Hearewa escrita por Tyke


Capítulo 12
Capítulo 12 - Casinha Amarela.


Notas iniciais do capítulo

Voltando para o "presente"



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2029... No Universo ferido.

Hugo saiu da casa e atravessou o terreno em direção ao carro dos pais de Tommy. Carregava uma mangueira e um galão que pegou dentro da garagem-guarda-tralhas no fundo da casa. Ele olhou para dentro do carro e sentiu ânsia. Era uma cena horrenda. O que um dia foi o pai de Tommy parecia ter literalmente explodido a cabeça. Sangue e massa encefálica sujava tudo dentro do carro. Hugo e a prima não viram isso no dia anterior, também eles não passaram tão próximos do carro. O rapaz fez um esforço para ignorar a cena e foi direto para o tanque do carro. Abriu o tanque forçando e quebrando o lacre. Enfiou uma extremidade da mangueira lá dentro e a outra na boca. Ele sobrou até a cabeça doer e criar pressão dentro do tanque. Assim que tirou a mangueira dos lábios ela começou jorrar combustível. Rapidamente a enviou dentro do galão não desperdiçando uma única gota.

Depois voltou para dentro da casa. Onde Lilian estava sentada no sofá com a televisão ligada. Ela assistia a um canal qualquer de notícias.

— Isso é no mundo inteiro. - Lily apontou a tv assim que Hugo adentrou a sala. O noticiário falava de catástrofes e mortes na França, nos E.U.A, na Africa do Sul, na China, na Austrália... Eram tantos lugares que mal nomeavam todos.

— Vamos embora, Lily. - Hugo estendeu a mão para a moça e ela a segurou.

— Londres explodiu ontem a noite. A cidade inteira. - Lágrimas escorreram pelo rosto dela. Pensava em seu irmão, seu pai e seu tio que estavam lá. Eles próprios estariam se Alvo não tivesse os mandado ir embora.

— Então vamos consertar as coisas. - Hugo ignorou a noticia pondo na cabeça que em breve tudo estaria resolvido. Lily se levantou decidida a pensar o mesmo.

Juntos caminharam para fora da casa. Tomaram o acostamento da estrada caminhando lado a lado até chegarem no carro do avô de Hugo. Assim que pararam do lado do automóvel, Lily entrou dentro dele e Hugo foi colocar o combustível no tanque. Depois ele tomou o lugar do motorista e juntando os fios embaixo do painel fez o carro ligar.

— Acho que temos o suficiente para chegar até North Yorkshire. - O rapaz disse colocando o carro em movimento.

A rodovia estava deserta bem como as cidades por onde passavam. Estava tudo no mais harmonioso silêncio, mesmo sendo dia. Hugo acelerava bastante e ficava atento a qualquer sinal de motoristas malucos.

— O que você acha que James alterou no passado? - Lily perguntou depois de um tempo.

— O acidente.

— Mas então não era para ele e Coira estarem aqui?

— Não. Existem acontecimentos, Lily, que são pontos fixos no tempo. Você não pode altera-los e geralmente a morte é um deles. - Hugo não tirou os olhos da estrada em nenhum momento. - Se tentar muda-los cria uma ranhura temporal, realidades alternativas, paralelas ou loops... Eu não sei onde James está, mas imagino que esteja preso entre a linha temporal principal e a que ele alterou... Eu não tenho muita certeza já esqueci quase tudo que Dumbledore me contou.

— Então James está preso em algum lugar e você tem que ir até lá e fazê-lo consertar as coisas? No caso, fazer ele deixar o acidente acontecer? - Lily tentou acompanhar o raciocínio com dificuldade.

— Acho que sim.

— Se ele não quiser?

— Então terei de encontrar um jeito de força-lo, mas não acho que será necessário. Quando James souber o que está acontecendo... não sei.- Ele suspirou. Os nós dos dedos dele estavam brancos de tão firme que segurava o volante.

— Não seria mais fácil você ir até o momento que ele te atacou e impedi-lo?

— Não. Isso criaria um paradoxo.

— Como assim paradoxo? - Lily completamente perdida.

— É bem simples. Se eu for até lá e impedi-lo de me atacar então ele não vai me atacar, se não o fizer não irá mudar as coisas e nós não estaremos aqui agora. Por isso não tem como o meu eu que impediu o ataque existir para impedir o ataque. Entendeu?

— Não - Lily riu desistindo - Mas tudo bem. Você encontra ele onde quer que esteja. E conserta as coisas. O que acontece depois? Essa realidade deixa de existir?

