter sido imaginado.

Mas depois do primeiro vislumbre da construção todos começaram a procurar por entre as árvores a pintura renascentista magnifica por um longo tempo, não enxergando nada além do verde da floresta. Quando estavam prestes a desistir, as árvores muito sutilmente começaram a se espaçar aumentando a curiosidade até seu ápice, só para então mostrar apenas uma parte da construção, mas desta vez mais visível. Uma torre. Depois, por entre as árvores eles viram duas torres. Segundos depois uma ala inteira e mais torres pequenas e grandes. E então, numa curva, as árvores tomaram completamente conta da vista para sumirem no segundo seguinte antes que a frustração se tornasse muito grande, permitindo que os olhos dos visitantes enxergassem completamente a mansão numa visão que não parecia ser real.

O carro percorreu por entre um jardim francês extremamente bem cuidado com seus labirintos, estatuas e fontes em perfeito estado combinando perfeitamente com a fachada da Mansão. A construção é simétrica, grande, alta, sólida, antiga e sem duvidas cara. Muito cara. O relevo, o qual percorria o fundo da paisagem, com seus morros, florestas e jardim inglês fazia com que a paisagem tirasse o folego e que os visitantes questionassem se ali era a morada do rei da Inglaterra em vez do Primeiro Ministro canadense.

Quanto mais próximo o carro estava da construção menor o visitante se sentia em relação à magnitude da construção. Quando entraram no pátio principal com guardar fardados todos se sentiam minúsculos e insignificantes comparados à escala da propriedade. O carro deu a volta num enorme espelho d´água enfeitado por flores e plantas aquáticas muito bem cuidadas. O veiculo finalmente parou ao pé de uma das várias grandiosas escadarias que atravessavam todos os níveis até a entrada principal. O mordomo vestido elegantemente num terno abriu a porta e falou:

— Sejam bem vindos à morada do Primeiro Ministro, localizada na Colina Soberana. A Família prefere o nome Colina Sol da Meia-noite por motivos pessoais. A Mansão é conhecida atualmente como Manson, por isso quando forem se referir a este local, por favor, usem os nomes adequados e do agrado da Família. Acompanhem-me.

É inevitável não prestar atenção até mesmo nos mínimos detalhes, seja no cascalho no chão do pátio, nas inúmeras varandas até a enorme e pesada porta principal com vários desenhos e símbolos entalhados na madeira escura e encerada, o vestíbulo gigantesco que antecede o hall, ambos com o pé direito alto e o teto com pinturas feitas a mão num estilo renascentista, as estátuas espalhadas pelos cômodos até a cerâmica do piso que parecia valioso demais para estar sendo pisado enquanto percorriam os corredores observando as obras de arte enquadradas por molduras de ouro. Ao entrarem no salão ainda mais gigantesco, com um teto ainda mais alto e bem decorado, algo que os visitantes achavam ser impossível, com uma escadaria cercada de corrimões de ouro que mais parecia levar ao céu do que aos andares superiores e o gigantesco lustre de diamante que parecia ter sido feito por deuses o choque com tanto esplendor refletia no rosto de todos. A casa parecia se abrir para as alas e demais cômodos a partir daquele espaço, como se aquele salão fosse o centro de tudo. Os mordomos e empregadas vestindo preto passavam rapidamente por ali enquanto os guardas fardados permaneciam em seus postos. Homens usando uniformes pretos com detalhes nas mangas, botões e golas em dourado estavam parados ao lado de todas as portas como se estivessem ali apenas para abri-las. Não eram muitas pessoas, mas todas pareciam estar concentradas em uma tarefa muito importante. Todos se sentiram deslocados, embora não quisessem. Era inevitável se sentir mal vestido ou desprezível demais para estar ali, observando todo aquele luxo. O mordomo que havia os levado até ali encarregou um empregado para cada um que deveriam leva-los aos seus respectivos quartos sendo a hora do chá, ali uma hora, o momento que conversariam com o Primeiro Ministro e sua esposa. Durante o trajeto até os quartos de hospedes os empregados apontavam salas e diziam suas funções, datando algumas obras de arte a apontando locais proibidos. A casa era basicamente dividia em três alas. A ala um é para convívio social e de acesso à maioria dos cômodos. Possui salões com diferentes funções, um acervo de livros na biblioteca tão imenso que não parecia real, alguns escritórios, entradas e saídas para o terreno e jardins de inverno. A segunda ala é para os hospedes sendo uma ala independente com uma lista imensa de quartos, lavatórios, salas de entretenimento e milhares de outras coisas. A terceira e ultima ala é parecida com a segunda apenas uma diferença: possui acesso restrito. É a ala da Família, dedicada apenas a pessoas que possuem o sangue Manson-Schneider correndo nas veias e convidados íntimos o bastante que podem adentra-la, assim como os empregados, é claro. A ala tem quartos, escritórios, salões com diversas funções, versões entendidas da biblioteca principal e mais uma lista de cômodos tão exclusivos que nem todos os empregados sabiam ao certo. A Mansão na verdade é um Palácio. Um Palácio moderno e grande demais para apenas três pessoas e seus empregados. E é justamente por isso que Elizabeth odeia a casa. Todo o luxo, todo o esplendor, espaço, regras, obras de arte, empregados... Tudo aquilo para três pessoas vazias e frias. Ela poderia abrigar o Acampamento inteiro ali que sobraria espaço para mais Ottawa inteira. Espaço suficiente para ela se esconder por anos se assim desejasse. Era tão injusto que ela morasse ali e vivesse com todo aquele luxo quando pessoas tinham que vestir as roupas dos irmãos mais velhos e dividir a comida para não morrerem de fome. Ela odiava a primeira vez que um amigo ia visita-la. Ficava evidente o choque, encantamento e surpresa no rosto de todos assim como o sentimento de inferioridade, de se sentir uma ameba ao lado dela e de sua Família. De acharem que de alguma forma ela, Elizabeth Naomi Manson, uma pessoa com um passado tão ruim que nem deveria ser chamada de humana era superior a eles de alguma forma.- Pelo amor do Leão, me diga que você não vai me abandonar quando sua estadia aqui chegar ao fim – Effy sussurrou como se estivesse com vergonha ou talvez porque haviam muitos ouvidos atentos. Lucian riu de forma nasalada enquanto de dentro da casa era possível ouvir uma música animada tocando alto e seus amigos cantando a plenos pulmões. - Como assim vocês começaram a festa sem mim, bando de traidores?! – Mavis berrou de algum lugar fazendo os outros rirem.

Então, sim

Trouxemos nossa bateria e é assim que dançamos

Sem erro, fazemos nossos próprios movimentos

Se você não gosta do nosso som então

Nos deixe sós, pois não precisamos de suas políticas

Não pedimos desculpas por existirmos

 

 - Confesso que quando o carro parou no pátio principal eu pensei em dizer ao motorista que havia esquecido algo no aeroporto, minha dignidade talvez – Lucian respondeu fazendo Effy rir. – Mas desisti da ideia quando pensei em como você ficaria se eu não viesse, afinal de contas sou seu melhor amigo e a festa não seria a mesma sem mim... Falando sério agora, eu desci do carro e subi aquela enorme escadaria porque pensei que independentemente do tamanho da sua casa você continua sendo a Nah, minha melhor amiga que eu amo, portanto merecia que eu enfrentasse meus medos e entrasse. É claro que eu não esperava que seus pais ainda estivessem aqui.

