Assim que Daryl chegou com a lenha, nós montamos uma grande fogueira e nos instalamos perto do fogo. A lua cheia e o fogo eram as únicas luzes que nos iluminavam hoje. O frio aumentou conforme a noite caiu e por isso me instalei nos braços de Daryl, me esquentando enquanto tentava dormir.

Era certeza que estávamos chegando no inverno.

— Nós não estamos seguros com ele. – Carol comentou baixo com o Daryl, quando Rick saiu para ficar de guarda com T-Dog – Esconder uma coisa assim de nós.... Por que você precisa dele? Ele só vai te levar para o buraco.

— Não. – Daryl negou e o senti me apertar em seus braços – Rick fez muito por mim.

— Vocês dois são os capangas dele, e eu sou um fardo. – Carol insistiu mais uma vez – Você merece melhor.

— O que você quer? – Daryl perguntou para ela, estava ficando cheio da conversa

— Um homem de honra. – Carol lhe respondeu, depois de alguns segundos

— Rick tem honra. – Daryl lhe disse

Senti ele se mexendo para frente e eu abri os olhos, o vendo jogar um graveto no fogo, com um pouco de dificuldade. Bocejei e me aconcheguei mais em seus braços, olhando ao redor.

— Não está conseguindo dormir? – Carol me perguntou

— Não. – Respondi, virando um pouco meu rosto para olha-la – Acho que gostaria de um chá agora.

— E eu queria um chocolate quente. – Carl comentou comigo

Ele e sua mãe estavam a alguns passos de nós, sentados perto da fogueira também.

— Posso trocar meu chá pelo seu chocolate quente? – Perguntei a ele, sorrindo para o garoto

— Não. – Carl respondeu rindo – Mas eu posso te dar um pouco.

Lori sorriu para mim e depois bagunçou o cabelo do filho. Mostrei a língua para o garoto e depois sorri para ele.

Eu o adorava.

Nossos sorrisos se desmancharam assim que escutamos o som de algo se quebrando vindo da mata, talvez fosse um graveto ou algo assim.

— O que foi isso? – Beth perguntou um pouco alto

— Pode ser qualquer coisa. – Eu respondi e me levantei, logo ajudando Daryl a se levantar também

— Pode ser um guaxinim, pode ser um gambá. – Daryl comentou com a gente, tirando a besta das costas e a deixando em mãos

— Ou um caminhante. – Glenn comentou

— Precisamos ir embora. – Carol anunciou – Quero dizer, o que estamos esperando?

— Pra que lado? – Glenn perguntou para ela, confuso

— O som veio de lá. – Maggie respondeu, apontando para a estrada

— Lá de onde nós viemos. – Beth murmurou

— É. – Maggie concordou

— A última coisa que precisamos são todos saindo correndo no escuro. – Rick nos disse, estava ao lado de onde T-Dog estava de guarda – Não temos os veículos. Ninguém vai embora a pé.

— Não entrem em pânico. – Hershel pediu

— Não é isso. – Maggie negou, balançando a cabeça negativamente – Não vou ficar sentada aqui esperando outro bando passar por cima de nós. Precisamos ir, agora.

— Ninguém vai a lugar nenhum. – Rick nos disse, estava decidido

— Faça alguma coisa. – Carol pediu para ele

— Eu estou fazendo alguma coisa! – Rick falou meio alto, estava se exaltando novamente – Estou mantendo esse grupo junto, vivo! Estive fazendo isso o tempo todo, a todo custo. Eu não pedi por isso! – Ele gritou para nós – Eu matei o meu melhor amigo por causa de vocês, pelo amor de Deus! – Ele respirou fundo e controlou o tom de voz – Vocês viram como ele era. Como ele me provocava, como ele nos comprometeu, como ele nos ameaçou. Ele encenou a coisa toda do Randall, me levou para meter uma bala nas minhas costas. Ele não me deu escolha. Ele era meu amigo, mas ele veio atrás de mim. – Ele ficou um pouco em silencio, enquanto filho chorava no colo da mãe – Minhas mãos estão limpas. – Ficamos todos em silencio por alguns segundos, absorvendo as informações que já suspeitávamos – Talvez seja melhor ficarem se mim. Podem ir. – Apontou para a floresta enquanto falava – Eu acho que há um lugar para nós, mas talvez seja uma ilusão. Talvez eu esteja me enganando de novo. Por que não vão e descubram por vocês mesmos? – Perguntou para nós – Me mandem um cartão postal. Podem ir, a porta está ali. – Apontou novamente para a floresta – Vocês podem fazer melhor? Vamos ver até aonde vão chegar. – Ficamos novamente em silencio – Ninguém vai? Ótimo. Mas só vou dizer uma coisa. Se ficarem, isso não é mais uma democracia.

Ficamos em silêncio encarando Rick e quando ele viu que ninguém falaria nada, se afastou. Estava finalmente posto em palavras, ele agora era o nosso líder e se eu quisesse continuar com aquelas pessoas, teria que aceitar suas ordens.

Era algo difícil para alguém como eu, mas teria que me acostumar.