— Ann... acho que não exatamente. Eu não sei direito. Nunca passei por isso antes. Nunca mais viajei depois daquela vez na passagem do córrego. Mas espero que tudo que aconteceu nos últimos três meses vai se apagar e ser reescrito sem mortes e destruição na linha temporal original.

A moça observou Hugo por um longo tempo sentindo um aperto no coração.

— Tudo que aconteceu? - Ela prendeu a respiração.

— Sim. Tudo. - Ele já tinha percebido o que ela estava pensando.

— Hum...- Hugo não a olhou, mas podia sentir a tristeza naquela voz. -Eu sei que é egoísta, me desculpe. Afinal Dominique e Tommy estarão vivos novamente. E Todos estarão bem...

— Eu sei. - O rapaz arriscou soltar uma mão do volante para segurar as mãos dela. Também se sentia triste por abrir mão do que finalmente aconteceu entre eles, mas nem precisavam pensar duas vezes para sacrificar aquilo. Vidas estavam em jogo.

— E não tem possibilidade de lembrarmos de nada disso?

— Acho que não. Talvez eu sim- Hugo tinha a intuição que as outras pessoas não se lembrariam. Lily não se lembraria. Mas ele por ser um hearewa seria capaz de recordar de cada detalhe daquela realidade.

Eles prosseguiram pelo resto do caminho em silêncio. Durante duas horas não viram nenhum outro carro passar por eles ou uma única alma viva se movimentar nas vilas de beira de estrada. Quando faltava meia hora para alcançaram Bishop Monkton a bateria do celular acabou. Mas não foi problema uma vez que Hugo já havia decorado o caminho. Era apenas seguir reto na rodovia e virar a primeira entrada a direita em alguns metros. Assim ele fez e logo estavam dentro da pequena cidade do interior. Agora estava o problema; Como encontrariam a reserva mágica? E será que os Scamanders ainda estariam vivos?

Hugo estacionou o carro de frente para uma loja com as portas fechadas. Bishop estava tão deserta quanto qualquer lugar que andaram passando nas últimas horas. Não havia nem pássaros pousando nos telhados das casas.

— Hugo! - Alguém gritou de uma esquina a esquerda.

O casal se virou na direção da pessoa que corria para eles. Com imensa felicidade Hugo reconheceu o rosto, a voz e o modo de correr do rapaz. Era Louis e ele estava acompanhado de outro moço louro. Assim que estavam próximos o bastantes os dois grandes amigos e primos trocaram uma abraço caloroso. Ambos felizes por saberem que o outro estava vivo. Se afastaram e Hugo notou a mancha de um corte que ia da altura da orelha até o ombro direito de Louis.

— Lorcan disse que você apareceria bem aqui por volta das onze horas. - Louis explicou e depois deu um abraço apertado em Lily.

— Vocês estão com varinhas? - O rapaz louro que estava logo atrás de Louis falou.

— Não - Hugo respondeu.

Ele tinha uma gravidade mais séria e olhos sóbrios. Por isso Hugo rapidamente reconheceu que aquele era Lysander. Os gêmeos Scamanders eram fáceis de diferenciar apenas pela forma que agiam.

— Vamos.É perigoso ficarmos por aqui. - Lysander acrescentou e se pôs a andar pelo caminho de onde vieram.

Os outros seguiram o rapaz que andava apresado na direção de um parque repleto de árvores. Lily se agarrou as mãos de Hugo e olhava ao redor assustada com a possibilidade de alguém doido como o homem da noite retrasada surgisse. Louis percebeu pelo canto do olho as ações dos primos e só não deu um sorrisinho malicioso porque a situação era tensa. Quando Lysander parou de frente para uma árvore amarelada os outros também pararam e esperaram. O Scamander meteu a mão em um buraco no tronco velho e de repente as raízes altas da árvore se abriram em uma passagem. Sem mais delongas o grupo passou pelo portal. Estando todos do outro lado Lysander o fechou o mais rápido possível.

Hugo olhou envolta admirado. Uma vez Louis lhe contou como era o lugar, mas ele nunca imaginou nada perto daquilo. Parecia um grande santuário. Uma floresta encantada saída direto de filmes de Hollywood. Sim, era engraçado que um bruxo conhecesse tão pouco de seu mundo e o comparece com algo criado pelos trouxas. Mas os jovens do séc. XXI eram assim, eles conviviam próximos de mais dos trouxas e poucos já tiveram a oportunidade de estar em uma floresta como aquela. Pela primeira vez na vida Hugo não teve receio de estar em uma floresta.