Effy riu e Lucian a acompanhou. Ambos estavam do lado de fora, enfrentando o frio e aproveitando que a neve havia parado de cair para pendurar pisca-piscas e enfeites de porta do lado de fora da Mansão. A água que jorrava das fontes havia congelado com o frio assim como as gotas que escorriam pelas plantas transformando tudo em enfeites de gelo naturais que pareciam deixar a propriedade ainda mais mágica.

— Não pensou que eles poderiam estar aqui? – Effy perguntou subindo nos ombros de Lucian que havia se agachado uma vez que com a neve se tentassem subir numa escada está apenas afundaria e muito provavelmente cairia.

— Você tinha falado que eles iam sair às 16 horas! – ele exclamou indignado enquanto segurava ambas as mãos da garota e levantava devagar.

— De Ottawa! Não é culpa minha se por algum motivo esquisito seu celular está no fuso horário de Chicago – Effy se defendeu enquanto pendurava o pisca-pisca nos pregos pregados anteriormente pelos empregados.

— Eu fui visitar o Gomes antes de vir para cá. Ele vai passar o Natal em casa por isso não íamos nos ver esse ano. Achei que seria melhor visita-lo por mais insuportável que ele seja – Lucian deu de ombros fazendo Effy soltar um gritinho fino.

— Isso Cicatriz, dê de ombros enquanto eu estou sentada neles! – ela exclamou dando um tapa na sua cabeça. – Gênio. E Gomes não é insuportável.

— Só se for com você.

O último pisca-pisca finalmente foi colocado, ambos estavam há horas pendurando-os de modo que seus dentes batiam de frio e nenhum deles sentia os dedos dos pés ou das mãos. Lucian agachou-se para que Effy descesse de cima dos seus ombros e ambos encararam satisfeitos seus trabalhos.

— Vamos entrar de uma vez, meus lábios estão roxos – Effy falou andando para a escadaria com Lucian logo atrás.

O garoto até pensou em fazer um comentário sobre isso, mas mudou de ideia quando se lembrou do incidente do Natal passado. Antes de abrirem a porta principal eles observaram o enorme enfeite de porta que os empregados haviam pendurado enquanto eles circulavam a construção pendurando pisca-piscas. Ramos verdes cruzados formavam o circulo e um laço grande vermelho e dourado estava no topo. Bolinhas coloridas vermelhas, brancas e verdes circulavam o enfeite e os dois sininhos dourados pendurados na parte inferior tocaram quando Effy abriu a porta e Lucian a fechou, chamando a atenção das pessoas da sala de estar que pausaram a música e correram em direção ao vestíbulo onde, satisfeitos com o calor, mas ainda com frio Lucian e Effy tiravam suas botas de neve e calçavam as pantufas quentes.

— Ah, são vocês! – Alessia exclamou.

— Socorro Elijah, pegue a câmera! – Mavis berrou mexendo as mãos animadas e dando pulinhos no lugar. – Esse momento é nosso, o shipp vai acontecer!

 - Oi? – Effy perguntou confusa tirando o pesado casaco assim como o gorro e o cachecol, entregando-os ao mordomo parado ao seu lado.

Jason revirou os olhos enquanto Olivia ria junto com Alessia.

— Vocês acabaram de passar em baixo de um visgo pombinhos – Zippy falou sorrindo e Elizabeth achou naquele momento que Jason não estava sendo uma boa influência para seu amigo. – Conhecem a tradição.

— Espera! – Elijah berrou enquanto corria pelo corredor. – Pronto, cheguei. Deixa-me ligar a câmera... Pronto!

— Eles podem beijar? – Matthew perguntou com as mãos nos bolsos da calça jeans, sorrindo de lado.

— Já estão demorando, na verdade – Robert falou dando um tapa nas costas de Lucian. – Atitude homem!

Antes que mais um comentário fosse proferido, Effy revirou os olhos enquanto o mordomo se afastava com suas roupas. Ela colocou as mãos na cintura e olhou seus amigos um por um.

Zippy milagrosamente não estava com nada escondendo seu cabelo e sorria para ela. O moletom cinza claro com bolso em estilo canguru estava ocupado pelas mãos do garoto. A calça preta justa estava por cima da pantufa da mesma cor que do ponto de vista da Effy não esquentava os pés.

Jason ao seu lado piscou um olho e aumentou seu sorriso cafajeste. A camisa azul escura estava por baixo da jaqueta de couro preta e a calça jeans surrada azul não parecia nem esquentar nem ser muito confortável para Elizabeth, mas aquilo não era problema seu. O loiro Líder dos Lobos se recusava a usar uma pantufa de modo que era o único do grupo usando um coturno preto.

Mavis estava parada um pouco mais a frente dos outros dois sorrindo abertamente e ainda dando pulinhos animados. A ruiva de 1,70 de altura e olhos verdes usava uma blusa de lã da mesma cor dos seus olhos com duas renas tricotadas de modo que seus chifres formassem um coração. Ela usava uma calça de moletom larga vermelha e pantufas marrons de rostos de renas nos pés, presente de Effy que havia pegado a garota no amigo secreto e achara aquele um presente divertido assim como a tiara com enfeite de chifres de rena dourados que Mavis também usava. Ela parou de pular e lançou um olhar sério para a melhor amiga antes de dizer:

— Vamos logo com isso Manson!

— Concordo – Elijah que estava parado ao lado da melhor amiga disse.

O garoto de 14 anos poucos centímetros mais alto que May segurava a câmera na frente do rosto o que fazia seus olhos cor de mel ficarem escondidos. O cabelo castanho médio cheio estava por baixo de uma touca de lã cinza quase roxa. A pulseira no pulso direito estava visível por debaixo da blusa de caxemira azul escuro assim como o colar no pescoço. Pontos brancos bordados na blusa lembravam flocos de neve o que deixava o rosto do Papai Noel que ocupava o centro da roupa de baixo de uma nevasca. A calça de moletom cinza escuro estava por fora da pantufa de ovelha branca.

— Algo me diz que não vai ser hoje o beijo tão esperado de Leffy – Matthew falou apoiado na pilastra que divide o vestíbulo do hall.

Com o seu 1,90 de altura Matt conseguia ver a cena sem problemas mesmo estando um pouco mais afastado. Seus braços estavam cruzados sobre o peito e seu corpo atlético estava demonstrando casualidade. Os olhos verdes sorriam para Effy e o cabelo castanho um pouco acima dos ombros estava bem penteado mesmo quando ele coçou a cabeça tirando a touca preta. A camisa xadrez vermelha estava por fora da calça jeans cinza e enquanto a garota o observava Matt passou a touca pelo passador do cinto, voltando à posição anterior. A pantufa de um urso negro dormindo que ela lhe dera estava nos seus pés. Effy sorriu antes de ter sua atenção desviada para Olivia.

— Vocês já fizeram o nome do shipp? – a garota perguntou.

Olivia, assim como Zippy, Alessia, Robert e Chantel moram em Ottawa e estudam com Effy e Mavis. Como a morena dona da Mansão está sempre viajando ela não é tão próxima deles quanto May, por isso achou que chama-los para a festa de Natal os aproximaria e ficou feliz em constatar que estava certa.

Olivia estava usando uma blusa preta com estampa de flocos de neve sob a blusa com gola V de caxemira rosa claro. A calça branca com desenhos de pinheiros e presentes nas canelas estava por cima da pantufa em forma de bota caramelo.

— Eles se conheceram no verão passada Olli – Alessia falou ao lado da amiga rindo com a situação. – É mais de um ano de relação, você esperava o que?

Alessia parou de rir quando Elizabeth a encarou transformando seus olhos em fendas. Alessia Stone é a melhor amiga da Olivia, ambas se conhecem desde os cinco anos quando fizeram a pré-escola juntas. Ambas são parecidas visualmente sendo a diferença o fato da pele de Alessia ser um pouco mais escura e o cabelo mais curto, um pouco abaixo dos ombros e levemente encaracolado. Mas de personalidade ambas são muito diferentes.

Enquanto Olivia é tímida, meio quieta, adora cozinhar e ver filmes românticos Alessia gosta de conhecer pessoas novas, vive cantando, seu hobby preferido é jogar videogame e ela passa boa parte do tempo trabalhando de cuidadora de cães quando não está concertando o carro com Robert.

Por isso, enquanto Olivia se veste de forma meiga Alessia tem seu cabelo preso num coque alto e bagunçado, uma calça de flanela com estampa militar rasgada em algumas partes, uma camiseta com a Ariel tatuada por baixo do casaco do colegial branco e preto. A pantufa vermelha de duende ficaria fofa em qualquer pessoa menos em Alessia e sua pose rebelde salve o planeta.

— Só para eu saber, vocês shippam há exatamente quanto tempo? – Robert perguntou parado atrás de Elijah vendo o garoto focar a câmera em Effy e em Lucian.

— Bom, eu uma semana depois de que ela o trouxe para o grupo – Elijah falou. – Isso dá um ano e... Cinco meses. Mavis começou depois porque tinha barra tem muito ciúmes da Effy.

— Ei! – May exclamou desviando os olhos de sua melhor amiga pela primeira vez. – Certo isso é verdade, mas não precisa ficar espalhando e me deixando com cara de amiga psicótica. E eu comecei duas semanas depois porque você não parava de falar para mim como eles eram fofos juntos e eu tive que concordar.

Robert riu.

— Eu confesso que comecei naquela foto que eles tiraram na praia ano passado – ele falou. – Ei, isso faz mais de um ano! Não acredito que meu shipp tem um ano e duas semanas e eles ainda não se pegaram.

Effy fuzilou Robert com o olhar o que fez o garoto de 14 anos se calar e recuar um passo antes de pigarrear e rir. Robert Turner tem o cabelo loiro num topete pequeno, olhos azuis escuros. É alto e possui físico forte por jogar futebol americano pelo nosso colégio. Rob é um dos poucos atletas do time que prestam e Manson gostou dele assim que soube que o mesmo não virou as costas a Zippy e Chantel depois de entrar no time e se enturmar com os populares. Ele preferiu os deslocados.

 

Encontre-me onde as coisas loucas estão

(Oh meu Deus, ficaremos bem, não ligue para a gente, sim)

Encontre-me onde as coisas loucas estão

(Oh meu Deus, ficaremos bem, não ligue para a gente, sim)

Encontre-me onde as coisas loucas estão

 

 

Ele estava usando uma calça de moletom marrom escura larga por cima da pantufa xadrez verde. A blusa de lã vermelha com um boneco de neve com chapéu e cachecol o deixava com uma estranha aparência fofa que apenas aumentava com seu olhar que pedia que Effy não brigasse com ele.

A garota morena de olhos claros profundos suspirou fundo antes de olhar pelo canto do olho Lucian parado perto dela extremamente corado sob sua pele morena. Ele estava usando a blusa de lã cinza com o desenho do rosto de um lobo branco tricotado que Effy havia dado a ele e uma calça jeans azul. A pantufa laranja deixava a mostra a meia grossa azul bebê. A garota voltou seu olhar para o rosto de linhas brutas do melhor amigo e percebeu que os olhos castanhos escuros dele lhe encaravam.

— É agora – Mavis falou no que devia ser um sussurro.

Elizabeth engoliu em seco e controlou-se para não corar antes de voltar seu olhar para os amigos e começar a caminhar em direção a sala de estar onde podia avistar Carl parado na soleira da porta.

— O que?! – Zippy exclamou. – Eu não esperei todos esses minutos para isso Manson!

Manson respirou fundo e não diminui seu passo.

— Primeiramente, todos vocês passaram por dois visgos quando saíram da sala de estar e entram no vestíbulo. Três com o hall. Segundo, vocês penduraram sem minha permissão. Terceiro e último ninguém vai se beijar porque minha casa não é bordel.

Ela passou a mão pelos cabelos lisos e castanhos de Carl mesmo sabendo que ele se irritaria com isso. O garoto se afastou do toque da amiga e lhe mostrou a língua enquanto arrumava os fios novamente. O caçula do grupo tem 12 anos e estava vestindo uma camisa branca por baixo do pulôver sem mangas vermelho. A calça preta lhe dava um ar social estragado apenas pelas pantufas cinza nos seus pés. Mesmo sendo dois anos mais novo Carl estava quase ultrapassando Effy no quesito altura.

— Você só pode estar brincando com a minha cara Elizabeth – Mavis falou logo atrás da garota sendo seguida pelo grupo. Ela observou Manson sentar em frente da lareira para se esquentar de forma despreocupada e caminhou até parar na frente dela com as mãos na cintura.

A Líder das Raposas suspirou.

— Alfred, pode me trazer um cappuccino, por favor? – pediu abraçando suas pernas contra o peito e encostado no sofá suas costas. O aquecedor de chão e o tapete grosso impediam que o chão esfriasse seu corpo. – Olha, não vou fazer vocês tirarem os visgos e nem impedi-los de beijar quem quiserem, mas vocês não podem me obrigar a nada. Porém — exclamou vendo May abrir a boca. Suspirou novamente. – Lucian, sente-se ao meu lado, por favor.