A casinha, feita de tijolos e madeira amarela, estava no centro de uma clareira. Havia um explosivim amarrado por uma coleira bem próximo da casa. Hugo achou cômico, mas não foi surpresa. Os Scamander sempre foram grandes naturalistas. Alguns anos atrás Luna e Rolf conseguiram autorização do Ministério para resgatarem criaturas mágicas que eram capturada por trouxas (as vezes vendidas por próprios bruxos) para serem expostas em circos de horrores. Elas eram muito maltratadas nesse lugares. Então o casal cuidava dos bichinhos e grande parte deles passavam a habitar a floresta mágica.

Lysander abriu a porta da casa e deu um passo para o lado, como educação, indicando a todos para entrarem. Louis foi na frente seguido por Hugo e depois Lily. Logo na entrada da casa era a cozinha e nela Luna esquentava água para o chá. E uma cópia muito fiel de Lysander estava sentada à mesa segurando no colo um estranho bicho peludo de garras e focinho compridos.

— Olá, Hugo! - Lorcan o cumprimentou enquanto acariciava os pelos do animal no colo.

— Oi, Lorcan. - Hugo respondeu um pouco acanhado. Nunca em sua vida havia conversado com ele.

O rapaz com o animal nos braços indicou as cadeiras de frente para Hugo e Lilian se sentarem. Louis já ocupava o lugar ao lado de Lorcan.

— Estou fazendo chá de burula. - Luna disse sorridente e cantarolando.

Hugo sentiu uma  vontade lá no fundo de brincar com Louis dizendo: "Burula? É isso que eles usam?". Mas brincadeiras não seriam possíveis por um longo tempo. Ele sentiu os olhos enormes de Lorcan o examinarem descaradamente. Sentiu desconforto por isso então se virou para o primo que acariciava o topo da cabeça do bicho estranho.

— O que aconteceu depois de Hogwarts?

Louis tirou as mãos do animal e apoiou os cotovelos sobre a mesa virando o olhar para seu indagador.

— Eu estava com minha irmã e a Dora. Então tudo começou a desabar e nós corremos. Achamos o Teddy, ele está ferido e não encontramos os outros. Não havia para onde irmos então viemos para cá. E vocês dois? - Foi possível ver a dor nos olhos dele obviamente preocupado com os pais.

— Conseguimos sair e encontramos Alvo do lado de fora. - Lily quem respondeu uma vez que Hugo permaneceu em silêncio por tempo de mais. - Fomos para Londres porque ele tinha que entregar algo no Ministério. Mas ele não voltou no dia seguinte e me ligou nos mandando sair da cidade. Foi quando decidimos vir para cá, porque Hugo precisava ver Lorcan.

— Bom! Sabia que compreenderia minha mensagem - O Scamander disse para o rapaz a sua frente.

— Você tem noticias de alguém? - Hugo perguntou ainda se dirigindo ao primo esquivando do olhar esquisito de Lorcan.

— Lucy está morta... E eu sei que sua mãe estava nas masmorras com a vovó... sinto muito. E várias mansões de famílias sangue puros em Wiltshire também explodiram. - Louis falou e passou as mãos pelo rosto.

Lily sentiu os olhos encherem de lágrimas quando ouviu a notícia de Lucy. Ela soluçou e pediu licença indo para o lado de fora da casa. Hugo fez um esforço para não reagir da mesma forma. Principalmente por saber que dificilmente Hermione e Molly conseguiriam sair das masmorras enquanto tudo desabava. E Wiltshire, era o condado onde ficava a Mansão Malfoy e se após Hogwarts Rose fugiu para lá... Bem, ele decidiu parar de pensar nas suposições.

— Eu preciso da sua ajuda. - Hugo encarou Lorcan de volta pela primeira vez.

— Eu sei. - Ele se levanto, entregou o animal estranho nos braços de Lysander e depois retornou ao seu lugar.

Pelos cantos dos olhos, Hugo viu Lysander se retirar da cozinha indo em direção a porta da frente. Luna depositou uma chaleira sobre a mesa e xícaras com pires para cada um.

— Qual o problema? - Lorcan perguntou.

Hugo respirou fundo. Abaixou os olhos para xícara de chá e começou a contar. Contou pela segunda vez naquele dia a história de como foi parar em Hogwarts em 1992 e foi ajudado por Dumbledore. Depois contou sobre o dia em que James o visitou, quando todo o caos começou.

— Sério? - Louis sorria para o primo. - Você achou mesmo que o tio Jorge estava "duplicado".

— Bem... sim. - Hugo piscou algumas vezes. Aquilo não era o que esperava ouvir por sua história.

— Merlin! Você não sabia do gêmeo dele que morreu?