Lucian arregalou os olhos assim como os demais, mas fez o que a melhor amiga pediu hesitante. Mavis soltou um gritinho e apertou o braço de Robert com força uma vez que Elijah estava segurando a câmera apontada na direção do casal. Zippy e Jason sentaram-se de forma desleixada no sofá a frente de Lucian e Matt imitou o gesto sentando na poltrona ao lado da lareira com Alessia sentada no braço da mesma. Chantel estava paralisado, com os olhos arregalados e a boca abrindo e fechando enquanto Olivia que estava parada ao seu lado dava um sorriso tímido.

Carl olhou a dona da Mansão de forma estranha, com os olhos em fendas, e algo disse à garota que ele suspeitava de algo enquanto o mesmo sentava no sofá em que ela estava encostada.

Revirando os olhos, Effy virou seu rosto para Lucian e segurou o rosto do mesmo com a mão esquerda o fazendo olhar para frente. Com a mão direita segurou em seu ombro e se inclinou em sua direção beijando-o na bochecha.

— Mason! – Olivia exclamou. – Até uma criança de cinco anos faz isso, você pode fazer melhor.

— Se não está satisfeita Martini, faça melhor – Effy falou olhando sugestivamente para Zippy que se mexeu desconfortável em seu lugar.

Olivia fez um barulho esquisito com a boca antes de bufar e sentar num pufe. Chantel ainda estava paralisado no lugar o que fez Effy rir antes de apoiar sua cabeça no ombro do melhor amigo que passou seus braços ao redor dela, levantando-a facilmente e fazendo-a sentar entre suas pernas, suas costas alinhadas.

— Não acredito que vocês não se beijam e ainda por cima vão ficar de melação na nossa frente – Chantel falou finalmente se mexendo para deitar no tapete.

Chantel Brown tem cabelos compridos castanhos escuros e rastafári. Sua pele é escura assim como os olhos e seu nariz grande se destaca no rosto redondo e pequeno. Seu cabelo estava solto de modo que formavam uma coroa ao redor da sua cabeça. A calça de moletom verde escuro larga estava por dentro da pantufa roxa e por baixo do moletom branco onde um pinguim com cachecol vermelho ocupava o centro, presente de Zippy.

— Eles, infelizmente, não estão fazendo nada demais – Mavis falou olhando o casal mal humorada, pegando a câmera da mão de Elijah e caminhando para um dos arcos o que fez Jason levantar e correr atrás dela.

— Olha que coisa Bittencour – o loiro falou. – Acabamos de passar por baixo de um visgo.

Mavis riu antes de puxar o garoto pela mão e desaparecerem.

— Por que ninguém vai tirar foto deles? – Matt perguntou.

— Porque ninguém quer ver cenas impróprias para menores de 18 anos – Zippy falou soltando o cabelo de Olivia que havia sentado no chão a sua frente, de costas para ele.

— O que está fazendo Kharral? – Olli perguntou desconfiada.

— Vou fazer uma trança – ele respondeu puxando a garota para que ela sentasse entre suas pernas.

— Se você fizer um nó no meu cabelo eu te mato.

Zippy revirou os olhos.

— Eu tenho duas irmãs mais novas Olli, sei fazer tranças.

— Ótimo.

Eu perco meu equilíbrio nessas cascas de ovos

Você me diz para esmagar, eu prefiro ser uma rebelde

Não quero andar com a galera popular

Os jovens descolados não são descolados para mim

Eles não são mais legais que nós

Matthew riu piscando o olho para Effy antes de desafiar Elijah para uma partida de xadrez. Carl pediu para que alguém fosse buscar o livro que estava lendo no seu quarto e logo uma empregada foi atender seu pedido. Elizabeth stranhou o fato, pois Carl até aquele momento havia se negado a pedir algo que pudesse fazer aos empregados mesmo estando mais de uma semana ali, mas ela não se importou a ponto de comentar algo.

Alessia Gray levantou e soltou a música no rádio puxando Rob pela mão para que ele dançasse com ela e logo todos no salão estavam cantando a música, alguns mais animados que os outros. Effy riu vendo ambos fazerem danças esquisitas e a situação apenas piorou quando Chantel se juntou a dupla honrando seu posto de palhaço da turma.

Então, sim

Trouxemos nossa bateria e é assim que dançamos

Sem erro, fazemos nossos próprios movimentos

Se você não gosta do nosso som então

Nos deixe sós, pois não precisamos de suas políticas

Não pedimos desculpas por existirmos

Jane Bennet, a governanta, apareceu na sala minutos depois para informar Effy, de modo discreto, que o chá da tarde seria servido dali a pouco e perguntou se deveria tirar James e Mavis da piscina. Surpresa por eles estarem dentro da água mesmo com a piscina sendo térmica, a menina ponderou sobre o assunto por um tempo.

— Apenas se eles estiverem fazendo algo inadequado – falou. – Como acho que isso não vai acontecer, pode deixa-los.

Jane assentiu antes de sair.

— Acha mesmo que eles não vão fazer nada inadequado? – Lucian perguntou rindo baixo. – São James e Mavis.

— Gosto de viver na ignorância Cicatriz, me deixe – ela respondeu rindo também.

Ficaram em silêncio novamente. Matt havia ganhado de Elijah e agora o Líder das Corujas queria revanche. Carl pausou sua leitura e se aproximou da dupla para ver o jogo melhor o que deixou os mais velhos nervosos uma vez que ele havia ganhado o campeonato de xadrez na temporada passada.

Os olhos de Effy se desviaram para a lareira e logo ela estava encarando as chamas dançantes do fogo. Lucian apertou a amiga mais contra seu peito e ela apoiou a cabeça na curva do seu pescoço, relaxando. Nenhum deles ficou surpreso quando Elijah começou a tirar fotos, mas o encararam mesmo assim, Effy com uma sobrancelha erguida e Lucian sorrindo.

— Mavis me mata se vocês fizerem algo e eu não tiver fotos disso – Eli falou em sua defesa.

Lucian riu fazendo a garota tremer por estar encostada nele.

— Não faremos nada Eli, relaxe – ele falou.

Elijah deu de ombros.

— Caso eu perca de novo tenho a desculpa que estava prestando atenção em vocês – disse.

— Opa, não tem mais – Matt falou rindo e sendo acompanhado por Olivia e Zippy que de fato mostrou saber fazer uma trança.

Olivia segurou a ponta do seu cabelo quando Zippy pousou o mesmo sobre seu ombro e admirou o trabalho do amigo. O garoto havia feito uma trança embutida o que fez Olli olhar Effy surpresa. Ela por sua vez arregalou os olhos e deu de ombros mostrando que não sabia daquele talento, mas não estava ao todo surpresa.

— Satisfeita? – Zippy perguntou observando Olivia levantar.

A morena sorriu de forma tímida antes de murmurar um ‘’obrigada’’ e beijar rapidamente a bochecha dele.

— Não acredito que você não fotografou isso Campbell – Lucian falou fazendo Olivia corar e caminhar rapidamente em direção de Chantel, Alessia e Robert para dançar.

Effy deu uma cotovelada nas costelas do melhor amigo quando Zippy colocou a mão no local que Olivia havia beijado com um olhar bobo fazendo rir Lucian, Matt, Eli e Carl rirem.

— Antes não tirar deles do que não tirar de vocês – Elijah respondeu de forma vaga pensando em sua jogada.

Encontre-me onde as coisas loucas estão

(Oh meu Deus, ficaremos bem, não ligue para a gente, sim)

Encontre-me onde as coisas loucas estão

(Oh meu Deus, ficaremos bem, não ligue para a gente, sim)

 

Effy soltou-se do abraço de Lucian para tirar seu moletom peludo preto deixando a blusa preta com as mangas e gola verde cheia de estampa de pinheiros de natal, bonecos de neve e gengibre, Papais Noel e outras coisas de natal a mostra. Em seguida soltou o cabelo que estava preso num coque de modo que ele caísse em cascatas pelas suas costas. A meia calça preta grossa por baixo do short vermelho estava finalmente esquentando as pernas finas assim como a meia branca grossa que ela vestia por cima.

Ela voltou a encostar-se a Lucian que respirou fundo perto da sua cabeça antes de falar:

— Seu cabelo está cheiroso.

— Hoje é sábado Cicatriz, dia de tomar banho.

— Não creio que vai ser você a começar com as piadas de tio ruins.

Ambos riram e ficaram observando os amigos dançarem cantando alguns trechos com eles, mas de forma mais discreta. Elijah perdeu novamente e trocou de lugar com Carl dizendo que agora Matt não escapava da derrota.

Iremos entalhar nosso lugar no tempo e espaço

Encontraremos nosso caminho ou faremos um caminho

(Diga ei, ei, ei)

Descubra sua graça, não esconda o rosto

E deixe-o brilhar, brilhar, brilhar, brilhar

— Carl irá me vingar Morningstar!

— Acho que sim uma vez que você mesmo não consegue fazer isso – Matthew falou sorrindo debochado.

— Eita, o Urso tem garras – Zippy falou levantando e indo se juntar ao grupo.

— Só por isso vou dizer que se alguém invadir o quarto dele e colocar veneno em algo, eu tenho nada haver com isso – Elijah falou.

— Seu primo é louco Carl! – Zippy exclamou fazendo o mais novo do grupo ficar tenso devido à timidez.

— Tenho nada haver com isso – o garoto falou num tom que talvez devesse soar descontraído, mas saiu indiferente.

— Carl – Effy falou chamando a atenção do garoto e sorrindo quando o mesmo lhe encarou. – Acho bom deixar claro que não será você a ajudar no crime uma vez que de acordo com Elijah você irá vingar as derrotas dele.

Carl riu levemente tenso.

— Eu não vou vingar ninguém, vou zelar minha reputação – falou num tom mais ameno voltando à atenção ao jogo.

— Acho que você não está com nada Campbell – Zippy falou apenas para colocar lenha na fogueira.

 - Obrigado – Lucian sussurrou no ouvido da amiga fazendo um arrepio involuntário percorrer o corpo da mesma. – Se eu tivesse falado algo ele não iria gostar.

— Talvez porque você é muito super protetor? – ela perguntou num tom debochado.

— Eu apenas não quero que ele sofra de novo – Lucian falou num tom levemente triste. – Quer dizer, que tipo de irmão mais velho eu seria se permitisse isso?

Effy suspirou fundo antes de se virar e ficar de frente para ele. Com o quase um e oitenta de altura de Lucian ela sempre se sentia pequena perto dele, mas sua expressão falsamente alegre fez com que o coração de Elizabeth se apertasse e ela se sentisse responsável por aquilo.

O cabelo castanho cacheado de Lucian, que estava bagunçado como sempre, ficou num estado ainda pior quando ela apoiou o cotovelo direito no ombro dele para passar a mão nos fios sem que seu braço cansasse. Os olhos castanhos escuros fitaram os claros de Effy e ele sorriu quando, com a outra mão, ela percorreu a cicatriz que ele tem na têmpora que vai até a sobrancelha.

— Acho bonito e triste ao mesmo tempo o fato de a única coisa colorida que eu consigo ver em você serem seus olhos – ele falou num sussurro. – E seus lábios quando você os morde.

Effy riu pelo nariz e deu um sorriso pequeno. Lucian é daltônico e consegue enxergar apenas as cores primárias como azul, vermelho e amarelo, por exemplo.

— Você não sabe o que está perdendo Cicatriz.

— Consigo imaginar.

Effy percorreu com as costas da mão esquerda a bochecha de Lucian sentindo a textura macia da sua pele morena mesmo com a barba começando a aparecer. As pernas da morena estavam cruzadas de modo que suas cochas e canelas estivessem apoiadas nas pernas de Lucian. As mãos dele pousavam nos joelhos dela e seu corpo bem trabalhado por causa dos anos praticando esportes, principalmente basquete, fazia ela se sentir ainda menor.

— Lucian – Effy falou desviando a atenção dele da dança e gritaria do grupo ao fundo. – Eu sei que é difícil, mas você precisa deixar Carl caminhar com as próprias pernas e aprenda a lidar com as situações sozinho confiando que ele vai pedir sua ajuda se precisar.

Ele suspirou fundo.

— Eu sei, mas ele tem só doze anos Nah... Não é como se tivesse passado por muita coisa e a experiência de bullying claramente o afetou. Talvez você não possa entender porque não tem um ir-

Lucian interrompeu sua frase no meio e encarou Elizabeth com os olhos arregalados. Effy sabia perfeitamente que ele ia dizer que ela não tinha um irmão por isso não entendia a necessidade dele proteger Carl. Lucian quase sempre esquecia que ela tivera um irmão devido ao fato de não ter conhecido Tommy e nunca ter visto uma foto dele. Não é como se ela pudesse culpa-lo, apesar de doer toda vez.

Elizabeth engoliu em seco e desviou o olhar.

— Nah eu não queria-

— Tudo bem Lucian – ela falou o interrompendo. – Sério. Na verdade isso me fez lembrar que você não o conhece e que eu tenho algo a mostrar a vocês.

Effy levantou antes que ele pudesse falar ou fazer algo e caminhou para o rádio, pausando a música e ouvindo a reclamação dos amigos. Fez sinal para que aguardassem e tocou o pequeno sino em cima da lareira fazendo Alfred aparecer.

— Por favor, convoque Mavis e Jason. Diga que eles têm vinte minutos para estarem prontos se quiserem conhecer a ala três – falou ouvindo os murmúrios animados dos outros. Quando Alfred assentiu e se retirou, voltou seu olhar para os rostos animados que lhe encaravam. – Eu quero mostrar algo a todos. Estejam na entrada da ala três daqui vinte minutos.

Dizendo isso Elizabeth saiu da sala de estar deixando para trás seus amigos curiosos e Lucian se sentindo a pior pessoa do mundo.

Effy estava certa em dizer que ele nunca conhecera ou vira Thomas Manson, mas aquilo não era desculpa para o garoto esquece-lo e volte e meia comentar algo sobre sua melhor amiga não entende-lo por não ter irmão. Principalmente quando a morte dele tem apenas três anos.