— Não com seis anos de idade. Eu só fui me dar conta depois.

— Hugo, você é uma vergonha para Corvinal. - Louis riu e Lorcan esboçou um sorriso sutil.

— Eu acabo de contar que sou uma desgraça de hearewa e é isso que você tem a me dizer? - Hugo ficou revoltado pela atitude do primo.

— Eu já sabia. Lorcan me contou assim que cheguei aqui. - Louis passou a mão pelos cabelos de forma involuntária. - Só não fico magoado, porque entendo que você tinha que guardar esse segredo.

— Co-como você sabia? - Hugo se virou para Lorcan que bebericava seu chá de burula. Sentiu um medo idiota de todos saberem seu segredo.

— Eu sempre soube. Sou clarividente, lembra? Temos ligação natural caso você não saiba. Apesar de que sempre senti uma coisa estranha em você. - Lorcan mordeu o lábio inferior serrando as sobrancelhas para Hugo.

— Como assim?

— Agora que posso te ver de mais perto.Parece que você está... hum bloqueado... Ah! Merlin é isso! - Os olhos dele ficaram ainda maior. Depois voltaram ao normal e ele assumiu uma expressão de piedade. - Eu sinto muito, Hugo. Mas acho que Dumbledore não te "ajudou".

— Eu não entendo.

— Eles te bloquearam. - Lorcan ainda mantinha o olhar de piedade. - Parece que... - Estendeu as mãos e agarrou uma de Hugo. Fechou os olhos e continuou falando. -  Barreira psíquica. Bloquearam suas habilidades. Mesmo que você quisesse viajar no tempo dificilmente conseguiria sozinho.

Hugo pensou na forte dor de cabeça que sentia quando James o encontrou na passagem córrego. Ele se sentiu desapontamento. Entendia os motivos do velho diretor de Hogwarts. Mas ele passou a vida inteira acreditando que era capaz de se controlar sozinho. E ainda aparentemente Dumbledore não confiou nele de verdade.

— Ah! Esse Dumbledore. Não fique assim. Ele fez isso para garantir que viveria, Hugo. - Luna falou percebendo o sentimento no rosto do rapaz. - E James não devia saber das consequências quando cometeu esse erro.

A mulher terminou de dizer e saiu da cozinha deixando os três rapazes sozinhos.

— Ele não sabia? - Louis perguntou ao primo.

— Não. Acho que não. - Hugo arriscou tomar um gole do chá. E se arrependeu com uma careta.

— Bom! Então vamos consertar as coisas e mandar esses Pecusnigrum de volta ao buraco que vieram. - Lorcan se levantou da cadeira e Hugo se levantou também.

— Eu tenho um objeto pessoal de James. Pode ajudar a encon...

— Não precisamos disso - Ele disse sem olhar para a bolinha dourada nas mãos do outro. - Só você serve. Pode ir falar com ela, mas não demore muito.

Ao dizer isso, Lorcan saiu da cozinha também. Deixando um Hugo para trás sem saber o que fazer. Louis também se levantou da cadeira e caminhou parando de frente ao amigo.

— Eu vou ver como está o Teddy. O Sr. Lovegood está tratando dos ferimentos dele. - Ele começou a andar em direção a porta da cozinha.

— Espere. Eu posso ir falar com ela quem?

— Quem você acha? Só pra constar; Eu vi essas marquinhas nos pescoços de vocês. - Louis lançou um sorriso torto e depois retirou-se de vez do cômodo

Hugo permaneceu onde estava por alguns instantes com as bochechas queimando. Olhou para a porta de madeira amarela decorada com florzinhas feitas à mão. Então ele decidiu se mover. Assim que abriu a porta avistou Lily sentada na grama em frente a casa. Estava ao lado de Lysander e sorria passando a mão no animal estranho de longas garras. Hugo sentiu uma pontada estúpida de ciúmes. Mas tentou ignora-la e caminhou em direção a eles. A moça sentiu a sombra dele a cobrir e imediatamente olhou para cima se erguendo do chão. Lysander também notou a aproximação e se levantou afastando deles com o animal nos braços.

— Então? - Ela estava ansiosa.

— Eu não sei direito. Mas acho que estou de partida. - Ele coçou a cabeça. Sentia-se tão sujo que não conseguia lembrar a última vez que tomou um banho.

— Ok. - Lily abaixou os olhos triste. - Me faz um favor se possível?

— Sim

— Quando tudo voltar ao normal e se você for único a se lembrar... Por favor nunca esqueça isso.