Lucian suspirou e continuou sentado não percebendo quando Carl sentou ao seu lado no tapete. Alessia e Chantel haviam saído da sala cantarolando acompanhados de Zippy e Olivia dizendo que iriam apressar Mavis e Jason porque quanto antes eles chegassem antes eles matariam a curiosidade. Matthew e Elijah permaneceram em seus lugares jogando outra partida de xadrez.

— Qual o problema? – Carl perguntou.  

Lucian não gosta de manifestar tristeza na frente de outras pessoas, mas se viver com Carl desde sempre lhe ensinou alguma coisa é que o irmão é muito perceptivo de modo que é quase impossível esconder algo dele. Lucian riu sem humor ao ver que os papéis haviam invertido antes de levantar e chamar Carl com ele.

Ambos caminharam em silêncio passando pelos guardas das portas e alguns empregados ocasionalmente. Lucian pensou em como sua irmã mais nova, Beth Campbell de oito anos, adoraria a casa de Effy com todo o seu luxo e ar de castelo de princesas. Ele lembrava como ela chorara e ficara brava por ser nova demais para viajar com os irmãos para o Canadá.

Thalia ama muito seus filhos e sempre busca estar por perto para apoia-los, por isso não se opôs quando a educada e agradável filha do Primeiro Ministro do Canadá e melhor amiga do seu filho Lucian, chamou Carl e ele para passarem o Natal em sua casa. Mas seu lado mãe coruja não poderia suportar Beth indo também e ela tendo que lidar com uma casa silenciosa sem seus filhos já que Gomes chegaria apenas no dia 23.

Lucian e a mãe tem um ótimo relacionamento e ele sempre a procura para pedir conselhos independentemente do motivo, por isso o garoto não descartou a vontade de telefonar para casa e perguntar a mãe o que ele deveria fazer para não esquecer que sua melhor amiga tem um irmão. Era tão frustrante ela lembrar com perfeição tudo sobre sua família, amigos, problemas, sua vida em geral e ele não conseguir lembrar se quer que Effy tinha um irmão gêmeo. Ou que já teve um.

— Cuidado – Carl falou segurando braço de Lucian e puxando-o para trás.

O mais velho piscou confuso saindo dos seus devaneios e focando os olhos a sua frente onde uma estatua sem braços e com tecido entalhado em mármore estava a alguns centímetros.

— Você quase bateu nela – Carl disse.

— Obrigado – o outro falou sorrindo. – Acho que os pais da Effy não iam me deixar lavar a louça para pagar os danos.

Carl sorriu.

— Você teria que lavar muita louça, mas suponho que não com base no que vi quando chegamos aqui.

Carl não é de julgar as pessoas, mas era inevitável não faze-lo quando se trata dos pais de Elizabeth, Albert e Leona. O Primeiro Ministro do Canadá possui um aperto de mão forte, expressão séria, perguntas educadas e mantem uma expressão de atenção por menor que seja o interesse nas respostas ou na pessoa. Seus olhos azuis pareciam conseguir ler seus pensamentos e a expressão naturalmente não ajudava a relaxar. Os cabelos negros estavam salpicados de fios brancos assim como a barba perfeita. As rugas ao redor dos olhos não pareciam estar ali porque o homem sorria demais. A altura somada aos ombros largos e porte forte de Albert eram intimidantes e ele não apenas sabia disso como parecia aprovar essa imagem em seu terno feito sob medida.

Leona possui mãos macias e sorriso simpático, interessada em atender da melhor forma seus convidados. Apesar de ter 39 anos a mulher não possui nenhum fio branco no cabelo natural loiro com corte médio. Os olhos verdes claros eram frios enquanto os lábios finos rosados sorriam carinhosamente num contraste estranhamente natural para ela. As rugas ao redor da boca e dos olhos não pareciam incomodar Leona.  O vestido de mangas que iam até os cotovelos e um pouco abaixo dos joelhos combinava perfeitamente com o salto alto e as joias, fazendo com que o casal encaixasse com perfeição ao luxo da casa.

Ambos se portam de maneira que deixa claro o fato de serem superiores. Costas eretas, expressões calculadas, fala formal, roupas alinhadas e caras. Cada gesto, expressão, fala, pensamento é muito bem calculado de modo que eles deixem claro que você está no território deles, cerado de pessoas leais a eles. Poderosos, misteriosos e superiores são com certeza palavras que definem o casal de ouro canadense.

— Acha que Effy é assim por causa dos pais? – Carl perguntou enquanto ele e Lucian permaneciam no lugar.

A estátua estava no centro do que poderia ser chamada de encruzilhada. Ao norte dos Gonzales o corredor que levaria as alas dois e três, a oeste e leste estavam escadarias que levariam aos andares superiores da ala um, a sul o corredor conduziria a entrada principal passando pelos diversos salões.

As paredes arredondas do ambiente em que estavam dava uma leve sensação de claustrofobia nos irmãos, mas nenhum deles caminhou para longe da estátua. Na verdade ambos a encaravam enquanto pensavam.

— Assim como? – Lucian perguntou.

— Misteriosa.

— Acha Effy misteriosa? –o mais velho perguntou surpreso. – Acho que alguém está lendo muito Sherlock Holmes.

Carl revirou os olhos.

— Talvez. Mas nunca pensou nisso?

Lucian deu de ombros.

— Sei lá, acho que não.

— Talvez eu ache isso porque não conversamos muito sobre nós mesmo. Falamos mais de nossos gostos em comum, teorias, essas coisas.

— Talvez isso não faça diferença uma vez que conversamos sobre nossas vidas e eu sou incapaz de me lembrar das coisas quando conversamos – Lucian falou com um sorriso duro. Ele ponderou sobre sua próxima frase, mas deu de ombros quando chegou à conclusão de que Carl é seu irmão por isso é alguém confiável. – Ela falou sobre a Califórnia com você? 

Carl franziu as sobrancelhas.

— Califórnia?

— É. Mavis me falou que os Manson tem uma casa em Lake Tahoe e que passavam boa parte do verão lá. Era o lugar preferido da Effy.

— Estranho... A Effy passa boa parte das férias no nossa casa.

— Foi o que eu comentei. Mavis então me contou que Effy adorava o lugar porque era onde passava boa parte do tempo com o irmão, sem viagens, escola ou qualquer coisa que matinha eles afastados em outros lugares. Os pais dela não voltam lá faz três anos, pelo menos foi o que May soube.

— Por quê?

— Thomas morreu em São Francisco – Lucian sussurrou. – Mavis não sabe direito como, nunca conseguiu perguntar a Effy. Ela acha que o irmão dela está enterrado lá uma vez que não houve nenhuma cerimonia aqui.

— Esse é um bom motivo para Effy não voltar à Califórnia – Carl comentou.

— O estranho é que ela volta lá. Feriados, final de semana, férias ou ano letivo, Mavis disse que não importa: Effy sempre vai para lá... – Lucian balançou a cabeça negativamente antes de falar amargurado. – O pior é que eu me lembro disso agora, mas esqueço quando estou falando que ela não me entende por não ter um irmão.

Carl apertou um dos ombros do irmão.

— Effy é sua melhor amiga Lucian, não vai ficar brava por causa disso. Ela sabe que você não fez por mal. A essa altura você já deveria saber que ela é estranhamente madura para dar chilique independente do motivo. Talvez ajude se você repassar mentalmente tudo que sabe sobre ela quando conversam.

Lucian sorriu detestando o clima pesado.

— É isso que faz toda vez que ela te fala oi?

Carl riu.

— Na verdade, sim. É graças a isso que cheguei à conclusão de que ela é misteriosa. Não sei nada sobre ela. É como se Effy fosse um imenso quebra-cabeça do qual eu tenho apenas três peças.

— Por que três?

— É o tempo de meses que eu passei com ela se somar todos os eventos. Enfim, os vinte minutos estão acabando. Acha que Mavis e Jason já estão prontos?

— Eu mataria Elizabeth se ela não fosse minha melhor amiga – Mavis esbravejou enquanto passava a cabeça pela blusa de lã que vestia antes de ter entrado na piscina. – Por que diabos ela me deu apenas vinte minutos?!

Alessia riu observando a ruiva correr pelo quarto se vestindo. Olivia, Zippy e Chantel estavam esperando ambas num dos salões destinados a entretenimento da ala dois. Robert havia ido chamar Jason enquanto eles esperavam o prazo de Effy acabar.

— E por que você entrou na piscina? – Alessia falou pegando as pantufas de rena ao lado da porta que Mavis procurava desesperada e estendendo-as quando a garota passou na sua frente. – Sabe como a Effy é pontual e cheia de surpresas, deveria esperar dela algo assim e ter entrado na piscina apenas quando ela dissesse que era uma boa ideia.

— Não venha com lição de moral para cima de mim Alessia, por favor – ela falou mal humorada calçando as pantufas. – Effy sabe que eu sou enrolada e curiosa e mesmo assim me fez decidir entre ficar apresentável ou saciar minha curiosidade.

— Você está sensacional – a morena falou finalmente abrindo a porta. – E quase atrasada. Vamos?

Ainda insatisfeita com sua aparência Mavis seguiu a amiga para fora do seu quarto em direção a tão misteriosa ala três. Elas pararam para chamar Chantel e Zippy que disputavam corrida no videogame e Olivia que havia ido ao banheiro. Encontraram Jason e Robert no meio do corredor do térreo e os irmãos Gonzales mais a frente, encarando uma estátua.

— Eu sei que a arte renascentista é incrível, mas vocês poderiam se apressar? – Mavis falou. – Eu estou curiosa!

— E mal humorada – Elijah falou surgindo pelo corredor sul acompanhado de Matthew.

— E você está muito saidinho para o meu gosto – ela falou cruzando os braços.

— Eu ganhei do Matt no xadrez, mereço me gabar.

— Depois de oito partidas – Matthew falou rindo, mas antes que Elijah ou alguém pudesse falar algo Jane apareceu no corredor norte como se tivesse saído das sombras de tão silenciosa, fazendo a ruiva gritar e agarrar o braço musculoso de Jason que sorriu cafajeste.

— Perdão senhorita Bittencourt – ela falou. – A senhorita Manson pediu para lembra-los que o tempo está acabando e que tem cinco minutos. Devo lembra-los que os Manson gostam da pontualidade e que o atraso de vocês acarretará no atraso das demais atividades.

Todos se entre olharam antes de seguirem Jane sem conseguir manter o silêncio por muito tempo. Logo Elijah e Zippy estavam perguntando se May e Jason, que estavam trocando sorrisos safados, haviam usado preservativo enquanto Alessia revirava os olhos, Carl se fingia de surdo e Olivia soltava risinhos envergonhados.

— Se eu fosse você ficaria calado Zippy – Mavis falou sorrindo marota e entrelaçando a sua mão na de James. – A menos que queira que eu faça as mesmas perguntas sobre você e Olivia.

— Não sei do que está falando – o garoto falou corando levemente.

— Ih, esses dois são mais devagar que bêbado tentando abrir a porta de casa – Robert falou.

— Eu não acredito que eu ouvi isso – Chantel falou rindo. – Achei que você ia falar que eles são mais lerdos que Leffy.

— Incrível como vocês sempre fazem a conversa voltar nesse assunto – Lucian falou mais a frente.

— O que? Por quê?! – Mavis exclamou. – O que eu perdi?!

— Nada, tirei várias fotos – Elijah falou. – Você pode me pagar com Discos de Vinil.

— Golpe baixo Campbell. Até mesmo para você.

— Finalmente – a voz da Effy soou de algum lugar na frente. – Achei que tinham se perdido.

— Manson! – Mavis berrou correndo em direção à amiga. – Eu vou te bater por me dar um prazo tão curto!

Porém, antes que May pudesse encostar um dedo em Effy um latido alto e forte soou vindo de trás da dona da casa seguido do som de patas batendo rapidamente no piso e logo um akita pelo longo branco estava entre Elizabeth e o grupo, rosnando.

— Tudo bem Pads – Effy falou caminhando e pousando mão no pescoço do cachorro que parou de rosnar, mas continuou encarando os outros de forma ameaçadora. – Desculpe por isso May, mas foi meio que uma decisão de última hora.

Lucian sentiu como se tivesse engolido várias pedras quando percebeu que sua melhor amiga evitava olhar em sua direção, algo que não passou batido para Carl que preferiu não comentar.

— Bem vindos à ala três, morada dos Manson-Schneider – ela continuou sorrindo. – Acompanhem-me.

O grupo seguiu Jane e Effy animados. Seus hormônios estavam agitados diante do mistério e da curiosidade. Eles estavam em um novo ambiente, em um lugar restrito, geralmente silencioso, mas que naquele momento era preenchido pelo som das vozes de onze adolescentes animados que ignoravam os olhares de repreensão que pareciam emanar dos quadros onde Leona e Albert estavam pintados em toda a sua glória.

 

Então, sim

Trouxemos nossa bateria e é assim que dançamos

Sem erro, fazemos nossos próprios movimentos

Se você não gosta do nosso som então

Nos deixe sós, pois não precisamos de suas políticas

Não pedimos desculpas por existirmos

 

A ala três era ainda mais luxuosa que as outras, algo que os visitantes acreditavam ser impossível. Ficou evidente que as obras de arte e móveis mais luxuosos, valiosos e sofisticados estavam naquela área. Mesmo com as lareiras e aquecedores acessos algo no ar dava a impressão de que aquela parte da Mansão era mais fria e escura que o restante, mesmo com as cores leves e as flores. Talvez fosse a sensação de que os ancestrais de Effy os observavam e julgavam mesmo quando nenhum deles jamais morou entre aquelas paredes.