Lilian se inclinou e suavemente segurou o rosto dele trazendo para o seu. Selou os lábios com carinho. Quando se afastou acariciou rapidamente o rosto dele. E continuou:

— É irônico que precisou de uma situação como essa para finalmente ficarmos juntos. É como se apenas em uma realidade alternativa de caos seria possível. - Ela estava triste e torcia a manga comprida do vestido manchada de sangue.

— Talvez não seja bem assim. - Ele segurou as mãos nervosas dela e as levou aos lábios. Depois sorriu. - Te vejo no casamento de Dominique.

Ela sorriu de volta.

— Até lá. Talvez eu pegue o buquê.

— Pensei que esse fosse seu maior pesadelo. - Hugo soltou as mãos dela e começou a andar de costas em direção a casa.

— Talvez eu abra uma exceção para um certo alguém. - Sorriu.

— Não precisa mudar seus ideais por ninguém. Tão pouco por mim. - Ele falou gentil e depois seguiu para a casa.

— Eu sei... - O sorriso dela morreu no instante que o primo cruzou a porta. Sentou-se novamente no chão, triste, e arrancou algumas gramas.

Hugo caminhou pela casa procurando Lorcan. Virou um corredor e na primeira sala que olhou  o encontrou sentado no chão.

— Pronto? - Lorcan perguntou

— Sim. - Então ele fez um sinal para Hugo entrar e assim ele fez.

— Senta. - Indicou o chão bem a sua frente. Hugo sentou-se. - Agora vou tentar desmanchar o bloqueio psíquico, mas apenas posso fazer uma parte; A do clarevidente. O seu bloqueio é parte enfeitiçada e apenas quem o fez pode desmancha-la.

— Dumbledore?

— Sim, você deve procura-lo. E então convencê-lo a desfazer o feitiço. Pelo que me contou James deve estar em loop temporal. E loops são complicados. Você não vai conseguir chegar lá sem toda sua habilidade liberada.

— E em quando devo procura-lo? - Hugo pensou no quanto a linha temporal de uma pessoa pode ser extensa.

— Antes dele morrer e depois de te conhecer é claro. Você tem quase quatro anos para escolher. Tente escolher o melhor.

Hugo ficou pensativo sobre como saberia qual é o melhor. E também como Lorcan parecia saber mais sobre ele do que ele próprio.

— Você sabe muito sobre hearewa. - Hugo disse desconfiado.

— E você não? Porque se não, deveria. - Ele sorriu meigo. Infantil na verdade. Depois olhou pela janela e sentenciou - Dez minutos...

— Dez minutos?

— Para invadirem a floresta. Haja o que houver não volte para cá, até que tudo esteja resolvido. - Pela primeira vez Lorcan parecia sério.

— Quem vai invadir, Pecusnigrum? - O outro perguntou preocupado.

— Militares trouxas. Estavam seguindo vocês e os viram passar pelo portal da árvore.

— Então vocês todos tem que sair daqui!

— Não vai haver sobreviventes.

— Lorcan! - Ele ficou indignado.

— Hugo. - O outro pronunciou o nome suavemente. Em seguida estendeu as mãos para a cabeça com cabelos ruivos. - Apenas resolva tudo. Agora se concentre e relaxe...

Hugo sentiu algo percorrer todo seu corpo. Era como se correntes se soltassem. Pela primeira vez podia correr e chegar aos lugares. Podia "pular" onde quisesse. E podia ver. Ver absolutamente tudo. Tudo caiu sobre ele de uma única vez. Hugo sentiu- se perdido e fora de controle.

De repente sentiu um puxão. Abriu os olhos e estava no meio de uma caravana da idade média. Um cavalheiro gritou apontando para ele. Hugo se desesperou e fez o máximo de esforço possível para se concentrar na linha temporal de Alvo Dumbledore. Era muito extensa e ele não conseguia achar para onde ir. O cavalheiro vinha em sua direção com a espada em punhos. Então ele pensou de súbito no ano de 1995 e no Largo Grimmaud onde realizavam as reuniões da Ordem da Fênix. Dumbledore praticamente liderava a Ordem, então ele estaria lá.

Com outro puxão sentiu um chão de madeira chocar-se contra seus pés. Hugo respirou fundo, o coração parecia um tambor. Olhou envolta aliviado pela calmaria do lugar. Nunca havia estado no Largo Grimmaud n° 12, mas aparentemente ele não precisava conhecer o lugar para viajar até ele.

Hugo avistou um quadro da família Black. Estava se dirigindo a ele, para olhar curioso, quando ouviu um grito.

— Quem é você?

E então tudo se apagou.


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Notas finais do capítulo

obrigado por lerem



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