Porém, para a infelicidade de Mavis, Elijah, Jason, Alessia, Olivia, Chantel e Robert o grupo não foi muito longe da porta protegida fortemente por guardar que dá acesso àquela área. Na verdade, eles percorreram cinco portas antes de entrarem num dos salões.

Todos pararam a porta arregalando os olhos enquanto Effy e Pads entravam no salão, completamente alheios ao choque dos demais. Jane havia se retirado quando passaram pela porta dupla que dá acesso àquela ala dizendo que precisava ajeitar algumas coisas. O cão se deitou no tapete perto da janela com os olhos escuros atentos aos visitantes enquanto Effy parava perto da parede defronte a porta de entrada, onde havia entre duas janelas grandes um pinheiro formado por fotografias coladas a parede.

O lustre enorme pendurado no teto alto com pinturas feitas a mão de raposas, lobos, ursos, corujas e búfalos cercados de livros, algumas construções, plantas, rostos conhecidos entre outras coisas deixava claro que o teto representava memórias de Elizabeth. O tapete, as poltronas, os móveis, cortinas, papel de parede, tudo parecia representar alguma coisa da garota.

— Caso não tenham percebido, esse salão é meu – Effy falou sorrindo antes de apontar para a parede a suas costas. – Esta parede foi pintada com tinta metálica de modo que eu possa colocar fotografias com imã nela sem estraga-la. Eu fiz essa árvore com algumas fotos que tenho com todos vocês, meus amigos. A família que eu escolhi e que me acolheu extremamente bem, apesar das minhas esquisitices.

Todos riram conforme entravam no salão e se aproximavam da parede indicada. Olivia ficou maravilhada ao avistar uma raposa vermelha enrolada e dormindo no parapeito acolchoado de uma das janelas, mas reprimiu o impulso de passar a mão em seu pelo ao lembrar-se da reação de Pads, o cachorro que agora parecia extremamente fofo deitado no tapete e não um animal prestes a arrancar a cabeça de Mavis. 

— Sei que não é muita coisa comparado a tudo que vocês já fizeram por mim, mas espero que isso mostre o quanto eu considero vocês importantes na minha vida – Effy falou se afastando da parede para que o grupo pudesse se aproximar.

Logo todos estavam apontando para as imagens, relembrando histórias e momentos. Risadas eram ouvidas do lado de fora conforme as lembranças eram trazidas a tona e todos acharam as fotos de Elizabeth e Thomas fofas e tristes ao mesmo tempo, apesar de ninguém ter dito nada, nem mesmo o sincero James. Effy observava tudo meio afastada como se não quisesse atrapalhar o que facilitou muito a aproximação de Lucian.

— Reparei que colocou a foto do Natal passado perto do topo – ele falou parando ao seu lado.

— Ela não podia ficar de fora – Effy falou sorrindo de lado. – Mas não se preocupe, a original está protegida do tempo no porta retrato que você me deu.

— E posso saber onde ele está? – ele falou como tivesse preocupado com a possibilidade dele estar no fundo do baú.

— No meu quarto, ao lado da cama.

Lucian sorriu olhando a foto por entre as cabeças onde ele abraçava Effy, que estava de costas para a câmera. Ambos estavam no caminho de madeira numa das praias de Miami que leva os pedestres da calçada ao mar, com ele sentado no corrimão e ela a sua frente, em pé. Nenhum deles vestia roupas adequadas para estarem ali uma vez que haviam saído do aeroporto tinha apenas algumas horas sem terem ido para a casa de Lucian.

Ele se lembrava com perfeição de como ficou feliz ao ver que ela usava a camisa azul claro que ele havia lhe dado por ter sido legal com ele no Acampamento, mostrando que Lucian não passaria dois meses entediado vigiando o irmão, mas sim se divertido também.

Lucian a ouviu respirar fundo e desviou o olhar da fotografia não conseguindo evitar que seus pensamentos o conduzissem para três dias depois que eles tiraram aquela foto, quando ele quase estragara a amizade deles. Talvez Carl tivesse razão e Effy fosse madura demais para a idade.

— Viu Tommy? – ela perguntou sem desviar os olhos das fotos.

— Sim, ele era bem parecido com você principalmente quando vocês eram pequenos.

Para a surpresa de Lucian, Effy riu e o olhou com aquele incríveis olhos azuis.

— Erámos gêmeos, o que esperava?

Ele riu e deu de ombros.

— Algo diferente além do sexo. Uma pinta, talvez.

Ela revirou os olhos ainda sorrindo.

— Estamos bem? – ele perguntou levemente nervoso.

— É claro que sim, Cicatriz.

Ele sorriu animado para ela que retribuiu enquanto se encaravam.

— Abraço? – ele perguntou sabendo que Effy não é muito fã de contato físico. Ou talvez nenhum tipo de contato.

— Abraço.

— Quando eles vão perceber que foram feitos um para o outro e devem se beijar? – Mavis falou tentando fazer com que Lucian e Effy não ouvissem.

Ela, Olivia e Elijah encaravam a cena enquanto os demais olhavam as fotografias. Olivia mexeu a cabeça como se lamentasse e Elijah não comentou nada intrigado com Carl que sorria discretamente como se soubesse de algum segredo.

— Quão chocados você acha que eles ficariam se soubessem que já nos beijamos? – Lucian sussurrou no ouvido de Effy que ficou tensa.

— Achei que tínhamos combinado de esquecer isso Cicatriz.

Encontre-me onde as coisas loucas estão

(Oh meu Deus, ficaremos bem, não ligue para a gente, sim)

Encontre-me onde as coisas loucas estão

(Oh meu Deus, ficaremos bem, não ligue para a gente, sim)

Encontre-me onde as coisas loucas estão

 


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Notas finais do capítulo

Fotos:

Chantel: https://www.billboard.com/files/media/Chantel-Alessia-Cara-Wild-Things-2016-billboard-620.jpg

Robert: http://www.popmusictime.com/wp-content/uploads/2016/03/20160330125834-46.jpg

Alessia: http://pm1.narvii.com/6523/d4dacd04e9d541284a1613f3dad9b747026f011c_hq.jpg

Olivia: https://www.billboard.com/files/media/Olivia-Alessia-Cara-Wild-Things-2016-billboard-620.jpg

Zippy: https://www.billboard.com/files/media/Zippy-Alessia-Cara-Wild-Things-2016-billboard-620.jpg

(P. S. Caso não tenham reparado os nomes e imagens dos amigos canadenses da Effy e Mavis são do clipe da Alessia, porém os sobrenomes e demais informações foram inventadas por mim).

Fotografia Effy e Lucian: https://data.whicdn.com/images/258438726/large.jpg

Creio que seja só isso... Espero que tenham gostado dessa surpresinha de Natal. Talvez eu faça uma segunda parte sobre o Natal de quando a Effy tinha doze anos e do beijo do shipp Leffy... Vocês iam gostar?
Comentem o que acharam, a opinião de vocês me motiva muito ;) Quero saber se já sabem o que vão comer na ceia hasuhauhs

Boas festas!

Até.
XOXO,
Tia Mad.